sexta-feira, 27 de junho de 2008

O escândalo da FEC na UFF

O Conselho Universitário da UFF ( CUV ) foi palco de um lamentável circo dos horrores na sexta-feira passada. A FEC Fundação Euclídes da Cunha, teve suas contas aprovadas apesar de todas as irregularidades cometidas ao longo dos anos em que atua na UFF. Os conselheiros que aprovaram alegaram que estavam fazendo isso como voto de confiança na nova gestão que teria moralizado a FEC, no entanto, essa nova gestão não informou que a FEC estava em situação irregular desde novembro do ano passado, o que não a impediu de continuar recebendo recursos da universidade. Foi uma sessão lamentável em todos os sentido. O comportamento da maioria da bancada estudantil, por exemplo, também merece duras críticas, depois da aprovação das contas muitos saíram cantando músicas de provocação contra os que votaram a favor das contas, uma atitude totalmente imatura, de quem não parece ter percebido a gravidade do que ocorreu naquele CUV. Agora a universidade vai tentar recredenciar a FEC no ministério da educação. Enfim, pretende continuar a farra dos cursos pagos e todas as irregularidades promovidas por essa fundação que só presta contas quando interessa, e mesmo assim de uma maneira completamente irregular. O documento abaixo explica todo esse processo lamentável em detalhes.


A derrocada financeira da FEC:

Uma reflexão sobre a forma açodada como se deu o processo de aprovação das contas da Fundação Euclídes da Cunha (FEC) no Conselho Universitário (CUV) de 20 de junho de 2008.

A derrocada financeira da FEC já ocorre há muito tempo. A decisão de 01/2007 do Conselho Administrativo da FEC, que trata do exercício fiscal de 2006, diz em seu parágrafo 3º: "Considerando as divergências encontradas entre os saldos bancários e os respectivos saldos contábeis" e logo a seguir: "Considerando que o passivo excede o ativo no balanço patrimonial e que inobservância dos pontos abordados pelo parecer dos Auditores Independentes, segundo os mesmos levantam dúvidas substanciais de que a entidade tenha condições de manter a continuidade normal de suas atividades" (GN), demonstra que a situação pré-falimentar da FEC não é nova como alguns tentam dizer.
Talvez isso explique a forma açodada com que realizaram a "aprovação moral" (o que é isso juridicamente?) das contas da FEC pelo CUV no dia 20 de junho de 2008. Cabe salientar que esta "aprovação moral" (?) se deu de forma extemporânea, pois pelo artigo 34 inciso I do estatuto da FEC o prazo final para a aprovação das contas é de 31 de maio de 2008.
O e-mail datado de 18 de março de 2008 enviado pelo professor Airton ao professor Dollinger diz: "A diretoria executiva da FEC ainda não cumpriu com o disposto no inciso III do artigo 19 do estatuto, o qual exige a submissão ao Conselho Fiscal até o dia 05 de novembro de 2007, da proposta orçamentária e do Plano de Trabalho para o exercício seguinte (2008), sem o que, o Conselho Administrativo não tem como cumprir, por sua vez, com o disposto do Art. 17 inciso VIII, que ordena o exame e aprovação de tais documentos até 15 de novembro de cada ano".
Vale salientar que este e-mail é de 18 de março de /2008, ou seja, mais uma vez a ilegalidade retroagindo no tempo. Restam ainda duas perguntas:
1) Em resposta ao e-mail de 10 de junho de 2008 enviado pelo professor Airton ao professor Daniel Avelino / SESO/MEC, este responde taxativamente: "Por favor, não esqueça de que a FEC teve seu pedido de credenciamento arquivado em 2007. Enquanto não renovar o pedido, não vai ser considerada Fundação de Apoio ...." (GN).
Ora, se desde 2007 a FEC não é mais considerada Fundação de Apoio, como a REItoria, nos primeiros 4 meses de 2008 destinou à FEC uma quantia superior a R$ 10.300.000,00? Isto não significaria infração ao art. 10 da lei 8429/92, que dispõe sobre improbidade administrativa, e que tipifica como improbidade administrativa (...) lesão ao erário por ação ou omissão dolosa ou culposa ainda que não receba direta ou indiretamente qualquer vantagem? Ou de seu art. 11 que diz: (...) "Ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições." Ou seja executar ato proibido em lei, deixar de executar ou retardar ato de ofício, etc...
2) Alguém já viu a FEC realizar qualquer licitação pública, conforme determina o inciso ido art. 3 da lei 8958/94?
Quanto ao item 3.1 do e-mail do professor Hermano (Engenharia) que diz "isto não significou o descredenciamento da FEC como o propalado" e a seguir "a prova disso, é que convênios, projetos e verbas de órgãos governamentais continuaram a ser enviados pelo MEC para a FEC, nesse ínterim (vide os recursos do REUNI)" nós podemos afirmar com certeza de que esta afirmação passa meridianamente longe da verdade, pois o MEC não repassa diretamente nenhuma verba à FEC e sim à UFF que contrata a FEC, basta conferir em www.portaltransparencia.gov..br a verdade nua e crua é a de que até as verbas do tão propalado REUNI estão sujeitas a penhora, devido ao caos financeiro da FEC, pois segundo a lei 8958/94, a contratante (UFF) não pode assumir quaisquer dívidas da contratada (FEC).
E, em meio a todo este absurdo, a construção da Moradia Universitária, aprovada ao menos 4 vezes no Conselho Universitário (2 delas na gestão de Salles), até hoje não ganhou materialidade e seu projeto se quer foi licitado!

