quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Ano novo no acampamento

Ao contrário do que eu pensava está sendo possível fazer uma nova postagem antes do fim do ano. Tal como no ano anterior eu vou ficar aqui no acampamento junto com vários dos meus colegas. A nossa luta política pela construçào da moradia entra numa etapa complicada, pois as aulas só começam em março. A falta de atividade na universidade é mais um componente que torna a nossa permanência aqui nada fácil. No entanto, vamos continuar a luta pois acreditamos nela.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Grandes novidades

O ano está terminando e eu tenho grandes novidades à apresentar: finalmente consegui comprar o meu próprio computador. Trata-se de uma aquisição que certamente vai me benficiar muito nos esturdos, pois era sempre um grande problema para mim não poder fazer nenhum trabalho de faculdade aqui em casa. Eu só demorei a postar alguma coisa porque tive muitas dificuldades de acessar a internet. De qualquer forma, agora as coisas vão ficar mais fáceis. Eu consegui terminar todos os trabalhos do semestre e ainda posso ter conseguido eliminar duas disciplinas, o que seria um grande adianto para o meu objetivo de terminar a universidade em 5 anos. Por enquanto é só, caso eu não possa mais postar outro texto esse ano, um feliz 2008 a qualquer um que tenha visualizado esse blog.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Eleições no CAHIS 2

Depois de seis dias de votação conseguiu-se finalmente o quórum para a eleição do Centro Acadêmico de História (CAHIS), as duas chapas que concorreram agora vão tocar a gestão e, é o que esperamos contará com o apoio das outras pessoas do curso. É verdade que o fato de ter sido necessário três dias a mais de votação para se atingir o quórum deixa sérias dúvidas se isso vai acontecer. Durante os debates de campanha nós da chapa 2, eu e o Rodolfo estivemos na mesa dos dois debates, deixamos claro que sem a participação efetiva dos estudantes, e não apenas dos que compuseram as duas chapas, toda a ótima experiência que se teve no último ano com a gestão aberta vai acabar se perdendo. Infelizmente, algumas pessoas insistem em achar que o nosso objetivo era apenas marcar uma posição política, alguns chegam mesmo a dizer que estamos reproduzindo aquilo que tanto criticamos nas CETs (correntes estudantis tradicionais) que é a tentativa de aparelhar o CA para os nossos próprios fins políticos. É claro que isso não tem o menor cabimento. O nosso objetivo principal ao organizar a chapa era suscitar o debate franco dentro do curso da experiência com a gestão aberta, apontar os seus muitos méritos e acertos, mas sem deixar de mostrar que sem a maior participação dos estudantes essa experiência muito rica vai se perder. A posse da nova gestão vai ser hoje

Acabou finalmente

Ontem eu finalmente terminei o semestre aqui na UFF. O seminário que eu e meu grupo apresentamos era o último trabalho que me restava. Sem dúvida que estou aliviado, pois houve momentos em que achei que não ia conseguir entregar os trabalhos. Hoje eu vejo que a culpa era quase toda minha; independente de todos os compromissos que eu tive, da minha situação como morador do acampamento, o que me impõe tarefas que às vezes me deixam sem tempo, sem falar dos meus compromissos com a OELI, ainda assim, eu sei que poderia ter levados as coisas em melhores termos se tivesse planejado melhor os meus estudos. De qualquer forma, eu creio que vou terminar bem o semestre e conseguir avançar em meu intento de ficar apenas 5 anos na universidade. O trabalho feito ontem foi especialmente interessante porque era sobre o acampamento, eu e meus dois colegas de grupo ficamos bem estusiasmados com o resultado e agora é só esperar pela nota. Da minha parte, acho que vai ser muito bom para nós do acampamento, já combinamos de usar as cópias das gravações e a transcrições das entrevistas, bem como o trabalho em si, para os nossos grupos de estudos no acampamento. Com certeza vai ser uma experiência bem interessante para nós.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Semestre quase concluído

Hoje eu terminei o último trabalho do ano na universidade. Confesso que em alguns momentos eu pensei seriamente que as coisas iam ficar feias para o meu lado nesse período. É verdade que eu ainda não recebi nenhuma nota, mas creio que vou manter a minha meta de não ser reprovado em qualquer matéria. Só não sei se vou manter o meu CR, aumentar então nem se fala. De qualquer forma eu ainda preciso adiantar as coisas no próximo período se quiser cumprir a minha meta de ficar apenas 5 anos na UFF. Eu também preciso pensar no próximo período, já estou bem na época de escolher um projeto de monografia e estou na dúvida se invisto mais na educação e deixo a história um pouco de lado. É verdade que eu estou um pouco entusiasmado com a área da educação, mas não sei se vai ser o suficiente para entrar de cabeça nisso. Entretanto, a experiência que eu tive no Colégio Universitário da UFF me deixou com vontade de investir mais nessa área. Com certeza 2008 será um ano em que eu terei que decidir a minha vida acadêmica de vez.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Reflexões de sábado

Estou aproveitando que a biblioteca da UFF está abrindo aos sábados para colocar essa postagem. Esse tem sido um ano bem agitado para mim na UFF. Minha participação na vida política da universidade tem sido intensa, bem mais do que eu esperaria quando aqui entrei. É fato que a minha visão de mundo mudou muito desde que estou na universidade, todo acesso ao conhecimento que tive me fez rever uma série de conceitos antigos. A vida no acampamento, por sua vez me enriqueceu de um modo que não poderia ter acontecido se eu tivesse uma vida universitária de garoto de classe média. O fato de ter aprendido a cozinhar, por si só, é uma experiência que vou levar para toda a minha vida. Da mesma forma que a vida no acampamento me fez refletir também sobre vários conceitos que eu tinha a respeito do papel das pessoas na sociedade, ou mesmo numa relação à dois. Hoje me sinto bem mais apto a lidar com essas situações do que antes de ter entrado na UFF. São lições que eu vou levar para sempre comigo. Isso sem falar em todas as discussões que eu participei no acampamente e que me permitiram um cabedal teórico que somente os livros não poderiam me dar, pois foram essas discussões que me permitiram ter o interesse e as ferramentas necessárias para buscar na leitura o complemento do que se chama de currículo oculto, algo que o acampamento me permitiu ter e que tem sido de grande ajuda na minha vida acadêmica. Enfim, são grandes experiências que eu vou levar comigo depois que o acampamento acabar e que vão me ser úteis pela vida afora.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Semana apertada

Na verdade eu só estou postando hoje para não deixar a semana passar em branco, estou vivendo o meu período mais difícil de estudo, não está nada fácil levar as matérias e manter os meus compromissos no acampamento e com a OELI. Não pude nem mesmo me dedicar melhor a eleição do CA de história, de qualquer forma aqui estou eu, encaixando essa postagem entre um trabalho final e outro que tenho de fazer, pois a última coisa que desejo na vida é reprovar alguma matéria; nos cinco períodos anteriores consegui eliminar todas as disciplina e quero continuar assim. Acho que vou conseguir, mas nunca foi tão difícil. De qualquer forma eu continuo com o meu objetivo de terminar a universidade em cinco anos, isso porque eu quero deixar um semestre inteiro para a monografia. Apesar do meu tempo contado eu vou dar aqui algumas notícias da UFF. Para quem não sabe, o REUNI foi aprovado hoje, num Conselho Universitário (CUV) que foi feito no tribunal de justiça de Niterói e onde os conselheiros que eram voto certo contra foram proibidos de entrar. É claro que o caso vai para a justiça, como aconteceu no Pará e no Maranhão. Esse reitor é mesmo um autoritário de marca maior. De qualquer forma vamos continuar lutando contra a sua política ainda mais elitizadora da universidade.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Política deliberada

Como integrante da OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes) e morador do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI, eu e meus companheiros e companheiras de luta temos notado e combatido as práticas da atual administração da UFF. A gestão do reitor Roberto Salles tem sido marcada por uma série de medidas que confirmam o seu caráter elitista e o perfil que pretende para a universidade. Durante a semana acadêmica, cuja principal função é integrar a universidade e promover a sua inserção junto à comunidade, o que se viu foram uma série de medidas que visavam cercear a presença de pessoas "indesejáveis", ainda que fossem da universidade, mas que não estavam dentro do figurino "ideal" que a atual gestão persegue. O autoritarismo da atual gestão e sua política de boicote à luta promovida pelo acampamento vem se refletindo em diversas medidas, pequenos entraves contra os seus moradores e pessoas ligadas a nossa luta. Um colega nosso, estudante da UFF, com um perfil que até se ajusta ao modelo elitista que muitos defendem para a nossa universidade, jovem, branco e de classe média, chegou a ser ameaçado em sua integridade física por um segurança durante a semana acadêmica, ele e dois moradores do acampamento. Eu fui impedido de entrar num dos blocos onde estava acontecendo a semana acadêmica, mesmo tendo me indentificado como estudante da universidade. Atitudes como essa têm se tornado cada vez mais frequentes e fazem parte dessa política elitizante da atual reitoria. A idéia não é apenas elitizar a universidade, mas dar combate a todos que se opõem a essa política. Ontem eu tomei conhecimento de mais um ato da reitoria no sentido de dar um caráter ainda mais elitista a universidade: O colégio universitário (CONLUNI)recém-criado não vai mais oferecer refeições aos seus alunos no ano que vem, e está sendo cobrado uma taxa de R$ 40,oo para quem quiser inscrever os filhos em busca de vaga no CONLUNI. Antes de se tornar parte da estrutura da UFF , aquele era um colégio estadual, na verdade, é um brizolão que fica quase do lado do campus do Gragoatá. O perfil dos estudantes era de classe pobre, mas com as novas medidas está claro que a idéia da atual reitoria é dar-lhe um perfil de classe média atravé de medidas claramente excludentes, ou seja, a idéia da atual reitoria é sutilmente expulsar a maior quantidade possível de estudantes pobres e negros para consolidar o seu projeto de elitização. É por atitudes como essa que não se pode dar trégua a essa reitoria.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Eleições no CAHIS

Eu atualmente estou fazendo parte de uma chapa que está disputando a eleição do CAHIS - UFF (Centro Acadêmico de História - UFF), participei á pouco do segundo e último debate entre as chapas. Foi um debate civilizado, onde cada um apresentou as suas posições. Apesar de alguns momentos mais acalourados, foi um debate que se deu sem baixarias, mas com a marcação firme de posições que achamos importante enquanto OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes). Atualmente o curso de história vem de uma recuperação da gestão desastros do "Camarão" (PSTU e PSOL), que abandonou o CA por conta de suas injunções políticas. Entendemos que, apesar dos avanços da última gestão, era necessário lançar uma segunda chapa para pautar um debate que se faz necessário no curso e que não teria sido possível com a chapa única que estava sendo proposta por alguns. Creio que a próxima gestão, independente dos resultados eleitorais, tem plenas condições de significar um avanço à uma grande mobilização do curso, tanto em relação à luta pela universidade, como por pautar uma sociedade melhor.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Assembléia dos estudantes da UFF

