terça-feira, 30 de setembro de 2008

Assembléia Comunitária hoje na UFF

Hoje teremos mais uma Assembléia Comunitária no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Eu e mais duas pessoas fizemos passagens em sala de manhã para chamar estudantes e professores para essa assembléia que deve tomar uma posição em relação ao seminário que o Colegiado aprovou para os dias 6 e 7 de outubro. Será o momento de mais uma vez colocar as diferentes posições sobre qual o objetivo final das pessoas que se fazem presentes nessas assembléias. Eu não tenho dúvidas que muitos querem acabar com o movimento que se iniciou com a decisão da Assembléia dos Estudantes do ICHF de fazer um piquete contra a decisão do Colegiado do instituto em decidir às portas fechadas o futuro de mais de 2000 estudantes, sem que estes fossem ouvidos. Será uma luta muito dura e que vai continuar após uma outra reunião que teve ontem à noite e que decidiu uma data para a Assembléia Comunitária do Gragoatá. Enfim, essa luta se dá, principalmente, no campo da consciência, colocar em debate que tipo de universidade e de sociedade as pessoas querem e se estão dispostas a lutar por isso. Disputar consciências, politizar o debate sobre o tipo de universidade e sociedade que se quer construir é o principal objetivo dos que não vão se limitar a pretensas "vitórias" no campo institucional e burocrático. Esse é o nosso objetivo nessa assembléia e é para isso que estaremos lá.

Texto antigo

Esse é um texto escrito no final do ano passado por Rafael Viana, um militante da FARJ ( Federação Anarquista do Rio de Janeiro ). O texto foi escrito por conta da indignação do Rafael pela maneira como a Rede Globo tratou a questão das ocupações de reitorias e o Movimento dos Sem-Teto na novela Duas Caras, em exibição na época. Estou reproduzindo esse texto aqui com muito atraso, mas a ocasião não deixa de ser oportuna por conta de todos os acontecimentos que vem ocorrendo aqui na UFF, na UERJ e na UNIFESP, bem como em outras universidades pelo país.

O MOVIMENTO ESTUDANTIL E O
MOVIMENTO SEM-TETO
SEGUNDO A REDE GLOBO, AMÉM!
Por Rafael Viana

Ninguém em sã consciência ou com o mínimo espírito crítico guarda alguma dúvida acerca da manipulação grosseira realizada pela Rede Globo utilizando seus meios de comunicação. Muito menos de sua relação excusa com as elites privadas e os grandes interesses do capital financeiro. Ninguém tem mais dúvida sobre seu papel infame na ditadura militar, seu ataque sistemático aos movimento sociais, sua função ideologizadora e mantenedora da ordem burguesa na sociedade brasileira, que legitima a exploração, a miséria, a desigualdade social oriunda da sociedade de classes; contudo no dia 07 de novembro a Rede Globo deu um passo a mais em todo este processo infame, mostrando-se sempre atenta com os acontecimentos sociais e desejosa por fazer valer sua versão dos fatos, a Rede Globo resolve atacar o movimento sem-teto e o movimento estudantil por meio de seus infelizes meios de distribuição de mentiras: as novelas.
Quem teve o azar de acompanhar os dois últimos capítulos da novela das oito(no meu caso um eventual esbarrão que me aguçou a tentar entender melhor a finalidade ideológica daquela mixórdia fictícia) intitulada "Duas Caras", pôde ver a opinião ideológica da Rede Globo aflorar de maneira mais nítida. Além de ter como cerne principal uma comunidade, cuja origem era uma ocupação, onde seu líder é interpretado por Antônio Fagundes, um caudilho autoritário, uma espécie de miliciano que impõe a lei e a ordem na favela a partir de uma associação de moradores submetida aos seus desmandos autoritários. A novela ainda tem a cara de pau de confeccionar um retrato dessas comunidades a partir de sua ótica pervertida, burguesa, elitizada, fomentadora de estereótipos baratos.
Podemos ver claramente a dicotomia artificializada pela vênus platinada, enquanto os trabalhadores da comunidade fictícia apenas estão envolvidos com pequenas e irrelevantes discussões de senso comum
e não muito ocupados com ofícios laboriosos, os ricos e poderosos estão envolvidos com negócios, dedicando-se exclusivamente ao árduo trabalho diário de gerirem empresas e administrarem negócios. É o mito do rico "trabalhador" e do pobre que é pobre pois não se esforçou suficientemente para sair desta condição.
Mais a cena mais polêmica, é a que estudantes de uma universidade particular, cuja reitora e dona é interpretada pela atriz Suzana Vieira, resolvem realizar um protesto em frente a universidade. Diante do protesto, a personagem "Branca" interpretada por Suzana Vieira pergunta a um dos estudantes quem é o líder do protesto, da baderna. Este relata que é o coletivo, a qual a personagem irônicamente responde que na verdade "Alguma liderança por trás que decide tudo por esse coletivo, sei muito bem como é...". É claro, jamais a globo entenderá nenhum mecanismo de decisões coletivas, afinal a globo e seus asseclas só conseguem pensar hierárquicamente.
Interessante comentar o personagem do chamado "líder estudantil", um ator negro, que se caracteriza por usar roupas despojadas, camisa vermelha e ao contrário da placidez racional da personagem interpretada por Suzana Vieira, a "Branca"(branca, anglo-saxã, rica) transparece impulsividade e emoções a flor da pele. É inconsequente e agressivo. Requer lembrar também que a personagem "Branca" é uma das personagens centrais da trama. Os núcleos ricos nas novelas globais sempre existiram, a idéia é fazer com que nos identifiquemos com o discurso burguês desses personagens, mocinhos e vilões.
Uma das partes mais interessantes é quando os estudantes resolvem ocupar a universidade. Estes invadem a universidade, quebram vidros, rasgam livros(???), causando a maior destruição possível. É claro que a Rede Globo, apesar de não ter noticiado uma única notícia relevante sobre as ocupações das reitorias pelos estudantes contra o maldito projeto do Governo, o temível REUNI que privatiza as universidades públicas em detrimento da iniciativa privada, resolve agora se posicionar em relação às ocupações das reitorias. Posicionar-se não, pois quem o faz, faz publicamente e com transparência. No caso da Rede Globo, o objetivo é criar uma falsa representação da realidade, dizendo que as ocupações das reitorias na verdade são atos de vandalismo, de baderna, que os estudantes são bárbaros sem objetivos que destróem o patrimônio das universidades.
Imagine um trabalhador ou trabalhadora que resolva assistir este capítulo, depara-se além de estudantes saídos de algum filme de ficção científica de mau gosto, com a imagem deturpada da Globo sobre os movimentos de ocupação Urbana e os movimentos social em geral. Enquanto isto, a dona da faculdade, pede à um de seus advogados que chame a polícia, este responde que esta é uma atitude que poderá ser vista como antidemocrática, de resquícios da época da ditadura a qual a personagem responde: "Esses movimentos se aproveitam das liberdades da democracia para serem anti-democráticos."
Olhando assim há até quem acredite que a Globo é o último bastião de defesa da democracia. Entidade que cresceu sob as asas da ditadura, manipulava e censurava notícias antes mesmo da atuação dos órgãos de censura da época, cumprindo muito bem seu papel de classe, exemplarmente, a ponto de no Editorial do Jornal "O Globo" de 7 de outubro de 1984, Roberto Marinho elogiar o golpe militar de 64 e se posicionar contra a campanha pelas eleições diretas para a Presidência da República
Quanto a presença do fictício MSC ( Movimento dos Sem-Casa ), na ocupação da reitoria a personagem de Suzana Vieira solta a seguinte pérola: "Eles deveriam estar trabalhando" diz Branca. É a opinião da Rede Globo sobre o movimento social. O trabalhador bom para a Rede Globo, é o que trabalha de segunda a sexta, e jamais reivindica seus direitos, quando o faz, deve fazer sempre dentro das estruturas do Estado Burguês. Quanto ao fictício MSC, que nada mais é do que a representação esdrúxula do movimento sem-teto e de ocupações urbanas na novela, a personagem emite a seguinte opinião: "Eles não são estudantes, não pagam nossa universidade, não fizeram vestibular, o que estão fazendo aqui?".
A solidariedade entre os diferentes participantes do movimento social não deve existir segundo a Rede Globo, cuja visão individualista burguesa do "cada um correndo atrás do seu" prevalece como agente
principal em seu discurso. Trabalhadores e estudantes não podem estar juntos numa mesma luta, jamais!
Há inúmera pérolas a serem mencionadas, das quais podemos traduzir ideológicamente de maneira clara:
"Vamos deixar o MSC na frente que eles tem mais experiência, diz o personagem do militante estudantil referindo=se a resistência frente a polícia". Tradução: Militantes sem-teto tem experiência em enfrentamentos com a polícia e são violentos. "Não são eles mesmo que dizem que os fins justificam os meios?", diz Branca, então que a polícia faça alguma coisa!" Tradução: Reprimir estudantes e trabalhadores de forma violenta se justifica pelo objetivo final que é o de conseguir a paz diante da invasão de propriedade privada.
Depois de diversas pérolas, há ainda, além da tentativa de deturpar o presente, fazer o mesmo com o passado. Uma coadjuvante, em meio ao enfrentamento dos estudantes, solta a seguinte pérola final: "Até
parece 1968”, diz outra personagem, referindo-se ao movimento anti-autoritário e revolucionário dos estudantes e trabalhadores franceses no Maio de 1968 na França, que questionou duramente a democracia burguesa, o capitalismo e outros valores e instituições conservadoras à época.
Poderia-se dizer muito mais acerca dessa obra de ficção, que deseja não apenas entreter, mas exercitar o domínio ideológico, estabelecer e dar a última visão acerca da realidade. Cunhar valores, embutir
regras, naturalizar o que não pode ser naturalizado: desigualdades sociais, relações de classes, luxo, miséria, conformismo, etc. Reparem nos personagens da Globo, a riqueza é sempre vista como um incômodo, se não me engano é da mesma novela a afirmação de uma personagem vivida por Marília Gabriela, de que a riqueza pode trazer a desgraça. O pobre perfeito da Rede Globo é o pobre da novela, o que trabalha e vive feliz, está sempre bem humorado, enquanto a riqueza dos chamados núcleos de ricos das novelas da globo estão sempre envolvidos em tramóias, chantagens, conspirações, onde tudo acaba em assassinato ou loucura. O empregado dos ricos e milionários das novelas globais, é sempre feliz, submisso ao patrão e fiel à ideologia burguesa. A novela de opostos que a Rede Globo permite mostrar, nada mais é do que a visão elitista e burguesa de seu autor, alinhado com o discurso oficial da platinada, sobre assuntos como movimento estudantil, ocupações urbanas, comunidades, questões de gênero. Nenhum discurso é neutro, todo discurso está situado históricamente e ideológicamente. A Rede Globo nada mais faz do que propagar e reforçar estereótipos baratos, cunhar mentiras, propagar inverdades! Mas NÓS sabemos! NÓS, estudantes, trabalhadores, trabalhadoras, sem-teto, unidos no horizonte da mesma luta, que o MOVIMENTO SOCIAL não é ESTE movimento social que a Rede Globo quer representar!!! NÓS sabemos que um dia este mar de mentiras que inunda o coração de nossos irmãos, este veneno escorrido pela mais escroque representante do capital assassino irá sucumbir diante da JUSTIÇA da classe trabalhadora!!! E neste dia não haverão nem novelas, nem atores medíocres para proteger a Rede Globo!!! Parafraseando o anarquista peruano Manuel González Prada nós não somos a inundação da barbárie como quer descrever a Rede Globo, nós somos o dilúvio da justiça!!! E SEREMOS!!!!