Acampamento Maria Júlia Braga
- o Quilombo do Século XXI -

Fora Salles! O CUV não nos representa!
Pela construção da Assembléia Comunitária na UFF já!
Pela construção da Moradia Universitária na UFF já!

Notícias sobre educação

Esta é uma notícia que sempre me afeta muito, pois muito do que estou fazendo aqui na universidade tem como objetivo ser aplicado numa sala de aula, ou seja, um dia eu posso estar no lugar da vítima da agressão.

Extráido do site

19/03/2008
Professor é esfaqueado ao separar briga de alunas no RS

Agencia Estado
O professor Ozório Alceu Feline levou uma facada no abdome quando tentava separar duas adolescentes que estavam brigando no pátio da Escola Técnica Estadual Bernardina Rodrigues Padilha, em Vacaria, no nordeste do Rio Grande do Sul, na segunda-feira à noite. Feline passou por uma cirurgia e permanecia internado no Hospital Nossa Senhora da Oliveira, em estado regular, no final da tarde de hoje.

O incidente começou com um desentendimento entre as alunas. Feline se aproximou e tentou fazer com que as duas se afastassem. Um rapaz, identificado como namorado de uma das moças, se aproximou e pediu que o professor não se metesse. Na seqüência, feriu Feline com um objeto cortante. O agressor ainda não foi preso.

Hoje, depois de uma reunião com o Ministério Público e o Conselho Tutelar, a Brigada Militar (a polícia militar gaúcha) decidiu colocar um soldado para vigiar o pátio onde ocorreu a briga e aumentar a vigilância em todo o bairro onde fica a escola. As aulas, que estavam suspensas, foram retomadas hoje.


COMENTO: É dessa situações realmente preocupantes, pois muitas vezes temos a tendência a pensar se vale a pena se meter em briga alheia. Entretanto, o fato ocorreu numa escola e a pessoa como professor não podia simplesmente ficar assistindo. No entanto, é um alerta para o clima cada vez mais violento existente dentro das escolas. Nos dois últimos períodos da universidade eu fiz duas disciplinas, Prática de Ensino e Pesquisa I e II, estas me levaram a entrar em contanto com uma escola pública pela primeira vez na condição de alguém que pode fazer daquilo uma profissão. Eu não vou negar o choque que eu senti ao ver o pouco respeito que os alunos, de idades que variavam de 11 a 14 anos, tinham com a professora. Eu já comentei isso em postagens anteriores. É verdade que a juventude de hoje está bem diferente da que frequentava a escola 20 ou 30 anos atrás, a violência também era bem mais restrita, as brigas ocorriam, mas geralmente eram na base dos punhos mesmo. A idéia de alguém levar uma arma para a escola parecia meio absurda, no entanto, o que vemos hoje assusta. Imagino que seja produto dos novos tempos ou será que o processo já tinha começado bem antes e simplesmente foi ignorado até que estivesse no estágio atual. Eu tendo a acreditar na segunda hipótese, acho que situações como a que levaram ao acontecimento relatado nessa reportagem são o fruto de décadas de descaso com o ensino público. A conta chegou e está difícil de pagar.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Indo para o ENEH