Era para eu ter postado essa mensagem ontem. Na noite de quarta-feira aconteceu a Assembléia dos estudantes da UFF. Foi uma assembléia esvaziada, ocorrida no bandejão da universidade, um lugar normalmente dispersivo e com pautas que interessavam ao grupo majoritário do DCE. Nós da OELI tratamos de colocar a nossa posição a respeito dos temas tratados, além de insistir num balanço das atividades do ano, que infelizmente foi negado. A verdade é que estavam apenas o que chamamos de vanguarda do movimento estudantil e nós acabamos perdendo para uma quase sempre mantida aliança entre P-SOL e PSTU. Essa aliança só não foi mais firme no final, quando foi votada uma proposta nossa de um mote FORA SALLES e O CUV NÃO NOS REPRESENTA, como forma de forjar uma forte mobilização dos estudantes contra a votação do projeto do REUNI no CUV (Conselho Universitário) do dia 12. Entendemos que sem enfraquecer políticamente o reitor não vamos conseguir impedir que ele imponha o REUNI aqui na UFF. Infelizmente o coletivo estudantil "Nós Não Vamos Paga Nada" continua com a sua política recuada que o levou a sofrer inúmeras derrotas nas instâncias burocráticas da UFF, naquele dia mesmo eles tentataram novamente emplacar a sua política no CUV e tomaram uma trolha na hora da votação (35 a 17). Na hora de votar a nossa proposta esse mesmo coletivo acabou fazendo um acordo com o "UFF que queremos" (PSTU), que simpatizava com a nossa proposta e além de jogar a decisão para um Encontro Unitário (SINTUFF, ADUFF e DCE), ainda mudou o mote para NÃO AO REUNI E FORA SALLES. Esse encontro foi marcado para elaborar um pretenso projeto autônomo para a UFF, bem como estratégias para a votação do REUNI. Isso tudo depois de terem passado o rôdo no Congresso Estudantil, aprovado pelo Conselho de DAs. É claro que a OELI vai estar nesse encontro, marcado para o próximo dia 5, teremos que colocar as nossas propostas e ir para o debate, denunciando a política recuada do "Paga Nada" e que, em nossa opinião, vai colocar a perder a luta contra o REUNI aqui na UFF.

Universidade não é condomínio fechado

Essa tem sido a semana acadêmica da UFF, em tese significa que a universidade estaria aberta a diversos contatos entre suas diversas áreas e a própria sociedade em geral, pois também está sendo realizada a Semana de Extensão. Infelizmente, entretanto, não é isso o que está acontecendo na prática. Eu que faço parte do Acampamento Maria Júlia Braga: O quilombo do século XXI, temos notado com uma frequencia cada vez mais constante os atos de repressão que estão sendo feitos a todos os grupos que não aceitam que a UFF se transforme num condomínio fechado, onde quem não é da universidade se sinta constrangido a pedir licença para entrar aos guardas da portaria, como relatou uma vez um dos meus colegas de bolsa de extensão, na época em que ainda não fazia parte da UFF. Nos últimos dias nós do acampamento temos notado uma série de ações que visam constanger os seus moradores, desde impedir o uso do banheiro do bloco N, passando por uma ação de constrangimento contra uma das moradoras por parte de um dos guardas, mas foi ontem que ocorreu um fato mais grave: dois dos nossos companheiros de luta, um deles morador do acampamento e o outro que é solidário com a luta, chegaram a ser ameaçados de violência física por quatro pessoas que estariam fazendo a "segurança" da Semanda de Extensão, um deles, não satisfeito, ameaçou outro de nossos moradores com a expressão "vou te quebrar"; quem conhece esse tipo de expressão sabe que se trata de uma ameaça de morte. Como não estamos dispostos a aceitar nenhum tipo de intimidação, tratamos de fazer queixa contra tais atitudes, até porque, dos quatros tipos, pelo menos três não pareciam ter qualquer vinculação com a universidade. Uma das coordenadoras do evento tentou alegar que a nossa foi a primeira queixa a respeito desse tipo de problema, como se as próprias estátisticas oficiais não deixassem dúvidas de que em casos como esse, na maioria das vezes, as pessoas preferem ficar caladas. Nós, no entanto, não ficaremos calados, pois está em curso um claro processo de privatização do espaço público dentro da universidade, enquanto pudermos, nós da OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta), bem como todos os que integram o acampamento, vamos lutar contra isso.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Discussão de textos no acampamento

Ontem foi um dia bem interessante no Acampamento Maria Júlia Braga: O quilombo do século XXI. Iniciamos um grupo de discussão com textos nossos e alguns que achamos interessante trabalhar. De início discutimos um texto que eu fiz e que abordava a questão da universidade e os diversos interesses existentes dentro dela. Foi uma discussão bem proveitosa, pois me permitiu entender o quanto eu preciso aprender a respeito da Universidade, de sua história e das razões que motivaram a sua criação. Embora já tivéssimos tido diversors grupos de discussção no acampamento, ontem foi a primeira vez que discutimos um texto que é fruto de nossa própria experiência, de nossas próprias refexões, foi um momento muito rico e que pretendemos repetir mais vezes. O segundo texto que discutimos foi de um professor da UFF, Ciro Flamarion Cardoso, e falava sobre as categorias do discurso político e nos permitiu uma boa discussão sobre os truques que envolvem as disputas políticas dentro do modelo atual. Foram discussões muito boas e que serão seguidas de outras. Essa atividade faz parte do processo de formação política da OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes), mas estava aberta a todos os que quisessem participar dela. É também mais uma atividade em que se procura integrar o acampamento á luta política do dia-a-dia, através de uma melhor formação teórica de seus ocupantes, sejam eles da OELI ou não.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Semanda complicada

Eu estou colocando essa postagem na manhã de segunda sem saber se vou conseguir fazer outra durante o resto da semana. Vão ser dias de muita pauleira para mim, além de fazer o esforço concentrado para adiantar os meus trabalhos finais, ainda vou ter que participar de uma série de atividades com a OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes), estamos num trabalho sério de construção de uma organização política dentro da universidade e isso só vai ser possível com um trabalho de formação teórica. É claro que a formação teórica tem que ser acompanhada da prática política, mas nisso eu acho que nós estamos indo bem; ao longo do ano nós atuamos na ocupação de reitoria mais longa feita esse ano (seis meses), fizemos e participamos de diversos atos políticos dentro da UFF e reafirmamos a luta pela construção da moradia universitária e pela assistência estudantil em geral. É claro que vou ter dificuldades de conciliar tudo isso com a minha atividade acadêmica, mas vou ter que dar um jeito. Falando nisso, eu estou cada vez mais convencido de que a área de educação é para onde eu devo conduzir o meu futuro acadêmico aqui na UFF, tenho lido textos que me fazem ter um interesse cada vez maior nessa área. No entanto, eu ainda pretendo continuar no curso de História, mas é cada vez mais claro para mim que os estudos da educação no Brasil é o que me atrai.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Dilemas de final de período

O meu sexto período do curso de história está terminando, e eu estou preocupado. Até hoje eu tenho levado a universidade com relativa tranquilidade, passei em todas as matérias, tenho um bom CR e boa quantidade de CAs (créditos acumulados). No entanto, este tem sido um semestre em que tenho encontrado muita dificuldade com os estudos. É verdade que foi um semestre pauleira, com as minhas atividades políticas com a OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta) e os problemas de atrazo da minha bolsa de extensão e as dificuldades do acampamento. Na próxima semana vou ter que fazer um esforço concentrado para terminar uma série de trabalhos para as disciplinas que estou cursando e garantir assim, mais um semestre vitorioso em meu objetivo de completar a universidade em no máximo cinco anos. A verdade é que agora atingi a metade do curso, eu me vejo tendo que fazer escolhar que vão definir a minha vida na UFF. Sinto-me confuso com as possibilidades que me são apresentadas. Aqui na UFF nós que fazemos história temos dois tipos de escolha na hora de construir a nossa grade de estudos: um eixo cronológico, o meu preferido é o de Moderna, e o eixo temático, o meu preferido é o de cultura e mentalidades. Entretanto, eu vejo que os dois eixos que quero são meio complicados de fazer aqui na UFF; além disso eu me vejo cada vez mais interessado em questões que dizer respeito a educação; não que eu queira mudar de curso e fazer pedagogia, mas eu já penso em fazer o mestrado nessa área. Como se tudo isso não bastasse eu descobri hoje que é possível um estudante de história fazer a sua monografia na educação. É realmente complicado, é claro que antes de pensar em monografia e mestrado eu tenho que passar pelas disciplinas que estou fazendo nesse período, o que também não está nada fácil. Fico imaginando quantos estudantes não passam pelos mesmos problemas, só espero que eu consiga resolver os meus.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Bourdieu e a educação

A primeira vez que eu li Bourdieu foi uma tortura, realmente eu achei a leitura muito chata. Entretanto, Bourdieu é uma leitura praticamente obrigatória quando você lida com questões como a educação. Seja por conta das obrigações da minha bolsa de extensão, seja pelas leitura exigidas nas minhas disciplinas pedagógicas do curso de história, eu tive que ler os textos do sociológo francês em vários momentos. Com o tempo, por sua vez, a leitura de Bourdieu foi se tornando mais interessante e eu pude aproveitar muito do que estava escrito em seus textos para a minha formação pessoal. Isso não significa que a leitura de Bourdieu havia se tornado fácil, nada disso, simplesmente eu consegui exercitar a minha capacidade de superar as dificuldades com o texto do autor francês. Leitura é, antes de tudo, um exercício, que vai se aperfeiçoando a medida em que você vai praticando. Se o texto de um autor é difícil você pode tentar um autor que trate de um assunto similar como maior simplicidade ou insistir com a leitura até ter compreendido melhor o texto. Um professor meu, falando justamente de Bourdieu, disse que a melhor maneira de se iniciar no autor francês era pela leitura de um livros seu chamado "As coisas ditas", trata-se de uma coletânea de palestras de Bourdieu, onde os assuntos que ele aborda com profundidade em seus livros podem ser vistos a partir de uma leitura mais simplificada. Eu não tive essa chance, tive que "pegar o touro pelo chifre mesmo", no entanto, me considero hoje um grande adimirador de Bourdieu e de suas visões a respeito da educação.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O acampamento e as chuvas