Rafael não assiste novelas, mas ocasionalmente esbarra com representações ideológicas que não podem ser esquecidas e merecem ficarem registradas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Uma nova semana de lutas

Hoje de manhã participei de um passagem em sala e de uma panfletagem no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Trata-se de mais um passo na luta pela construção da Assembléia Comunitária aqui na UFF. Depois dos acontecimentos no Colegiado do instituto na última sexta-feira tivemos que convocar mais essa assembléia para manter viva a luta contra esse modelo de universidade verticalizado e hierarquico que muitos insistem em manter. A maneira como se deu o último colegiado, não só em relação a atuação dos professores, mas também a partir das posturas de muitos estudantes já mostra que essa luta tem dimensões muito diferenciadas. A luta pela construção da Assembléia Comunitária mostra que para muitas pessoas trata-se de uma questão pontual do ICHF e não deve ser espraiada. Eu faço parte de um movimento político, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, que defende a Assembléia Comunitária como parte de um processo de contestação do modelo de universidade que temos e que desemboca no próprio modelo de sociedade existente. Existem outros que não fazem parte do acampamento, como os integrantes da ADE ( Ação Direta Estudantil ), bem como pessoas que não fazem parte de nenhum grupo ou movimento político específico, mas que tem referenciais políticos e ideológicos semelhantes, e que comungam dessa mesma idéia. No entanto, existem grupos e pessoas que tem a idéia dessa assembléia como parte de um processo de negociação com os poderes institucionais do instituto, uma ação tática em que concessões seriam feitas em troca do que seria chamado de "avanços". Esses avanços seriam inicialmente barrar o curso de Segurança Pública, mas agora, pelo que se lê na lista de e-mails do curso de História, já há quem diga "estar refletindo melhor" sobre a sua posição contrária. Já se fala em disputar o curso de Segurança Pública, na possibilidade de uma "polícia mais humana". Na verdade, é a boa e velha pelegagem de volta, tudo isso em nome de um taticismo que virou a religião desses grupos políticos que chamo de Burocracia Estudantil. A assembléia de amanhã terá que pôr essas questões em pratos limpos para que ninguém fique escondendo as suas ações por trás de discursos pretensamente de esquerda e práticas absurdamente pelêgas.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A luta na UFF continua

Daqui a pouco vai haver uma nova reunião do colegiado do ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ), mais uma vez vamos observar como se processam as relações de poder em nossa sociedade. O Colegiado do nosso instituto é um micro-cosmo de como essas relações se processam e os filmes que fizemos mostram bem isso. Essa luta que está sendo travada pelos estudantes, e que tem diversos graus de entendimento, serve para mostrar como as relações de poder hierarquizadas e verticalizadas se dão e como acabam condicionando até mesmo aquele que, no plano das idéias, defendem teses que vão contra essas mesmas relações, mas que na hora H acabam legitimando. Essa é uma luta contra toda uma estrutura de poder que existe na universidade e reflete o que já existe na sociedade, mas não é uma luta que está restrita à UFF. Esse manifesto que vou postar logo abaixo mostra isso. Na minha próxima postagem eu vou relatar o que aconteceu na reunião do Colegiado que vai acontecer daqui a pouco.

MOÇÃO DE APOIO AS UNIVERSIDADES MOBILIZADAS

Por Acampados na Vila Fora Consu 19/09/2008 às 00:38

Isso não é apenas uma moção de apoio, mas um chamado à luta unificada pela total reestruturação do poder na universidade.
Os estudantes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) estão acampados na frente da reitoria, reivindicando principalmente a participação efetiva dos estudantes nos órgão de deliberação da universidade, com o intuito de transformar esta, que está falida e não produz mais conhecimento útil para o desenvolvimento da humanidade, atendendo apenas a uma lógica de mercado que só visa obter lucro para a classe burguesa. Isso fica muito claro se observarmos a quantidade de capital privado que é ?injetado? nas pesquisas das universidades, como se fossem investimentos em bolsas de valores. Enquanto isso, as salas de aulas das estão caindo aos pedaços, há falta de professores e não existe assistência estudantil de verdade.

Por isso apoiamos a luta dos companheiros da UERJ, UFSJ, Uncisal, Unir, UFF, UENF, por entendermos que é preciso construir a unidade na luta do movimento estudantil para reivindicarmos a proporcionalidade nos órgão de deliberação da universidade, pois somente os estudantes, que são os menos atrelados à burocracia universitária, ao lado dos trabalhadores em defesa do poder popular, podem enfim mudar os rumos da universidade.

