quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A audiência pública na UFF

Ontem foi feita uma audiência pública na UFF para tratar de duas questões específicas: o encaminhamento que a universidade vai dar ao projeto do REUNI e a questão da assistência estudantil na UFF, com ênfase na construção da moradia universitária. Entretanto, o que se viu foi a decisão de se priorizar a discussão do REUNI, além de se fazerem duras críticas aos atos do atual reitor. Da minha parte, eu vi apenas dois discursos, um do Josemar, meu colega de OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta) e de acampamento, e outro de uma professora do departamento de educação da universidade, Maria Lúcia, que fez questão, inclusive, de ir com uma crachá do acampamento, como forma de demonstrar a solidariedade com a luta que o mesmo representa. Fora isso o que se viu em matéria de discussão sobre assistência estudantil e moradia foi o discurso da reitoria querendo reduzir tudo a mero assistêncialismo, como se uma simples oferta de bolsas de assistência para que alguns dos acampados, isso porque nem todos os membros do acampamento são da universidade, pudessem pagar um pensão. A visão da reitoria do acampamento como um monte de pobres coitados que não tem para onde ir é a típica visão de quem não quer resolver o problema de fato, mas apenas escondê-lo, assim não "ofende" os "sensíveis" integrantes da comunidade universitária com a visão dos acampados. No entanto, reafirmo aqui o que o Josemar falou naquela audiência, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, escrevo assim, com bastante ênfase nas letras iniciais maiúsculas não é atoa; pois esse acampamento, é um foco de resistência sim, resistência contra a insensibilidade de uma universidade que aprovou a construção da moradia em 2003 e até hoje não tirou essa resolução do papel, resistência contra quem acha que a universidade não é lugar de pobre, e tem muita gente assim dentro da UFF, resitência contra o discurso que tenta desvalorizar a luta da moradia, dizendo que não é uma questão estrutural e o que a prioridade deve ser barrar o REUNI, resistência efim, aos que insistem em secundarizar a questão da assistência estudantil na universidade. Por isso eu posso dizer que nós do acampamento não vamos aceitar nenhuma oferta de bolsa em troca do fim dessa luta, não estamos acampados apenas por uma questão de necessidade econômica, estamos lá também por uma luta política, só sairemos de lá, ou expulsos pela polícia, ou quando o problema da moradia tiver sido definitivamente resolvido.

sábado, 27 de outubro de 2007

O governador e o aborto

Na semana passada o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, defendeu a legalização do aborto usando como argumento a diferença no índice de natalidade nos bairros de classe média e alto do Rio em relação às favelas e periferias; chegou a usar termos como "fábricas de marginais" ao se referir ao fato de que mulheres das áreas mais pobres têm uma quantidade de filhos muito maior do que as mulheres das áreas mais ricas. O que ele parece demonstrar com essa declaração é a típica mentalidade de que controlando a natalidade dos mais pobres será resolvido o problema da criminalidade. Um famoso jornalista, Reinaldo Azevedo, cujo posicionamento sobre assuntos como esse é bem conhecido, pois ele mesmo não o esconde, declarou uma vez em seu blog que "existem mais bandidos pobres porque existem mais pobres". Nenhum reparo na afirmação, mas a simples idéia de que essa situação possa ser resolvida a partir do quantitativo numérico é uma tentativa de reduzir o problema a um simplismo absurdo. Achar que é possível diminuir a criminalidade a partir da diminuição da natalidade dos pobres com uma política de legalização do aborto, como sugeriu o governador, é não entender todas as implicações que estão envolvidas na questão da criminalidade. Da minha parte, eu não tenho dúvida de que uma política de planejamento familiar nas áreas mais pobres é o melhor caminho para termos famílias com melhores condições de proporcionar um futuro melhor aos seus filhos, mas não é nada disso que o governador propôs na semana passada. Hoje, na versão on-line do jornal O Globo, ele deu uma amaciada no discurso, veja o trecho abaixo em azul

- Após defender o aborto como forma de reduzir a violência no país , o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que o caminho é a prevenção da gravidez com campanhas de educação e políticas de controle da natalidade. Ele disse que é pessoalmente contra a prática, mas voltou a defender o aborto. Para Cabral, o papel do Estado precisa mudar.

