quarta-feira, 30 de julho de 2008

Manifesto do ENEH

Quem leu postagens nesse blog sabe que eu e mais três colegas estivemos no ENEH ( Encontro Nacional dos Estudantes de História ). A parte alguns momentos de descontração, como o meu "batismo" na "Babilônia", um dos muitos momentos festivos do evento, o nosso objetivo lá era continuar a nossa luta política aqui na UFF, divulgando-a para os estudantes de outras universidades. Podemos dizer que uma das melhores consequencias desse trabalho foram os contatos que estabelecemos por lá e que nos permitiram construir, junto com outros estudantes de diversas universidades um panfleto onde procuramos tomar posição sobre uma série de acontecimentos que ocorreram durante o ENEH. O resultado dessa construção esta aí embaixo. Eu só espero que não fique apenas nisso e novos contatos ocorram.


MANIFESTO DOS ESTUDANTES AUTÔNOMOS ( EM CONSTRUÇÃO )

O movimento estudantil vive uma crise ou é a crise que vive no movimento estudantil? O ENEH é emblemático para compreendermos este processo. A estrutura verticalizada da organização do evento, mesmo bem intencionada, distancia e também desresponsabiliza a participação dos estudantes, fortalecendo a passividade politica, engendrando uma relação onde um grupo produz o evento e outro o consome. Essa relação beneficia os gestores de estudantes, vanguardas de “iluminados” que usa o Movimento Estudantil como escola de formação partidária. A representatividade, ou seja, os autoritários modelos de dirigentes X dirigidos, traduzidos em eleições de CA' s e DCE' s, desresponsabilizam os estudantes dos rumos do movimento e criam as figuras dos “profissionais da política”, deseducando e eliminando a política como prática cotidiana.
As ocupações de reitoria como as da UFF, UFRJ, USP, UFPE, entre outras, demonstraram que a vanguarda do atraso ( FOE, CONLUTE, etc. ), radical e revolucionária no discurso, mostrou-se oportunista e conservadora na prática, travando o movimento ou abandonando a luta.
Esses grupos, orientados por modelos criados no interior de partidos políticos, não conseguem aceitar lutas independentes, ou que busquem se auto-organizar sem hierarquias e não pautados por marcos institucionais burocráticos. Tais setores burocratizados tentam nos convencer que o problemas do Movimento Estudantil, incluindo a fraca participação dos estudantes, seria uma crise de conjuntura ou direção. No entanto, acreditamos que a crise é de concepção de movimento. A partidarização é o problema e não a solução. É preciso deixar claro que entendemos como partido os grupos que, institucionais ou não, se organizam de forma hierárquica, burocrática e que sejam pautados pela representatividade. Porém, não podemos insentar de responsabilidade os estudantes que se afastam de toda a atividade política e encaram a universidade como um espaço de trampolim econômico ou mero ganho de status. Vide os estudantes que consomem o ENEH e aproveitam o paraíso de néon e turismo proporcionado pelas emolas do capitalismo.
Propomos um Movimento Estudantil autônomo, horizontal, classista e que lute junto aos movimentos sociais. Entretanto, isso não será conseguido mediante o aparelhamento de entidades, com congressos de cartas marcadas, pretensamente democráticos, mas apenas com a mobilização e a auto-organização dos estudantes que tenham fôlego para a luta, insatisfeitos com o imobilismo e a burocracia.
Quanto ao ato que está sendo puxado nesse ENEH, é preciso entendê-lo no seu verdadeiro sentido. Independente da legitimidade de suas pautas, o fato de estar inserido num evento qu vem adquirindo um caráter turístico pode torná-lo um mero passeio, parte de uma tradição dos encontros e na maioria das vezes o tema do ato não é debatido anteriormente para que haja um posicionamento consciente dos participantes, tornando-se despolitizante e perdendo o real objetivo de enfrentamento. Buscar entender o verdadeiro sentido desse ato faz parte de uma tentativa mais ampla de se entender o próprio significado da crise do Movimento Estudatil.