Este ano eu devo ir ao meu primeiro ENEH ( Encontro Nacional de Estudantes de História ). É uma curiosidade que eu tenho, mas não me vejo fazendo isso todo o ano. Acho importante esses encontros embora saiba que para a maioria é mais turismo do que qualquer outra coisa. Não nego que vai ser interessante conhecer outra cidade, neste caso São João del Rey, mas o objetivo que me move mesmo é entrar em contato com estudantes de História de outros estados e tentar entender a realidade em que estes vivem e saber se as dificuldade deles se parecem com as minhas. O movimento político do qual faço parte, Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI vai estar presente com um mini-curso que pretendemos dar, além de mim vão outros militantes. Vai ser importante divulgar a luta política em que estamos inseridos, até para não vê-la ser apropriada por oportunista. Falo isso a propósito de um e-mail antigo que eu li onde um integrante de uma das correntes políticas que atuam no movimento estudantil da UFF ter declarado que os DCE ( Diretório Central dos Estudantes ) daqui foi protagonista dos atos de ocupação de reitoria que ocorreram em 2007. Trata-se de uma deslavada mentira e me irrita muito que esse tipo de inverdade seja espalhada em regiões do Brasil onde não temos acesso. Enfim, essa ida ao ENEH vai ajudar a fazer novos contatos e também a divulgar o documentário que fizemos e que vai ajudar a desmentir muitas dessas mentiras.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Notícias sobre educação

Comento: Essa é uma notícia que eu relutei um pouco a postar aqui, mas resolvi fazer isso, não porque ainda não tenha as minhas dúvidas sobre a veracidade de tudo o que li, mas porque me permite discutir questões importantes sobre educação. Leiam com atenção.