A proporcionalidade (governo tripartite) é o autogoverno proporcional aos três setores que compõe a universidade: professores funcionários e estudantes. Esta proposta garante representação real da base que compõe a comunidade acadêmica. Diferentemente da paridade, que não passa de uma farsa mascarada de democracia. A paridade mantém a eleição e a lista tríplice, além disso, o voto de estudantes e funcionários continua valendo menos do que o dos docentes. Isso porque o calculo é feito em cima do total de integrantes de cada segmento, portanto na universidade, onde a maioria é de estudantes, a porcentagem que lhe é referida é dividida em muito mais membros, fragmentando o peso do voto.

Chamamos a todos a levar a discussão da estrutura de poder na universidade, atualmente imposta pelo governo e que é o principal gerador dos problemas apresentados, como a falta de assistência estudantil, professores, infra-estrutura e o autoritarismo dos docentes, entre outras coisas.

Acampados Vila fora CONSU, Unifesp ? São Paulo, 15 de setembro de 2008.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Assembléia de ontem no ICHF

Ontem teve uma nova Assembléia Comunitária no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Por conta do que aconteceu no colegiado do dia anterior nós tivemos que confrontar as falas da UJS ( União da Juventude Socialista ), ligada ao PCdoB, por sua tentativa de corroborar a ação dos professores no colegiado, dizendo em passagens de sala que nós implodimos o colegiado, tentaram criminalizar o Acampamento em especial por isso. É claro que a UJS está agindo como correia de transmissão da direção do instituto, mas o pior mesmo é constatar que até entre os que estão na luta contra o REUNI e a maneira como o projeto de expansão está sendo conduzido no ICHF, existe uma clara tendência em conseguir um acordo com o Palharini, diretor do ICHF. A verdade é que existem projetos diferenciados entre os que estão bancando essa luta política. Nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI e a ADE ( Ação Direta Estudantil ), além de outros que não se referenciam por nenhum grupo específico, temos um projeto de construção de um Contra-Poder na universidade, que se contraponha a órgãos burocráticos, hierárquicos e verticalizados como o Colegiado do ICHF e o CUV ( Conselho Univeristário ). Esse projeto não é compartilhado por muitos dos que estão conosco nessa luta política pela construção da Assembléia Comunitária, que não deve ser limitada ao ICHF, mas ser espraiada por toda a UFF. Infelizmente muitos segmentos estão limitados ao horizonte de um seminário com votação paritária para definir o projeto de expansão, conseguindo isso e o fim do curso de Segurança Pública, com certeza deixarão que tudo volte ao normal, sem tocar na estrutura de poder da universidade. Entretanto, nós não vamos nos limitar a isso e estamos deixando bem claro esse fato. Na Assembléia de ontem tivemos um confronto com alguns dos integrantes da chapa Ocupação do CAHIS ( Centro Acadêmico de História ) por conta disso, pois fizemos questão de deixar claro a nossa diferença em relação a eles. Foi um debate complicado e com respostas vazias e desonestas, felizmente o nosso costume de filmar as intervenções está se revelando fundamental em nossa luta política, pois isso nos fornece as ferramentas necessária para rebater as críticas que nos fazem. Estamos trabalhando esse material e logo ele vai estar disponível na internet, tornando público todos os embates políticos que estão ocorrendo na UFF, bem como as posições assumidas por todas as pessoas e grupos políticos. Essa memória do movimento estudantil que estamos construíndo será muito importante para que vier no futuro, principalmente porque agora as outras pessoa estão vendo a importância disso e estão filmando também. No futuro as pessoas vão ver o que aconteceu, ter acesso às várias versões e poderão decidir quem estava ou não com a razão, poderão decidir com quem se identificar e ter como parâmentro para os seus próprios embates.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Notícias sobre a ocupação da UERJ

Extraído do site: http://g1.globo.com

21/09/08 - 19h24 - Atualizado em 22/09/08 - 10h11

ALUNO QUE OCUPAM A REITORIA DA UERJ RECLAMAM QUE ESTÃO SEM LUZ

Segundo universidade, desligamento é rotina nos fins de semana. Protesto conta com 60 estudantes e já dura 13 dias.

Estudantes que ocupam desde o dia 10 de setembro a reitoria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) reclamaram neste domingo (21) da falta de luz no local. Cerca de 60 alunos, que ainda participam do protesto, estariam no escuro e impossibilitados de cozinhar, já que contam com um fogão elétrico. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, o desligamento da luz em determinadas áreas da universidade faz parte de uma rotina dos fins de semana que não será alterada por causa da invasão.A estudante de Letras Fabiane Simão, de 29 anos, coordenadora do DCE da universidade, reclamou que saiu para comprar pão e foi impedida de retornar à reitoria. Segundo ela, cerca de 60 estudantes ainda participam da ocupação.


“Estamos sem luz e telefone desde as 14h. Saí para comprar pão e não me deixaram entrar, apenas deixaram buscar a comida. Na nossa avaliação eles estão cansando a gente, porque não querem negociar”, disse a estudante.

Segundo a assessoria da universidade, o desligamento de serviços de água e luz aos sábados e domingos faz parte da rotina da Uerj e não foi posto em prática no último fim de semana porque ocorreu o vestibular.



Reivindicações

No último dia 17, a reitoria da Uerj publicou em seu site, a pedido dos alunos, as reivindicações dos estudantes, entre elas a desistência de processos judiciais que envolvem estudantes do DCE, obras no bandejão no campus, transporte interno, alojamento estudantil e creche universitária, abertura de concurso público para professores, entre outros pontos.

Os alunos continuam acampados na universidade aguardando uma reunião com o reitor. A faculdade não tem uma previsão de data para este encontro.



O reitor Ricardo Vieiralves se submeteu a uma cirurgia torácica na última sexta-feira (19) e, segundo a assessoria da universidade, recebeu alta do CTI do Hospital Pedro Ernesto (Hupe) neste domingo, (21).

Colegiado implodido

Ontem tivemos a reunião do Colegiado do ICHF que acabou implodindo pela ação dos professores, que não admitiram a filmagem da reunião. Essa filmagem foi feita por nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, como parte de nosso objetivo de deixar um registro das lutas políticas ocorridas na UFF durante todo esse tempo em que estivermos envolvidos nela. Interessante é que somos praticamente o único movimento político que vem se preocupando em promover o registro histórico desses acontecimentos, pois ninguém mais tinha se preocupado efetivamente com isso. Só agora é que algumas pessoas têm imitado o nosso exemplo, mais ainda muito precariamente. Pretendo falar sobre esse processo de construção de uma memória histórica do movimento estudantil aqui na UFF em outra postagem, nessa eu pretendo me focar sobre o que aconteceu no colegiado. O que se viu ali foi a manifestação mais evidente de um poder institucional que não vai abrir mão de seus privilégios, que se puder vai compactuar com alguns grupos mais recuados a partir de algumas concessões, mas sem jamais abrir mão de seu poder efetivo. Isso ficou bem claro na medida em que se apoiaram numa situação absurda para implodir o colegiado. Alegar constrangimento por conta da filmagem coloca aquelas pessoas numa situação insustentável, pois todas participaram de um colegiado menos de duas semanas antes, num clima bem mais tenso, e não tiveram qualquer problema em serem filmadas. É óbvio que o desejo era implodir a reunião, pois não queriam discutir as decisões tomadas na Assembléia Comunitária da semana anterior e que ia contra a estrutura de poder que estes representam e da qual não querem abdicar. Não tenho a menor dúvida que aquela reunião não ia levar a nada, mesmo a proposta moderada de seminário paritário não contemplava aquele grupo reacionário, que quer manter a estrutura de poder medieval do ICHF. Hoje vamos ter uma nova Assembléia Comunitária no ICHF, amanhã vai ser no Serviço Social. É uma pena que tenhamos duas numa mesma semana, uma de certa forma vai estar enfraquecendo a outra, por isso mesmo, nós do Acampamento e alguns grupos políticos, além de indivíduos que tem um referencial político semelhante, iremos pautar a construção de uma Assembléia Comunitária da UFF, pois só unificando as lutas de todos os que desejam, não apenas barrar o REUNI, mas se dedicar à construção de um novo modelo de universidade e sociedade, é que vamos nos contrapor a esse projeto de universidade e sociedade que nos está sendo imposto.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ato político no ICHF hoje

Hoje teremos a reunião do Colegiado do ICHF. De acordo com o que foi decidido na última Assembléia Comunitária vamos até lá para deixar claro o nosso desejo que seja ratificado o seminário que foi tirado para ser aquele que irá elaborar um plano de expansão do instituto. Não sabemos ainda qual será a reação a decisão política da Assembléia de votar pela rejeição do plano de expansão que nos foi empurrado goela abaixo pela direção do ICHF. O que temos definido é que estamos dispostos a implodir a reunião se for necessário. É claro que isto só será possível se houver uma boa concentração de pessoas dispostas a levar essa idéia adiante. Hoje iremos saber se o que está acontecendo no instituto pode apontar para uma nova forma de definir os rumos da universidade ou se foi só fogo de palha para um bom número dos que aprovaram as decisões da última assembléia. Afinal, qualquer decisão só tem valor efetivo se as pessoas que a aprovaram estiverem dispostas a bancar os embates e consequencias delas. Foi isso o que levou a efetivação e ao sucesso do piquete, é apenas isso que pode viabilizar o seminário e a próxiama assembléia comunitária e toda a luta política que for feita daqui para diante.

