quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dia de inscrição

Hoje foi o meu dia de inscrição para o novo semestre da universidade. Me inscrevi para 5 disciplinas, mas fui cortado de uma e vou ter que cancelar outra por causa do horário e colocar outra no lugar. Ainda estou com esperança de terminar a universidade no final do ano que vem, mas sei que não vai ser fácil. Outro dia um colega meu disse que não "querem" que ele se forme, pois tinha se inscrito em 7 disciplina e tinha sido cortado de 4. Um dos grandes problemas da UFF, e que deve se repetir por outras universidades é a falta de mais disciplinas e professores, o que leva ao lotamento de algumas matérias e a necessidade de cortes. As reclamações mais constantes é a dificuldade provocada por professores que fazem de tudo para não dar aula na graduação. Aqui na UFF rola uma espécie da "cague e ande" para a graduação. A preocupação maior, ou melhor, a "menina-dos-olhos" do departamento de história é a sua pós-graduação, ao ponto de muitos alunos da mesma se considerarem acima dos alunos que compõem a "ralé da graduação". Eu fico imaginando se essas pessoas não tem em mente que uma pós-graduação boa precisa de uma graduação igualmente boa para se manter. No ano passado houve choro e ranger de dentes no departamento de história por causa do rebaixamento da nota da pós-graduação da história pela CAPES. Após muitos anos se orgulhando de ter nota 7, agora vão ser obrigados a engolir uma nota 6 pelos próximos 3 anos. Será que não passou pela cabeça de ninguém que esse rebaixamento pode ter como uma de suas razões o descaso com que a graduação vem sendo tratada nos últimos anos? Só espero que as pessoas começem a refletir sobre isso, e, é claro, que os alunos da graduação também saibam exigir o respeito e o cuidado que merecem.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Diferenças entre organização e movimento

Atualmente eu faço parte de um movimento político e de uma organização política que atua dentro da UFF. No caso do movimento, trata-se do Acampamento Maria Júlia Braga - O Quilombo do Século XXI. É um moviemento político que tem como pauta principal a luta pela construção da moradia estudantil na UFF. Quem ler as postagens desse blog vai saber que o acampamento foi expulso do Gragoatá na sexta-feira, véspera de carnaval, numa das muitas atitudes autoritárias cometidas pela atual gestão de Roberto Salles à frente da UFF. No entanto, o movimento político representado pelo acampamento ainda está ativo, estamos atualmente instalados na sede do DCE ( Diretório Central dos Estudantes ) e continuamos na luta. Eu também faço parte da OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ). Essa, por sua vez, é uma organização política. O que diferencia um movimento político de uma organização política? Um movimento político é aberto a todos os que concordam com os obejetivos que esse movimento dejesa alcançar, ainda que hajam diferenças ideológicas muito grandes entre os seus participantes. Num movimento político há um espaço muito maior para a convivência entre diversas correntes políticas, uma vez que essas correntes tenham acordo em pontos mínimos que norteiam a ação de um movimento político. Agora, numa organização política, as questões ideológicas são muito mais presentes. Numa organização política é preciso muito mais do que acordo em relação aos objetivos a serem atingidos, mas também às questões de táticas e de estratégias que vão ser usadas para se chegar a esses objetivos. É verdade que cada organização política tem sua própria maneira de lidar com essas questões, algumas são mais flexíveis, eu diria mais promíscuas, outras já exigem um grau maior de coesão ideológica. Entretanto, é preciso definir quais maneiras um organização vai utilizar para obter essa coesão. Na OELI, buscamos sempre essa coesão a partir de uma discussão ampla, onde os pontos de discordâncias são discutidos abertamente e de maneira aprofundada até conseguirmos chegar a uma síntese. Um fator que nos norteia sempre é evitar as votações para decidir uma questão polêmica, preferimos discutir um assunto exaustivamente até obtermos uma síntese a impor pelo voto uma posição que entendemos deve contentar ao máximo a todos os militantes, até para que todos se dispunham a segui-la firmemente. Entendemos que essa é a melhor maneira de obtermos a nossa coesão política e ideológica em nossa luta política.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

calourada no curso de história da UFF

Calourada é um termo que usamos no curso de história da UFF para substituir um outro termo que se tornou um tanto marcado pelos atos de violência e sadismo de certas pessoas, no caso eu estou falando do termo "Trote". É uma preocupação que nós temos em nosso curso de deixar o termo trote de lado. Alguns até levam a série isso demais, por exemplo, querendo proibir que se pinte calouro para pedir dinheiro na rua. Pessoalmente acho que isso deve ser de acordo com a vontade do calouro, alguns acham divertido então não há porque considerar errado, seria se fosse algo forçado, mas não é o caso, pelo menos em nosso curso. Eu ainda lembro quando entrei em 2005, não precisei me pintar, apenas passei pelo mesmo ritual que os outros, tendo que subir num tablado e responder uma série de perguntas, rolou um certo constrangimento, mas no final foi tranquilo, dei uma contribuição para pagar uma cerveja e me iniciei no mundo universitário. Nesse ano há uma série de programações para a calourada e podemos dizer que a mesma começou hoje. Tivemos a inscrição dos calouros e foi distribuído um manual para os calouros terem uma breve introdução a respeito da universidade e o que vão encontrar nela. Eu que faço parte do Acampamento Maria Júlia Braga - O Quilombo do Século XXI - e também da OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ) estive lá. Dei uma pequena ajuda na confecção do manual para que fosse distribuido, mas a minha principal preocupação era ver se o texto que ajudei a escrever com a Mariana, minha colega de acampamento e de OELI tinha saído, e mais importante, se tinha saído na íntegra, isso porque rolou uma polêmica com alguns grupos políticos a respeito do conteúdo, que foi alegado por alguns estar partidarizado demais. O fato é que houve mudanças e claro que vão gerar discussões, não só entre nós internamente, tanto enquanto OELI quanto como acampamento, até para fazer a necessária diferenciação entre os dois, mas a discussão também vai se dar a respeito dos critérios que nortearam as mudanças no texto que numa primeira discussão interna foi considerada um tanto problemática. Numa próxima postagem eu vou colocar o texto no seu formato original e discutir a mudanças que ocorreram no manual.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Lembranças do acampamento


Essa é uma das imagens de uma atividade feita por uma professora da UFF no acampamento. Ao longo de quase dois anos de existência essa foi uma das muitas atividades feitas naquele espaço e que procuravam articular o acampamento com a universidade.


A mulher de óculos e casaco azul é a professora Maria Lúcia, professora do departamento de educação da UFF.






Observem bem ao fundo a creche da UFF e, atrás dela, uma "favela" que foi construída junto a universidade.












A foto é quase a mesma e mostra um debate entre nós acampados e diversos estudantes da universidade. Infelizmente não aparece a professora Maria Lúcia, que teve a ótima iniciativa de trazer os seus alunos para essa troca de conhecimentos e experiências conosco.