- É evidente que o serviço público de saúde do Brasil tem que oferecer essa opção à cidadã brasileira. Isso é um erro, uma covardia que a sociedade brasileira não discuta a sério esse tema, o da interrupção da gravidez indesejada - disse. E completou: - Eu não sou favorável ao aborto. Ninguém é favorável ao aborto. Nós temos que ser favorável ao direito da mulher, se ela optar por isso, interromper a gravidez.

Cabral levantou a polêmica sobre o aborto ao relacionar a legalização do aborto a uma forma de reduzir a violência, citando estudo americano da década de 70. Ele disse que o índice de natalidade nos bairros de classe média e alta do Rio possuem padrão "europeu", enquanto as periferias e favelas possuem níveis "africanos". ( O Globo - 27/10/2007 )

Agora ele coloca a questão dentro de uma política de saúde pública, quanto a sua declaração a respeito da diferença entre os índices de natalidade nas diferentes áreas do Rio de Janeiro, ele deveria primeiro tentar entender o porquê dessa diferença e quais as melhores maneiras de resolver o problema, em vez de sugerir o aborto como solução, coisa que óbviamente não é.

Fechando a reitoria da UFF 4

Após sabermos da ordem judicial contra a ocupação da reitoria a o acampamento do Gragoatá uma nova plenária foi feita naquela mesma noite. Por parte da maioria dos grupos políticos que compunham o movimento estudantil da UFF já parecia haver um consenso de que não seria possível manter a ocupação da reitoria, tal como na ocupação da USP esses grupos, ligados a partidos como o PSOL e o PSTU, tinham uma política muito recuada em relação a movimentos de ocupação, a idéia deles é se manter pouco tempo, conseguir alguns ganhos e sair fora. A ocupação da USP se manteve por mais tempo porque esses grupos eram minoritários nelas. Da nossa parte, havia por parte da OELI e de muitos estudantes não ligados a nenhum grupo o desejo de manter o confronto e só sair da reitoria expulso pela polícia, no entanto nós estávamos em minoria diante das Correntes Estudantis Tradicionais (CETs). cientes disso, nos preparamos para negociar uma saída em que pudéssimos ganhar o máximo, ou seja, já que era a tese das CETs que iria prevalecer, tínhamos que garantir que a pauta da moradia, pelo qual nós da OELI e simpatizantes fechamos a reitoria, também entrasse nesses ganhos, foi exatamente o que fizemos. É claro que entre os que nos apoiaram haviam aqueles que ficaram decepcionados por esse acordo, mas era preciso ser realista diante de uma situação em que estávamos em minoria dentro daquele movimento, a maioria das pessoas ali não estava disposta a bancar uma ocupação que podia acabar em confronto com a polícia. No dia seguinte, de manhã, fizemos uma nova plenária para delimitar os nossos objetivos e a fala de uma estudante que se declarou não ligada a nenhum grupo político, embora já tivesse sido uma militante destacada do "Nós não vamos pagar nada", o grupo político hegemômico no movimento estudantil da UFF, deu uma clara intenção de que a questão do acampamento do Gragoatá seria deixada de lado numa negociação com a reitoria, é claro que eu o restanto do grupo do qual faço parte protestamos e conseguimos que a plenária encaminhasse de modo inequívoco o apoio à questão da moradia e do acampamento. O clima ficaria mais tenso após ao meio-dia, com a chegada do procurador-geral da UFF. Adotando uma postura bastante agressiva, ele ameaçou claramente com uma intervenção policial caso a reitoria não fosse desocupada, o que motivou uma áspera discussão com um professor ligado a ADUFF, o sindicato dos professores da universidade. Felizmente as coisas chegaram a um termo razoável e uma reunião da qual fiz parte e que contou com representantes de todos os grupos envolvidos na ocupação unificada e da reitoria, o Reitor da universidade continuava escondido, chegou a um acordo: a reitoria seria desocupada, a ordem judicial seria retirada, o acampamento do Gragoatá seria preservado, não haveria nenhuma perseguição política aos estudantes que participaram da ocupação da reitoria e uma audiência pública seria feita com o reitor onde entrariam as pautas do REUNI e a pauta da moradia que nós da OELI e estudantes independentes aliados queríamos ver discutida com a universidade. Da nossa parte eu creio que foi um movimento vitorioso, fizemos uma jogada política arriscada ao fecharmos a reitoria quase sem apoio nenhum, mas já tinha passado da hora da universidade no seu todo, e isso incluí o nosso movimento estudantil, entender a moradia como uma questão essencial para o tipo de universidade que se quer realmente construir; ainda não é a vitória definitiva, estamos longe disso, mas demos mais um passo até ela.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fechando a reitoria 3