Eu nunca gostei de chuva em minha vida, mas desde que vim morar no acampamento essa irritação que sempre me acompanhou quando chovia só fez aumentar. O problema é que a falta de uma infra-estrutura melhor sempre fez com que as chuvas se tornassem um transtorno para nós acampados. Atualmente estamos enfrentando mais um período difícil por conta de novas chuvas, mas estamos resistindo. A nossa luta política, simbolizada no Acampamento Maria Júlia Braga, vai continuar, apesar de todos esses transtornos. É claro que às vezes dá uma vontade de largar tudo, mas ela é logo superada pela união que se estabeleceu no acampamento. Nós estamos conscientes da importância da luta que abraçamos e vamos até o fim com ela. Aliás, no último fim de semana eu terminei de ler um livro do Manoel Bomfim, "O Brasil Nação", que recomendo a todos. Esse autor, de quem já havia falado numa postagem anterior foi de grande ajuda para enfrentar os problemas decorrentes das novas chuvas. O que posso dizer do texto de Manoel Bomfim, e faço questão de ressaltas a injustiça do seu esquecimento, é que me fez refletir muito sobre uma série de questões em minha vida. Em verdade, o capítulo final do livro parece ter sido escrito por ele para dar força a um bando de "malucos" que escolheram se estrepar, assim mesmo, sem aspas, em nome de uma luta política. Após ler os seus livros, "A América Latina: males de origem", "O Brasil na América" e "O Brasil Nação", ainda não li "O Brasil na História", mas pretendo, com certeza vou tratar de falar mais sobre Manoel Bomfim neste blog e em outros espaços, dando assim, a minha modesta contribuição para tirá-lo do esquecimento em que ele jamais deveria ter caído.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Reflexões sobre o último Conselho Universitário

Na último Conselho Universitário (CUV) da UFF, ocorreu o que a corrente política que milita no movimento estudantil da UFF, e da qual faço parte, a OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes) havia já configurado em suas reflexões conjuntas: aqueles que acreditavam ser possível conseguir através da institucionalidade os seus objetivos políticos, nesse caso específico, encaminhar uma boa solução para a luta contra o REUNI na universidade, acabaram vítimas de um novo golpe da reitoria. Em verdade, nem dá para considerar como golpe o que foi uma manobra onde se usou os meios institucionais previstos nas regras do CUV. O grande problema da corrente "Nós não vamos pagar nada", como sempre, foi acreditar basicamente na via institucional para lidar com questões como a luta contra o REUNI. Infelizmente ainda prevalece no movimento estudantil tradicional a tese de que a mobilização da massas universitária deve sempre ser mantida sob o controle das lideranças; que radicalização é sinônimo de irracionalidade nos atos políticos. A grande verdade, e a OELI já vem dizendo isso há um bom tempo, é que, em se tratando da atual reitoria da UFF, a duas opções possíveis são o confronto aberto ou a rendição. Na verdade, no que se refere a questão do REUNI a nível federal, essas são as únicas opções que restam; isto está presente até mesmo em alguns discursos, tanto a favor como contra o REUNI. Na avaliação da OELI, a única forma de impedir que o REUNI seja implantado na UFF é partir para o enfrentamento com a reitoria, mas isso só vai ser possível através de uma forte mobilização dos segmentos contra o projeto do governo Lula para as universidades públicas. Essa mobilização, no entanto, ainda mais agora, em pleno final de ano, só vai ser possível com um mote que realmente leve os segmentos contra o REUNI, principalmente os estudantes, a se mobilizar de verdade, por isso mesmo que nós da OELI estamos lançando o mote "Fora Salles" . Acreditamos que só assim, imprensando a reitoria contra a parede, só tendo a coragem de "encostar a faca no pescoço do Reitor" nós poderemos enfraquecer a reitoria o suficiente para impedir o REUNI de ser implantado na UFF, caso não tenhamos a coragem de radicalizar essa luta, indo para o enfrentamento de verdade, o REUNI vai passar na UFF.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Reflexões sobre o bandejão da UFF

Logo que eu entrei aqui na UFF, o bandejão tornou-se uma peça fundamental para a minha permanência na universidade. Embora eu ainda não tivesse sido agraciado com a bolsa-alimentação, o fato de pagar apenas R$ 0,70 (setenta centavos) em cada ticket já era uma extraordinária economia para mim. De início eu via o Bandejão como uma forma de assistência estudantil, mas eu logo me dei conta que ele vai muito além disso aqui na UFF. É preciso ter em mente que o Bandejão atende a toda a comunidade universitária, não apenas aos estudantes mais pobres. Em 2005, a reitoria da universidade tentou aumentar o preço para mais de R$ 2,00 (dois reais), parece pouco eu sei, mas numa universidade que já não tinha moradia a atitude da reitoria revelava bem que, tanto naquela época como hoje, ainda não há uma visão de como políticas como o Bandejão com um preço apenas simbólico é importante para a universidade. Eu não estou me referindo apenas a questão da assistência estudantil, mas também a um fato que comecei a reparar quando ouvia um dos argumentos mais usados pela reitoria, e aqueles que a apoiava, para justificar o aumento do Bandejão, o outro era a melhoria da qualidade da comida, de que seria um absurdo que algumas pessoas viessem comer no Bandejão dirigindo um Audi, ou seja, tentava-se o argumento falacioso de dizer que o Bandejão deveria ser um programa de assistência estudantil para os estudantes mais pobres da universidade e um restaurante comum para os que podiam pagar. Hoje estou convencido que esse argumento era muito ruim e que é muito bom mesmo que estudantes "venham de Audi" comer no Bandejão, é muito bom essa mistura de estudantes de diversas origens sócio-econômicas e culturais, proporcionadas pela Bandejão. Considero muito bom que pessoas de origens tão diferentes compartilhem juntas aquele espaço, mesmo que cada grupo específico fique cada um no seu canto, ainda assim, a simples possibilidade de pessoas com origens tão diferentes possam conviver num mesmo espaço, em pé de igualdade, já é fator de impacto que merece ser incentivado. Hoje em dia, defendo mesmo que aja uma rubrica específica no orçamento da universidade para o Bandejão e que o mesmo seja de graça para todos, não como uma forma de assistência estudantil, mas como mais uma maneira da garantir um espaço de convivência, e possível integração, entre diferentes grupos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Análises a respeito do fechamento da reitoria

Eu fiquei na reitoria da sexta-feira à noite até o final da tarde da quarta-feira seguinte, quando a ocupação da reitoria da UFF chegou ao seu final, depois de seis meses. A nossa decisão de fechar a reitoria na terça-feira foi classificada por um dos professores como absurda, um erro terrível. Nós da OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta) temos uma conclusão bem diferente, de fato, se não tivessimos promovido o nosso ato no dia do Conselho Universitário (CUV), eu vejo três situações que poderiam ter se dado: 1- a avaliação das CETs (Correntes Estudantis Tradicionais), bem como de seus aliados da ADUFF e do SINTUFF, estavam certos e o REUNI seria rejeitado no CUV. Com isso todos esses grupos sairiam da reitoria cantando vitórias e iriam felizes e contentes para Brasília, nos deixando esquecidos no hall da reitoria, o mesmo acontecendo com a luta pela moradia. 2 - a avaliação desses grupos estaria errada e o REUNI passaria, aí uma radicalização seria complicada, pois eles teriam aceitado as regras do jogo ao terem disputado o projeto no CUV. 3 - o reitor, pressentindo a derrota, poderia ter arranjado outro motivo para cancelar o CUV, aí uma radicalização seria inevitável, ou então seria a desmoralização do movimento estudantil da UFF. De qualquer forma nós estaríamos secundarizados no processo, no máximo poderíamos fazer número numa possível ocupação organizada pelas CETs, que iria tratar de ignorar o fato de que uma ocupação já estava ocorrendo há pelo menos seis meses. Ao fazer-mos o nosso ato radicalizado nós colocamos a pauta da moradia no mesmos patamar da luta contra o REUNI, rompemdo assim com a lógica do movimento estudantil, que insiste em secundarizar a luta pela moradia e pela assistência estudantil de modo geral. Infelizmente o movimento estudantil da UFF ainda vê a luta pela moradia como um objetivo micro-estrutural, portanto, de muito menor importância do que a luta contra o REUNI, na avaliação deles, um objetivo macro-estrutural, portanto, teria que ter prioridade sobre a luta pela moradia. Nós da OELI lutamos contra essa lógica hegemonista, somos contra o REUNI também e sempre estamos juntando forças contra essa tentativa de mudar a natureza essencial da Universidade Pública, que é a indissossiabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, no entanto, entendemos que as lutas que dizem respeito a estrutura interna da universidade não podem ser secundarizadas em função do REUNI ou de qualquer outra luta macro-estrutural. Ao contrário do que eu ouvi pessoalmente de um militante do coletivo estudantil "Nós Não Vamos Pagar Nada", a moradia é tão importante quanto a luta contra o REUNI, uma luta não pode secundarizar a outra.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A audiência pública na UFF

Ontem foi feita uma audiência pública na UFF para tratar de duas questões específicas: o encaminhamento que a universidade vai dar ao projeto do REUNI e a questão da assistência estudantil na UFF, com ênfase na construção da moradia universitária. Entretanto, o que se viu foi a decisão de se priorizar a discussão do REUNI, além de se fazerem duras críticas aos atos do atual reitor. Da minha parte, eu vi apenas dois discursos, um do Josemar, meu colega de OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta) e de acampamento, e outro de uma professora do departamento de educação da universidade, Maria Lúcia, que fez questão, inclusive, de ir com uma crachá do acampamento, como forma de demonstrar a solidariedade com a luta que o mesmo representa. Fora isso o que se viu em matéria de discussão sobre assistência estudantil e moradia foi o discurso da reitoria querendo reduzir tudo a mero assistêncialismo, como se uma simples oferta de bolsas de assistência para que alguns dos acampados, isso porque nem todos os membros do acampamento são da universidade, pudessem pagar um pensão. A visão da reitoria do acampamento como um monte de pobres coitados que não tem para onde ir é a típica visão de quem não quer resolver o problema de fato, mas apenas escondê-lo, assim não "ofende" os "sensíveis" integrantes da comunidade universitária com a visão dos acampados. No entanto, reafirmo aqui o que o Josemar falou naquela audiência, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, escrevo assim, com bastante ênfase nas letras iniciais maiúsculas não é atoa; pois esse acampamento, é um foco de resistência sim, resistência contra a insensibilidade de uma universidade que aprovou a construção da moradia em 2003 e até hoje não tirou essa resolução do papel, resistência contra quem acha que a universidade não é lugar de pobre, e tem muita gente assim dentro da UFF, resitência contra o discurso que tenta desvalorizar a luta da moradia, dizendo que não é uma questão estrutural e o que a prioridade deve ser barrar o REUNI, resistência efim, aos que insistem em secundarizar a questão da assistência estudantil na universidade. Por isso eu posso dizer que nós do acampamento não vamos aceitar nenhuma oferta de bolsa em troca do fim dessa luta, não estamos acampados apenas por uma questão de necessidade econômica, estamos lá também por uma luta política, só sairemos de lá, ou expulsos pela polícia, ou quando o problema da moradia tiver sido definitivamente resolvido.