Esse tipo de atividade ocorreu com menos frequência do que nós gostaríamos, isso se deve, em grande parte, ao fato de outros professores não terem demonstrado a sensibilidade social da professora Maria Lúcia, que além desta atividade, também promoveu uma aula final da sua turma de Didática VI no ano passado, além de ter promovido outros atos de solidariedade com a causa do acampamento. Uma pena que outros professores não tivessem a mesma sensibilidade.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Um filme que gera muita discussão

O filme Tropa de Elite ganhou o urso de ouro no festival de Berlim, um dos mais importantes do mundo. Trata-se de um filme que gerou grandes polêmicas no ano passado. No acampamento nos vimos esse filme diversas vezes e fizemos muitas discussões acerca do seu conteúdo e das polêmicas que a história gerou. Na época eu não consegui formar uma opinião mais concreta sobre a película, mas hoje eu vejo que algumas das críticas ao filme me soam um tanto simplistas. Classificá-lo como fascista por exemplo não corresponde aos fatos. O enredo do filme segue o ponto de vista do protagonista, mas isso não significa que o que vemos corresponde ao que ele pensa. O personagem vê o BOPE como uma ilha de honestidade e eficiência dentro da polícia e do próprio sistema onde está inserido, mas isso não significa que o filme, em si, passe essa opinião. Antes de mais nada, é bom lembrar que o diretor do filme é o mesmo do documentário Ônibus 174, que segundo eu sei, ninguém acusou de fascista. Numa cena do filme o protagonista mostra como o sistema impede que o trabalho da PM no combate ao crime seja eficiente, num dos seus diálogos temos a frase "O sistema não trabalha para resolver os problemas da sociedade, o sistema trabalha para resolver os problemas do sistema". Se o BOPE é mostrado pelo mesmo protagonista como imune a esse sistema isso não significa que seja verdade, muito menos que o filme advogue isso. Não há dúvida que na falta de uma discussão séria e aprofundada e pela própria falta de conhecimento das pessoas há uma grande possibilidade de se confundir as opiniões do protagonista com o que o filme quer mostrar. A possibilidade do filme soar como uma apologia ao BOPE e aos métodos de tortura utilizados pelo mesmo é grande, por isso mesmo que uma discussão mais aprofundada sobre o filme precisa ser feita.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

De volta à UFF

Estou fazendo essa postagem de um computador da BCG, a biblioteca principal da UFF, no Gragoatá. Depois de ter sido praticamente interditado na sexta de carnaval finalmente as pessoas podem voltar a frequentar a universidade. Ainda estou um pouco sobre o impacto da expulsão do acampamento. No dia em que ocorreu passou pela minha cabeça a idéia de que teria de pedir transferência, a escolhida seria a UFRJ, hoje eu vejo que isso teria sido um erro e que eu não estava sendo capaz de refletir direito sobre a situação. Durante todos esses dias eu e meus colegas de acampamento, bem como todas as outras pessoas, que sem serem moradoras do AMJB, estavam conosco na luta, estávamos refletindo sobre o que fazer daqui por diante. A nossa conclusão é que a luta tem que continuar com mais força do que nunca. Durantes os dias anteriores nós nos limitamos a atuar via internet, colocamos dois comunicados contando a nossa versão do ocorrido e divulgamos em diversos lugares, em duas postagens anteriores eu coloquei esses comunicados aqui no blog, mas tem também no CMI e em várias comunidades do Orkut vinculadas a UFF. Em muitas dessas comunidades, por sinal, tivemos que responder a algumas argumentações equivocadas, algumas inescrupulosas mesmo, e outras de pessoas sem qualquer sensibilidade social. Eu respondi a uma das argumentações que vi como equivocada, na comunidade da História-UFF. Um rapaz contestava a nossa visão que o ato da reitoria de Roberto Salles e Emanoel teria sido autoritário através de uma argumentação legalista, ou seja, não era autoritário porque estava amparado na lei. Infelizmente, nessas horas, as pessoas não param para pensar que o autoritarismo não precisa estar desvinculado da legalidade. Nos anos 1970, quando o regime militar mandava prender uma pessoa apenas por que está manifestava uma posição contrária aos seus desmandos estava fazendo isso dentro da lei, pois o AI - 5 lhe dava legitimidade legal para isso, no entanto, a capa de legalidade não disfarçava o extemo autoritarismo do ato. As pessoas não podem ficar presas a essa visão estreita do legalismo para justificar qualquer ato. A ação da reitoria de Roberto Salles e Emanoel foi autoritária sim e nenhuma capa legalista pode encobrir o fato, senão também não poderíamos classificar de autoritária a maneira como o REUNI foi aprovado na UFF, pois a mesma capa legalista foi usada para justificá-la. De qualquer forma, estaremos prontos para continuar a nossa luta política pela construção da moradia estudantil na UFF e por uma verdadeira política de assistência estudantil em nossa universidade e espero que todos os que tenham sensibilidade social estejão conosco nessa luta.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

texto reflexivo

INTERESSES DE CLASSE NA UNIVERSIDADE E NA SOCIEDADE

Inicialmente fundada pela Igreja para formar os membros do alto clero, a Universidade acabaria, com o tempo, tendo como sua principal função formar a elite de uma sociedade. Entretanto, nos dias atuais, esta instituição tem sido colocada diante de um dilema que está gerando uma verdadeira disputa entre aqueles que compõe a sua comunidade. Docentes, discentes e funcionários dividem-se quanto aos caminhos a serem trilhados pela universidade. É verdade que essa divisão não obedece a um recorte baseado na divisão dos grupos específicos existentes no local, mas tem um caráter classista e ideológico, claramente baseado na maneira como cada grupo de pessoas entende que deve ser a sociedade como um todo e a universidade no seu particular.

No caso específico da UFF, parte do movimento estudantil tradicional, estreitamente ligados a partidos políticos, seja por já estar ligado a um projeto de poder estabelecido ( PT/PCdoB ), seja por estar vinculado a um projeto de poder em construção ( P-Sol e PSTU), tem evitado dar um aspecto classista à problematização das questões que envolvem a nossa universidade como um todo e a UFF em particular. Os estudantes são apresentados por esses agrupamentos políticos como uma massa quase que homogênea, com eventuais dissidências por parte de alguns estudantes mais ligados ao projeto dominante de sociedade em que vivemos. Segundo essas mesmas correntes políticas tradicionais (CETs), os estudantes da UFF, na sua esmagadora maioria, pelo menos na teoria, estariam afinados com a idéia de uma universidade aberta a todos. No entanto, cremos ser possível dizer que as (CETs) estão estupidamente enganadas.

Não são poucos os militantes do movimento estudantil que mantêm a crença de que a imensa passividade existente por parte dos estudantes da UFF deve-se a uma grave desilusão das pessoas com a possibilidade de transformação política, não só da universidade, como da própria sociedade em geral. Insistimos em dizer, no entanto, que essa passividade também pode o reflexo de um consentimento tácito, por parte de uma parcela muito grande dos estudantes, com o modelo de universidade que nós temos e com a sociedade que aí está.