Construa essa idéia conosco: estudantesautonomos@yahoogrupos.com.br

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Tomada de posições

No último ENEH foi aprovada uma resolução que pregava o apoio a construção de um movimento negro classista. Essas resoluções normalmente representam muito mais uma tomada de posição frente a uma questão do que o desejo de construção de um projeto político a ser colocado em prática. No ENEH foram aprovadas mais de cem dessas resoluções. De qualquer forma eu me posicionei a favor da resolução que foi proposta por um militante do PSTU. Ao voltar para Niterói acabei tendo um debate com uma companheira de luta no acampamento por conta de minha decisão. O fato é que ela não via sentido em apoiar uma resolução que provavelmente ficará apenas no papel. Embore concorde com ela nesse ponto eu ponderei que isso não poderia me impedir de assumir uma posição, principalmente porque alguém se colocou contra a proposta, usando argumentos absurdos, dizendo que a palavra classista lembrava muito o marxismo e devia ser retirada. No final essa pessoa propôs que se aprovasse a luta por um 'movimento negro articulado". É claro que não dava para me omitir diante de uma proposta dessa, imagina que algo assim passasse. O fato é que as vezes é preciso assumir uma posição, ainda que essa fique apenas no plano simbólico, ainda que a tal resolução, que acabou sendo aprovada, de se promover um movimento negro classista, fique apenas no papel, mas o efeito simbólico de sua aprovação ainda é um avanço se compararmos com a outra proposta.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Notícias sobre educação

Extraído do site: http://noticias.terra.com.br/educacao

Estudantes e trabalhadores terão formação gratuita


O governo federal e quatro entidades que compõem o Sistema S - Sesc, Sesi, Senai e Senac firmaram um acordo histórico, que prevê que as entidades estabeleçam um programa de comprometimento de gratuidade.

Entre as medidas, a aplicação de dois terços de suas receitas líquidas na oferta de vagas gratuitas de cursos de formação para estudantes de baixa renda ou trabalhadores ¿ empregados ou desempregados. Outra novidade é o aumento da carga horária dos cursos de formação inicial, que passam a ter no mínimo 160 horas.

"Essa é uma ação que amplia o acesso gratuito à educação profissional. Estamos focados na juventude brasileira que está matriculada na educação básica e que não tem condições de acesso à educação superior", explicou o ministro da Educação, Fernando Haddad. A partir de 2009, já serão reservados pelo menos 20% dos recursos das entidades para o oferecimento de cursos gratuitos, caso do Senac.

O Senai, por sua vez, já terá 50% de seus recursos aplicados no oferecimento de cursos gratuitos em 2009. Até 2014, todas as entidades já destinarão 66,6% da receita líquida, ou seja, dois terços dos recursos serão investidos na formação de estudantes de baixa renda e de trabalhadores.

De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, o Sistema S assumiu, com a assinatura do compromisso, sua parcela de responsabilidade na ampliação do acesso aos cursos profissionalizantes. "O Brasil tem necessidade de formar mais e melhor os seus estudantes e trabalhadores e o Sistema S não pode deixar de reconhecer essa demanda", afirmou. As medidas anunciadas nesta terça-feira devem ser incorporadas aos regimentos internos das entidades em até 30 dias.

As vagas gratuitas são destinadas, preferencialmente, a estudantes matriculados ou egressos da educação básica. Com essa medida, a formação técnica fica atrelada à formação geral. "A juventude vai perceber que se matricular na educação básica é a porta de acesso a essas vagas gratuitas de formação profissional", explicou Haddad. O ministro destacou também a importância da perspectiva profissional para os jovens brasileiros. "A maior causa de evasão entre os jovens é a dificuldade de aplicação do conteúdo no mercado de trabalho", reiterou.

De acordo com Armando Monteiro Neto, os cursos promovidos pelas entidades do Sistema S continuarão atendendo às necessidades da indústria. "O que esse acordo trouxe foi uma maior disciplina ao sistema, que antes apresentava realidades muito diferentes em cada estado e que agora será mais homogêneo", destacou, referindo-se à oferta de cursos gratuitos e aos investimentos em educação.

Essa é a primeira grande reforma empreendida no estatuto das entidades que integram o Sistema S. "Foi a primeira vez em 60 anos que o governo propôs mudanças no sistema e o diálogo foi muito proveitoso para a sociedade brasileira", destacou o ministro.