sábado, 27 de outubro de 2007

O governador e o aborto

Na semana passada o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, defendeu a legalização do aborto usando como argumento a diferença no índice de natalidade nos bairros de classe média e alto do Rio em relação às favelas e periferias; chegou a usar termos como "fábricas de marginais" ao se referir ao fato de que mulheres das áreas mais pobres têm uma quantidade de filhos muito maior do que as mulheres das áreas mais ricas. O que ele parece demonstrar com essa declaração é a típica mentalidade de que controlando a natalidade dos mais pobres será resolvido o problema da criminalidade. Um famoso jornalista, Reinaldo Azevedo, cujo posicionamento sobre assuntos como esse é bem conhecido, pois ele mesmo não o esconde, declarou uma vez em seu blog que "existem mais bandidos pobres porque existem mais pobres". Nenhum reparo na afirmação, mas a simples idéia de que essa situação possa ser resolvida a partir do quantitativo numérico é uma tentativa de reduzir o problema a um simplismo absurdo. Achar que é possível diminuir a criminalidade a partir da diminuição da natalidade dos pobres com uma política de legalização do aborto, como sugeriu o governador, é não entender todas as implicações que estão envolvidas na questão da criminalidade. Da minha parte, eu não tenho dúvida de que uma política de planejamento familiar nas áreas mais pobres é o melhor caminho para termos famílias com melhores condições de proporcionar um futuro melhor aos seus filhos, mas não é nada disso que o governador propôs na semana passada. Hoje, na versão on-line do jornal O Globo, ele deu uma amaciada no discurso, veja o trecho abaixo em azul

- Após defender o aborto como forma de reduzir a violência no país , o governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que o caminho é a prevenção da gravidez com campanhas de educação e políticas de controle da natalidade. Ele disse que é pessoalmente contra a prática, mas voltou a defender o aborto. Para Cabral, o papel do Estado precisa mudar.

- É evidente que o serviço público de saúde do Brasil tem que oferecer essa opção à cidadã brasileira. Isso é um erro, uma covardia que a sociedade brasileira não discuta a sério esse tema, o da interrupção da gravidez indesejada - disse. E completou: - Eu não sou favorável ao aborto. Ninguém é favorável ao aborto. Nós temos que ser favorável ao direito da mulher, se ela optar por isso, interromper a gravidez.

Cabral levantou a polêmica sobre o aborto ao relacionar a legalização do aborto a uma forma de reduzir a violência, citando estudo americano da década de 70. Ele disse que o índice de natalidade nos bairros de classe média e alta do Rio possuem padrão "europeu", enquanto as periferias e favelas possuem níveis "africanos". ( O Globo - 27/10/2007 )

Agora ele coloca a questão dentro de uma política de saúde pública, quanto a sua declaração a respeito da diferença entre os índices de natalidade nas diferentes áreas do Rio de Janeiro, ele deveria primeiro tentar entender o porquê dessa diferença e quais as melhores maneiras de resolver o problema, em vez de sugerir o aborto como solução, coisa que óbviamente não é.

Fechando a reitoria da UFF 4

Após sabermos da ordem judicial contra a ocupação da reitoria a o acampamento do Gragoatá uma nova plenária foi feita naquela mesma noite. Por parte da maioria dos grupos políticos que compunham o movimento estudantil da UFF já parecia haver um consenso de que não seria possível manter a ocupação da reitoria, tal como na ocupação da USP esses grupos, ligados a partidos como o PSOL e o PSTU, tinham uma política muito recuada em relação a movimentos de ocupação, a idéia deles é se manter pouco tempo, conseguir alguns ganhos e sair fora. A ocupação da USP se manteve por mais tempo porque esses grupos eram minoritários nelas. Da nossa parte, havia por parte da OELI e de muitos estudantes não ligados a nenhum grupo o desejo de manter o confronto e só sair da reitoria expulso pela polícia, no entanto nós estávamos em minoria diante das Correntes Estudantis Tradicionais (CETs). cientes disso, nos preparamos para negociar uma saída em que pudéssimos ganhar o máximo, ou seja, já que era a tese das CETs que iria prevalecer, tínhamos que garantir que a pauta da moradia, pelo qual nós da OELI e simpatizantes fechamos a reitoria, também entrasse nesses ganhos, foi exatamente o que fizemos. É claro que entre os que nos apoiaram haviam aqueles que ficaram decepcionados por esse acordo, mas era preciso ser realista diante de uma situação em que estávamos em minoria dentro daquele movimento, a maioria das pessoas ali não estava disposta a bancar uma ocupação que podia acabar em confronto com a polícia. No dia seguinte, de manhã, fizemos uma nova plenária para delimitar os nossos objetivos e a fala de uma estudante que se declarou não ligada a nenhum grupo político, embora já tivesse sido uma militante destacada do "Nós não vamos pagar nada", o grupo político hegemômico no movimento estudantil da UFF, deu uma clara intenção de que a questão do acampamento do Gragoatá seria deixada de lado numa negociação com a reitoria, é claro que eu o restanto do grupo do qual faço parte protestamos e conseguimos que a plenária encaminhasse de modo inequívoco o apoio à questão da moradia e do acampamento. O clima ficaria mais tenso após ao meio-dia, com a chegada do procurador-geral da UFF. Adotando uma postura bastante agressiva, ele ameaçou claramente com uma intervenção policial caso a reitoria não fosse desocupada, o que motivou uma áspera discussão com um professor ligado a ADUFF, o sindicato dos professores da universidade. Felizmente as coisas chegaram a um termo razoável e uma reunião da qual fiz parte e que contou com representantes de todos os grupos envolvidos na ocupação unificada e da reitoria, o Reitor da universidade continuava escondido, chegou a um acordo: a reitoria seria desocupada, a ordem judicial seria retirada, o acampamento do Gragoatá seria preservado, não haveria nenhuma perseguição política aos estudantes que participaram da ocupação da reitoria e uma audiência pública seria feita com o reitor onde entrariam as pautas do REUNI e a pauta da moradia que nós da OELI e estudantes independentes aliados queríamos ver discutida com a universidade. Da nossa parte eu creio que foi um movimento vitorioso, fizemos uma jogada política arriscada ao fecharmos a reitoria quase sem apoio nenhum, mas já tinha passado da hora da universidade no seu todo, e isso incluí o nosso movimento estudantil, entender a moradia como uma questão essencial para o tipo de universidade que se quer realmente construir; ainda não é a vitória definitiva, estamos longe disso, mas demos mais um passo até ela.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fechando a reitoria 3

Retomando o assunto das duas postagens anteriores, o movimento organizado pela OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes), junto com outros estudantes que tinham acordo com a nossa pauta de luta, se manteve firme durante toda a terça-feira, apesar da incompreensão de algumas pessoas que se sentiram prejudicadas com a nossa atitude de fechar a reitoria, bem como dos movimentos políticos da UFF, exclusivamente preocupados com a questão do REUNI para dar atenção à questão da moradia. Durante o tempo em que estive lá a atitude das demais correntes estudantis tradicionais (CETs) ficou claramente simbolizada pela fala de um dos seus líderes. Na visão dele, e isso eu ouvi pessoalmente, a luta da moradia tinha uma importãncia totalmente secundária diante da luta contra o REUNI. Na sua visão, todas as demais pautas existentes na UFF deveriam ser deixadas de lado pela luta contra o REUNI, era assim que ele tentava justificar a decisão das CETs de não estar do nosso lado na luta pela moradia. É claro que eu contra-argumentei que ambas as lutas são igualmente importantes e precisam ser tocadas juntas. A verdade é que o movimento estudantil tradicional sempre secundarizou a questão da assintência estudantil, que aqui na UFF tem na construção da moradia o seu principal foco. A OELI sempre se caracterizou por combater essas prática, nunca deixamos de combater o REUNI em prol da luta pela moradia, pois entendemos que ambos estão o mesmo contexto de luta por uma universidade a serviço de toda a sociedade. Felizmente a posição do sujeito com quem conversei não era hegemônica entre os que estavam na reitoria para barrar o REUNI, pois um grupo deles fez a proposta de uma plenária unificada entre os dois movimentos que estavam na reitoria. Essa plenária ocorreu a partir das 5 da tarde e um acordo foi feito unificando as duas lutas numa única pauta. A partir daí os dois movimentos se uniram e foi na hora certa, pois logo depois chegou uma notificação da justiça de que a reitoria entrara com uma liminar pedindo a expulsão dos estudantes, não só da reitoria como também o fim do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. A partir daí uma nova plenária foi marcada naquela mesma noite. A situação chegara a um ponto limite de tensão. Na próxima postagem eu conto como tudo acabou sendo provisoriamente resolvido.

Fechando a reitoria da UFF 2

Na postagem anterior eu falei das razões que levaram o grupo político do qual faço parte, além de um grupo de estudantes identificados com a nossa luta, a decidir fazer um ato radicalizado fechando a reitoria da UFF. Agora eu vou falar de como a terça-feira se desenrolou. Durante o dia nós tivemos que falar com diversas pessoas que tinham assuntos a tratar na reitoria e explicar o que estava acontecendo; em muitos casos eram pessoas que não estavam indo ao prédio da reitoria, mas nas outras atividades que eram desenvolvidas em torno. Havia ali um agência do Banco do Brasil, onde só permitimos a entrada de uma pessoas que ia fazer um serviço específico, havia também o antendimento de perícia que nós deliberamos que seria permitido, mas os médicos responsáveis não quiseram atuar naquele dia e forma embora. Em alguns momentos houver certa tensão com pessoas que se sentiam prejudicadas, o que era compreensível, nós tentamos conversar da melhor maneira possível e explicar a nossa atitude; alguns compreenderam outros não. Um momento de tensão na parte da manhã foi quando uma psicóloga tentou contestar o nosso ato dizendo que o estatuto da UFF não previa a moradia, um argumento extremamente simplista, como se uma lei fosse imutável, como se o que fora estabelecido numa época não pudesse ser mudado para se adequar a uma nova realidade. Um grande foco inicial de tensão também foi a atitude dos grupos políticos que haviam ido a reitoria naquele dia para forçar a rejeição do REUNI no Conselho Universitário (CUV), algumas falas tentavam nos colocar como responsáveis pelo cancelamento do CUV quando era mais do que óbvio que o reitor tentaria qualquer outra manobra para cancelá-lo, ainda que não tivéssimos fechado a reitoria. De início foi uma verdadeira "guerra de falas" de ambos os lados. Nós participamos de uma plenária organizada no cinema da UFF onde tivemos que enfrentar a hostilidade de alguns grupos, mas no final, uma parte dos estudantes dessa plenária nos procurou para tentar uma unificação dos dois movimentos, pois os que foram pressionar o CUV para rejeitar o projeto do REUNI decidiram também ocupar o cinema da mesma forma que ocupávamos o prédio da reitoria. Os desdobramentos dessa plenária unificada vão ser colocados na próxima postagem.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Fechando a reitoria da UFF