Naturalmente que esse consentimento não se dá de maneira igual entre os estudantes. Muitas vezes sequer é um consentimento consciente, fruto de uma reflexão crítica, de uma posição tomada. Entre estudantes oriundos da classe média ainda não proletarizada ou mesmo das camadas ainda mais favorecidas da nossa sociedade é até “compreensível” que não aja um interesse em promover mudanças na estrutura da mesma. Eu diria até que muitos nem mesmo desenvolvem uma consciência crítica capaz de pensar sobre essa necessidade, pois que são naturalmente beneficiados por esse modelo que aí está. Nada disso, no entanto, impede que estudantes desses segmentos concluam, após uma reflexão crítica, que esse mesmo modelo de sociedade, baseado no privilégio e no favorecimento de uma minoria sobre uma vasta maioria é, não só injusto, como a longo prazo inviável.

Já entre os estudantes mais pobres esse consentimento se dá através da clara opção por um projeto individual. Difícil aceitar a justificativa de que essa opção se dá apenas pelas dificuldades materiais desses estudantes; os desgastes causados pela constante necessidade de trabalhar e estudar ao mesmo tempo ou nas imensas dificuldades enfrentadas para se manterem na universidade. Tais situações podem servir como atenuantes, mas não como justificativa para, não só aceitar esse modelo de sociedade, como até mesmo legitimá-lo, através de palavras e atos .

Essas reflexões são necessárias na hora de iniciar qualquer discussão com estudantes mais pobres que procuram negar suas origens através de um projeto meramente individualista, onde a universidade é um simples trampolim para a sua ascensão social. É preciso ter em mente que a ascensão deste estudante não se reflete necessariamente num processo de contestação do modelo dominante de sociedade que nós temos. Em verdade, dependendo da atitude do estudante, a sua ascensão pode servir até mesmo com um fato legitimador deste mesmo modelo. Diante dessas reflexões, fica impossível aceitar a tese defendida pelo coletivo “Nós não vamos pagar nada”, reafirmada por um de seus integrantes durante um conselho de DAs, de que todos os estudantes têm na reitoria um inimigo comum. Esta tese é, na melhor das hipóteses, risível.

Isso fica evidente quando constatamos que um grande número de estudantes da UFF pouco se importaria se a universidade acabasse amanhã com todas as medidas de assistência estudantil existentes. Arrisco mesmo a dizer que se a Bolsa-treinamento fosse extinta muitos nem sequer saberiam. Muitos não ligariam muito para o fim das bolsas de extensão; todas essas bolsas de segunda categoria e que não contam muito dentro da estrutura acadêmica da universidade. Talvez houvesse algum choro por causa do bandejão, embora quase todo mundo diga que a comida é péssima; livros podem ser comprados, por isso a biblioteca pode ficar um forno e com um estoque defasado em termos de conteúdo; laboratórios de informática para quê se os mais abonados possuem o seu computador caseiro?

Dizendo essas coisas pode parecer que estou negando a possibilidade existirem certos objetivos que podem ser comuns aos estudantes, independente da sua origem de classe, não é o caso. No entanto, é preciso fazer uma diferenciação em relação à natureza desses objetivos. Estrutura deficiente, horários inadequados dos cursos, falta de disciplinas, de professores e a reclamação sobre a falta de compromisso de muitos deles com a graduação; todos estes problemas afetam aos estudantes como um todo, mas são problemas pontuais da universidade. É na hora de colocar em questão os problemas estruturais, aqueles que vão afetar de maneira mais concreta a vida dos estudantes mais pobres, que começam a se verificar os diferentes posicionamentos dos estudantes, é nessa hora que surgem as distinções de classes entre eles e os seus respectivos interesses.

O que quero deixar bem claro é que os estudantes mais pobres dessa universidade precisam participar mais da vida política da UFF. É certo que muitas razões dificultam essa participação, como o fato de ter que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, por exemplo. No entanto, não é a melhor solução não ir a nenhuma assembléia por achar que “não tem tempo a perder com falatório”. Tal atitude reflete uma situação que vai muito além das dificuldades materiais.

De fato, entre os estudantes mais pobres da universidade é quase consensual a certeza de não se acharem representados pelo seu DCE, e tem toda a razão de pensar assim. Entretanto esses mesmos estudantes cometem um grave erro ao não disputar um espaço político dentro do movimento estudantil. Estes precisam entender que só vão conseguir que seus interesses, refletidos tanto nas questões pontuais da universidade, mas principalmente nas questões estruturais, sejam efetivamente levados em consideração quando decidirem participar da vida política da UFF. Entretanto, quanto falo em participar da vida política da Universidade, não estou me referindo a uma simples questão de disputas eleitorais, mas principalmente o que a política realmente representa, uma uma participação efetiva das pessoas no dia-a-dia.

A universidade é um reflexo da sociedade onde vivemos. Por conta disso, os conflitos de interesses refletem a ação dos grupos nela envolvidos. Em nossa sociedade, os mais pobres sentem-se incapazes de defender os seus próprios interesses e acabam delegando a membros de outros grupos o poder de representá-los. Essa aparente incapacidade tanto pode ser resultado das dificuldades materiais que impediriam o pleno desenvolvimento intelectual dos mais pobres como dos próprios interesses existentes em mantê-los nesta situação. Independente disso, até mesmo dentro desse modelo de democracia burguesa representativa, essa representação acaba sendo feita de forma equivocada. Representantes são indicados e são deixados a vontade, sem qualquer cobrança e acabam caindo ainda mais facilmente no jogo de interesses de outros grupos mais ativos. O que se depreende deste fato é que as camadas mais pobres de nossa sociedade ainda não se conscientizaram de que somente através de uma atuação direta é que será possível a defesa de seus interesses.

Dentro da universidade estamos assistindo um fenômeno bem parecido com os estudantes mais pobres. Uma boa quantidade deles têm entrado no ensino superior, e se mantido, apesar das dificuldades. Um bom número já até se formou. Entretanto, a capacidade de influência desses estudantes nos rumos do movimento estudantil e da própria universidade têm se mostrado muito aquém do que deveria ser. O resultado disso é que os rumos desse movimento estudantil, bem como da universidade, acabam refletindo essa deficiência.

O presente momento por que vem passando a Universidade impõem aos estudantes mais pobres um grande desafio. É o que está posto para todos aqueles que precisam cada vez mais de programas de assistência estudantil, pois é cada vez maior o número de estudantes que enfrentam toda a sorte de dificuldades para se manter na universidade. Atualmente a universidade possui um grande número de estudantes que precisa escolher o dia que vão vir estudar porque não podem arcar como os custos absurdamente altos das passagens, que tem sua vida financeira ou da sua família estrangulada para pagar mensalidades de pensões. Diante desses fatos, os estudantes mais pobres precisam ter em mente que tanto a universidade quanto o seu movimento estudantil original não foi pensado para as suas necessidades.

Como já foi dito num parágrafo anterior, a universidade reflete a sociedade em que vivemos. O seu movimento estudantil pode até se dizer representante dos estudantes mais pobres, na verdade faz questão disso. No entanto, se estes não se fizerem presentes, não se dispuserem a tomar nas próprias mãos a defesa de seus interesses, o movimento estudantil vai cair na mesma malha de interesses conflitantes que existe na sociedade em geral.

Portanto, cabe aos estudantes mais pobres tomarem nas próprias mãos a defesa de seus interesses, enquanto isso não acontecer, o DCE continuará a não ter uma coordenação de assistência estudantil. Terá como preocupação principal conseguir verbas para viagens de estudantes, em sua quase totalidade pequenos-burgueses, do que para a assistência estudantil. Enfim será um movimento estudantil pequeno-burguês, feito por estudantes pequeno-burgueses, para defender interesses fundamentalmente pequeno-burgueses.