Assembléia do ICHF

Na última quinta-feira foi realizada uma Assembléia Comunitária no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Tratou-se do desdobramento do piquete que foi feito na semana anterior para combater a forma como foi feito o projeto de expansão do instituto pelo seu colegiado. Na verdade, a luta que levou até aquela assembléia tem muitos matizes, entre os que se dispuseram a fazê-la estão colocados diferentes maneiras de ver a universidade e as lutas políticas a serem levadas adiante dentro dela. Entre os que fizeram a luta pelo piquete estão pessoas que votaram contra o mesmo na Assembléia dos estudantes do ICHF. O piquete foi muito criticado como sendo incapaz de trazer os estudantes para a luta contra o REUNI e a maneira como as decisões que envolvem a universidade são tomadas. Um conjunto expressivo de estudantes não se dispõem mais a aceitar isso, mas é claro que mesmo entre estes existem diferentes concepções de universidade e sociedade. Essas diferenças ficam evidentes quando estas pessoas se posicionam nas assembléias e atos políticos. Eu faço parte de um grupo que defende uma concepção horizontalizada de universidade e sociedade, é claro que não temos ilusão de que essa concepção vai ser adotada dentro da realidade de uma sociedade capitalista. O que entendemos é que o processo que foi desencadeado a partir da luta política que está ocorrendo no ICHF tem um efeito pedagógico, não temos a ilusão de mudar a universidade e a sociedade, mas sabemos que só será possível disputar a consciência das pessoas que se dispuseram a lutar por uma universidade e uma sociedade diferente. Não temos a ilusão de que todos na universidade querem isso. A universidade e seus integrantes tem concepções diferentes, interesses de classe e projetos de vida diferenciado. Achar que é possível unir a todos num projeto comum é uma ilusão pós-moderna, que membros da burocracia estudantil representada por coletivos como o “Nós Não Vamos Pagar Nada” tentam vender como forma de frear toda luta política radicalizada. Algumas falas na Assembléia Comunitária definem bem isso, algumas tentaram induzir as pessoas ao erro ao utilizar um exemplo de voto universal para defender o voto paritário, ou quando um membro do PC do B utilizando o nome de Marx para falar em convencimento e conciliação de classe. A Assembléia Comunitária não teve um começo promissor, pois a nossa proposta de que todos os presentes tivessem direito a voz e voto foi derrotada por uma concepção que repete os piores defeitos da nossa atual sociedade, essa idéia de diferenciação entre pessoas que deveriam se tratar como iguais, essa política do “cada um por si”. Felizmente o desdobramento permitiu que uma proposta de luta política efetiva foi aprovada e agora temos um ato no dia da próxima reunião de colegiado, na terça-feira que vem para tentar aprovar a proposta de um seminário onde um novo plano de expansão que efetivamente se contraponha ao REUNI seja definido. Será uma luta muito importante e poderá definir o tipo de universidade que teremos daqui a alguns anos, o mais importante porém, são as lições que poderão ser tiradas dessa luta política. O acúmulo que permitirá às gerações que vierem depois de nós continuar essa luta por uma nova universidade e sociedade.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Informes de ontem e de hoje

Ontem tivemos um piquete na Escola de Serviço Social e a Assembléia dos Estudantes da UFF. No primeiro caso, nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, estivemos desde cedo dando o nosso apoio e eu fiz uma fala convidando todos ali a participar da Assembléia Comunitária do ICHF, que vai acontecer hoje. Entendemos que essa Assembléia não pode ficar restrita apenas aos que estão ligados ao nosso intituto, pois os motivos que levaram ao piquete no Serviço Social são os mesmos que nos fizeram agir da mesma forma no ICHF na semana passada. Alguns grupos talvez defendam que só os ligados ao ICHF possam ter direito a voz e voto, mas eu e meus companheiros de luta vamos defender que todos os que ajudarem a construir a assembléia possam exercer esses direitos, pois não defendemos "cidadãos de segunda classe" nesse processo de luta. A Assembléia dos estudantes que ocorreu no mesmo local do piquete do Serviço Social não pôde ser acompanhada pessoalmente por mim devido ao fato de que eu tive de ir a uma aula que não poderia perder, de qualquer forma acho que não perdi nada que já não tenha visto em assembléias anteriores. O mais importante é o que vai ocorrer hoje e que poderá ser fundamental para as lutas políticas da universidade daqui por diante.

As universidades se movimentam

Estou publicando aqui o manifesto dos estudantes que estão acampados na UNIFESP já há um bom tempo e que representam uma forma de luta que vem se espalhando pelas universidades do país e que buscam não mais se pautar pela modelo burocrático que parte do movimento estuantil ainda se propõem a fazer. Essa busca de uma concepção de movimento estudantil que se constrói de baixo para cima e por fora da ordem ainda está no seu início e busca se afirmar, não só contra a própria ordem burguesa em si, mas também contra os representantes da burocracia estudantil. Hoje teremos na UFF uma Assembléia Comunitária no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ), pessoas como eu estão tentando transformá-la num embrião da futura Assembléia Comunitária da UFF, mas é uma luta dura, assim como está sendo a da UNIFESP, da UERJ e de várias outras universidades pelo Brasil afora.

MANIFESTO DO ACAMPAMENTO

Pelo governo tripartite com maioria estudantil

BOICOTAR A FARSA DAS ELEIÇÕES PARA NOVO REITOR!

A crise aberta na Unifesp atingiu seu ponto mais alto com a renúncia do ex-reitor, Ulysses Fagundes Neto, do vice-reitor, Sérgio Tufik, e de todos os pró-reitores da instituição, envolvidos direta ou indiretamente nos inúmeros escândalos de corrupção divulgados pela imprensa desde fevereiro deste ano. Somente com o cartão corporativo da reitoria foram gastos mais 75,5 mil reais em uma viagem à Disney, em Orlando, e na compra de artigos de luxo, cosméticos e materiais esportivos. Também foram denunciados desvios de verbas de mais de 178 milhões de reais do orçamento dos anos de 2005 e 2006, um caso de corrupção de 800 mil reais na pediatria quando Ulysses Neto era diretor do departamento e por fim, o uso de mais de 250 mil reais do dinheiro da universidade em viagens particulares do ex-reitor.

Para os estudantes da Unifesp que sofrem, assim como todos os estudantes das universidades do País, com a falta total de condições de ensino e permanência, os escândalos revelaram, de uma vez por todas, o verdadeiro funcionamento da universidade: uma minoria de professores titulares dirige a universidade para atender a benefícios particulares e de grupos capitalistas.

Por este motivo, após a queda do reitor corrupto a mesma burocracia que sempre compactuou com Ulysses tenta agora convocar uma eleição às pressas para, desta forma, esconder como funciona a estrutura de poder da universidade. A eleição é uma manobra da reitoria para tentar mudar um pouco, mas na verdade fazer as coisas permanecerem como estão.

A eleição para reitor, mais do qualquer outra eleição, é uma grande farsa. A comunidade acadêmica não tem qualquer poder de decisão e os candidatos são sempre os mesmos porque apenas os professores titulares e livre-docência podem se candidatar.