Quem lê as postagens desse blog sabe que eu sou um estudante de história da UFF (Universidade Federal Fluminense), que faço parte de um movimento político que montou um acampamento no campus do Gragoatá que se chama Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. Esse acampamento está no Gragoatá há um ano e meio. Há seis meses atrás nós também ocupamos o hall da reitoria da UFF em nossa luta por moradia estudantil. Recentemente a reitoria nos chamou para conversar sobre a possibilidade de desocupar-mos o hall; uma comissão foi montada para discutir essa questão bem como as medidas para viabilizar a construção da moradia estudantil, que havia sido aprovada pela segunda vez pelo Conselho Universitário (CUV) da UFF. Durante uma dessas reuniões nos foi solicitada a apresentação de uma pauta de reivindicações a partir de qual seria negociada a saída do hall. A pauta foi elaborada e apresentada por nós e durante um mês a reitoria passou a simplesmente ignorá-la com uma série de evasivas que deixava clara a sua intenção de não tentar uma solução definitiva para o caso; era evidente que esperavam nos vençer pelo cansaço. Diante de tal situação, só nos restou dar um ultimato numa das últimas reuniões, todas elas por sinal foram gravadas, ou a reitoria resolve negociar seriamente ou nós iríamos fazer um ato radicalizado a partir da ocupação do hall. Ao que tudo indicava a reitoria não contava com a nossa disposição, portanto só nos restou mostrar que não estavamos brincando. O ato de terça-feira, em que nós decidimos fechar a entrada da reitoria foi a nossa resposta para o descaso com que a questão da morada estava sendo tratada na UFF, não só pela reitoria, mas até mesmo pelas correntes estudantis tradicionais (CETs) da UFF. nós começamos o nosso ato na tarde de segunda ocupando o sétimo andar e durante a noite decidimos que era necessário fecha a toda reitoria para dar consequencia ao ato e foi o que fizemos na terça-feira. É claro que esse ato acabou repercutindo na luta que estava sendo travada em torno do REUNI, mas os desdobramentos do que ocorreu na terça-feira vão ser tratados na minha próxima postagem.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A luta contra o REUNI na UFF

Infelizmente aconteceu o que eu temia e a promessa do vice-reitor de antecipar de quarta-feira para o dia anterior o conselho universitário levou os grupos políticos tradicionais a deixar a ocupação que estava sendo feita na reitoria e a qual tinham decidido engrossar na última terca-feira. No fundo o que queriam mesmo era a antecipação da data do CUV, pois já tinham uma viagem marcada para Brasília, onde vão participar de uma manifestação contra o mesmo REUNI que é motivo de toda essa luta política dentro da universidade. Já era previsível essa postura recuada dos grupos estudantis lidados ao P-Sol e PSTU e que apenas reproduz o que já se tinha visto na USP. Da nossa parte, nós que fazemos parte da OELI ( Organização dos Estudantes Indepedentes em Luta ), do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI ou os que se identificam com o GT de moradia do curso de História, nós todos que estamos mantendo essa ocupação a mais de 5 meses, vamos mantê-la. Acreditamos que o melhor caminho para se obter resultados junto à reitoria é colocando "a faca no pescoço" desses burocratas e não acreditar em promessas vagas. A manifestação em Brasília tem a sua importância, mas fazer da luta aqui na UFF uma questão secundarizada por conta dela só mostra como essas correntes estudantis tradicionais estão mais preocupadas com as prioridades dos partidos políticos a que estão ligadas e que os sustentam do que com as verdadeiras prioridades dos estudantes.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A ocupação na reitoria da UFF

Ontem à noite a ocupação da reitoria da UFF, que está acontecendo a mais de 5 meses tornou-se ainda mais intensa com a chegada de integrantes de diversas correntes políticas do movimento estudantil, além dos chamados independentes. Isso se deu por conta de uma manobra da reitoria que cancelou um conselho geral que se daria hoje para decidir a questão do REUNI. Tal fato levou o movimento estudantil da universidade a tomar uma atitude mais radicalizada e desde ontem um grande número de estudantes estão engrossando a ocupação que já vinha ocorrendo na reitoria. É muito bom que isso tenha acontecido, pois só confirma o acerto que grupos como o Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do sécul0: o XXI, a OELI ( Organização dos Estudantes em Luta Independentes ) e o GT de Moradia do Centro Acadêmico de História, que ao liderar a ocupação da reitoria, mantendo-a com todas as dificuldades ao longo dos últimos meses, mostrou que só colocando a faca no pescoço dos burocratas da universidade é que as pautas estudantis serão atendidas. Hoje de manhã ouve uma conversa como o vice-reitor, que surpreendentemente se coloca agora contra o projeto do REUNI que a reitoria está defendendo. É claro que as suas divergências com o reitor são a causa dessa mudança de posição, no entanto é preciso tomar muito cuidado com promessas vagas e que poderão não ser cumpridas, embora pareça haver muitos grupos que estejam doidos para acreditar nelas para poderem sair da ocupação. Infelizmente a possibilidade de posições recuadas se imporem ainda são muito fortes, estão bem frescas ainda os conflitos ocorridos na ocupação da USP. Vai haver uma audiência hoje a tarde e depois uma nova plenária, vamos ver quais posições vão prevalecer. De minha parte e do grupo político a qual pertenço, a OELI, o que vamos defender é uma postura de combatividade do movimento e nada de acreditar de novo em promessas vagas, como aconteceu com os grupos políticos ligados ao P-Sol e PSTU, em abril último.

sábado, 13 de outubro de 2007

A discussão do REUNI na UFF

Na semana que vai se iniciar a UFF vai estar envolvida na discussão do REUNI, vai haver um reunião com os principais conselhos de deliberação da instituição para uma tomada de posição da universidade sobre esse projeto que o governo Lula quer implantar. Diversos grupos políticos dentro da UFF desejam barrar o REUNI por lá; eu mesmo faço parte de um desses grupos. A minha grande questão a contra o REUNI é poder constatar que por trás dele há uma visão a respeito do ensino que sempre guiou todas as reformas educacionais feitas no Brasil desde os anos 1930, ou seja, a idéia de que devem existir dois tipos de ensino em nosso país: aquele voltado para os mais abonados da sociedade e o ensino feito especificamente para os mais pobres. Um dos principais argumentos dos defensores do REUNI é que vai colocar o povo na universidade, aqui na UFF eu tenho ouvido isso a todo o tempo, mas eu me pergunto que tipo de universidade é essa em que o povo vai poder entrar? Fico imaginando se não vai acontecer com o ensino superior o que já acontece com o fundamental e médio, onde a contrapartida da universalização do ensino foi uma brutal queda de qualidade no ensino público. Fico imaginando se por trás do REUNI não há o desejo de se criar "ilhas de excelência" nas universidade como já existem nas escolas públicas de ensino médio e fundamental, onde boa parte dos mais abonados estudam, enquanto a população mais pobre fica quase toda "confinada" em escolas caindo aos pedaços e com falta de professores. A grande verdade é que parece haver na cabeça das pessoas que formulam as políticas de ensino no Brasil a convicção de que é impossível conciliar a universalização da escola pública com a boa qualidade do seu ensino. No entanto, eu me recuso a aceitar essa convicção. Por conta disso é que me coloco contra o REUNI.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ainda sobre a polêmica do livro didático

A questão do livro didático ainda está suscitando debates, tanto na imprensa quanto na universidade, uma pena que este assunto não seja também objeto de debates junto às famílias, pois estas deviam estar a par do que seus filhos têm como material de estudo. É claro que isso também depende do grau de envolvimento das famílias no estudo dos filhos. Eu tenho pensado muito nisso desde que começei a frequentar o colégio universitário da UFF por conta da minha disciplina pedagógica; eu vejo a maneira como muitos daqueles alunos encaram a sua presença em sala de aula e me pergunto o quanto o descaso de suas famílias não contribuem para isso. No caso das polêmicas que estão ocorrendo sobre o livro didático, eu ainda não posso me posicionar completamente, pois ainda não consegui ler os dois livros que as motivaram, no entanto, eu enxergo aí uma espécie de disputa ideológica, pois mesmo os que criticam a postura desses livros em relação a determinados fatos históricos estão baseando suas críticas em posturas que eles mesmos têm. Afinal, um livro não tem como ser neutro, para quem estuda história como eu já é sabido que isso é uma ilusão, o que eu gostaria de constatar pessoalmente é se essa posição que é mostrada nos livros didáticos que foram criticados é apresentada como uma verdade absoluta, do tipo que não admite contestações, ou se há espaço para os alunos buscarem suas próprias conclusões, acho que qualquer crítica a esses livros têm que passar por aí.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

seminários na UFF

Assim que eu entrei na UFF pude perceber que uma verdadeira universidade não se faz apenas assistindo aulas. Pude perceber também o quanto podemos aprender ao frequentar a vida acadêmica da universidade, através de palestras, seminários e outros eventos afins. Foi num seminários do PENESB, um dos muitos núcleos existentes na UFF, neste caso, dedicado ao estudo da situação do negro na sociedade brasileira, que eu fui descobrir que quando a lei áurea foi assinada, apenas 5% da população negra do Brasil ainda era escrava; eu nunca havia lido nada disso nos livros didáticos em que estudei antes de entrar na UFF. Essa foi uma das razões que me fizeram optar por me manter com uma bolsa de estudos em vez de procurar um trabalho regular, eu sabia que desse modo não teria a oportunidade de aproveitar de fato tudo o que a universidade tinha a me oferecer, desde então eu tenho participado de todos os eventos possíveis dentro da UFF. Nos últimos dois dias eu participei do Seminário de Graduandos em História Moderna da UFF. Fiquei especialmente feliz ao constatar que esse seminário foi organizado pelo próprios alunos e que graduandos de várias universidades do país apresentaram seus trabalhos. Por ser trabalhos de graduandos dava para ver o nervosismo, a dificuldade na hora da apresentação e as limitações dos próprios trabalhos, mesmo assim foi uma experiência muito interessante para mim que fui apenas ouvinte e, certamente, melhor ainda para os que apresentaram trabalhos. Eu já tive essa experiência no ano passado na Semana de Extensão da UFF e posso dizer que é muito boa. Só espero que novas experiências como essas sejam possíveis, tanto para mim como para outros graduandos da UFF.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

bolsas de estudo na universidade

Quando eu entrei na UFF a minha idéia era estudar e trabalhar ao mesmo tempo, no entanto, eu passei o meu primeiro período sem precisar fazer isso e vi o quanto era melhor poder se dedicar de maneira quase integral aos estudos. Eu que fiz o meu ensino médio trabalhando e estudando ao mesmo tempo pude perceber bem a diferença. Por conta dessa constatação eu decidi que me manteria na universidade sem procurar um trabalho efetivo, mas é claro que isso não seria possível com a ajuda da minha família, embora eles tivessem sido fundamentais nos meus dois primeiros períodos, não havia como me sustentarem durante toda o meu curso. Eu consegui uma bolsa de estudos na área de extensão a partir do meu terceiro período e venho me mantendo com ela desde então. Antes de mais nada eu vou dar uma pequena idéia de como funciona o sistema de bolsas de estudo aqui na UFF: existem as "bolsas treinamento", são dadas aos alunos mais pobres, uma forma de assistência estudantil. As bolsas de maior prestígio, entretanto, são as de "iniciação científica" e as de "monitoria". Eu acabei optando pelas de Extensão, mas no momento enfrento o problema de estar com o pagamento atrasado vários meses. Esse é um dos maiores problemas de quem depende de bolsa de estudos na universidade, dá para ver que a situação de pessoas como eu não é tratada com a devida prioridade. O fato é que essas bolsas, principalmente para os estudantes mais pobres como eu, são uma forma de garantir a presença na universidade. Os atrasos atrapalham enormemente as nossas vidas, como está acontecendo comigo agora. É por isso que a questão da assistência estudantil teria que ser uma luta prioritária dentro do movimento estudantil, mas é claro que isso só vai ocorrer quando os que dependem mais dessa assistência entenderem que precisam entrar na arena da luta em vez de esperarem que outros o façam por eles. Eu já entendi isso, mas sinto, infelizmente, que ainda faço parte de uma minoria entra os estudantes mais pobres dessa universidade.