Segunda-feira começa a luta de novo

Nas duas postagens anteriores eu coloquei duas notas sobre a expulsão do Acampamento Maria Júlia Braga - O Quilombo do Século XXI - do Campus do Gragoatá. Nessas duas notas eu procurei mostrar a versão que nós acampados tínhamos dos acontecimentos da sexta-feira de carnaval. Desde aquele dia nós temos nos preparado para lidar com as consequencias da expulsão e com o que iremos fazer a partir daí. Durante esses últimos dias nós preparamos as notas que foram lançadas em diversos sites como o CMI, nós também mandamos mensagens para diversas comunidades do ORKUT (História - UFF, CAHIS - UFF e diversas outras ligadas Universidade Federal Fluminense). Amanhã nós entraremos em nova fase de nossa luta política na UFF. Lançaremos a campanha Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária! Teremos também diversas atividades como a reunião de colegiado do CAHIS - UFF. Será o começo de uma nova fase e estaremos prontos para ela.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Reflexões sobre a expulsão do Gragoatá - II

Por que defendemos o Fora Salles!?

Além dos argumentos já trazidos no corpo deste documento devemos relembrar que antes mesmo de cometer mais esta agressão ao nosso Movimento de Luta, a REItoria de Roberto Salles e Emmanuel já protagonizava ações análogas tais como o chamado da polícia federal contra a ocupação que promovemos na sede da REItoria em 2007 e na aprovação do REUNI. Para nós, dizer Fora Salles! equivale a dizer fora a FEC, os cursos pagos e a toda a estrutura de poder viciada e corrupta “organizativa” da universidade, a qual de tão hierárquica e elitista faz lembrar o Antigo Regime que tinha em sua dita Assembléia dos Estados Gerais uma fictícia representação dos interesses de toda a sociedade na França do sec. XVIII. De maneira semelhante o CUV, através de seus conselheiros, visa representar os interesses de “toda a universidade”, na prática, isso é impossível de ocorrer de fato. Se tomarmos como referência sua composição comprovaremos o seu caráter marcadamente elitista (é composto em 70% por docentes e até pouco tempo nem contava com o setor dos técnico-administrativos). Podemos considerar que o CUV é mantenedor da espiritualidade das “Assembléias” do antigo regime na França de Luís XVI, quando a nobreza e o clero votavam contra os interesses da plebe e da burguesia ainda ascendente que de tão débil ainda se confundia a este estrato social. O CUV representa a ficção de “democracia” que legitima a manutenção dos aspectos desiguais reinantes em nossa universidade e sociedade. Em uma conjuntura em que a luta de classes se manifesta de maneira cada vez mais aguda e explícita como a que estamos inseridos, reconhecer tal fórum de poder é o mesmo que se omitir das tarefas básicas para avançar no projeto de universidade e por conseguinte, sociedade que dizemos defender.

Os conselheiros de Roberto Salles no CUV são a correia de transmissão das políticas privatizantes no interior da UFF devendo ser por nós combatidos de maneira implacável. Estes têm produzido todo tipo de manobra para a manutenção do seu projeto degenerado de poder. Mesmo quando o movimento social organizado no interior da universidade consegue, através de duros embates, ter alguma proposição vitoriosa neste fórum, as mesmas não ganham materialidade, não passando de “lei para inglês ver”. Exemplos na história recente da universidade não faltam: foi assim quando da greve de 2005 o movimento grevista após forte repressão promovida pela PM a mando da REItoria de Cícero Fialho conseguiu arrancar no Conselho a proibição da entrada daquele órgão repressivo nos campi da UFF , resolução que na prática, nunca se efetivou. Também quando o ME durante a mesma greve após exaustiva campanha pelo aumento das bolsas viu sua proposta ser manobrada pelos burocratas da REItoria que diminuíram o seu tempo de duração. Nossa avaliação apresenta como modelo substituto a esta lógica viciada e degenerada, a institucionalização da Assembléia Comunitária, espaço que deve substituir o antigo Conselho Universitário como fórum máximo de deliberação na UFF.

Apesar da farta quantidade de argumentos que legitimam o mote por nós defendido, temos encontrado uma expressiva resistência por parte dos membros que compõe os diversos agrupamentos estudantis tradicionais da atualidade. As razões por estes apresentadas de tão frágeis acabam por ser risíveis e desnudam o que estes, de fato, tentam inutilmente ocultar, o temor que nutrem de que ocorra uma política de perseguição promovida pela REItoria de Salles contra as ditas “lideranças” do ME. Estes argumentam que, apesar de legítima, tal campanha, certamente, faria com que os calouros se antipatizassem conosco e fossem atraídos para a perspectiva apresentada pela atual gestão da UFF. Com o objetivo de fortalecer o frágil argumento, tais coletivos preparam debates sobre a falta de democracia e maneiras de restabelecê-la no seio de nossa universidade. Para nós, como já afirmamos anteriormente, o momento é de conscientizar a massa dos estudantes para a real situação que está posta e daí vale a pergunta: Alguma vez existiu de fato democracia em nossa universidade e sociedade?

Para responder a essa importante pergunta, nos valemos dos ensinamentos valiosos obtidos pelas coerentes correntes de pensamento oriundas do Socialismo Libertário para as quais só existirá, de fato, democracia quando a ordem desigual estabelecida em que estamos inseridos tiver sido varrida do seio de nossa sociedade e a mesma esteja edificada e organizada de maneira autogestiva. Não podemos promover debates sofismáticos sobre democracia tomando como parâmetro a maneira como esse termo é compreendido no interior de uma sociedade capitalista como é a nossa, a qual tem uma legislação que tem servido para confundir, historicamente, a real relação de permanente conflito entre os diversos interesses existentes entre as várias classes sociais. Inclusive a “justiça” burguesa tem sido cada vez mais desmoralizada na medida em que a mesma sempre se faz presente na hora de tornar legitima as ações arbitrárias em prol das classes dominantes como nos dois casos em que nós fomos vitimados. Até conseguirmos pôr abaixo a atual ordem social desigual nossas conquistas terão sempre um caráter transitório e estarão sobre permanente ameaça das forças hegemônicas e dominantes que têm historicamente se beneficiado de atual organização do poder constituído e gerado o conjunto de mazelas sociais presentes de maneira constante na vida de milhares de seres humanos que sobrevivem, dia após dia, ao regime de miséria e opressão existente no sistema vigente.