Extraído do site: http://aprendiz.uol.com.br

Cidades consolidam Bairro-Escola como política pública

Da Redação

Escolas, praças, parques, igrejas e postos de saúde. Todos funcionando integrados e sendo aproveitados como espaços de aprendizagem. O conceito de Bairro-Escola - que busca utilizar as potencialidades educativas do bairro - consolidou-se e já é aplicado como política pública efetiva em diversos locais do país, servindo como solução para problemas das áreas da educação, da segurança, da saúde, entre outras.
Reconhecimentos do Ministério da Educação (MEC), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil (FBB) contribuem para fortalecer o conceito e disseminar cada vez mais o Bairro-Escola.
Belo Horizonte (MG) e Nova Iguaçu (RJ) são os exemplos mais concretos dessa solidificação. Alunos de 29 escolas da capital mineira e de mais de 30 escolas da cidade fluminense - todas das redes municipais de ensino - são beneficiados com educação em tempo integral.
Há 12 anos, a capital mineira difunde o programa Escola Plural em que a educação ultrapassa os muros da escola para estar presente em todos os espaços públicos da cidade. O envolvimento entre alunos, educadores, universitários e membros da comunidade na educação não deixa dúvidas de que a ampliação do conceito de bairro-escola é um passo importante na busca por educação de qualidade.
"O maior foco da educação, em Belo Horizonte, é tomar a cidade como um espaço real de formação do indivíduo", afirma a secretaria de educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pillar. Para chegar a esse quadro, o programa atravessou muitos processos. Inicialmente as escolas passaram a ficar abertas o dia todo e as turmas começaram a atuar em tempo integral. "No entanto, vimos que esse formato impossibilitava a criança de se tornar parte de sua região, pois ficava o dia todo fechada dentro da escola", explica.
O passo seguinte foi centrar a educação em tempo integral e fazer com que os educadores comunitários levassem as crianças para outros espaços da cidade nas horas reservadas para isso. O aluno passa metade do dia tendo aulas nas salas regulares e, no restante do tempo, participa de atividades em outros espaços, amparado pela própria escola. "A escola deve ser a referência quando se trata de educação, o que não significa que todas as ações devam ser realizadas dentro dela", diz a secretária.
Essas atividades só foram possíveis devido às parcerias realizadas com seis universidades da região, entre elas a Pontifícia Universidade Católica, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Minas Gerais. Ao todo, são 107 diferentes tipos de atividades extracurriculares realizadas com as crianças dentro das universidades e monitoradas pelos estudantes do ensino superior. Há também parcerias realizadas com outras instituições da comunidade.
O conceito de Bairro-Escola, há mais de um ano implementado em Nova Iguaçu, permeia todas as ações da cidade. O êxito da cidade fluminense, até então tida como uma das mais pobres e violentas do estado, foi ter conseguido realizar o projeto com um custo de apenas R$ 12 mensais por aluno.
Tudo na cidade funciona em função do bairro-escola. Os caminhos entre as escolas e os espaços onde acontecem as atividades extracurriculares têm uma faixa no chão pintada de vermelho para que as crianças possam andar sem problemas. Os ambulantes recolheram suas barracas para dar passagem às crianças, os motoristas de ônibus foram educados para que parassem os veículos ao ver as crianças passando, toda a sinalização da cidade foi modificada, os muros ganharam cores e os moradores foram sensibilizados.
"Usamos espaços parceiros, como clubes e igrejas, e quem dá aula para as crianças fora do horário escolar são estudantes universitários. A comunidade abraçou a idéia de maneira espantosa. Tem gente que empresta o terraço de casa, a sala de jantar. Outro dia um senhor me disse que podia ceder a piscina para dar aulas de natação", comentou o facilitador do bairro-escola, Jorge Luis Santos Silva, que diariamente sai batendo de casa em casa para articular e sensibilizar as pessoas.
O trabalho foi recentemente premiado como Tecnologia Social pela FBB. “Para a baixada, que carrega o estigma da violência e que está sempre vinculada a notícias ruins, é muito significativo um prêmio desse porte. Ao invés de problemas, estamos mostrando solução. Prova que, pelo contrário, há uma série de possibilidades latentes em Nova Iguaçu que se concretizam por meio das atividades integradas do Bairro-Escola”, diz a coordenadora geral do Bairro-Escola de Nova Iguaçu, Maria Antônia Goulart.
Goulart diz também se orgulhar pelo fato de o projeto servir de referência para as políticas públicas de educação. “O Bairro-Escola retoma uma discussão importante para a educação. Há muitos anos se discutia um projeto de educação integral com base nos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), instituições criadas para a experiência de escolarização em tempo integral. Acreditava-se que tal projeto era impossível de acontecer e a discussão foi deixada de lado. Por meio da potência que tem o Bairro-Escola, conseguimos trazer para a pauta nacional a questão da escola e da educação em tempo integral”, diz.
Essas experiências serão apresentadas durante o Seminário A Invenção dos Bairros Educativos, que acontecerá no dia 14/12, no Museu de Arte de São Paulo, na capital paulista.

Comento: Belo Horizonte e Nova Iguaçu são cidades governadas por prefeitos do PT, sei muito pouco sobre o de Minas Gerais, mas o Lindiberg Farias eu conheço o suficiente para desconfiar de tudo o que li na reportagem, ainda assim é uma discussão que precisa ser feito. A idéia de integrar a comunidade no cotidiano da escola pública me parece a única saída para a situação caótica em que esta se encontra. Se tudo o que foi dito na reportagem for mesmo verdade então só posso dar os parabéns para quem está promovendo essas atuações, mas ainda continuo com o pé atrás. De qualquer forma, a idéia contidas nessa reportagem precisam ser discutidas, e mais importante, precisam ser postas em prática. Eu só gostaria de saber como as pessoas envolvidas nela escapam das inevitáveis pressões políticas que cercam as escolas no Rio de Janeiro. Todos sabem que existe uma verdadeira máfia de nomeações de diretores de escola e hospitais entre os nosso políticos, o que torna difícil um tipo de política como essa, voltada para o interesse das comunidades locais e que procura trazer a comunidade para um papel protagonista na melhoria das condições das escolas em que seus filhos estudam. Enfim, eu espero sinceramente que essa reportagem não seja mais um caô de véspera de campanha eleitoral e sim a confirmação de que é possível construir uma política de valorização da Escola Pública a partir da ação das próprias comunidades em que essas escolas estão inseridos.