Em primeiro lugar, independente do resultado da votação os três mais votados (lista tríplice) terão seus nomes enviados para presidente da República , que pode simplesmente nomear qualquer um deles. O que existe de fato não é uma eleição, mas apenas uma consulta que serve para referendar a escolha do presidente, que é quem realmente tem o poder da decisão. Em segundo lugar, as eleições obedecem critérios semelhantes ao do Consu (Conselho Universitário) onde o voto de um professor vale mais que o voto de dezenas de estudantes, uma aberração antidemocrática.

Por isso os estudantes aprovaram em assembléia geral realizada dia 3 de setembro, em São Paulo, o boicote às eleições. É importante que fique claro que a comunidade universitária, principalmente os estudantes, não tem nenhum poder de escolha nestas eleições. Não adianta apenas mudar o reitor, é preciso modificar totalmente a estrutura de poder da universidade. Os candidatos que irão se apresentar, prometendo soluções milagrosas para a Unifesp disputarão apenas para saber quem será o próximo a usurpar a administração da universidade em beneficio próprio e dos grupos que representa. Boicotar as eleições é a única forma de luta contra a tentativa da reitoria em por panos quentes na crise e manter sua dominação da Unifesp em detrimento do interesse de todos, principalmente dos estudantes.
A crise das universidades é a crise de sua estrutura de poder. O Consu, principal órgão de decisão da universidade, está dominado por uma casta de professores titulares que estão a serviço de implantar a política de destruição do ensino promovida pelo Governo Federal, são pessoas ligadas a interesses de grandes grupos e políticos burgueses. O setor dos professores é a camada mais conservadora da universidade, sustentam um claro interesse pela administração da vida universitária, como o controle de verbas, disputa por cargos, etc. Entre eles os mais graduados tornam-se uma extensão da política defendida pelo Estado, uma política de destruição da universidade pública com cortes de verbas para educação. Esta política, como podemos observar na Unifesp, está sustentada em um grande esquema de corrupção.

A atual estrutura de poder exclui os estudantes de qualquer forma de decisão. O setor majoritário dentro da universidade possui apenas 15% de representantes dentro do Consu, contra 70% dos professores e 15% dos funcionários. Os estudantes representam o movimento transformador dentro da universidade; pois os nossos interesses são os mais atingidos pela política de destruição do ensino. A oposição do movimento estudantil à política de corte de verbas para limitar o acesso à cultura e o ensino promovido pelo Estado faz com que esta luta seja a representação da luta da sociedade que, excluída da universidade, almeja um acesso a uma universidade pública e de qualidade. O movimento estudantil é o movimento político do povo contra a política educacional do Governo!

Dentro da universidade somos a maioria e a razão essencial de sua existência. Foram os estudantes ao longo da história os principais a desafiar o poder ditatorial daqueles que dominavam a universidade. A universidade não nos dá apoio algum, pelo contrário, somos obrigados, muitas vezes a abandonar o curso ou nos formarmos em péssimas condições de ensino, acabamos sendo o setor menos comprometido com a burocracia universitária e a política de destruição da universidade promovida por ela.

Neste sentido, as propostas que tentam impedir que a maioria estudantil dirija a universidade são apenas uma forma atenuada de dominação dos professores, que no fundo é a dominação do Estado sobre a universidade. Uma vez que a universidade possui um número maior de estudantes do que o número dos demais setores é evidente que na prática a proporcionalidade levaria à maioria estudantil. Entretanto, se os estudantes são o setor menos ligado a burocracia e a estrutura de poder que atravancam o funcionamento democrático da universidade, é fundamental que o setor estudantil tenha a maior participação nas deliberações.

Convocamos todos os estudantes a derrubar a ditadura da minoria de professores titulares sobre a universidade. Ditadura, como demonstraram os escândalos de corrupção, a serviço dos interesses mais grosseiros e imorais, contra o ensino e a cultura, a favor da reação política e do obscurantismo mais atroz. Os estudantes devem lutar para conquistar o governo tripartite proporcional com maioria estudantil, pela autonomia universitária e para colocar a universidade a serviço dos interesses da população.

O teatro do absurdo é real,
mostra-se nas esquinas,
nos momentos, nos rostos pálidos,
nos esternos estrangeiros,
sem raízes, sombras do passado:
anos do progresso
"inocente" dos homens;
perdidos no tempo - extemporâneos,
sem sentido histórico
DESCATRACALIZAÇÃO do ESPAÇO PÚBLICO

Abaixo a autarquia, Abaixo a natureza autárquica do que é de domínio público: a Universidade Federal - gerida com recursos da união - só pode funcionar à orientação do que é público tendo autonomia; em direção do universo autônomo, gerida pelo popular e para o popular - para a sociedade, não pra o mercado capital. Maioria estudantil no setor administrativo e em todos mais! Estudantes não são mercadorias do sistema capital, devem ser nada mais que indivíduos membros da comunidade e da sociedade. Não são mercadorias do capital nem em função do mesmo, mas ao contrário: em função do popular, do público: não ao privado! Não a autarquia de natureza privada! Não representarão a estrutura autárquica que faz o sistema do capital-privado. Não deve haver um espaço público dividindo o mesmo espaço ao mesmo tempo e mesma mão de obra - do público - para interesses diferentes - público, privado. Uma pergunta: quem responde melhores os anseios da população? Estudantes, trabalhadores e professores. A autonomia da universidade existe na medida em que estes desconstroem o edifício de natureza autárquica das instituições privadas nos espaços públicos!

Inchaço acadêmico, de fato ocorre, quando se orienta em função dá quantidade, não da qualidade. Merece reflexão os números, também os discursos. Acelerar um crescimento meramente quantitativo, objetivado ao capital, em detrimento da qualidade, objetivo público, não é compromisso com a sociedade. Por isso, é nebulosa, a intenção oficial pela preferência de cursos noturnos. È obscuro tais números, não esta clara esta matemática do mercado, a lógica do capital. A elevação em demasia gera evasão em demasia...

Abaixo às instituições de natureza autárquica e privada do espaço público, de domínio do povo! Funcionar pelo popular, para o público, para a comunidade, para a sociedade, de forma autônoma, deve a universidade pública caminhar...

Universidade popular é universidade sem catracas, para anseios populares, livre acesso já! Descatracalização do espaço público; as instituições privadas impõem avaliações, burocracias, colocam catracas que fazem girar somente os números em benefício do estado acúmulo do capital que se utiliza não só do espaço público: mas de toda a mão de obra, exaure o Estado, ou melhor, o povo em função do mercado.

Precisa cair o patrimonialismo que suga os recursos da universidade pública, abaixo aos ídolos do mercado! Universidade autônoma é aquela gerida pela comunidade popular - estudante, trabalhadores, professores - para o popular! Somente aí, a universidade será pública e gratuita de verdade - para qualidade, não para quantidades numéricas muito obscuras para o patrimônio cultural humano, não para o capital mercantil.

A Unifesp para tornar-se verdadeiramente publica, gratuita e de qualidade, deve alcançar autonomia como instituição; autonomia intelectual; autonomia da gestão financeira - autodeterminação das políticas acadêmica, dos projetos, e metas das instituições, da condução administrativa, financeira e patrimonial. A autonomia de caráter público, democrático, para que exista, necessita que haja discussão dos orçamentos da universidade, pois esta não pode deixar-se determinar pelo capital financeiro externo. A universidade deve recuperar, o poder e a iniciativa de definir suas próprias linhas de pesquisa e prioridades. Não confundir expansão com massificação.

Por isso reivindicamos:

Dissolução do Consu

Fim da comissão de reforma do estatuto Convocação de um Congresso Estatuinte com representação proporcional dos setores (professores, funcionários e estudantes) com delegados eleitos de forma direta.

Pelo governo tripartite proporcional com maioria estudantil dos três setores.

Fim das eleições para reitor

Revogação da adesão da Unifesp ao REUNI

Abertura de processo criminal aos, responsáveis pela elaboração, publicação e distribuição do jornal "O Menisco", devido a conteúdo racista, de responsabilidade da Atlética medicina.