A recusa por utilizar a segunda parte do mote – O CUV não nos representa! – se justifica através da seguinte constatação feita por Ciro Flamarion Cardoso: “quem age na política em geral aceita as regras do jogo e não pode deslegitimar as instituições”. Ou seja, os setores do movimento social da UFF que se apresentam como oposição à REItoria, em realidade já estão tão submersos nas regras, oficiais ou escusas, do Conselho Universitário que negá-lo seria quase que uma auto-negação. Isto se torna evidente através das práticas de manobras que são promovidas por ambas as partes, tanto pela ala mais “progressista” como pela reacionária do CUV.Estes, apegados que são as por eles classificadas de “disputas de projeto” nos alcunham de “esquerdistas” por denunciar e combater tais espaços do poder dominante. Insistimos na necessidade de pôr abaixo essa nociva estrutura, que se vá todos! Para nós não há a menor possibilidade de instrumentalização daquele espaço a fim de contribuir para que as demandas do ME ou dos demais setores que compõem o movimento social na UFF sejam atendidas, pelo contrário, tal perspectiva só tem contribuído para manter a mente do coletivo por estes “representado” em um modelo decadente de organização do poder social, num permanente estado de “demência política alienante”. Como já desnudamos neste mesmo documento, praticamente todas as nossas demandas exigidas naquele conselho não foram materializadas. Frente a estas constatações observamos a extrema incoerência dos que reivindicam o debate sobre democracia mas continuam presos a atual estrutura de funcionamento da universidade. Hesitam em aderir ao nosso mote ainda que a negação do CUV em favor da substituição pela Assembléia Comunitária é uma proposta muito mais coerente para aqueles que defendem, ainda que no plano do discurso, um modelo socialista de sociedade.

O que aconteceu conosco na UFF é apenas um fragmento do que ocorre todos os dias com os grupos oprimidos nas diversas regiões do país e do mundo. Não podemos perder a oportunidade de contribuir, decisivamente, para dar início a remoção dessa estrutura podre e corrupta existente na UFF, assim como, em toda a nossa sociedade. Para aqueles coletivos estudantis que ainda se encontram vacilantes deixamos a seguinte frase do Meszáros “Um futuro adiado, na verdade, é um futuro negado”

O que entendemos por Assembléia Comunitária

Propomos a construção de uma Assembléia Comunitária. Por Assembléia Comunitária compreendemos muito mais que uma simples reunião de alguns segmentos e não se trata de um encontro de cúpula de entidades. Ela seria na verdade a garantia de que todo e qualquer membro da comunidade universitária poderá se manifestar, expor seus pensamentos e sua opinião em pé de igualdade com os demais. Teríamos que tomar todas as providências cabíveis para que, uma vez constituída, a mesma não se enveredasse por perspectivas burocratizantes em seu modelo de funcionamento. A proposta de Assembléia Comunitária que defendemos exclui, necessariamente, a representação por categorias e iguala todos os participantes da mesma que disporiam de direito a voz e voto. Desta forma, a política será não somente espaço “dos eleitos”, mas passará para a base o poder de decisão sobre os problemas e demais questões que a afetam em seu dia a dia. O modelo de representação por categoria a qual muitos defendem eleva aqueles que são tidos como superiores, os docentes, aos demais setores que compõem a instituição como se necessariamente por estarem inseridos naquele grupo fossem eles mais aptos, mais capazes de formularem as melhores opções e darem os melhores encaminhamentos a fim de definir os rumos da universidade. Em nossa análise tal premissa é insustentável. Pelo contrário, ao se estabelecer tal situação, produzimos uma casta de privilegiados, acabando por manter intacta no interior da universidade o modelo desigual de sociedade que em discurso é combatido por muitos de seus cientistas. A farsa de que haveria categorias mais aptas a gerir as questões mais relevantes da instituição serve apenas para que estes privilegiados mantenham seu poder e dessa forma encobre a verdade de que qualquer membro da comunidade universitária pode pensar e contribuir com suas formulações, independentemente da categoria a qual o mesmo esteja vinculado. Queremos privilegiar o debate político e não o “privilégio de alguns” em agir politicamente. Entendemos que as idéias que possam contribuir para a transformação efetiva da realidade existente podem e devem ser formuladas no cérebro de qualquer pessoa, independente da categoria em que esta pertença.

“O QUE HÁ POR TRÁS DA LUTA DO ACAMPAMENTO CAPAZ DE IMPOR TANTO MEDO AO REITOR E SEUS ASSECLAS AO PONTO DE LEVÁ-LOS A COMETER UM ATO TÃO VIL E COVARDE COMO ESSE?”

Para quem já acompanhava nossa trajetória política não é novidade perceber o quanto era incômodo, não apenas para a reitoria como também, para os diversos setores que compõe a comunidade acadêmica da UFF (incluso aí os setores ditos socialistas) conviver com a existência do AMJB e com a dinâmica por este estabelecida. E esse mal-estar se ampliou ainda, significativamente, após o processo de radicalização por nós promovido na Ocupação da REItoria de nossa universidade, cabe aqui resgatarmos o conteúdo de parte da análise do material de campanha da chapa “A eleição não muda nada!” que no ano passado concorreu às eleições do curso de história da UFF: “Na avaliação que fazemos o ME, a nível nacional, deu um salto qualitativo de singular importância, na medida em que saiu de uma situação reativa, na qual se contrapunha na base da resistência ao projeto neoliberal representado na contra-reforma universitária pautada, ao longo da atual década, pelos dois Governos de Lula da Silva, para uma situação de ofensiva, na qual os estudantes, deliberadamente, decidiram através de iniciativas de Ação Direta radicalizadas, Ocupar o principal espaço que vem, servilmente, desempenhando o papel de correia de transmissão das políticas privatizantes nas universidades, ou seja, as respectivas reitorias de tais instituições de ensino superior. Ao promover tal ato o conjunto dos estudantes em luta fez cair o véu que encobria a PSEUDO DEMOCRACIA que em tese existia no interior de tais instituições, obrigando os reitores das mais variadas universidades estaduais e federais a recorrerem ao último recurso para a manutenção da ordem desigual ora estabelecida: o chamamento do aparelho repressivo do Estado Burguês, ou seja, a polícia! Um dado de extrema importância e pouco percebido é que a maior parte das Ocupações não contaram com o apoio da principal entidade dos estudantes, ou seja, o DCE de suas respectivas universidades, sendo que em alguns casos tiveram até de enfrentar a oposição, velada ou explícita, da diretoria de tal entidade. Isso, no entanto, não esmoreceu a luta dos estudantes combativos nas Ocupações no Brasil a fora, mas, pelo contrário, permitiram-lhes ver o caráter mítico conferido pelas Correntes Estudantis Tradicionais (CET’s) a tais entidades que, muitas vezes, não representam os reais interesses da base estudantil de sua universidade ou curso não passando de uma instituição superestrutural longe do cotidiano de luta dos estudantes a quem deveriam servir.

Na UFF, o processo de Ocupação não foi menos controvertido uma vez que sem elementos para opor-se a mesma, os membros das CET’s optaram por a boicotarem não oferecendo apoio efetivo à sua manutenção e a invisibilizando nos demais espaços onde atuavam, mostrando assim, seu “verdadeiro” comprometimento com os processos de luta real.

Após seis meses sem respostas concretas sobre sua pauta de reivindicações e passando por um prelúdio de tensionamento político com setores que compõe a atual reitoria, o Movimento, constituído pelo Acampamento e GT de moradia do CAHIS entenderam que dada a conjuntura política local e nacional havia chegado a hora da radicalização cabendo aos demais setores rever sua lógica de boicote a esse importante movimento de luta. A reitoria foi completamente fechada na noite do dia 22 de outubro por apenas vinte e cinco estudantes e no dia 23, ou seja, a exatos seis meses de seu início, após dezenas de estudantes a ela se agregarem, a reitoria de Roberto Salles e Emannuel chamou a polícia para acabar com o que havia se transformado no seu principal inimigo político e de classe.”