Tripé
De acordo com Haddad, a reforma do Sistema S, a expansão da rede federal e tecnológica e o programa Brasil Profissionalizado formam um sistema que deve modificar a realidade da formação técnica no Brasil. "Estamos criando um novo panorama de formação para os jovens brasileiros", ressaltou.

O MEC está investindo R$ 750 milhões na construção de 150 escolas técnicas no Brasil. A meta é chegar, em 2010, a 354 escolas técnicas e cerca de 500 mil matrículas nas instituições federais de educação profissional.

O programa Brasil Profissionalizado vai estruturar o ensino médio e articular as escolas aos arranjos produtivos e vocações locais e regionais, para inseri-las no desenvolvimento econômico local. Até 2010, serão investidos R$ 900 milhões para o desenvolvimento da educação profissional e tecnológica.


COMENTO: São sempre boas notícias, o grande problema é vê-las se tornarem realidade. A verdade é que em todos os governos são sempre anunciadas medidas assim, que vão alterar a realidade para melhor, dar melhores condições de vida e estudo para os mais pobres, mas no final, essas notícias quase nunca passam de intenções que não se cumprem. Por isso mesmo que é bom deixá-las registradas, seja para para ter o que cobrar mais tarde, mas principalmente para mostrar às pessoas que não dá para ficar eternamente esperando pela "generosidade" de nenhum governo.

Notícias do ENEH 3

Uma das coisas que mais me desagradaram no ENEH foi o comportamento da grande maioria da UFF enquanto delegação. O que se viu ali foi reproduzido também pelas outras delegações, mas eu estudo na UFF e o que os meus colegas fazem me afetam diretamente. O ENEH está estruturado num tripé Político/Acadêmico/Cultural. Não há nada de errado nisso em si, mas infelizmente isto vem sendo usado para justificar posturas degeneradas que transformam o ENEH num mero evento turístico. É claro que diversão é parte de um evento como esse, eu mesmo fiz um tour pela cidade com várias pessoas num domingo, conheci pessoas de outras universidades, e fui "batizado" na Babilônia, um dos eventos festivos do encontro. Não tive qualquer problema em me divertir nas horas em que isso era possível, mas o que vi de muitas pessoas é uma dedicação do seu tempo a diversão. O ENEH teve diversas atividades importantes, debates, palestras e GDs ( Grupos de trabalho ), além de mini-cursos, que foram esvaziados em nome de diversões inconsequentes e ócio absoluto. Na plenária final houve quem propusesse algum tipo de regra para acabar com isso, é claro que eu me posicionei contra, não por não concordar com os motivos que levaram o formulador da proposta, mas por entender que não é com o estabelecimento de regras escritas que vamos conseguir combater esse tipo de atitude degenerada. A grande verdade é que se não houver da parte das pessoas uma séria reflexão sobre suas atitudes, essas situações só tendem a piorar, e isso só vai ser possível se começar-mos a pautar um debate sério junto aos estudantes, sem medo de tencioná-los, expondo as suas contradições.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Monopólio da memória