Fim dos processos de sindicância

Fim do Código de Ética

Fim das fundações privadas

Pela autonomia universitária, fim da intervenção do Estado na administração da universidade.

Restaurante Universitário nos campi de expansão

Transporte gratuito dos campi até os pontos centrais

Construção de moradia estudantil em todos os campi

Aumento e revisão do critério para aquisição de bolsa de auxílio estudantil

Fim dos cursos pagos

Fora a policia do campus

Fim das câmeras

Construção de centros esportivos nos campi

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Ato político no ICHF 3

Um argumento que costuma ser sempre sacado por aqueles que se opõe a uma particiapação mais ativa dos estudantes nos processos políticos e administrativos da universidade é o fato deste não ficar muito tempo na universidade, que o seu caráter provisório na instituição impediria que este pudesse ter uma visão de longo prazo com a mesma. Trata-se de um argumento falacioso, pois o que é provisório é a condição de estudante e não a ligação deste com a universidade. Essa ligação nós levaremos pela vida a fora. A universidade sempre vai fazer parte de nossas vidas, a sociedade em que vivemos vai ser afetada pelo tipo de universidade que será construída pelos que nela estão. Para aqueles que pensam que a universidade “deixa de existir” após a formatura é bom lembrar que será nela que os nossos filhos estudarão. É o caso de perguntar que tipo de universidade existirá daqui a vinte anos, ou mesmo se existirá uma Universidade Pública até lá. Entender que lutar por uma universidade melhor é lutar por um futuro melhor é fundamental para que os estudantes não se deixem levar por argumentos que os impedem de ver o papel que lhes cabe na construção de uma universidade comprometida com a luta por de uma sociedade melhor.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A greve na UERJ

Extraído do site: http://g1.globo.com


PROFESSORES DA UERJ ENTRAM EM GREVE

Alguns cursos não aderiram à greve, segundo reitoria. Paralisação não tem data para acabar.


Os professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) iniciaram nesta segunda-feira (15), uma greve. Segundo os professores, a paralisação acontece por causa da falta de reajuste salarial.


De acordo com a assessoria de comunicação da universidade, alguns cursos não aderiram à greve, como biologia, física e enfermagem.



ALUNOS CONTINUAM OCUPANDO A REITORIA

Cerca de cem estudantes da Uerj continuam desde quarta-feira (10) acampados na reitoria da Universidade. Segundo os próprios alunos, não há previsão para a desocupação. Eles aguardam o governador Sérgio Cabral se manifestar sobre o repasse dos 6% da verba do estado, o que é a principal reivindicação do grupo.



Vestibular aconteceu normalmente no domingo (14)


A prova, na manhã de domingo (14), ocorreu com tranqüilidade e os estudantes que estão acampados na universidade atenderam ao pedido da reitoria da Uerj, de não circular durante o exame. "Não queremos prejudicar os candidatos, apenas fizemos a panfletagem pela manhã, na entrada da universidade, para conscientizar os jovens que vieram fazer a prova e a sociedade, sobre a realidade que estamos vivendo aqui na Uerj", disse Rafael Tristão, porta-voz do Diretório Central dos Estudantes.



Segundo a reitora em exercício, Christina Maioli, correu tudo dentro do esperado na entrada dos vestibulandos para a prova. Maioli afirmou que a reitoria ainda não recebeu a pauta oficial de negociação dos estudantes, com as reivindicações.

"Espero que eles formalizem essas questões, porque muitas delas exigem estudo e planejamento e não podem ser executadas imediatamente".


COMENTO: Isso que está acontecendo na UERJ é um fenômeno que já ocorreu no ano passado e que parece estar de volta agora. A ocupação dos estudantes se deu num contesto em que a situação da universidade está ainda mais precária do que nas federais. É como se os efeitos do REUNI que nós tanto tememos nas federais já tivesse chegado com força na UERJ. Depois de oito anos de governos "Molequinho" e "MentiRozinha" a universidade tem sorte de ainda se manter de pé. O atual governador parece que continua com o trabalho de destruição. Infelizmente isso está colocado também para nós e parece contar com a tola cumplicidade dos que se escondem em argumentos legalistas e pacifistas como os que ouvi agora a pouco em aula de uma professora. O fato é que só enfrentamento será capaz de garantir um mínimo de garantia de termos uma universidade pública de boa qualidade e realmente acessível a todos.

Ato político no ICHF 2

Os jornais do dia seguinte ao piquete que fechou o ICHF no dia 11 mostram que a desconfiança em relação a mídia burguesa é sempre fundada em situações concretas. A cobertura dessa mesma mídia acabam quase sempre com declarações dadas por pessoas que se dispõe a participar dos movimentos sociais sendo deturpadas em nome de um processo de criminalização desses movimentos. É o que sempre acontece quando estes se colocam contra a ordem vigente e advogam mudanças a partir de atos radicalizados, sem se pautar por movimentações na instâncias burocráticas. Ao longo dos quase dois anos que estivemos acampados no campus do Gragoatá, nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI passamos por situações análogas. Já fomos acusados de ter roubado energia elétrica da universidade, quando o ponto de luz que tínhamos fora instalado pela própria instituição. Um ativista nosso teve uma declaração falsificada, pois no jornal que o entrevistou publicou que este defendia a construção da moradia, pois era uma forma de economizar para poder fazer um dos cursos pagos oferecidos pela UFF. Esses são exemplos que nos ajudam a entender as reportagens do dia seguinte ao ato no ICHF. As reportagens insistiam em afirmar que o nosso único intuito era ser contra o curso de Segurança Pública, quando estamos lutando por algo muito maior. O principal objetivo do ato foi contestar a própria maneira como as decisões são tomadas na universidade, sem se preocupar em conhecer a opinião daqueles que vão ser mais afetados por essas mesmas decisões. Essa luta que vai continuar na quinta-feira, na Assembléia Comunitária tem por objetivo criar um contra-poder dentro da UFF. O nosso objetivo é dar início a um processo de contestação do paradigma hierárquico de tomada de decisões na UFF. A nossa luta tem por objetivo colocar em evidência um novo paradigma, onde a hierarquia seja substituída pela responsabilização consciente de todos os que desejam construir uma universidade voltada para a sociedade e não para o mercado

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Ato político no ICHF

Ontem ocorreu um ato político no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ) da UFF. Esse ato foi decidido numa assembléia ocorrida na terça-feira a partir de uma votação apertada, mas onde mesmo muito dos que não votaram na proposta vitoriosa se propuseram a construir o ato pois o viam como a legitimação do espaço em que este foi decidido. O ato foi noticiado em jornais e na internet e teve uma grande repercussão no instituto. Eu que faço parte do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, votei pelo piquete, assim como os outros membros do acampamento, entendíamos que era necessário essa confrontação para acordar os estudantes da apatia em que se encontravam diante do estava acontecendo no ICHF, na UFF e na própria sociedade em que estamos inseridos. Essa confrontação, que já estávamos esperando aconteceu principalmente com os estudantes do curso de Relações Internacionais, um curso novo no instituto, juntamente com Filosofia. Esse confronto foi duro, ocorreu na parte da manhã, mas foi muito produtivo e, creio, foi um dos melhores resultados do ato. Essa confrontação acabou por mostrar que as diferentes posições dos estudantes a respeito do tipo de universidade se quer construir estava camuflada por um véu de mentiras e homogeneizações que eram convenientes para muito gente e muitos grupos políticos, mas não para para quem que defender um projeto concreto de universidade e sociedade de moldes classistas e voltado para a afirmação do proletariado. Essas mesmas mentiras e homegeneizações permitiam que grupos de estudantes comprometidos com projetos individualistas de vida, que usam a universidade apenas para conseguir um canudo e depois cuidar da própria vida, camuflar os seus objetivos fundamentalmente egoístas numa pretensa desilusão com os rumos do Movimento Estudantil ( ME ), numa falsa visão apolítica como forma de justificar a própria omissão com os destinos da universidade. O melhor do piquete foi mostrar essas contradições e obrigar muitas pessoas a sair de cima do muro, mostrar a sua cara e enfrentar o debate sobre que universidade quer, uma que seja um mero trampolim em sua vida, ou algo que ajude-o a refletir a sociedade em que vive e o seu papel nela. Outra razão para concluir que o piquete foi um sucesso foi a confontração com a ordem existente no instituto, a possibilidade de se criar um contra-poder ao modelo hierarquizado existente. É esse o nosso objetivo ao propor-mos uma Assembléia Comunitária, construir um espaço de decisão que garanta a todos a chance de decidir os rumos da universidade, sem hierarquizações. Esse é a primeira postagem que vou fazer sobre esse tema, o ato de ontem do ICHF ainda tem muita coisa para ser refletido.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Assembléia do ICHF