Hoje tais afirmações são atestadas pelo que acabou de ocorrer com o Acampamento. Na época ficou acordado entre o conjunto do ME e a REItoria que em troca de nossa saída de maneira pacífica do espaço físico da mesma estes retirariam a ação de reintegração de posse movida contra o AMJB, todavia, como bem pode se ver em uma das últimas cenas do filme Edukators “Algumas pessoas nunca mudam” sendo tal máxima perfeita para definir o comportamento político da REItoria de Roberto Salles e Emmanuel. Não é todo dia que a polícia militar e a federal é acionada para reprimir as ações de um segmento do ME organizado e a REItoria sabia que não estávamos no marco da ordem burguesa e que, em sua análise, tornava impossível de nos deter em nossa luta. Cada segundo que conseguíamos sobreviver às adversidades impostas pelo fato de estarmos acampados por tanto tempo simbolizava uma derrota política e moral de Roberto Salles que, em um gesto de extremo desespero e covardia, promoveu um dos atos mais vis e covardes já empreendidos por uma REItoria em toda a sua história contra um movimento político organizado. Ao promover tal ação este esperava acabar com qualquer vestígio de nossa existência política mas o tiro, mas uma vez, saiu pela culatra e o último véu que pairava sobre sua gestão caiu. Não há mais nada que Roberto Salles possa usar para nos agredir e nós, pelo contrário, apenas nos preparamos para o que promete ser a última batalha entre nós e as forças arcaicas que ainda se encontram a frente de nossa instituição de ensino.

É de extrema importância que o ME esteja conosco em mais um enfrentamento que teremos com o nosso inimigo de classe. O que foi materializado contra o AMJB simboliza mais uma afronta ao conjunto do ME que não pode deixar passar em branco mais esse ataque da REItoria. Precisamos, de uma vez por todas, sepultar o espírito reformista que leva o ME da UFF a sempre declarar vitória a cada papel assinado pela caneta do REItor. Precisamos edificar uma prática completamente distinta no ME e o AMJB já demonstrou o caminho para a real vitória que é o do combate permanente aos nossos inimigos de classe e da ação coletiva, de base e direta pois, as transformações que queremos ver materializadas só serão alcançadas por intermédio da base e não de nenhuma dita “liderança” estudantil iluminada!

O que o ME da UFF pode extrair da experiência gerada pelo AMJB?

Ainda é prematuro para que saibamos ao certo quais as conseqüências, diretas e indiretas, da existência do AMJB na UFF mas isso não impede que façamos algumas análises acerca deste recente fenômeno de Luta Estudantil e Social.

A universidade é uma instituição social que, segundo o senso comum, agrega e coloca em prática muitos valores progressistas. O imaginário social credita a mesma o conjunto de formulações críticas das desigualdades sociais existentes sendo, segundo estes, uma defensora intransigente das transformações que venham no sentido da superação do conjunto de mazelas sociais existentes. Na prática, a realidade tem se mostrado bastante distinta, com a universidade, enquanto instituição, cada vez menos engajada nos processos de Luta dos oprimidos pelo capitalismo. Isto revela que a mesma não pode nunca ser analisada como se estivesse imune aos conflitos de interesses marcados pela luta de classes que em diferentes conjunturas assume características as mais diversificadas. A universidade, dentro de uma sociedade desigual como a nossa, reflete, necessariamente, as disputas existentes em seu interior, cabendo aos setores historicamente despossuídos ou simpáticos de um outro modelo de sociedade se organizarem internamente para, dentro e fora dela, pautar os interesses que negam o status quo tanto a nível interno quanto externo a tal instituição.

Neste sentido o Acampamento Maria Julia Braga contribuiu decisivamente para desnudar as contradições existentes no interior da UFF, levando a loucura os setores conservadores e reacionários existentes em tal instituição de ensino. Podemos observar, cotidianamente, como aqueles que no plano do discurso se dizem comprometidos com a transformação social são, na prática, os primeiros a defender a manutenção do estado desigual de coisas existentes. A esses dizemos: A guerra está apenas começando!

As quintas feiras libertárias, atividades musicais que permitiu o vínculo de estudantes e músicos fossem eles universitários ou não em clima de harmonia e descontração. Um dos belos momentos de uma história que está longe de acabar. A sociedade não conhecia a UFF e sim o AMJB!

Enquanto movimento organizado o AMJB contribuiu, decisivamente, para uma cultura libertária, de base e de ação direta no seio do ME da UFF, gerando muito mal estar a todas as correntes tradicionais que em muitos momentos tentaram contribuir para o fracasso de nossa causa política. Entendemos que a semente para um outro paradigma de Movimento Estudantil já foram plantadas e esperamos que o solo de nosso movimento seja fértil para que, em breve, possamos ter novas gerações efetivamente combativas e comprometidas com a transformação radical da realidade ainda existente. Até a vitória final! Acampamento Maria Julia Braga- O Quilombo do séc XXI!

Reflexões sobre a expulsão do Gragoatá

Neste momento de grande perplexidade e indignação sentida por aqueles que, verdadeiramente, apóiam o Acampamento Maria Julia Braga e a seu lado, em diferentes circunstâncias, empreenderam combate sistemático ao conjunto de políticas privatizantes promovida pela presente REItoria, faz-se necessário um aprofundamento da análise sobre o fenômeno em questão uma vez que, dessa maneira, conseguiremos extrair deste as lições necessárias que nos permitirão ver, com a devida nitidez, os reais contornos que estão por trás da covarde ação de despejo sofrida pelo AMJB na sexta feira, 01 de fevereiro, véspera de carnaval e a partir dela elaborarmos a contra-ofensiva aos nossos inimigos de classe e a seu projeto degenerado de poder!

Há três dias de completar 1 ano e dez meses de existência o Acampamento Maria Julia Braga- o Quilombo do séc XXI – foi vítima de um duro golpe empreendido pela reitoria de Roberto Salles e Emmanuel. A ação foi calculada em seus mínimos detalhes. Só nos foi concedido dez minutos para que realizássemos a retirada de nossos pertences, razão pela qual fomos obrigados a aceitar que estes fossem levados para algum depósito por nós desconhecido, sem que pudéssemos sequer ter uma cópia da listagem dos pertences apreendidos e levados por caminhões da própria universidade. Temendo uma possível retaliação por parte dos membros combativos da Comunidade Acadêmica os executores da ação de despejo impediram a entrada de dois jornalistas (uma da ADUFF e outro do jornal O Fluminense) e como bem se lê na nota emitida pela ADUFF no dia do ocorrido: “a jornalista da ADUFF foi agredida e retirada à força do interior do campus, sendo ameaçada por um policial de ser detida por desacato à autoridade. As duas empresas de segurança (Centauro e Croll) terceirizadas, que prestam serviços à UFF utilizaram de força para impedir o acesso da imprensa e de diretores da ADUFF no campus para acompanharem a operação policial.”