sábado, 29 de setembro de 2007

A questão do REUNI na UFF

Na última quarta-feira aconteceu a reunião do Conselho Universitário da UFF ( CUV ) para a discussão do REUNI. Esse projeto que o governo federal preparou para as universidades está causando uma grande polêmica no meio acadêmico universitário. Uma pena que essa polêmica não tenha chegado à sociedade em geral. A questão da universidade pública é algo que diz respeito a todos, inclusive àqueles que não conseguem entrar. Na verdade, essas pessoas são que não estão na universidade tem sido o principal argumento dos defensores do REUNI. Frequentemente os que se opõem ao projeto são acusados que estarem impedindo o que seria uma tentativa de universalizar o ensino superior no Brasil. De fato, o que está previsto no projeto é mesmo essa universalização, o problema é o tipo de universalização que estão querendo fazer. O que parece bem claro é que essa universalização está sendo feita do mesmo modo como foi feita a universalização do ensino básico no Brasil, ou seja, a partir de uma queda vertiginosa da qualidade do ensino público. Logo quando eu entrei na universidade eu já encontrei toda essa polêmica em relação à reforma unversitária; aos que se opunham a ela eu logo perguntei se eram contra a reforma universitária do governo Lula ou simplesmente contra qualquer reforma na universidade. Da minha parte, eu não tenho dúvida de que a Universidade precisa de uma reforma, pois tem uma série de problemas estruturais que precisam ser resolvidos. Durante o CUV eu ouvi um dos professores dizer que os privilégios existentes dentro do meio acadêmico precisam ser combatidos, eu concordo com ele, mas não concordo que esses privilégios sejam substituídos pela precarização prevista no REUNI. Eu quero que a Universidade seja reformada, mas que seja uma reforma que faça a Universidade trabalhar em prol da sociedade e não em prol do mercado.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Atualmente eu estou cursando duas disciplinas no meu sexto período aqui na UFF: Prática de Ensino I e Educação de Jovens e Adultos (EJA). A primeira é obrigatória para a minha licenciatura, mas a segundo eu estou fazendo porque me interesso por essa área. Na primeira eu estou tendo o meu primeiro contato efetivo com a realidade de uma escola pública. Esse primeiro contato tem ajudado bastante, pois tudo o que se ouve em debates sobre educação pública, nas salas de aula ou o que lemos, não é capaz de se comparar com o que eu já vi nas três primeiras experiências que eu tive. As dificuldades que um professore vai encontrar são enormes e a experiência que estou tendo certamente vai me ajudar bastante se eu seguir mesmo o magistério. Na última segunda-feira eu estive numa palestra com professoras que tratavam dessa questão que envolve a iniciação de graduando como eu na docência e de como era importante a universidade investir nisso. De fato, a idéia de que alguém só tome contato efetivo com a realidade de uma escola pública no seu primeiro dia de trabalho é absurda. Na verdade está sendo muito bom ter essas duas disciplinas no mesmo período, pois o que estou vendo em EJA está sendo muito útil para entender que as dificuldades que certamente vou encontrar caso venha a dar aulas em escola pública não sirvam de desculpa para me acomodar. Nessas horas é sempre bom recorrer a Paulo Freire, de quem já ouvi muitas críticas, mas que diz coisas fundamentais para quem quer se tornar professor; nesse caso específico, ele diz que as dificuldades encontradas não podem servir de desculpa para um professor não cumprir o compromisso que ele assume com seus alunos. Um professor dever lutar sim por melhores salários, por respeito à sua profissão, por melhores condições de trabalho, mas jamais dever usar a falta desses elementos como desculpa para se acomodar e não procurar oferecer o melhor de si aos seus educandos, antes mudar de profissão a ter que oferecer o que Paulo Freire chamava de "educação bancária". Eu não sei ainda se vou seguir a carreira no magistério, mas caso aconteça, vou me esforçar ao máximo para ser coerente com essa idéia.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A polêmica do livro didático 2

Ontem eu conversei com uma de minhas professoras na universidade sobre o tal livro didático que está causando tanta polêmica. Como essa minha professora atua na área de educação eu fiz questão de levantar esse assunto com ela em aula. Para minha sorte ela tinha lido o livro e até prometeu trazê-lo para nós. A visão dela também não é muito favorável, embora as suas objeções não sejam pelos mesmos motivos que alguns dos principais críticos que tem escrito nos jornais como o Ali Kamel, por exemplo. Na verdade, em termos de ideologia eu arrisco a dizer que ele deve ter muito em comum com o autor do livro que ela também critica. No entanto, a crítica dela se dá a partir do fato que ela viu no livro muito mais uma propaganda de uma visão política sem que houvesse uma preocupação em oferecer ao aluno a oportunidade de confrontar essa visão com outras diferentes. De certa forma ela estava reafirmando a minha posição na postagem anterior ao me pautar na visão de Paulo Freire de que a educação nunca é neutra, mas que também não pode ser feita de verdades absolutas que são atiradas às pessoas sem que essa tenha meios de contestá-la. A minha professora também reclamou do estilo do livro que ela achou muito pesado para uma turma de ensino fundamental. Espero que ela realmente traga o livro para ser discutido em sala, acho que será bem interessante.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A polêmica do livro didático

Eu tenho acompanhado a recente polêmica envolvendo um livro didático de oitava série que tem sido considerado por alguns como propaganda política ao retratar certos acontecimentos históricos com uma visão diferente do habitual. No blog do jornalista Reinaldo Azevedo essa crítica tem sido bem mais ácida, com citações de trechos do livro em que seria feita o que o referido jornalista parece considerar uma apologia a chamada Revolução Cultural. O trecho mostrado parecia mesmo dar a impressão de que os eventos desencadeados pelo líder chinês Mao-Tsé-Tung tiveram como único objetivo livrar o povo chinês da tirania dos burocratas. Segundo o que li na primeira página de "O Globo", o livro chamaria Mao de Estadista, o que provavelmente o jornal consideraria um elogio indevido e que revelaria por parte do autor concordância como os atos do líder chinês. Lendo tudo o que foi escrito sobre essa polêmica é impossível não lembrar de Paulo Freire e sua afirmação de que a educação nunca é neutra. Certamente o autor do livro compartilha de muitas das idéias socialistas que serviram de base para a experiência chinesa, essas idéias com certeza estão presentes no livro. Eu não li a referido livro e não posso falar sobre a sua qualidade, nem sou um especialista em livros didáticos para atestar a qualidade ou não de um, ainda assim, eu vou dar o meu palpite: um livro didático para ter qualidade não deve buscar uma postura neutra em relação aos fatos históricos; acredito firmemente que Paulo Freire está certo quando diz que a educação não é neutra, criticar um livro didático e seu autor por ter uma posição assumida está errado. Acho que a qualidade de um livro didático está na sua capacidade de oferecer um ponto de vista ao aluno, mas permitir que este mesmo aluno tenha ferramentas necessárias para desenvolver o seu próprio ponto de vista, ainda que oposto. Um livro didático pode oferecer o seu ponto de vista, mas deve dar ao aluno o acesso a pontos de vista diferentes, isso pode ser feito a partir de uma bibliografia diversificada ou de outras maneiras. O que não dá mesmo é para tentar passar a impressão de que é possível ter um visão neutra da história e da educação em geral.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A prática de ensino na universidade

Depois de um longo tempo aqui estou eu de volta, de agora em diante vou me esforçar para não ficar tanto tempo sem postar. Vou falar sobre a minha primeira experiência efetiva numa escola pública, como parte da disciplina que estou cursando. Eu pude constatar de maneira clara uma parte dos enormes problemas que as pessoas enfrentam ao dar aula numa escola pública. De fato, não é fácil lidar com crianças que em princípio não parecem nenhum pouco dispostas a estudar, que ficam a maior parte do tempo em conversar paralelas, perturbam os poucos que parecem dispostos a prestar atenção na aula e não parecem ter muito respeito pela professora. Nessa aula que assisti havia pelo menos dois alunos especialmente problemáticos. É claro que tal situação sempre da margem para aqueles que não vêem salvação para o ensino público e para os que só querem pegar o seu no final do mês e pouco se importam com a solução dos problemas que afligem escolas como a que eu fui. Da minha parte o que eu vi só me fez convicto de que é preciso um esforço muito grande para a superação desses problemas. É claro que a ação do governo se faz necessária e tem que ser cobrada, afinal para que pagamos tanto imposto? No entanto, não podemos ficar na dependência da "boa vontade" de nossos governantes. A escola pública é de todos e cabe a todos a luta pela sua recuparação. De nada adianta a universalização do ensino sem que essa venha acompanhada da universalização da sua boa qualidade, entretanto, para que isso aconteça, é necessário que haja uma mobilização geral das pessoas. Eu vi naquela sala um monte de crianças com problemas, mas a escola não vai resolvê-los sozinha, é preciso que a família seja chamanda à participar. Creio que só como a união de Escola e Família, e aqui coloco-as com letras maiúsculas no início, pois entendo que são instituições fundamentais para garantir um ensino de boa qualidade para nossas crianças. A recuperação do ensino público tem que começar de baixo para cima, só assim poderemos superar todos os problemas que este tem enfrentado nas últimas décadas.