Hoje teremos uma Assembléia dos Estudantes do ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ) aqui da UFF. Eu e o movimento político do qual faço parte, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, estaremos presentes lá para colocar a nossa opinião sobre os temas que serão discutidos e tentar mostrar como eles se relacionam com os problemas gerais da UFF e da própria sociedade em que vivemos. O projeto de expansão que é a razão principal da convocação dessa assembléia deve vir a ser votado na quinta-feira, isso é claro vai depender da atitude que for tomada a partir da assembléia, acreditando que alguma atitude vai ser tomada. Nosso maior receio é a total apatia dos estudantes em relação a esse processo que vai afetar a vida de todos. Infelizmente o que se vê é uma total alienação da maioria dos estudantes dos processos políticos que ocorrem na universidade. Essa alienação é responsabilidade, principalmente, dos próprios estudantes, mas não dá para evitar a crítica aos grupos políticos que chamamos de CETs ( Correntes Estudantis Tradicionais ) e a sua política focada na representação, que só contribui para fomentar ainda mais essa apatia e alienação dos estudantes. De qualquer forma estaremos lá para colocar essas questões e chamar os estudantes à responsabilização, tentar fazê-los entender que nada será feito por eles e que se quizerem ter alguma influência no tipo de universidade que deve ser construída, é necessário que entrem na luta, em vez de delegar essa tarefa a outros. Esse é um embate que tentaremos fazer com os estudantes que desejam uma universidade voltada para a sociedade como um todo e, principalmente para o proletariado, uma universidade que não fique subordinada aos interesses do mercado. Para isso, no entanto, as pessoas que desejam esse tipo de universidade precisam assumir a sua responsabilidade nesse processo de luta política, em vez de se alienar na sua própria apatia e no seu individualismo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Comentários sobre o texto de Nildo Viana

Depois de muito tempo eu finalmente estou postando as minhas ponderações sobre algumas colocações do professor Nildo Viana sobre a questão das cotas, quem quizer ler o texto dele na integra é só procurar as postagens mais antigas. Eu estou colocando aqui alguns trechos que eu decidi comentar.


É neste contexto que surge a chamada “política de cotas”. Este é um exemplo de política tipicamente paliativa, isto é, neoliberal.

COMENTO: As cotas são realmente uma política paliativa e o maior erro em relação a elas seria mesmo considerá-las como um fim em si mesmo, mas considerá-la como neoliberal me parece uma simplificação em relação às possibilidades existentes de uma mudança efetiva nas condições sociais de largas parcelas da população que de outro modo não teriam chance de acesso a uma universidade. O simples fato de gerar uma discussão sobre as condições sócio-econômicas de uma parcela muito grande da população, relacionando essas condições com a questão étnica, já representa um grande avanço, a possibilidade de relacionar as cotas com a questão classista, não permitindo o discurso da mera reparação histórica pode garantir um grande avanço nas discussões a respeito das origens históricas das desigualdades da população negra no Brasil.

As cotas (raciais, étnicas, sociais) não visam resolver nenhum problema social ou minimizá-lo consideravelmente. O que este tipo de política visa é beneficiar artificialmente uma parcela da população sem aumentar seus gastos e buscando cooptar tais “beneficiados”, legitimando o neoliberalismo.

COMENTO: De fato, as cotas não podem ter mesmo a pretensão de resolver o problema social, trata-se de uma medida emergencial, para um problema que de outro modo só poderia ser resolvido por medidas de longo prazo; essas medidas, aliás, não podem ser deixadas de lado por causa das cotas, mas o fato é que esse é um problema urgente, não dá para esperar por mais 15 ou 20 anos. Quanto aos perigos da cooptação e legitimação do neoliberalismo, eles existem mesmo e só uma discussão séria que ligue a questão das cotas a um discurso de afirmação classista e anti-capitalista vai ser capaz de afastá-lo.


Basta olhar os dados estatísticos sobre a população negra no Brasil, por exemplo, para ver que o sistema de cotas na universidade atinge uma ínfima minoria desta, que é justamente a sua parcela melhor posicionada na sociedade. Se observarmos que a maioria absoluta da população pobre e que não tem a menor possibilidade de acesso ao ensino superior é formada em torno de 70% por negros, então vemos o tanto que tal política beneficia uma pequena minoria, sendo que muitos desses se tornam ardorosos defensores da política de cotas e deixa de lado aqueles que são mais necessitados, e ainda podem posar de militantes em prol do interesse coletivo daqueles que são negros. Esta política de cooptação atinge a parcela da população negra com maior capital cultural e posição social, que, obviamente, possui uma maior penetração nos meios acadêmicos, nos meios de comunicação, nos movimentos sociais, etc.

COMENTO: Esse é um perigo que pode ser evitado se a questão das cotas estivesse atrelado a critérios sócio-econômicos. É evidente que nem todos os negros, ou os que se dizem negros podem ter acesso a essa política, com certeza o netinho do Pelé não deve ter direito a cotas, não importa quão negro ele seja. Cotas tem que ser um recurso para colocar os negros na universidade, mas os negros oriundos da classe proletária. O critério sócio-econômico, em certos casos, deve prevalecer até mesmo sobre o étnico, entre um negro de classe média alta, claramente em condições de ter seus estudos bancados pela família e um branco de origem proletária, é claro que este deve ter prioridade


Esta população negra cooptada também tem novos interesses criados, tal como núcleos de estudos, publicações, pesquisas, etc., ligados ao financiamento realizado por determinadas instituições (inclusive internacionais) e pelo Estado, movimentando grandes somas em dinheiro e criando uma rede de interesses em torno da política de cotas, de temáticas de estudo (“ações afirmativas”, cultura afro-brasileira, etc.) e isto encontra respaldo nas ideologias contemporâneas, especialmente na moda “pós-moderna” (o pós-estruturalismo de Foucault, Guatari, Deleuze, Lyotard, etc.), com seu discurso conveniente contra a totalidade, criando as bases ideológicas e fragmentárias do micro-reformismo. Nada disto é inocente e basta ver a influência das fundações norte-americanas na produção brasileira referente a questão racial para se ver isto (4).

COMENTO: Não há dúvida que essa ideologia pós-moderna tende sempre a deixar as questões totalizantes de lado e fragmentar a luta política em nome de interesses localizados. O movimento negro não pode simplesmente achar que os seus problemas vão ser resolvidos com a simples adoção das cotas. Como eu já disse, essa é uma solução paliativa, emergencial e se não estiver ligada a toda uma discussão de cunho classista, onde as questões que envolvem as razões históricas da situação de opressão social e econômica da maioria da população de origem africana sejam claramente explicitadas, acabará sim, servindo para legitimar a mesma ordem social que criou essa mesma situação de opressão.


O Estado, ao invés de investir na educação, aumentando o número de vagas, apenas realiza um processo de substituição dos ocupantes das vagas, criando cotas que garantem tal troca. Abrir 50% de cotas para alunos oriundos do ensino público, significa que não haverá aumento de vagas, mas tão somente substituição dos ocupantes das vagas. Não ocorre gasto adicional nenhum e ainda há a propaganda que afirma que o Estado realiza políticas em benefício da população (em detrimento de outra parte da população). No caso de cotas para pessoas oriundas do ensino público, vemos apenas algumas pessoas serem beneficiadas em detrimento de outras e sem haver aumento de vagas. Nenhum governo neoliberal aponta para a criação de 50% de novas vagas no ensino superior. Pelo contrário, a política neoliberal sucateia o ensino superior público e incentiva a expansão das instituições privadas de ensino superior.