Diante da macabra situação faz-se necessária a indagação coletiva “O QUE HÁ POR TRÁS DA LUTA DO ACAMPAMENTO CAPAZ DE IMPOR TANTO MEDO AO REITOR E SEUS ASSECLAS AO PONTO DE LEVÁ-LOS A COMETER UM ATO TÃO VIL E COVARDE COMO ESSE?” No objetivo de responder a questões como essas foram redigidas as linhas que se seguem.

Uma breve análise das razões que nos motivam a empreender tal luta.

Apesar do longo período que dedicamos para a efetuação de tarefas de esclarecimento da luta que estamos promovendo ainda é comum observarmos o quanto a mesma é percebida de maneira truncada. Os argumentos levantados com freqüência por alguns são de que estávamos acampados, única e exclusivamente, por razões de natureza econômica, faltando portanto, a quem toca essa luta no cotidiano, discernimento maior sobre as demais causas que envolvem o dia a dia da universidade assim como da sociedade como um todo. As pessoas que comungam deste ponto de vista, certamente, desconhecem a nossa trajetória política ou sofrem a influência tanto dos setores de direita que devido ao projeto de universidade que defendemos necessita nos detratar, como também de frações da esquerda tradicional que temendo perder espaço, contribuem, muitas das vezes, para reforçar preconceitos e estigmas nas mentes dos que ainda não adquiriram uma consciência crítica o suficiente para observar as contradições daqueles que no plano do discurso assumem posições socialistas mas que, na prática, são os primeiros a contribuir para a derrota das ações e projetos de transformação que se efetuam a partir da ação direta e pela base.

Ainda na administração de Cícero, a REItoria, no intuito de paralisar o movimento por nós constituído, ofereceu bolsas para o conjunto dos estudantes do Acampamento vinculados à universidade. Se nossos interesses se baseassem pelos aspectos econômicos, então por que em tal ocasião não aceitamos as bolsas como forma de aplacarmos nossos problemas? Como bem afirmamos na ocasião em questão partimos da premissa de que a questão da moradia é um problema historicamente vivido por diversas gerações de estudantes que passaram pela UFF e neste sentido se continuamos a lutar é evidente que não o fazemos pensando exclusivamente em nosso bem-estar mas sim em solucionarmos uma problemática central no seio de nossa universidade de modo a fazer com que esta instituição ofereça as condições necessárias ao acesso e permanência com boa qualidade para o conjunto de seus estudantes. A luta pela moradia é na verdade uma luta por Assistência Estudantil e em uma conjuntura na qual predomina a lógica privatista neoliberal, lutar por tais pautas é na verdade se contrapor às políticas que precarizam a universidade pública. Isto se torna evidente ao analisar que nacionalmente o setor combativo do Movimento Estudantil (ME) promoveu importantes batalhas contra os executores de tais políticas representados no Governo Federal e nas suas respectivas REItorias. Tendo por pauta a questão da Assistência Estudantil, as ocupações de REItoria foram a principal forma de travar estes embates, e no caso da UFF, foi o AMJB o maior protagonista deste processo no ano de 2007. Portanto, aqueles que insistem em defender a tese de que não lutamos pelas demais bandeiras do movimento estudantil ou desconhecem completamente nossa história ou agem assim por pura intencionalidade inescrupulosa!

O projeto hegemônico de universidade e o projeto que defendemos

Desde o começo de sua gestão, a REItoria de Roberto Salles e Emmanuel tem se empenhado para através de mecanismos despolitizadores apresentar a UFF sem os diversos problemas ora existentes. Por meio de uma campanha capciosa chamada oficialmente de “Programa de Acolhimento Estudantil” busca ludibriar e convencer os estudantes recém ingressados de que sua administração tem avançado na perspectiva de implantar um projeto de universidade de altíssima qualidade como bem afirma o reitor em sua carta aos calouros:

“(...) A UFF, com pouco mais de 45 anos de existência, já figura entre as maiores universidades federais do país. De fato, temos atuação nas diversas áreas do conhecimento, por meio de 55 cursos de graduação, 42 cursos de mestrado, 23 cursos de doutorado, 143 cursos de especialização e 25 cursos de MBA. Além disso, contamos com cerca de 400 grupos de pesquisa credenciados no CNPq, número que cresce a cada dia em função de novas pesquisas que estão sendo desenvolvidas.

Desta forma, nossa universidade está plenamente capacitada a desempenhar o seu papel na formação de alunos, na produção de novos conhecimentos pelos nossos cientistas e na formulação de soluções para os diversos problemas apresentados pela sociedade. E ficamos felizes, hoje, de podermos contar com a presença de vocês em nosso corpo estudantil.

Estamos certos de que a passagem pela UFF nos próximos anos será enriquecedora para a formação pessoal e profissional de vocês, e de que em breve estarão atuando na sociedade como profissionais de excelência, enfrentando desafios e exercendo a cidadania por meio da consciência crítica e da responsabilidade social. A UFF não se preocupa apenas com a formação profissional, mas também com a preparação para o exercício pleno da cidadania. (...)”

Primeiramente, Salles em sua carta visa demonstrar a grandiosidade da universidade através de dados numéricos. Considerando tais dados apresentados, podemos observar um importante elemento que ele deixa de lado: o caráter destes cursos. Se somados os cursos de graduação a todos os de mestrado e doutorado alcançamos a marca de 120 cursos, os quais se tratam de cursos gratuitos e imprescindíveis para o funcionamento da universidade. No entanto, este número (120) não alcança o número de cursos de especialização (143). É importante percebermos que dentre estes últimos encontramos uma enorme quantidade de cursos pagos os quais além do espaço físico utilizam também o nome da UFF para agregar valor a tais cursos pois sem a logomarca desta universidade teriam de cobrar mensalidades bem mais baixas. Isto sem falar da Fundação Euclides da Cunha, cuja existência torna possível a implantação dos mesmos e cujo histórico é notório pelas tramas de corrupção e coação, reconhecidas até mesmo pelo Conselho Universitário, ainda que este reconhecimento seja fruto das disputas interinas promovidas pelos burocratas que atuam no CUV e concomitantemente na FEC que tais quais ratos em busca de queijo se digladiam pelos recursos provenientes destes cursos. Quanto aos 25 cursos de MBA, dispensam maiores comentários, basta o fato de serem cursos caríssimos que atuam nas principais “áreas de mercado”, contribuindo assim para o enriquecimento de corporações e demais capitalistas.