Assembléia de História na UFF

Ontem tivemos assembléia no curso de História da UFF. Como manda a tradição foram feitas uma na manha e uma à noite. Eram assembléias em caráter especial, pois contavam como pré-eneh, ou seja, para garantir vaga no próximo Encontro Nacional de Estudantes de História. Curioso é que mesmo assim não havia tanta gente. Isso só comprova a grande apatia que toma conta dos estudantes em sua grande maioria. Algumas pessoas com certeza só vieram por causa do eneh. Ainda assim teve uma discussão importante sobre se o CAHIS ( Centro Acadêmico de História ) deveria ou não se colocar fora da UNE
( União Nacional dos Estudantes ). No final se decidiu pelo rompimento, apesar dos integrantes do coletivo "Nós Não Vamos Pagar Nada" tentarem toda a sorte de manobras para impedir esse rompimento. A maior de todas foi na assembléia da manhã. Nós enquanto organização política defendemos o rompimento, não para fundar outra entidade, pois o nosso paradigma não é fazer movimento político a partir de superestruturas, mas por entender que a UNE já estava completamente longe de qualquer interesse dos estudantes. O Paga Nada defendia a permanência na UNE, mas apresentou uma terceira proposta, na verdade a proposta do coletivo "UFF Que Queremos", ligado ao PSTU, que era romper com a UNE e se filiar a CONLUTE. O objetivo era claramente dividir os votos dos que eram contrários e tentar passar uma posição claramente minoritária que era a deles. Infelizmente a maioria das pessoas ali não conseguem entender esse tipo de manobra, o que torna difícil a denúncia, de qualquer forma conseguiu-se aprovar o rompimento puro e simples. Na parte da noite, novas manobrar ocorreram, mas o resultado se manteve e o CAHIS, enquanto entidade, declarou-se rompido com a UNE, essa é a posição que a entidade vai levar para o ENEH. Foi uma vitória, mas isso não apaga os muitos problemas que vemos no curso e que parecem estar se agravando, pois boa parte dos integrantes da Chapa 1 não compareceu, fomos nós, o Paga Nada e a base do curso, o PSTU já parece ter largado de mão a muito tempo. Infelizmente essa desmobilização está cada vez mais presente e deve se agravar pela falta de empenho de muitos ali em politizar a gestão. São situações que temos denunciado direto e pagamos o preço por isso, um militante da Chapa 1 nos acusou de querer aparelhar o CAHIS, além de outras coisas, por sinal ele não apareceu tembém. É uma pena que as coisas estejam chegando a esse ponto, pois o projeto de gestão aberta, a partir dos GTs era muito bom e poderia ter apontado para uma perspectiva de muita luta política dentro do curso, o que se vê agora é uma apatia geral, bem refletida na incapacidade de se opor ao projeto de expansão, todo baseado no REUNI que a direção do ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ) a qual é ligado o curso de História, está implantando, totalmente na marra. Infelizmente eu acho que esse projeto vai passar, não vejo nessa geração o destemor em confrontar a direção do ICHF para impedir isso.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Propaganda pura

Extraído do site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao

Comento: Eu tenho essa entrevista em arquivo a algum tempo, mas só agora pude postá-la, infelizmente os trabalhos de final de período tem me ocupado demais.

10/12/2007 - 09h33
Estudante deve pagar por ensino superior público
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FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
A cobrança pelo ensino superior começou na China em 1997. No Brasil, a cobrança é vetada pela Constituição, que determina "gratuidade do ensino público". Boa parte da Academia defende este modelo, pois entende que é dever do poder público oferecer educação.
A cobrança de taxas faz parte das reformas que o governo chinês começou a implementar nos anos 90 para aumentar o número de estudantes no ensino superior. O país conseguiu elevar o percentual de jovens no ensino superior de 3,4% em 1991 para 26,4% quinze anos depois. No Brasil, o percentual está em 17,5%, segundo dados da Unesco (braço das Nações Unidas para a educação).
Outra mudança foi a expansão de cursos superiores de caráter mais profissionalizante, com duração entre 2 e 3 anos, que já representam quase a metade das matrículas. No Brasil, eles são menos de 1%.
A China busca melhorar também em qualidade, o que já aparece em rankings internacionais. No ranking do jornal britânico "The Times" há três universidades chinesas entre as 100 melhores do mundo. A de Pequim é a de maior destaque entre elas (36ª). A melhor brasileira é a USP (175ª).
Ma veio ao Brasil para participar de um seminário promovido pela Assembléia Legislativa de São Paulo, em parceria com professores da USP, com o objetivo de discutir políticas adotadas em outros países, para servirem de base para a proposição de possíveis novas leis. A pesquisadora concedeu a entrevista à Folha, em inglês, na semana passada.