sábado, 8 de setembro de 2007

Autor a ser lido

Estou terminando de ler o livro "América Latina: males de origem" , de Manuel Bonfim. Fico imaginando o que deve ter sido a sua leitura no ano de sua publicação, 1905, ao ler aquelas páginas é de impressionar que um autor com aquela clarividência e coragem não fosse mais conhecido. Fico imaginando como tanta gente que tenta entender as razões de nosso atraso sem se deixar levar por teorias cheias de senso comum e que procuram esconder as suas origens racistas embasadas por um suposto liberalismo, ficam endeusando figuras como Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, mas deixam no esquecimeno alguém que bem antes deles já mostrava como as causas do nosso atraso estavam na maneira como nossa sociedade foi constituída desde o seu início. No livro de Bonfim temos o desmanche daquelas teorias pseudo-científicas que procuravam explicar o nosso atraso como culpa de nossa própria inferioridade racial. Bonfim faz picadinho dessas teorias, utilizando as armas do seu tempo. Este é um livro que eu faço questão de recomendar, não que não seja o produto do seu tempo e das limitações do mesmo; o prefácio de Darcy Ribeiro o mostra de modo claro, no entanto, é um livro que precisa ser descoberto e debatido, principalmente dentro da universidade. Nesse momento que estamos diante de questões importantes como a reforma universitária, o REUNI, as políticas de acões afirmativas, com ênfase nas cotas, e todos os debates que vem sendo feitos em relação ao acesso universal a uma educação de boa qualidade, o livro e as idéias de Manoel Bonfim é leitura obrigatória.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O velho problema da xerox

No último sábado eu vi uma reportagem do Jornal Nacional falando sobre a ação das editoras contra a prática tão comum nas universidades de se usar xerox de textos para as aulas. Parece que dessa vez vão mesmo pôr um fim na festa dos que ganham uma boa grana com xerox nas universidades. O problema é que os alunos que como eu não têm a mesma facilidade para comprar livros também podem sair prejudicados por essa ação. A questão dos direitos autorais já havia sido discutida aqui num tópico anterior em que afirmei ter lido na internet o novo livro da série Harry Potter. É claro que reconheço como justo que quem investe na criação e publicação de um livro tem todo o direito de não ser esbulhado por cópias clandestinas; na verdade, eu sempre preferi encontrar na biblioteca o livro que contivesse o texto recomendado pelo professor. O grande problema é que as nossas bibliotecas estão com um problema sério de acervo e são raras as vezes em que eu consigo encontrar um livro que procuro para as minhas leituras acadêmicas. As editoras dizem que querem resolver o problema vendendo trechos de livros nas universidade, de certa forma, elas estarão assumindo o papel que era das xerox que existem, mas preservando os seus direitos autorais. O sujeito que vi sendo entrevistado disse que pretendem não onerar os alunos, mas é difícil levar essa promessa a sério. Da minha parte, acho que os alunos vão ter que encontrar opções para o caso das editoras serem bem-sucedidas em seus planos. Pressionar a universidade para investir mais no acervo das bibliotecas e garantir que a aquisição de novos livros esteja em sintonia com o que os professores exigem de nós é uma das idéias que tenho. É claro que se trata de medida de médio e longo prazo, a curto prazo acho que uma idéia seria criarmos um banco de xerox nos DAs para ajudar quem estivesse em dificuldade de conseguir material. Uma coisa é certa, não dá para nós alunos ficarmos parados diante dessa nova situação que está se apresentando.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

De volta às aulas na UFF

Na próxima semana começam oficialmente as aulas na universidade, normalmente é nessa primeira semana que é feita a calourada, embora essa tradição esteja sendo desrespeitada nos últimos semestres por aqui. Quando eu entrei a minha calourada foi muito fraca e não houve nenhuma preocupação dos que a fizeram em mostrar o que realmente estava acontecendo na universidade, os seus problemas e o que esta tinha a oferecer; eu já tinha dito numa postagem anterior que só fui descobrir o laboratório de informática da História um mês depois e que foi uma professora quem me indicou. Espero que a calourada desse semestre seja melhor que a dos últimos tempos, pelo menos eu vou tentar dar minha contribuição para isso.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Grupo de estudos na reitoria

Como já afirmei aqui eu estou participando da ocupação da reitoria da UFF, numa luta que faz parte de todo um processo que envolve a luta por assistência estudantil na universidade. Como forma de dar maior relevância àquele espaço nós criamos um grupo de estudo nos fins de semana. No último sábado iniciamos esse grupo de estudo com um texto que fala da participação de Marx e Engels na criação da Primeira Internacional dos Trabalhadores. Ao lado e em baixo vão algumas fotos do evento, que pretendemos fazer a cada 15 dias.



















O que queremos mesmo é transformar aquele espaço num lugar de discussões sobre a sociedade em que vivemos e como a universidade está inserida dentro dela. É importante entender que a universidade não pode mais ignorar a realidade à sua volta bem como o seu papel na construção de uma sociedade melhor.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Estudar e trabalhar/estudar ou trabalhar

Eu estou a dois anos e meio na UFF e sinto que fiz a escolha certa ao privilegiar os estudos e abrir mão de dividi-los com um trabalho. No entanto, não é fácil ter que conviver com o apertado orçamento que me é imposto pela bolsa de extensão que tenho. Isso fica ainda pior quando o pagamento da mesma atrasa, como está acontecendo agora. Ainda assim, creio que foi a melhor escolha, é claro que nem todos os estudantes da minha condição sócio-econômica poderiam se dar a esse luxo. o fato de não ser casado e não ter filhos para sustentar ajuda bastante. A minha família também tem sido muito importante, na verdade, tem sido desde o início e eu não teria chegado aqui sem o seu apoio. Com tudo isso, ainda ficam as dificuldades que essa minha opção me impõe. Eu certamente estaria ganhando mais dinheiro se estivesse trabalhando, mas sei que meus estudos seriam prejudicados. Sei até que poderia conciliar a universidade com um trabalho, afinal foi o que fiz no caso do meu Ensino Médio. Entretanto, eu sei que não poderia ter aproveitado a universidade da mesma maneira que pude aproveitar durante esse período e sei muito bem como isso influiu positivamente na minha formação atual. O ideal é que todos os estudantes pudessem dedicar-se aos estudos sem a preocupação financeira nas suas costas, mas infelizmente nós não vivemos no mundo ideal e sim no mundo real. Portanto, muitos estudantes, e o meu caso está longe de ser o mais grave, são obrigados a constantemente terem a preocupação dividirem a necessidaade de ganhar dinheiro com os estudos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Para que serve a Universidade?

Para que serve a Universidade?

Eu tenho lido diversas opiniões a respeito da razões de ser de uma universidade. É certo que sua função variou ao longo dos séculos de existência dessa instituição. Hoje em dia há um novo debate a respeito de sua utilidade num mundo que vem mudando cada vez mais rápido e que exige das pessoas uma agilidade e uma multiplicidade de capacidades que muitos acreditam só serem possíveis de desenvolver numa universidade. Dentro da atual ideologia liberal, em que a capacidade de sobreviver num meio cada vez mais competitivo, se torna uma exigência cada vez mais premente, o papel da universidade parece ser destinado a ser apenas um de uma formadora de mão-de-obra qualificada para o mercado. Nas diversas discussões sobre o papel da universidade um dos motes preferidos daqueles que combatem políticas de assistência estudantil é o de que a Universidade tem como função formar a elite de um país e não de resolver os problemas sociais existentes. Certamente que o papel de formar gente qualificada para os desafios do mundo moderno não pode ser esquecido por uma universidade, mas é preciso também procurar entender como essas pessoas vão se inserir na sociedade e qual o papel delas na mesma. Com certeza uma universidade tem como função principal construir um conhecimento que permita as pessoas entenderem qual o papel delas na sociedade e como podem colaborar para a sua melhoria. De que valeria todo o conhecimento desenvolvido numa universidade se este fosse usado em benefício de uma pequena minoria da sociedade em que essa universidade está inserida? Porque formar pessoas qualificadas, mas com nenhum compromisso de devolver a sociedade pelo menos parte dos benefícios e conhecimentos que adquiriu durante o seu tempo numa universidade? Querer transformar a Universidade num mero apêndice do mercado é empobrecê-la; é rebaixá-la de uma instituição formadora dos melhores quadros de uma sociedade e fazer dela um mero "setor de treinamento", a serviço das grandes empresas.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Discutindo sobre arte no acampamento

Há dois dias eu estava no acampamento com dois amigos, Sandro e Mariana, que também fazem o curso de história na UFF. Após eu falar sobre um fato ocorrido numa das minhas últimas aulas do período nós três começamos uma discussão sobre o significado da arte e sua relação com a ciência. Segundo a visão do Sandro não havia grandes diferenças entre arte e ciência, no que eu e Mariana discordamos. Foi uma discussão interessante onde colocamos algumas questões interessantes em pauta ao mesmo tempo em que constatamos que muitos estudantes tinham problemas em debater esses assuntos fora de aula, como se as horas de lazer devessem ser gastas apenas com assuntos banais. A verdade é que eu refleti bastante sobre esse assunto e hoje eu diria que se fosse discuti-lo de novo manteria minha posição de que arte e ciência estão em lados bem diferentes. Eu vejo a arte como algo que não é igual para todos. Na minha opinião a arte pode ser identificada a partir de quatro principios básicos: 1 - é uma criação individual. 2 - é uma criação inicialmente desinteressada. 3 - a arte nasce a partir da inspiração de uma pessoa. 4 - a arte não tem como objetivo final uma identificação com a realidade. Sem esses principios o que se chama de arte para mim é apenas um produto. Dessa forma, o que pode inicialmente ser considerado arte pode se tornar um produto a partir de determindado tempo. Da mesma forma, o que é arte para alguns pode ser produto para outros. Quando um artista está escrevendo um livro, compondo uma música, pintando um quadro, ou algo assim, está fazendo arte, mas quando esta fica pronta e o artista, junto com muitas outras pessoas começam a ganhar dinheiro como ela, aí deixa de ser arte para essas pessoas, incluindo quem a criou, e vira um produto. É claro que o produto pode voltar a ser arte se for apreciado de forma desinteressada por alguém, mas aí é caso para uma discussão teórica que eu não tenho embasamento para fazer.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Dilemas de um estudante