Um dos maiores aprendizados que eu tive com a minha experiência com o ENEH foi entender a importância da preservação da memória em qualquer luta política. Essa preservação é fundamental para que a geração seguinte não começe uma luta política do zero, sem qualquer acúmulo gerado pelas lutas anteriores, seus erros, acertos, conquistas e perdas. Essa tem sido uma preocupação de todos nós que fazemos parte do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI. Preservar a memória de nossa luta política é fundamental para que uma geração futura possa ter ela própria algo em que basear a sua própria luta. Possa entender o que aconteceu antes de sua entrada em cena e atuar a partir daí. Essa pequena introdução está ligada a um fato cujo conhecimento eu só me dei conta efetivamente em minha preparação do mini-curso que eu e meus companheiros de luta demos no ENEH. O nosso desejo de falar sobre o movimento estudantil e tocar no tema da sua memória, da maneira como essa é construída e como está a serviço de qualquer grupo que se dispõe a dar a sua versão dos fatos, me permitiu ter acesso a informações e textos muito importantes e que tem me gerado muitas reflexões. Uma dessas informações é sobre um projeto de memória do movimento estudantil que está sendo tocado em parceria com a UNE ( União Nacional dos Estudantes ) e a Fundação Roberto Marinho. Quem quizer saber tudo com mais detalhes deve ir no site , ali se pode ver toda a idéia por trás do projeto. De nossa parte nos interessou alguns pontos interessantes, como a campanha estimulando qualquer um que tenha algo que possa estar ligado a memória do movimento estudantil a doar esse material as duas instituições que estão tocando o projeto. A leitura do termo de doação, por exemplo, nos dá uma boa idéia do que está por trás do projeto, trata-se claramente de uma tentativa de monopolizar a memória de um processo histórico ao colocar sobre o controle absoluto da UNE e da REDE GLOBO tudo o que diz respeito à memória do movimento estudantil. Se alguém acha que estou me enredando em mais uma dessas "teorias da conspiração" é só ir no site que eu indiquei e ler os termos da doação que estão lá. Por isso mesmo é importante que as pessoas não se deixem levar por esse tipo de projeto. Estou dizendo que a UNE e a Fundação Roberto Marinho não tem o direito de realizar um projeto desse tipo? Obviamente que não. A memória de qualquer processo histórico está sujeita a qualquer tipo de interpretação, por qualquer pessoa ou grupo, o que não dá mais e ter que aceitar essa visão única de um processo histórico que insistem em nos dar. Não existe uma só memória do movimento estudantil, o acampamento tem a sua memória e com todas as suas dificuldades logísticas tem procurado construí-la. Seria bom que os outros grupos políticos que tem atuado no meio estudantil se disponham a construir a sua também, até para evitar essa tentativa da Globo e da UNE de monopolizar um processo histórico que pertence a todos.

Notícias do ENEH 2

Eu estive no ENEH ( Encontro Nacional dos Estudantes de História ) e posso dizer que foi uma experiência muito boa em diversos sentidos. Em primeiro lugar foi muito bom encontrar pessoas de outras universidades que também comungam com idéias como participação política efetiva, ação direta e uma visão classista das lutas políticas dentro da universidade. Esse encontro permitiu a mim e ao grupo político do qual faço parte entender que a nossa luta não está restrita a UFF, que em outras universidades também existem outras pessoas buscando diferenciar-se, tanto da alienção reinante entre a maioria dos estudantes como da tentativa de transformar essa luta política num mero instrumento de construção de indivíduos e grupos para fins que em nada contribuam efetivamente para essas lutas, para o esforço de transformação da sociedade. Nós desenvolvemos várias atividades no ENEH, dentre elas um mini-curso com o título: Movimento estudantil: memória, perspectivas, limites e estratégias. Essa foi uma experiência muito gratificante. A leitua dos textos utilizados me permitiu uma reflexão que pretendo aprofundar e cuja discussão já estou fazendo dentro do movimento politico do qual faço parte, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI. Ao me dispor a essa discussão eu entendo que posso contribuir para uma das reflexões que mais tomaram tempo nas discussões que travamos com esses companheiros de luta que encontramos no ENEH: Qual a razão da crise do movimento estudantil? No manifesto que construímos em conjunto deixamos bem claro que se trata de uma crise de concepção, com isso tratamos de nos contrapor a teses de grupos ligados aos partidos políticos que costumam hegemonizar os espaços de luta dos estudantes de que a crise é conjuntural e de direção. Da minha parte eu tenho uma visão que começei a desenvolver e que pretendo aprofundar, mas que já coloquei como ponto de discussão, tanto entre os que encontramos no ENEH como dentro do movimento político do qual faço parte. É uma reflexão pessoal que ainda está no início, mas que devo começar a compartilhar numa próxima postagem.

sábado, 19 de julho de 2008

Notícias do ENEH

Infelizmente não pude cumprir a minha promessa de fazer um relato diário da minha experiência no eneh. Mesmo esse relato vai ter que ser corrido porque o meu tempo está acabando. O que posso dizer é que foi uma ótima experiência para mim. Falo isso, é claro, independente da opinião que tenho sobre o próprio ENEH enquanto evento que deveria proporciornar uma troca de experiências entre estudantes de história de todo o país, o que posso dizer é que não foi isso o que aconteceu, vou entrar em detalhes numa próxima postagem, pois o meu tempo está acabando mesmo.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Extraído do site: http://educacao.uol.com.br

Mais de 70% dos professores fizeram faculdade particular


Mais de 70% dos professores aptos a lecionar no ensino básico do país se formaram em universidades privadas. Apenas em três áreas --francês, química e física-- há mais concluintes de instituições estaduais, federais ou municipais, segundo estudo feito pelo MEC (Ministério da Educação).