Comento: Já se vê que logo na apresentação da reportagem se procura dar o tom da entrevista ao mostrar que a China tem universidades melhores, ou seja, eles estão no caminho certo e deveríamos imitá-los. Continua na entrevista.

FOLHA - Como a sra. analisa a atual situação do ensino superior chinês?
WAN-HUA MA - Após um forte crescimento nos últimos anos, o ensino superior tornou-se papel-chave no desenvolvimento da China, na produção de tecnologia e de capital humano. Para isso, alteramos o sistema, diversificando-o, pois não havia recursos para incluir todos os alunos em universidades de pesquisa. Estas são muito caras, precisam de laboratórios caros, por exemplo. Há também uma questão do mercado de trabalho. Não seria possível absorver todos esses alunos formados em ambiente extremamente acadêmico. O mercado de trabalho requer pessoas com diversos níveis de conhecimento. Para resolver um problema no computador, por exemplo, você não precisa de alguém com doutorado. Um técnico, formado em até três anos, estará muito bem capacitado. Também se economiza tempo e dinheiro dos estudantes [um curso de engenharia na China dura seis anos]. Para os países ricos, não faz tanta diferença você ter um doutor cuidando de problemas técnicos de um computador. Mas nós, países em desenvolvimento, não podemos seguir nessa direção, porque exige muito dinheiro. Claro que você pode ser um doutor, mas é preciso ter outras opções.

FOLHA - Como a expansão do ensino superior foi financiada?
MA - Em 1999, o governo estabeleceu que todas as universidades deveriam aumentar as vagas em 30%. Houve aumento de recursos do governo, mas insuficiente. Nosso investimento em educação é de apenas 2,7% do PIB [no Brasil, é de 4,7%]. Há uma forte pressão para que o governo aumente os recursos para o ensino superior.

FOLHA - O que a sra. acha da cobrança de taxas aos estudantes?
MA - Uma boa qualidade de ensino público beneficia o estudante. Claro que também é bom para a sociedade ter cidadãos bem formados, mas há benefícios privados para os alunos também. Eles conseguem bons empregos. Se você considerar esse benefício privado ao cidadão, ele então tem a responsabilidade de pagar pelo ensino. Na China, em geral, o estudante de universidade pública paga 20% dos custos do seu curso.

FOLHA - Foi difícil implementar esse sistema?
MA - Foi, mas fomos testando aos poucos, primeiro em um grupo pequeno de estudantes, por dois, três anos, no começo dos anos 90. Os resultados foram positivos. Os alunos passaram a estudar mais, porque viram o sacrifício que suas famílias fizeram para pagar. E os pais também ficaram contentes, porque os filhos passaram a estudar duro. Então, percebeu-se que o modelo funcionaria. Agora, todas as instituições cobram taxas. O custo ao aluno nas universidades públicas é o mesmo, 5.000 renminbi [moeda chinesa] ao ano [equivalente a R$ 1.200], que são pagos uma vez, em setembro. Parece pouco, mas os nossos salários são baixos, comparados com o de vocês do Brasil. O sistema causou um problema, porque há famílias que não podem pagar. Então foram criados programas de empréstimo, de bolsa-trabalho, entre outros. Mas o sistema ainda não é perfeito.

FOLHA - O ensino superior chinês prioriza alguma área?
MA - Estamos tentando construir universidades de classe mundial [de ponta], basicamente nas áreas científicas, como engenharia e ciência da computação. São áreas que têm grande impacto econômico.


FOLHA - Em quais pontos o Brasil pode seguir o modelo chinês?
MA - Não conheço tanto a situação brasileira. Mas, em geral, o conhecimento de outras línguas é importante, para se poder aproveitar a comunidade internacional [a China é o país que mais envia estudantes aos EUA]. Entender a língua de um outro país é um modo interessante de a pessoa entender como essa cultura funciona. Se você não sabe isso, não saberá como negociar com esse país.

FOLHA - Professores e pesquisadores na China têm total liberdade?
MA - Não vejo controle do governo. As pessoas sempre falam que não temos liberdade. Não sei o porquê disso.