COMENTO: A solução para esse problema não é combater a política de cotas, mas sim os governos que se recusam a investir seriamente em educação, pois estes não fazem isso por causa das cotas, mas porque não tem interesse em faze-lo. Se não houvesse cotas esses mesmos governos encontrariam meios de continuar não investindo. Dizer que as cotas é a razão dos governos não investirem em educação é meio que livrar a cara desses governos. Nada impede um governo de adotar uma política de cotas, que é uma medida emergencial, e portanto de curto prazo, ao mesmo tempo em que investe em educação, que é uma política de médio e longo prazo. Ambas as medidas não são incompatíveis, ao contrário, são complementares e é nossa obrigação garantir que ambas sejam implementadas. Concordo com a posição do professor Viana quando diz que nenhum governo neoliberal tem real interesse em investir em educação de qualidade para toda a população, por isso mesmo é que é importante não permitir que o debate sobre as cotas não seja descolado da questão classista e da contestação da ordem capitalista vigente.


A política de cotas não apresenta nem a solução do problema que diz vir para resolver e nem possui este nível de articulação com um projeto de transformação social.

COMENTO: Se alguém diz que a política de cotas vai resolver os problemas a qual está relacionada, trata-se de um mentiroso e deve ser denunciado. Quanto a articulá-la com um projeto de transformação social, isso depende muito da disposição dos que almejam essa transformação em utilizar as cotas para esse objetivo

Basta ver o discurso de que é preciso, imediatamente, pagar a “divida histórica” com os negros, para ver que o microreformismo é a sua base. Se existe uma “dívida histórica” com a população negra, esta dívida não é do conjunto da população e sim da classe dominante ? já que foi ela que colonizou, escravizou, explorou, oprimiu ? e não é esta que irá pagar tal dívida, pois os que perderão suas vagas devido ao sistema de cotas são os setores mais pobres da população. Da mesma forma, se existe uma “dívida histórica” com a população negra, também existe a mesma “dívida” com os proletários, lumpemproletários, camponeses, índios, mulheres, jovens, crianças, e diversos outros grupos sociais oprimidos existentes na sociedade moderna.

COMENTO: Eu também não concordo com esse discurso de “dívida histórica”, também acho que deve ser combatido, mas isso pode ser feito sem perder de vista que cotas são um meio tático de aumentar as chances de garantir a populações um acesso ao ensino superior que de outro modo não seria possível.

Assim, se isola a questão negra das demais questões sociais e se cria um paliativo que beneficia apenas os mais bem posicionados desta população e isto permite se pensar que se trata de um projeto compromissado com toda uma população ? a negra, já separada dos demais grupos oprimidos e esta separação entre os oprimidos apenas reflete a estratégia da classe dominante de dividir para dominar mais facilmente ? e na verdade atende interesses de uma minoria no seu interior. Propor aumento das vagas ao invés de cotas, melhoria dos demais níveis de ensino ao invés de privilegiar os privilegiados de um grupo “desprivilegiado” (cuja maioria é desprivilegiada, mas não todos...), entre outras propostas, seria o caminho da articulação entre propostas imediatas e concretas com a formação de uma ação que não é produto de paternalismo estatal que beneficia uma minoria e sim de lutas populares que beneficiam a maioria. Ninguém nunca consegue sua libertação se assumindo como “vítima” e pedindo aos seus algozes a sua libertação, quando isto ocorre com alguns indivíduos, o que se faz é transformar a “vítima” num novo algoz.

COMENTO: O isolamento da questão só vai se dar se a política de cotas for tratada como um fim em si mesma e não como parte de uma discussão sobre o tipo de sociedade que obrigou à sua criação e que sociedade queremos daqui para frente. Quanto a questão do aumento de vagas em vez de cotas, eu creio ser esse um falso dilema, uma coisa não exclui a outra. Existe sim a possibilidade das cotas ajudarem a criar um elite de negros para se juntar à elite branca já existente e garantir a manutenção da sociedade exatamente do jeito que está, esse perigo está colocado sim e só o evitaremos se não fugirmos do debate sobre que tipo de sociedade nós queremos e como podemos instrumentalizar a política de cotas para atingir esse objetivo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Reunião no ICHF

Ontem aconteceu um debate no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ), onde fica o curso de História da UFF. Esse debate foi em função do plano de expansão que está sendo implantado a partir do REUNI. O diretor do instituto, professor Palharini vem tentando desvincular esse plano de expansão das metas estabelecidas pelo REUNI, é uma forma de diminuir a oposição que vem acontecendo. O fato é que o grande problema desse projeto é a sua pretensão de achar que é possível não se pautar pelas metas do REUNI e obter os recursos que estão vindo de quem exige o cumprimento dessas metar para liberar o dinheiro, ou seja, o governo federal. O debate esteve cheio durante um bom tempo, mas acabaria esvaziando-se no final. Nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI estivemos lá e fizemos algumas falas, eu mesmo me pronunciei duas vezes. Infelizmente não eu para ter uma participação mais ativa no debate, mas foi importante para entender-mos que não dá mais para debater a universidade da forma como vem sendo feito, em várias oportunidades foi enfatizado que o ICHF não é uma ilha e, portanto, não está desvinculado dos problemas da universidade, sendo que esta, por sua vez, não está desvinculada dos problemas da sociedade. Foi marcada o que está sendo definida como uma Assembléia Comunitária do ICHF, vai ser na terça-feira, vai ser um oportunidade para fazer uma discussão que não vai ficar restrita ao ICHF, mas que terá de englobar toda a universidade e o tipo dela que queremos construir. Eu e os demais membros do acampamento estaremos lá para colocar o nosso projeto de universidade.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Visões de universidade

Na semana anterior eu entrei numa polêmica na lista de e-mails do meu curso de História aqui da UFF. Essa polêmica se deu porque eu postei uma mensagem na lista contestando a avaliação que havia sido feita numa outra postagem por um militante do coletivo "Nós Não Vamos Pagar Nada". Qualquer um que for ler as postagens mais antigas desse blog sabe que eu faço parte de um movimento político na UFF que vive entrando em confronto com o "Paga Nada" por conta de uma série de diferenças, tanto em termos ideológicos quanto táticos. No caso da lista de e-mail, eu contestei a avaliação que o militante do outro grupo fez sobre o último Conselho Universitário ( CUV ), onde este falou de uma série de "vitórias do movimento estudantil". Eu tratei de pontuar que o que ele chama de vitória não passavam de concessões feitas pela reitoria da UFF e que nada mudava a estrutura de poder na universidade ou a implantação por parte da gestão do atual REItor de seu projeto de universidade totalmente mercantilizado. Não preciso dizer que a resposta foi imediata e bem dura, como abordagens desqualificadoras sobre o movimento de luta do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, que eu tive que rebater. O que mais lamentei na verdade foi o fato de só nós dois termos debatido, tal como aconteceu no CUV apenas uma pequena minoria de pessoas tem se manifestado em relação ao que está acontecendo na UFF, e quando o faz se limita ao seu curso ou instituto, tal como aconteceu ontem aqui no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ) da UFF. Aqui está havendo uma polêmica a respeito do plano de expansão vinculado às metas do REUNI e também sobre um polêmico curso de Segurança Pública que estão querendo implantar, tendo de quebra uma nova tentativa de implantar também o ensino à distância. Infelizmente a grande maioria dos estudantes da universidade ainda está presa a uma série de lógicas que favorecem ao modelo dominante de sociedade, que por sua vez, só favorece ao projeto de universidade que a atual REItoria quer implantar: uns estudantes não conseguem enchergar a universidade como um todo, ficam limitados ao seu curso ou instituto, outros, vinculados a partidos políticos institucionalizados, preferem disputar os espaços institucionais burgueses, no caso da UFF, o CUV, e dentro das regras existentes nesse espaço, que foram feitas para garantir o poder aos grupos dominantes; a maioria, entretanto, segue omissa e apática, isso sem falar nos que aplaudem o projeto de universidade do REItor. Da nossa parte, seguiremos na luta, pautando as contradições e buscando afirmar o nosso projeto de uma universidade voltada para toda a sociedade e principalmente para o proletariado, enfim defenderemos um projeto classista dentro da UFF, pois esse é o caminho da afirmação por parte dos históricamente oprimidos.