Retomando o assunto das duas postagens anteriores, o movimento organizado pela OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes), junto com outros estudantes que tinham acordo com a nossa pauta de luta, se manteve firme durante toda a terça-feira, apesar da incompreensão de algumas pessoas que se sentiram prejudicadas com a nossa atitude de fechar a reitoria, bem como dos movimentos políticos da UFF, exclusivamente preocupados com a questão do REUNI para dar atenção à questão da moradia. Durante o tempo em que estive lá a atitude das demais correntes estudantis tradicionais (CETs) ficou claramente simbolizada pela fala de um dos seus líderes. Na visão dele, e isso eu ouvi pessoalmente, a luta da moradia tinha uma importãncia totalmente secundária diante da luta contra o REUNI. Na sua visão, todas as demais pautas existentes na UFF deveriam ser deixadas de lado pela luta contra o REUNI, era assim que ele tentava justificar a decisão das CETs de não estar do nosso lado na luta pela moradia. É claro que eu contra-argumentei que ambas as lutas são igualmente importantes e precisam ser tocadas juntas. A verdade é que o movimento estudantil tradicional sempre secundarizou a questão da assintência estudantil, que aqui na UFF tem na construção da moradia o seu principal foco. A OELI sempre se caracterizou por combater essas prática, nunca deixamos de combater o REUNI em prol da luta pela moradia, pois entendemos que ambos estão o mesmo contexto de luta por uma universidade a serviço de toda a sociedade. Felizmente a posição do sujeito com quem conversei não era hegemônica entre os que estavam na reitoria para barrar o REUNI, pois um grupo deles fez a proposta de uma plenária unificada entre os dois movimentos que estavam na reitoria. Essa plenária ocorreu a partir das 5 da tarde e um acordo foi feito unificando as duas lutas numa única pauta. A partir daí os dois movimentos se uniram e foi na hora certa, pois logo depois chegou uma notificação da justiça de que a reitoria entrara com uma liminar pedindo a expulsão dos estudantes, não só da reitoria como também o fim do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. A partir daí uma nova plenária foi marcada naquela mesma noite. A situação chegara a um ponto limite de tensão. Na próxima postagem eu conto como tudo acabou sendo provisoriamente resolvido.

Fechando a reitoria da UFF 2

Na postagem anterior eu falei das razões que levaram o grupo político do qual faço parte, além de um grupo de estudantes identificados com a nossa luta, a decidir fazer um ato radicalizado fechando a reitoria da UFF. Agora eu vou falar de como a terça-feira se desenrolou. Durante o dia nós tivemos que falar com diversas pessoas que tinham assuntos a tratar na reitoria e explicar o que estava acontecendo; em muitos casos eram pessoas que não estavam indo ao prédio da reitoria, mas nas outras atividades que eram desenvolvidas em torno. Havia ali um agência do Banco do Brasil, onde só permitimos a entrada de uma pessoas que ia fazer um serviço específico, havia também o antendimento de perícia que nós deliberamos que seria permitido, mas os médicos responsáveis não quiseram atuar naquele dia e forma embora. Em alguns momentos houver certa tensão com pessoas que se sentiam prejudicadas, o que era compreensível, nós tentamos conversar da melhor maneira possível e explicar a nossa atitude; alguns compreenderam outros não. Um momento de tensão na parte da manhã foi quando uma psicóloga tentou contestar o nosso ato dizendo que o estatuto da UFF não previa a moradia, um argumento extremamente simplista, como se uma lei fosse imutável, como se o que fora estabelecido numa época não pudesse ser mudado para se adequar a uma nova realidade. Um grande foco inicial de tensão também foi a atitude dos grupos políticos que haviam ido a reitoria naquele dia para forçar a rejeição do REUNI no Conselho Universitário (CUV), algumas falas tentavam nos colocar como responsáveis pelo cancelamento do CUV quando era mais do que óbvio que o reitor tentaria qualquer outra manobra para cancelá-lo, ainda que não tivéssimos fechado a reitoria. De início foi uma verdadeira "guerra de falas" de ambos os lados. Nós participamos de uma plenária organizada no cinema da UFF onde tivemos que enfrentar a hostilidade de alguns grupos, mas no final, uma parte dos estudantes dessa plenária nos procurou para tentar uma unificação dos dois movimentos, pois os que foram pressionar o CUV para rejeitar o projeto do REUNI decidiram também ocupar o cinema da mesma forma que ocupávamos o prédio da reitoria. Os desdobramentos dessa plenária unificada vão ser colocados na próxima postagem.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Fechando a reitoria da UFF