Comento: Essas perguntas e as suas resposta já dão o tom de tudo. A representante do governo fala sobre as "maravilhas" de se descobrir a importância do dinheiro quando você tem que pagar a sua universidade e como esse fato é mais valorizado pelo estudante e sua família. Como alguém que teve que pagar o seu ensino médio posso dizer que é uma grande bobagem, mas o melhor mesmo é quando a representante responde que a prioridade é para as áreas que vão dar dinheiro, é o tipo de universidade que muitos querem para o Brasil,totalmente voltada para o mercado. Alguns vão dizer que esse modelo fez a China crescer, já ouvi dizer que fez com que 400 milhões de pessoas entrassem no mercado, o que não se conta o que acontece com as outras 900 milhões que vivem lá; esses com certeza é que estão pagando a conta deste crescimento, é esse o modelo que muitos querem para o Brasil. Quanto ao que foi respondido na última pergunta, acho que nem vale muito a pena comentar.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Protesto na UFF 2

Terminando o meu relato sobre o protesto que fizemos ontem no Gragoatá, durante o encontro de extensão eu posso dizer que foi muito importante para mostrar como a questão da origem de classe é importante na hora de avaliarmos a reação das pessoas a atos como o de ontem. De fato, o que foi feito no teatro onde se dava o encontro de extensão foi muito mais sério do que a nossa entrada no teatro da reitoria, no ato do dia 10 de março, no entanto, a reação das pessoas na platéia foi muito melhor. Nós vamos disponibilizar as imagens do ato o mais breve possível, mas já adianto que os aplausos mostram o quanto as pessoas lá se identificaram com a luta que estamos travando. Afinal ali estavam um grande número de bolsistas de extensão, que junto com os bolsistas de treinamento são os mais pobres da universidade. No teatro da reitoria estavam, em sua maioria pelo menos, a elite do departamento de história e alguns dos estudantes mais abonados da universidade e que provavelmente almejam fazer parte dessa elite de professores, mais do que natural que a reação tenha sido diferente. Posso dizer também que o conflito se deu na parte de fora do teatro, pois uma das organizadoras do evento e um funcionário que decidiu tomar as dores do REItor tentaram nos intimidar para que fosse retirada o nosso aparelho que estava mostrando o filme "REItor Ladrão, cadê os nossos pertences". Eu e companheira Mariana fomos fotografados por um sujeito que entregou as fotos para o próprio REItor Roberto Salles, com certeza vem retaliação por aí. Nós filmamos várias passagens do ato, falas de burocratas, a intervenção no teatro, enfim, tudo o que fez desse ato um grande protesto contra esse REItor autoritário e privatistas. A nossa intenção é em breve publicizar tudo, pois essa luta precisa se fortalecer ainda mais.

Protesto na UFF

Depois de uma semana sem postar estou aqui de volta. O fato é que todo fim de período na universidade é um problema sério; é tanto trabalho final a ser feito, na verdade acabei de interromper um para fazer essa postagem, que você fica sem tempo até para se coçar. Além disso, como se não bastassem as preocupações acadêmicas, ainda tem a luta política da qual participo aqui na UFF e que teve um novo "round" ontem. Na verdade era um seminário para bolsistas de extensão onde decidimos fazer um protesto para aproveitar a presença do REItor. Vários companheiros meus fizeram uma performace teatral onde estava sendo feito o seminário e bem na frente do reitor, uma outra companheira estava filmando tudo e eu estava tomando conta do nosso aparelho de TV e DVD que estava exibido o nosso documentário "REItor ladrão, cadê nossos pertences". Foi um ótimo protesto, mas estamos conscientes que podemos ter ultrapassado uma determinada linha de tolerância que cerca as instituições e que podemos ser jubilados por desrespeitarmos a figura institucional do REItor. Sabemos do risco que corremos, mas estamos dispostos a ele, pois entendemos que sem uma política séria de enfrentamento vai ser impossível que esse sujeito continue implantando o seu modelo de universidade excludente e totalmente voltada para os interesses do mercado. Felizmente contamos com alguns apoios fora dos membros do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI e da OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ), entre esses apoios estão o da professora Maria Lúcia do departamento de Educação, que esteve ao nosso lado o tempo todo. Infelizmente uma postagem só não vai ser capaz de esmiuçar o que foi todo o protesto. O fato é que ainda estamos na luta e não vamos parar.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Senso comum judiciário