Portanto, a última coisa que podemos fazer é levar o conteúdo da carta de Roberto Salles em consideração pois a mesma, na melhor das hipóteses, não passa de um trote lançado aos calouros que chegam a cada início de semestre na UFF. A realidade se mostra diametralmente oposta e para comprovarmos isso basta que confrontemos uma passagem da carta em questão, eis novamente a mesma: “Desta forma, nossa universidade está plenamente capacitada a desempenhar o seu papel na formação de alunos, na produção de novos conhecimentos pelos nossos cientistas e na formulação de soluções para os diversos problemas apresentados pela sociedade.” Como pode o Reitor afirmar uma tese como essa se o mesmo promove o despejo de estudantes que reivindicam Moradia Estudantil e que há mais de um ano estavam morando em barracas, debaixo de chuva e sol, reivindicando, legitimamente, condições de acesso e permanência para os que aqui chegam sem meios para se manter, cobrando, enfim, uma promessa de campanha que o mesmo fez e que até agora não cumpriu?! Na verdade, por tudo o que já efetuamos, representamos uma ameaça à continuidade do projeto degenerado de poder cristalizado na figura dessa REItoria e nisso consiste o ataque covarde e desesperado por esta promovida contra o nosso Movimento de Luta. O Acampamento, com sua estética precária, significava a denúncia viva das contradições que agora Roberto Salles sonha em ocultar da sociedade, e pensando em tal objetivo promoveu a ação de despejo na perspectiva de apagar da memória coletiva a existência desse importante movimento de contestação estudantil e social.

Nosso projeto de universidade se choca com o defendido por essa canalha parasitária instalada na UFF e nas demais universidades brasileiras na medida em que estes querem continuar o processo de privatização em curso e subordinar tais instituições aos desígnios do mercado e para tal farão de tudo para que as demandas que avançam para uma perspectiva socialista nunca ganhem materialidade. Defendemos uma universidade comprometida com as demandas do proletariado e com as lutas que caminham em direção a sua emancipação social. Acreditamos que a universidade deva contribuir para o pleno desenvolvimento humano dos seus membros e que a mesma produza conhecimentos que sejam úteis para o combate e superação das mazelas sociais ora existentes. Coerentes com tal princípio político lançamos o mote Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária na UFF Já!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nota sobre a expulsão

A LUTA VAI CONTINUAR!

Na última sexta-feira, aproveitando-se do fato de estarmos às vésperas do carnaval, a reitoria da UFF, por meio do reitor, Roberto de Souza Salles, deu a autorização para que se promovesse a expulsão do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI do campus do Gragoatá. A ação se deu nas primeiras horas da manhã, quando estavam presentes apenas quatro moradores. Para promover o despejo do acampamento foram mobilizados policiais federais, policiais militares e funcionários da universidade, incluindo seguranças. Toda a operação foi comandada por um alto funcionário da universidade: Leonardo Vargas.

A ação de despejo do acampamento foi planejada em detalhes; estava claro que tudo foi feito para impedir qualquer chance de reação. O campus da universidade foi totalmente interditado, com o senhor Leonardo Vargas dando ordens aos seguranças para usar a força, se necessário, para impedir a entrada de qualquer pessoa. Tal fato acabaria resultando na perseguição, ameaça e agressão a uma repórter da ADUFF (Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense). Alem disso, um professor que tentou entrar foi coagido por um dos seguranças, que legitimava sua ação em cima de acusações caluniosas ao nosso movimento.

O caráter extremamente autoritário dessa operação de despejo do nosso acampamento ficou ainda mais claro com o fato nós não ter-mos recebido a cópia da ordem de despejo, que estava sendo usada para justificar a expulsão. Quase todos os nossos pertences foram levados, uma vez que nos foram dados apenas dez minutos para retirarmos do acampamento o que pudéssemos. Uma listagem desses pertences foi feita durante o processo de expulsão, mas nenhum nós teve acesso a uma cópia. Os nossos pertences acabaram sendo levados por um caminhão da própria universidade.

O Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI foi expulso do campus do Gragoatá. Quando a universidade for reaberta, no dia 11/02, é provável que já não haja quase nenhum vestígio físico de sua existência no local onde esteve durante quase dois anos. A história está repleta de exemplos desse tipo. A ordem estabelecida precisa apagar todos os vestígios de movimentos que se contrapõem a ela, para que a luta que esses movimentos representam desapareçam junto. No entanto, a luta encarnada no Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI, vai continuar.

Essa nota é nossa primeira manifestação oficial a respeito do ocorrido, mas não pararemos por aqui. Estamos instalados no DCE (Diretório Central do Estudantes) e de lá continuaremos a luta. Coerentes com o que já tínhamos proposto desde a expulsão do saguão da reitoria, no final do ano passado, seguido da aprovação autoritária do REUNI no tribunal de justiça e culminando nesse episódio, reafirmamos a campanha: “Fora Salles! o CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária”. Por isso mesmo estamos convocando a todos aqueles que acreditam numa universidade verdadeiramente pública, efetivamente gratuita e de excelente qualidade a entrar nessa luta política também e àqueles que já estão nela, que continuem, até a vitória final.

Acampamento Maria Júlia Braga, O Quilombo do Século XXI

Fotos da expulsão do Gragoatá


Ao lado podemos ver a grande contradição existente na universidade atualmente. A mesma reitoria que promove um "programa de acolhimento estudantil" também promove a expulsão de estudantes que promovem uma luta política dentro da UFF por assistência estudantil e pela construção da moradia universitária. Sobre esse programa de acolhimento promovido pela reitoria para recepcionar os calouros da UFF, eu mesmo presenciei coisas absurdas como o sorteio de um mês de almoço grátis num restaurante que estava patrocinando o evento. Quando se pensa que a UFF tem um Restaurante Universitário que sofre diversos problemas de falta de investimento.

Esta foto foi tirada depois da expulsão, eu fui um dos que estavam presentes quando da expulsão, mas nesse momento tinha saído, os presentes na foto são moradores e apoiadores do acampamento. Uma pequena parte dos nossos pertences pode ser vista na foto, mas a maioria foi levada para um depósito público.












Está é uma das imagens da expulsão do Acampamento Maria Júlia Braga - O Quilombo do Século XXI -

O fato ocorreu na última sexta-feira e representou uma tentativa da reitoria da UFF em destruir a luta política representada pelo acampamento dentro da universidade, mas eu posso garantir que isso não acontecerá.



Para saber mais informações sobre a expulsão acesse o site www.midiaindependente.org

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Expulsão do Gragoatá

Na última sexta-feira, o reitor da UFF aproveitou que era véspera de carnaval e promoveu a expulsão do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI do campus do Gragoatá. No momento, quem quiser saber mais detalhes sobre o acontecido deve ir no site , ali estão informações e fotos que podem dar uma pequena idéia do que foi o evento. Da minha parte, que estava lá na hora da expulsão, posso dizer que o autoritarismo da reitoria se fez presente na medida em que nem pudemos ficar com uma cópia do ato de despejo ou da relação de pertences nossos que foram levadas sabe-se lá para onde, pois o que se viu depois na imprensa foi um festival desmentidos por parte de todos os envolvidos; até o próprio reitor já deu declaração dizendo não saber de nada porque estaria viajando. De todo modo, eu posso falar em nome dos acampados ao dizer que a nossa luta política vai continuar ainda mais intensa. O que aconteceu no Gragoatá na sexta-feira última mostra o quanto estamos certos ao puxar a campanha "Fora Salles: o CUV não nos representa e pela construção da Assembléia Comunitária". Agora fica mais do que evidente que só há dois caminhos políticos atualmente na UFF: ou as pessoas se submetem a atual política privatista e elitista do reitor, ou então partem para o enfrentamento. Nós, tanto os que eram apenas moradores do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI, quanto os que além disso fazem parte da OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ), temos o entendimento de que o caminho é o enfrentamento e estamos mais do que nunca prontos para isso.