quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Dilemas de um estudante

Quando entrei na universidade eu estava decidido a manter o mesmo sistema que me fez concluir o ensino médio, ou seja, trabalhar de dia e estudar a noite. Logo eu percebi que isso não seria possível se eu quisesse fazer uma universidade com qualidade. Esse é o dilema de muitos estudantes como eu, pois nem todos dispõe de um sólido apoio financeiro da família para estudar. Eu tenho consciência de que poderia estar com uma renda duas vezes maior do que eu tenho atualmente, mas foi uma escolha consciente de quem pesou os prós e contras de cada situação e optou por se dedicar integralmente a universidade. É claro que isso não seria possível sem o apoio que a minha família dá nesse sentido. A minha contribuição para as despesas praticamente se reduz a pagar a conta do telefone, que de resto está no meu nome. Além disso eu ainda me lembro dos meus primeiros tempos na universidade, antes de eu conseguir uma bolsa de estudos, onde por várias vezes tive que recorrer a um dos meus irmão para poder bancar a minha passagem. Sem a família fica praticamente impossível para alguém com a minha origem sócio-econômica se manter numa universidade sem recorrer ao sistema do trabalho de dia e estudo a noite. No entanto, eu fui uma das pessoas que teve a sorte de encontrar na família um apoio forte para se manter na universidade. Outro dilema que temos que enfrentar é participar da vida política da universidade. Muitos estudantes pobres como eu acabam abdicando disso em favor de um dedicação exclusiva aos estudos na suposição de que é o melhor caminho para sua vida. Cedo eu vi, no entanto, que os interesses dos estudantes mais pobres só podem ser bem defendidos por esses estudantes, uma pena que por enquanto eu e mais alguns poucos sejamos mais excessão do que regra aqui na UFF. É claro que a desconfiança que muitos desses estudantes mais pobres tem da política é plenamente justificável, mas isso não significa que tenhamos que ficar de lado e deixar que nossos interesses seja defendidos por quem não os vê como natural prioridade. Eu ainda espero estar aqui na UFF quando a grande maioria dos estudantes mais pobres da universidade tiverem consciência disso.

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