Extraído do site: http://www.tempodeaprender.com.br Folha Online 8/12/2004 10:41:49


Justiça determina que UFPR não adote sistema de cotas


A Justiça do Paraná determinou na terça-feira que a UFPR (Universidade Federal do Paraná) não pode adotar o sistema de reserva de 20% das vagas para candidatos afrodescendentes e mais 20% para alunos de escolas públicas. A decisão foi tomada pelo juiz substituto da 7ª Vara Federal de Curitiba, Mauro Spalding. Segundo ele, a reserva de cotas afronta o princípio constitucional de isonomia e reforça práticas sociais discriminatórias.

"Atacar a causa pelo efeito há muito tem demonstrado sua ineficiência, não recomendando, portanto, o referendo do Poder Judiciário já que, assim como a violência não se resolve com violência, as segregações racial e social não se resolvem com medidas discriminatórias como aquelas previstas na norma administrativa editada pela UFPR", afirmou Spalding em sua decisão.

A liminar, em resposta a uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, é provisória. Em nota oficial, a universidade paranaense informou que vai recorrer da decisão.

O resultado da primeira fase do vestibular da UFPR foi divulgado na segunda-feira, na internet. Porém, de acordo com o Núcleo de Concursos da instituição, as cotas ainda não haviam sido consideradas.

Comento: Esse juiz esta expressando o velho senso comum sobre questões como meritocracia, ao falar numa tal de isonomia que estaria prevista na constituição. A sua comparação da questão das cotas com a violência é falaciosa, pois uma coisa nada tem a ver com a outra. O problema de muito que se colocam contra as cotas é insistir em confundi-las com ações discriminatórias, uma forma de estigmatizar quem é beneficadas por elas. Não se trata de atacar a causa pelo efeito como diz o juiz e sim oferecer uma opção de solução emergencial a um problema que não pode mais ser ignorado, justamente o que vinha acontecendo até que começou a ser implantada uma politica de cotas na universidade. Se os que são contra as cotas acham que o certo é investir no ensino básico de qualidade para garantir que todos tenham as mesmas condições de entrar no ensino superior, então que tratem de se mobilizar para isso em vez de gastar o seu tempo combatendo as politicas de ações afirmativas, que são políticas emergenciais. O fato é que se as cotas não tivessem aberto o debate sobre a quase ausência dos negros na ensino superior, esse assunto continuaria relagado a segundo, terceiro, talvez até décimo plano. Ainda continuaríamos nessa falácia de "democracia racial" que algumas pessoas insistem em sustentar. Espero que a decisão equivocada desse juiz seja revista, para o bem da discussão sobre como se fazer um ensino público de qualidade desde o básico e que seja acessível a todas as pessoas.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ensino de África na UFF

Ontem eu estive na reunião do departamento de História da UFF e foi com muita felicidade que pude ver que finalmente parece que vai sair a implantação do curso básico de História da África na universidade. Essa é uma demanda que há muito tempo está presente na UFF, mas que sempre encontrava dificuldades para ser concretizada, agora parece que os últimos obstáculo foram finalmente removidos. O principal deles era justamente a falta de professores para garantir a existência do curso; até então nós tínhamos dois professores concursados, agora uma professora que já atua na universidade pediu transferênca para essa área de África que vai ser criada o que somado ao novo concurso de professor que foi aprovado vai garantir pelo menos 4 professores de África, o suficiente para começar bem um curso. É claro que essa vitória teve que vir com um certo esforço, pois havia a sugestão de cancelar o novo concurso de África devido ao fato de uma professora ter pedido tranferênca para essa área; a alegação absurdo é que isso ja resolvia o problema e que o básico de África podia ser feito com três professores. Felizmente a bancada estudantil sustentou bem uma posição contrária a essa tese absurda e com o apoio de outros professores conseguiu manter o concurso de África que já estava aprovado, além de aprovar a transferência pedida pela outra professora. Da minha parte eu fico muito feliz com o resultado de ontem; como eu disse na minha fala, já passou da hora da UFF ter um curso básico de História da África no seu currículo de história, tudo indica que felizmente essa lacuna vai ser preenchida a partir do ano que vem.