Os números refletem a realidade do mercado do ensino superior brasileiro, em que a maioria dos alunos freqüenta cursos particulares.

Em geral, as instituições privadas têm notas mais baixas do que as públicas nas avaliações oficiais. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, o grande problema é que a maioria desses professores atua em escolas públicas, comprometendo a qualidade do ensino. Hoje, 80% das funções docentes estão nas redes estaduais e municipais.

Haddad tem declarado que o aumento do número de docentes formados em universidades públicas passou a ser seu principal objetivo. Para isso, lançou programas como o Reuni, em que ofereceu mais verbas para universidades federais que aumentassem suas vagas em licenciaturas.


COMENTO: A resposta que o ministro oferece para o problema é o REUNI, justamente um projeto que vai acabar precarizando ainda mais as universidade públicas. Uma questão que fica sem resposta na afirmação do ministro: se a qualidade do processo de formação dos professores das universidade particulares é tão ruim assim, porque nada é feito para solucionar isso? Fala-se em provão e ENADE, mas o fato é que as famosas "Uniesquinas" continuam por aí, e novas são abertas. É claro que se falar em exercer alguma fiscalização sobre as particulares, logo vai vir algum "perfeito idiota liberal latino-americano" para criticar, falar em intervenção do governo na iniciativa privada. É claro que esses críticos, em sua grande maioria pelo menos, não se importa com a intervenção do governo quando esta se trata de colocar dinheiro nessas particulares através do Pró-Uni.

Dia de ENEH

Hoje é oficialmente o último dia do semestre. Ainda não vi as minhas notas, mas estou confiante de que passei em todas as disciplinas. No entanto, o mais importante hoje é que é o dia de ir ao ENEH ( Encontro Nacional de Estudantes de História ). Vai ser uma oportunidade interessante para mim em diversos sentidos. Primeiro vai ser uma experiência nova, já que eu nunca estive num encontro desses. Além disso, também vai ser a oportunidade para uma série de contatos, tanto pessoais como políticos, pois o ENEH não pode ser só diversão. Na verdade, o objetivo principal, pelo menos na teoria é estabelecer contatos entre estudantes de História de todo o país para a troca de idéias e experiências, tudo isso visando a melhor maneira de utilizar o que aprendemos na universidade em pról da construção de uma sociedade melhor. É claro que um objetivo tão nobre é sempre difícil de ser alcançado, sem falar que muitos vão mesmo só para curtir, o que em si não é problema, a não ser quando é a única razão para se ir num ENEH. De qualquer forma, eu espero ter condições de manter esse blog atualizado com tudo o que vai acontecer no evento.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Artigo da RODA

Aqui na UFF, mais precisamente no meu curso de História, temos uma revista feita pelos próprios estudantes chamada A RODA ( A Revista dOs estuDantes de históriA ). No seu último número eu escrevi um artigo sobre Manoel Bomfim, um historiador de quem falei numa antiga postagem minha. O artigo foi escrito a meses, mas como a revista demorou a sair eu só pude postá-lo no blog agora, pois não seria correto fazer isso antes da revista "ir para a banca". O texto está colocado abaixo.