Quem lê as postagens desse blog sabe que eu sou um estudante de história da UFF (Universidade Federal Fluminense), que faço parte de um movimento político que montou um acampamento no campus do Gragoatá que se chama Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. Esse acampamento está no Gragoatá há um ano e meio. Há seis meses atrás nós também ocupamos o hall da reitoria da UFF em nossa luta por moradia estudantil. Recentemente a reitoria nos chamou para conversar sobre a possibilidade de desocupar-mos o hall; uma comissão foi montada para discutir essa questão bem como as medidas para viabilizar a construção da moradia estudantil, que havia sido aprovada pela segunda vez pelo Conselho Universitário (CUV) da UFF. Durante uma dessas reuniões nos foi solicitada a apresentação de uma pauta de reivindicações a partir de qual seria negociada a saída do hall. A pauta foi elaborada e apresentada por nós e durante um mês a reitoria passou a simplesmente ignorá-la com uma série de evasivas que deixava clara a sua intenção de não tentar uma solução definitiva para o caso; era evidente que esperavam nos vençer pelo cansaço. Diante de tal situação, só nos restou dar um ultimato numa das últimas reuniões, todas elas por sinal foram gravadas, ou a reitoria resolve negociar seriamente ou nós iríamos fazer um ato radicalizado a partir da ocupação do hall. Ao que tudo indicava a reitoria não contava com a nossa disposição, portanto só nos restou mostrar que não estavamos brincando. O ato de terça-feira, em que nós decidimos fechar a entrada da reitoria foi a nossa resposta para o descaso com que a questão da morada estava sendo tratada na UFF, não só pela reitoria, mas até mesmo pelas correntes estudantis tradicionais (CETs) da UFF. nós começamos o nosso ato na tarde de segunda ocupando o sétimo andar e durante a noite decidimos que era necessário fecha a toda reitoria para dar consequencia ao ato e foi o que fizemos na terça-feira. É claro que esse ato acabou repercutindo na luta que estava sendo travada em torno do REUNI, mas os desdobramentos do que ocorreu na terça-feira vão ser tratados na minha próxima postagem.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A luta contra o REUNI na UFF

Infelizmente aconteceu o que eu temia e a promessa do vice-reitor de antecipar de quarta-feira para o dia anterior o conselho universitário levou os grupos políticos tradicionais a deixar a ocupação que estava sendo feita na reitoria e a qual tinham decidido engrossar na última terca-feira. No fundo o que queriam mesmo era a antecipação da data do CUV, pois já tinham uma viagem marcada para Brasília, onde vão participar de uma manifestação contra o mesmo REUNI que é motivo de toda essa luta política dentro da universidade. Já era previsível essa postura recuada dos grupos estudantis lidados ao P-Sol e PSTU e que apenas reproduz o que já se tinha visto na USP. Da nossa parte, nós que fazemos parte da OELI ( Organização dos Estudantes Indepedentes em Luta ), do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI ou os que se identificam com o GT de moradia do curso de História, nós todos que estamos mantendo essa ocupação a mais de 5 meses, vamos mantê-la. Acreditamos que o melhor caminho para se obter resultados junto à reitoria é colocando "a faca no pescoço" desses burocratas e não acreditar em promessas vagas. A manifestação em Brasília tem a sua importância, mas fazer da luta aqui na UFF uma questão secundarizada por conta dela só mostra como essas correntes estudantis tradicionais estão mais preocupadas com as prioridades dos partidos políticos a que estão ligadas e que os sustentam do que com as verdadeiras prioridades dos estudantes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A ocupação na reitoria da UFF

Ontem à noite a ocupação da reitoria da UFF, que está acontecendo a mais de 5 meses tornou-se ainda mais intensa com a chegada de integrantes de diversas correntes políticas do movimento estudantil, além dos chamados independentes. Isso se deu por conta de uma manobra da reitoria que cancelou um conselho geral que se daria hoje para decidir a questão do REUNI. Tal fato levou o movimento estudantil da universidade a tomar uma atitude mais radicalizada e desde ontem um grande número de estudantes estão engrossando a ocupação que já vinha ocorrendo na reitoria. É muito bom que isso tenha acontecido, pois só confirma o acerto que grupos como o Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do sécul0: o XXI, a OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ) e o GT de Moradia do Centro Acadêmico de História, que ao liderar a ocupação da reitoria, mantendo-a com todas as dificuldades ao longo dos últimos meses, mostrou que só colocando a faca no pescoço dos burocratas da universidade é que as pautas estudantis serão atendidas. Hoje de manhã ouve uma conversa como o vice-reitor, que surpreendentemente se coloca agora contra o projeto do REUNI que a reitoria está defendendo. É claro que as suas divergências com o reitor são a causa dessa mudança de posição, no entanto é preciso tomar muito cuidado com promessas vagas e que poderão não ser cumpridas, embora pareça haver muitos grupos que estejam doidos para acreditar nelas para poderem sair da ocupação. Infelizmente a possibilidade de posições recuadas se imporem ainda são muito fortes, estão bem frescas ainda os conflitos ocorridos na ocupação da USP. Vai haver uma audiência hoje a tarde e depois uma nova plenária, vamos ver quais posições vão prevalecer. De minha parte e do grupo político a qual pertenço, a OELI, o que vamos defender é uma postura de combatividade do movimento e nada de acreditar de novo em promessas vagas, como aconteceu com os grupos políticos ligados ao P-Sol e PSTU, em abril último.

sábado, 13 de outubro de 2007

A discussão do REUNI na UFF

Na semana que vai se iniciar a UFF vai estar envolvida na discussão do REUNI, vai haver um reunião com os principais conselhos de deliberação da instituição para uma tomada de posição da universidade sobre esse projeto que o governo Lula quer implantar. Diversos grupos políticos dentro da UFF desejam barrar o REUNI por lá; eu mesmo faço parte de um desses grupos. A minha grande questão a contra o REUNI é poder constatar que por trás dele há uma visão a respeito do ensino que sempre guiou todas as reformas educacionais feitas no Brasil desde os anos 1930, ou seja, a idéia de que devem existir dois tipos de ensino em nosso país: aquele voltado para os mais abonados da sociedade e o ensino feito especificamente para os mais pobres. Um dos principais argumentos dos defensores do REUNI é que vai colocar o povo na universidade, aqui na UFF eu tenho ouvido isso a todo o tempo, mas eu me pergunto que tipo de universidade é essa em que o povo vai poder entrar? Fico imaginando se não vai acontecer com o ensino superior o que já acontece com o fundamental e médio, onde a contrapartida da universalização do ensino foi uma brutal queda de qualidade no ensino público. Fico imaginando se por trás do REUNI não há o desejo de se criar "ilhas de excelência" nas universidade como já existem nas escolas públicas de ensino médio e fundamental, onde boa parte dos mais abonados estudam, enquanto a população mais pobre fica quase toda "confinada" em escolas caindo aos pedaços e com falta de professores. A grande verdade é que parece haver na cabeça das pessoas que formulam as políticas de ensino no Brasil a convicção de que é impossível conciliar a universalização da escola pública com a boa qualidade do seu ensino. No entanto, eu me recuso a aceitar essa convicção. Por conta disso é que me coloco contra o REUNI.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ainda sobre a polêmica do livro didático

A questão do livro didático ainda está suscitando debates, tanto na imprensa quanto na universidade, uma pena que este assunto não seja também objeto de debates junto às famílias, pois estas deviam estar a par do que seus filhos têm como material de estudo. É claro que isso também depende do grau de envolvimento das famílias no estudo dos filhos. Eu tenho pensado muito nisso desde que começei a frequentar o colégio universitário da UFF por conta da minha disciplina pedagógica; eu vejo a maneira como muitos daqueles alunos encaram a sua presença em sala de aula e me pergunto o quanto o descaso de suas famílias não contribuem para isso. No caso das polêmicas que estão ocorrendo sobre o livro didático, eu ainda não posso me posicionar completamente, pois ainda não consegui ler os dois livros que as motivaram, no entanto, eu enxergo aí uma espécie de disputa ideológica, pois mesmo os que criticam a postura desses livros em relação a determinados fatos históricos estão baseando suas críticas em posturas que eles mesmos têm. Afinal, um livro não tem como ser neutro, para quem estuda história como eu já é sabido que isso é uma ilusão, o que eu gostaria de constatar pessoalmente é se essa posição que é mostrada nos livros didáticos que foram criticados é apresentada como uma verdade absoluta, do tipo que não admite contestações, ou se há espaço para os alunos buscarem suas próprias conclusões, acho que qualquer crítica a esses livros têm que passar por aí.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