MANOEL BOMFIM, O PIONEIRO

Num prefácio escrito a 40 anos atrás para uma edição de Raízes do Brasil, o crítico Antonio Candido disse que três livros escritos entre 1933 e 1942 definiram a forma como o Brasil seria lido e estudado daí adiante. Antonio Candido estava falando de Casa-grande e Senzala, de Gilberto Freire, Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Jr. e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda. Nem se pense que estivesse cometendo alguma injustiça ao fazer tal referência. No entanto, a injustiça se fez bem antes dele ao não se dar o devido valor a uma obra escrita bem antes dos referidos livros e que abordava os mesmos temas, contestava os mesmos paradigmas preconceituosos e buscava nos dar uma visão do Brasil até então escondida por trás de ponceitos racistas, baseados em definições científicas que com o tempo se provariam falsas.
O longo esquecimento por que passaria a obra de Manoel Bomfim pode ser explicado pelo seu pioneirismo. Em 1905 ele escreve A América Latina: males de origem, onde produz um panfleto indignado contra muitas das idéias em voga na época para explicar o atraso latino-americano. Bomfim combate ardorosamente a idéia de que esse atraso é fruto da inferioridade racial dos povos locais em comparação com os europeus. Com este livro, o autor, nascido em Sergipe, criava uma tradição histórica que procurava desmontar as velhas teses racistas que justificavam o atraso brasileiro. Devemos a Manoel Bomfim a primeira firme contestação do brasileiro formado pela escória da sociedade portuguesa, os famosos, ou melhor dizendo, os infames degredados. Manoel Bomfim nos mostra como as penas de degredo eram impostas a pessoas por razões que muitas vezes nada tinham específicamente com o caráter dos penalizados, com sua capacidade de trabalho ou seus instintos morais.
Redescoberta nos anos 1990, a obra de Manoel Bomfim passou a ser analisada dentro do contexto de sua época. O seu esquecimento pôde ser explicado a partir do seu teor avançado demais para o período. O Brasil do início do século XX, quando escreveu A América Latina: males de origem e o dos anos 1920, quando escreveu os seus livros da maturidade, O Brasil na América, O Brasil na História e O Brasil-Nação, ainda não estava pronto para digerir muitas das idéias expostas em seus textos. A velha explicação da inferioridade do povo ainda era por demais cômoda para ser deixada de lado por uma elite econômica muito apegada a um passado colonial por demais presente.
Num dos prefácios da obra de Manoel Bomfim fala-se na sua “lusofobia” na hora de analisar o processo de colonização do Brasil. Lendo os seus livros, no entanto, eu me arrisco a dizer que essa é uma conclusão errônea. Várias páginas das diversas obras do autor sergipano são dedicadas a enaltecer o povo português, sua grande coragem em voltar-se para a conquista marítima debaixo das mais precárias condições e desafiando seculares superstições. O autor não deixa de elogiar também a capacidade do português em se misturar com os diferentes povos com os quais entraria em contato e a sua relativa ausência de preconceito de cor, principalmente em comparação com espanhóis e ingleses. Bomfim elogia principalmente a incrível capacidade de um povo que com parcos recursos humanos e materiais foi capaz de construir um vasto império colonial e criar as condições que tornaram possível colonizar a vasta área do território que viria a se tornar o Brasil.
O que a leitura da obra de Manoel Bomfim revela mesmo é uma intensa “bragantinofobia”, ou seja, um profundo desprezo pela dinastia que assumiria o trono português a partir da restauração de 1640. Bomfim não tem dúvida em associar grande parte da decadência de Portugal à dinastia de Bragança. A tese do parasitismo, que o autor sergipano usaria para justificar o esgotamento das forças produtivas de Portugal tem, na dinastia de Bragança, nos seus reis indolentes e esbanjadores, preocupados unicamente em extrair do Brasil o máximo de riqueza para seus fins parasitários, a sua mais plena idealização.
Em O Brasil-Nação ele ainda vai mais longe ao comparar o período imperial brasileiro a uma continuação do “bragantinismo” na vida política do Brasil independente. Essa “bragantinofobia” fica mais evidente com os retratos que Manoel Bomfim faz dos nossos dois únicos imperadores, tanto D. Pedro I quanto seu filho, o primeiro bem mais do que o segundo são retratados de maneira bem desfavorável pelo autor.
O pioneirismo de Manoel Bomfim em escrever sobre o processo de formação da sociedade brasileira não o impediu de cometer os seus erros, bem típícos da época por sinal. A sua própria explicação da decadência portuguesa a partir da teoria do parasitismo estava baseada num modelo cientificista que hoje parece bem superado. O autor sergipano acreditava também no mito da democracia racial brasileira, para ele havia da parte dos senhores de escravos brasileiros uma certa “bondade” no trato com seus escravos que não costumava ser encontrada entre os de outras nacionalidades. A sua visão dos bandeirantes paulistas também tem um quê de idealizada, ao ver nas suas expedições ao sertão uma intenção de nacionalidade que certamente não existia. O mesmo se pode dizer do sentimento de brasilidade que ele julgava existir já no século XVII, e que é descrito por Manoel Bomfim como motor principal de movimentos como o de expulsão dos holandeses nessa mesma época.
No entanto, nenhum desses equívocos desmerece a obra de um autor profundamente preocupado com a realidade brasileira a ponto de se colocar na linha de frente daqueles que não se conformavam com teorias pseudo-científicas para explicar a situação brasileira. Manoel Bomfim viveu seus últimos dias um tempo de transição, ele morreria em 1932. No final dos anos 1920 já haviam no Brasil forças contestadoras da ordem vigente. A semana de arte moderna de 1922 já representava um sopro de renovação em busca de uma identidade brasileira nas artes e na sua própria realidade. O autor sergipano não viveria para ver as obras daqueles que seriam os seus continuadores e que colocariam em discussão os temas que ele já havia abordado sem a mesma repercussão. Como muitos pioneiros, os méritos de Manoel Bomfim demorariam muito para serem devidamente reconhecidos.