seminários na UFF

Assim que eu entrei na UFF pude perceber que uma verdadeira universidade não se faz apenas assistindo aulas. Pude perceber também o quanto podemos aprender ao frequentar a vida acadêmica da universidade, através de palestras, seminários e outros eventos afins. Foi num seminários do PENESB, um dos muitos núcleos existentes na UFF, neste caso, dedicado ao estudo da situação do negro na sociedade brasileira, que eu fui descobrir que quando a lei áurea foi assinada, apenas 5% da população negra do Brasil ainda era escrava; eu nunca havia lido nada disso nos livros didáticos em que estudei antes de entrar na UFF. Essa foi uma das razões que me fizeram optar por me manter com uma bolsa de estudos em vez de procurar um trabalho regular, eu sabia que desse modo não teria a oportunidade de aproveitar de fato tudo o que a universidade tinha a me oferecer, desde então eu tenho participado de todos os eventos possíveis dentro da UFF. Nos últimos dois dias eu participei do Seminário de Graduandos em História Moderna da UFF. Fiquei especialmente feliz ao constatar que esse seminário foi organizado pelo próprios alunos e que graduandos de várias universidades do país apresentaram seus trabalhos. Por ser trabalhos de graduandos dava para ver o nervosismo, a dificuldade na hora da apresentação e as limitações dos próprios trabalhos, mesmo assim foi uma experiência muito interessante para mim que fui apenas ouvinte e, certamente, melhor ainda para os que apresentaram trabalhos. Eu já tive essa experiência no ano passado na Semana de Extensão da UFF e posso dizer que é muito boa. Só espero que novas experiências como essas sejam possíveis, tanto para mim como para outros graduandos da UFF.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

bolsas de estudo na universidade

Quando eu entrei na UFF a minha idéia era estudar e trabalhar ao mesmo tempo, no entanto, eu passei o meu primeiro período sem precisar fazer isso e vi o quanto era melhor poder se dedicar de maneira quase integral aos estudos. Eu que fiz o meu ensino médio trabalhando e estudando ao mesmo tempo pude perceber bem a diferença. Por conta dessa constatação eu decidi que me manteria na universidade sem procurar um trabalho efetivo, mas é claro que isso não seria possível com a ajuda da minha família, embora eles tivessem sido fundamentais nos meus dois primeiros períodos, não havia como me sustentarem durante toda o meu curso. Eu consegui uma bolsa de estudos na área de extensão a partir do meu terceiro período e venho me mantendo com ela desde então. Antes de mais nada eu vou dar uma pequena idéia de como funciona o sistema de bolsas de estudo aqui na UFF: existem as "bolsas treinamento", são dadas aos alunos mais pobres, uma forma de assistência estudantil. As bolsas de maior prestígio, entretanto, são as de "iniciação científica" e as de "monitoria". Eu acabei optando pelas de Extensão, mas no momento enfrento o problema de estar com o pagamento atrasado vários meses. Esse é um dos maiores problemas de quem depende de bolsa de estudos na universidade, dá para ver que a situação de pessoas como eu não é tratada com a devida prioridade. O fato é que essas bolsas, principalmente para os estudantes mais pobres como eu, são uma forma de garantir a presença na universidade. Os atrasos atrapalham enormemente as nossas vidas, como está acontecendo comigo agora. É por isso que a questão da assistência estudantil teria que ser uma luta prioritária dentro do movimento estudantil, mas é claro que isso só vai ocorrer quando os que dependem mais dessa assistência entenderem que precisam entrar na arena da luta em vez de esperarem que outros o façam por eles. Eu já entendi isso, mas sinto, infelizmente, que ainda faço parte de uma minoria entra os estudantes mais pobres dessa universidade.