Semestre concluído

Finalmente acabou o semestre para mim. Hoje eu entreguei o último dos trabalhos finais que tinha de fazer para encerrar essa maratona. Fico feliz por acreditar que vou manter a minha invencibilidade em matéria de disciplinas e seguir com o meu projeto de me formar em no máximo 5 anos. Eu passei uma semana anterior muito difícil, pois um dos trabalhos finais estava particularmente difícil de fazer, até agora estou na dúvida se o resultado foi bom, mas foi o que deu para fazer. É como disse uma colega minha, talvez fosse melhor se o semestre tivesse menos disciplinas com uma carga horária melhor. Eu não sei, ontem eu estava com um grupo de alunos e um professor estava conosco. Segundo ele, o grande problema do currículo da UFF são as dificuldades encontradas atualmente no curso básico, que estaria sendo dado de maneira muito frouxa. Ele também cobrou dos alunos uma maior firmeza na cobrança de melhorias, mas eu creio que a maior dificuldade mesmo é a existência de uma quantidade muito grande de disciplinas que nós chamamos aqui na UFF de Caô. São disciplinas que permitem ao professor lidar quase que apenas com os temas que eles pesquisam e nós alunos ficamos limitados a isso. É o caso de refletir sobre isso para levar alguma sugestão ao seminário de reforma do currículo que vai haver no próximo semestre, quem sabe não dá para resolver pelo menos grande parte do problema. De qualquer forma, eu quero relaxar um pouco, ler apenas o que quero ler e não o que preciso. Ontem mesmo peguei "A era dos impérios", o único livro dessa série do Hobsbawn que eu não tinha lido. Será um mês de ENEH, leituras, cinema, um bom namoro e muita diversão inconsequente, que ninguém é de ferro.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Memórias do movimento estudantil

Ontem eu participei de uma reunião no Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI. Um dos pontos de pauta era decidir sobre como lidaríamos com o material de imagens que temos desse mais de dois anos de luta política dentro e fora da UFF. Nós já colocamos dois vídeos no YOUTUBE, basta entrar lá e digitar 'amjb" para ter acesso a ambos, temos também um documentário que fizemos e estamos divulgando da melhor maneira possível, mas ainda não colocamos na internet. Trata-se de uma ferramenta nova para nós, que, até por limitações financeiras e de conhecimento só agora estamos utilizando com mais frequencia. De qualquer modo estamos discutindo as melhores formas de lidarmos com esse material, o que inclui temas complicados como se é correto que nomes pessoais entrem nos créditos ou que tudo seja colocado como assinatura coletiva. São polêmicas que surgem, mas que precisam ser discutidas para serem resolvidas. O mais importante é que temos consciência da importância de colocar-mos a disposição de todos os materiais que filmamos e a nossa opinião sobre os eventos de que participamos. Como eu disse no título da postagem, é mesmo no plural, pois não existe uma só memória do movimento estudantil, a memória do acampamento com certeza não é a mesma que a memória da UNE, ainda mais agora que esta fez um acordo com a Rede Globo para trabalhar o seu acervo. A memória da OELI ( Organização dos Estudantes Indepedentes em Luta ) não é a memória do Nós Não Vamos Pagar Nada ou do UFF Que Queremos ( PSTU ). Eu acho muito importante que todos os grupos que participam do movimento estudantil cuidem das suas memórias para que no futuro os novos militantes tenham condições de entender os sucessos e os fracassos, onde deu certo e onde não deu e as razões disso. Da nossa parte, tanto a OELI quanto o acampamento estamos cuidando de garantir que no futuro, a memória da luta pela moradia estudantil e todas as lutas políticas ocorridas na UFF desde 2006 esteja, pelo menos em parte, preservada.

Escolas abrindo no final de semana

Extraído do site: http://www.nota10.com.br

Escolas serão incentivadas a abrir nos finais de semana

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou no dia 1.º o projeto de lei que incentiva a abertura das escolas públicas em feriados, finais de semana e recessos escolares, com o objetivo de oferecer atividades extracurriculares para os alunos e a comunidade.

O projeto altera o Artigo 1.º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), e foi aprovado em caráter terminativo, ou seja, não será apreciado no plenário da Casa, seguindo direto para análise da Câmara.

O senador Expedito Júnior (PR-RO), autor da proposta, lembrou que a iniciativa já acontece espontaneamente em algumas escolas, mas que agora será regularizada.

O projeto prevê o repasse de verbas do Plano Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) para apoiar a abertura das escolas.

Piso salarial dos professores

Comissões do Senado aprovam piso de R$ 950 para professor

/extraído do site: http://www.nota10.com.br/

As Comissões de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovaram ontem (2) o substitutivo da Câmara dos Deputados ao projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) que institui o piso salarial nacional de R$ 950 para os profissionais do magistério público da educação básica.

De acordo com o texto, explicou a relatora da matéria na CE, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), o piso salarial dos profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00 para 40 horas semanais de trabalho e o benefício será estendido aos aposentados e pensionistas da categoria. O reajuste seria concedido integralmente a partir de janeiro de 2010. Até lá, os profissionais receberiam um terço da diferença entre o valor pago e o da proposta, a cada ano.

A matéria também determina que no mínimo um terço das 40 horas deverá ser reservado a atividades extra-classe - o que, segundo Ideli, é uma reivindicação "histórica" da categoria. Aqueles municípios ou estados que não tiverem recursos para pagar os reajustes, explicou a senadora, receberão da União a complementação dos valores, por meio de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Semestre que termina

Aqui estou eu na minha última semana de aula nesse período. Na semana que vem é basicamente entregar os trabalhos finais, um já está pronto, mas estou quebrando a cabeça para fazer os outros dois que faltam. A carga de trabalho tem sido tão intensa, além da vida acadêmica eu tenho também as atividades políticas em que estou envolvido, sem falar nos trabalhos da minha bolsa de estudo e nos "bicos" que faço por fora para complementar a minha renda. De qualquer forma acho que vou conseguir me sair bem nesse semestre também, com isso vou manter o meu objetivo de me formar em cinco anos. No próximo semestre eu devo terminar as matérias obrigatórias de licenciatura e fazer a disciplina de Monografia I. Depois de muito quebrar a cabeça acho que finalmente encontrei o tema da minha monografia de fim de curso. Esse é um problema que já me assustou bastante, mas agora eu já estou mais tranquilo em relação a isso. Na semana que vem eu e meus companheiros de luta política do acampamento vamos para o ENEH ( Encontro Nacional de Estudantes de História ), vai ser em São João Del Rey e espero ter muitas notícias interessantes para poder mandar de lá. Eu já disse numa postagem anterior que nunca havia tido experiência nesses encontros, por isso mesmo estou ansioso para ver no que vai dar. Na verdade essa postagem acabou sendo meio que um "enche linguiça", pois a minha idéia original era postar dois vídeos que o acampamento postou no YOUTUBE a respeito do protesto político que fizemos na semana de extensão. Infelizmente eu ainda continuo com problemas em utilizar as ferramentas do blog, entre elas a do vídeo, ainda assim vou tentar de novo.