Quando entrei na universidade eu estava decidido a manter o mesmo sistema que me fez concluir o ensino médio, ou seja, trabalhar de dia e estudar a noite. Logo eu percebi que isso não seria possível se eu quisesse fazer uma universidade com qualidade. Esse é o dilema de muitos estudantes como eu, pois nem todos dispõe de um sólido apoio financeiro da família para estudar. Eu tenho consciência de que poderia estar com uma renda duas vezes maior do que eu tenho atualmente, mas foi uma escolha consciente de quem pesou os prós e contras de cada situação e optou por se dedicar integralmente a universidade. É claro que isso não seria possível sem o apoio que a minha família dá nesse sentido. A minha contribuição para as despesas praticamente se reduz a pagar a conta do telefone, que de resto está no meu nome. Além disso eu ainda me lembro dos meus primeiros tempos na universidade, antes de eu conseguir uma bolsa de estudos, onde por várias vezes tive que recorrer a um dos meus irmão para poder bancar a minha passagem. Sem a família fica praticamente impossível para alguém com a minha origem sócio-econômica se manter numa universidade sem recorrer ao sistema do trabalho de dia e estudo a noite. No entanto, eu fui uma das pessoas que teve a sorte de encontrar na família um apoio forte para se manter na universidade. Outro dilema que temos que enfrentar é participar da vida política da universidade. Muitos estudantes pobres como eu acabam abdicando disso em favor de um dedicação exclusiva aos estudos na suposição de que é o melhor caminho para sua vida. Cedo eu vi, no entanto, que os interesses dos estudantes mais pobres só podem ser bem defendidos por esses estudantes, uma pena que por enquanto eu e mais alguns poucos sejamos mais excessão do que regra aqui na UFF. É claro que a desconfiança que muitos desses estudantes mais pobres tem da política é plenamente justificável, mas isso não significa que tenhamos que ficar de lado e deixar que nossos interesses seja defendidos por quem não os vê como natural prioridade. Eu ainda espero estar aqui na UFF quando a grande maioria dos estudantes mais pobres da universidade tiverem consciência disso.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

As portas que a universidade abre

Ao entrar na UFF eu não tinha a menor idéia do que eram conceitos como "capital cultural" e "capital social", no entanto, hoje eu não só sei sobre ambos como os experimentei na prática. Em termos de capital cultural, até entrar na UFF, eu tive que construir o meu sozinho, pois na minha família eu era a pessoa mais capaz disso. Tive que buscar informações por conta própria, seja em livros, revistas, jornais ou na internet. Ao chegar à UFF eu pude ver o quanto eu teria que melhorar nesse sentido. Foi aqui na universidade, por exemplo que eu tive o primeiro contato com Durkhein, foi depois de entrar para a UFF que eu pude ler autores como Marx ou Bourdieu. Eu sei que ainda estou muito longe do ideal, mas estou trabalhando nisso. Em relação ao capital social eu só pude entender as vantagens disso aqui na UFF. O fato de ter contato com pessoas com muito mais recursos do que eu foi fundamental para eu consegui me manter na universidade. Conseguir trabalho que me garantisse algum dinheiro a mais do que ganho com a minha bolsa de extensão foi uma das vantagens desse capital social que eu só poderia obter aqui na universidade. No caso do capital cultural, o fato de ter conhecido pessoas com muito mais acumulo de leitura e estudos me permitiu avançar muito, e a luta política na qual me envolvi desde o primeiro dia em que entrei na Casa do Estudante Fluminense e que prosseguiu após eu ser expulso com várias outras pessoas e que desembocaria no Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. Com certeza eu sei hoje que todas as agruras de dificuldades que enfrentei nos meus primeiros dias de universidade valeram a pena. Agora é tratar de aproveitar tudo o que a universidade tem me oferecido.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

universidade que não é para todos

Eu vi uma reportagem ontem sobre os estudantes que estão abandonando a universidade por falta de condições financeiras para permanecer nas mesmas. É a velha demagogia política de quem não quer mudar nada, mas apenas se construir politicamente em cima das necessidade das pessoas. De início eu até era favorável a programas como o Pró-Uni, mas hoje eu vejo que este está inserido no mesmo modelo de política que fez o casal Garotinho implantar o sistema de cotas na UERJ sem criar nenhum programa de assistência para os estudantes que entrariam por ele. É o velho modelo populista que confunde medidas assistencialistas de curto prazo com mudanças estruturais de verdade, que exigem políticas de longo prazo, que vão bem além da próxima eleição. Algum tempo atrás foi noticiado que nehuma escola foi construída durante o governo de Dona Rosinha, isso ilustra bem o interesse deles pela educação, apenas uma ferramenta de demagogia política. O governo Lula não fica atrás ao garantir um extraordinário subsídio financeiro a algumas das piores universidades privadas do país. O fato é que políticas de ações afirmativas como as cotas devem ser encaradas como são: programas emergenciais de curto prazo e que não vão resolver sozinhas um problema de tanto anos. Sem uma política séria de incentivo à Educação Pública não sairemos do lugar. No entanto, quero deixar bem claro que não me estou referendando as críticas de quem é contra as cotas e adora usar esse argumento para justificar isso. Muitas dessas pessoas, por exemplo, só começaram a falar em investimento na Educação Pública depois que a questão das cotas começou a ser posta em discussão e até mesmo em prática, como no caso da UERJ. Só o fato de ter obrigado algumas pessoas a fazer referência à necessidade de investimento na Educação Pública já faz valer a pena toda essa polêmica em torno das cotas. Entretanto, devemos estar atentos aos demagogos que estão mais interessados em se dar bem politicamente do que em resolver esse grave desnível social que existe no Brasil.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Estudantes pobres na universidade

Ontem eu estive numa reunião com diversos estudantes que como eu contrariaram o modelo vigente entrando para a universidade sem terem uma condição econômica que permitisse um melhor preparo em seus estudos. Somos todos bolsistas de um projeto de extensão da universidade que tem como meta principal estabelecer um diálogo entre as comunidade mais pobres e a universidade através de estudantes vindos justamente destas comunidades. Paralelo a isso existe entre nós um interesse em deslanchar um movimento dentro da universidade que englobe não apenas os bolsista do programa do qual faço parte, mas todos os estudantes mais pobres da universidade em torno de objetivos comuns a todos. Eu escrevi um texto que espero postar em breve nesse blog abordando justamente essa necessidade dos estudantes mais pobres terem uma participação mais ativa nas disputas políticas da universidade, algo que vá bem mais longe do que simples participações nas eleições de DAs e DCEs, mas que tenha a ver com a defesa dos interesses que estejam voltados para as necessidades desses estudantes mais pobres. Além disso, é muito importante que esses interesses sejam defendidos pelos que realmente necessitam que esses sejam levados em consideração. Entretanto, é preciso ter em mente que não estamos lutando por um projeto utilitário, mas por uma nova concepção de universidade e de sociedade. Temos que deixar claro que essa luta é por uma nova realidade, onde as pessoas tenham direito as mesmas oportunidades, sem cairmos num falso processo meritocrático em que pessoas de condições totalmente desiguais tenham que "matar um leão por dia" para mostrar que podem estar na mesma universidade que outras mais priviligeadas. Voltanto ao assunto inicial, esse movimento de que participo, mais um na verdade, e ainda estudo para valer na universidade, é uma tentativa que vem sendo feita em diversas outras universidade do país de colocar os estudantes mais pobres na linha de frente dessa luta por uma universidade e uma sociedade melhor.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Cotas na universidade: uma discussão necessária

A questão das cotas ainda continua sujeita a muita polêmica dentro das universidades. Aqui na UFF a discussão praticamente não existe, pois mesmo dentro do movimento estudantil não parece haver maior interesse em colocar tal assunto em discussão. No entanto, essa situação não pode perdurar por muito tempo. Eu que tenho uma posição favorável as cotas enquanto parte de uma política de ação afirmativa, estou consciente de que não tive oportunidade de me aprofundar melhor nesse assunto. Se essa discussão pudesse ser feita de maneira mais aprofundada quem sabe eu até poderia mudar a minha opinião como aconteceu com o Pró-Uni que eu também apoiava, mas que hoje já reconheço como algo que beneficia muito mais os tubarões do ensino privado do que os estudantes mais pobres. Da minha parte e do coletivo em que milito já há um esforço por trazer essa discussão a baila, pois tendo ou não uma opinião favorável, o fato é que não dá mais para adiar uma discussão sobre esse tema dentro da UFF.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Completando a postagem anterior

Esse blog as vezes me deixa louco, já é a segunda vez que uma postagem minha fica incompleta. Vou ter que repetir boa parte do que escrevi, me desculpe quem ler.

Desde a semana passada que eu tenho visto a UFF num completo esvaziamento. As férias já chegaram para todos, hoje é o último dia oficial de aulas do semestre. Os problemas da universidades vão mesmo ficar para setembro quando começa outro período. Nós estamos passando por uma greve dos servidores que se não fosse pelo bandejão e pela biblioteca fechados, talvez nem fosse notada pelos alunos. É incrível como as coisas acontecem e até pessoas que são afetadas por elas paracem não se importar muito. Essa greve é apenas parte dos problemas que a universidade enfrenta atualmente e tem sido tratada pela principais autoridades da universida do mesmo jeito que a ocupação que estamos fazendo no hall da reitoria a três meses, sem falar no acampamento montado no Gragoatá. Essas autoridades, o reitor a frente, parecem fingir que não é com eles enquanto esperam que as pessoas desistam de suas reivindicações. Infelizmente esse tipo de atitude é responsável por muitos dos problemas ainda sem solução da universidade, a começar pela falta de uma moradia estudantil. Até quando as pessoas que dirigem a universidade vão se omitir em relação a isso? 

A universidade em férias

Desde a semana passada que eu tenho visto a UFF num completo esvaziamento.  As férias já chegaram para todos, hoje é o último dia oficial de aulas do semestre. Os problemas da universidades vão mesmo ficar para setembro quando começa outro período. Nós estamos passando por uma greve dos servidores que se não fosse pelo bandejão e pela biblioteca fechados, talvez nem fosse notada pelos alunos. É incrível como as coisas acontecem e até pessoas que são afetadas por elas paracem não se importar muito. Essa greve é apenas parte dos problemas que a universidade enfrenta atualmente e tem sido tratada pela principais autoridades da universida do mesmo jeito que a ocupação que estamos fazendo no hall da reitoria a três meses, sem falar no acampamento montado no Gragoatá. Essas autoridades, o reitor a frente, parecem fingir que não é com eles enquanto esperam que as pessoas desistam de suas reivindicações. Infelizmente esse tipo de atitude é responsável por muitos dos problemas ainda sem solução da universidade, a começar pela falta de uma moradia estudantil. Até quando as pessoas que dirigem a universidade vão se manter aparentemente alheias ao que está acontecendo? Fico me perguntando sempre que percebe essa aparente omissão em relação aos problemas que só fazem se acumular.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Universidade em mudança

Até bem pouco tempo atrás a universidade era quase que exclusividade de uma pequena parte da população desse país. Os pobres que conseguiam chegar até ela eram geralmente uma pequena parcela de sortudos, quase sempre sob o apadrinhamento de alguém mais endinheirado. Hoje em dia, apesar de ainda enfrentar-mos muitas dificuldades, já é possível a uma pessoa mais pobre entrar numa universidade por sua própria conta ou de sua família. O perfil da universidade pública brasileira vem mudando com os anos, já é possível ver uma quantidade razoável de negros em muitos campus, os pobres já começam a não ser mais excessão em alguns cursos. É verdade que essas divisão ainda obedece a muitas das questões sócio-econômicas que permeiam a nossa sociedade. Se antes os pobres tinham extremas dificuldades para entrar numa universidade, agora as dificuldades se concentram mais nos cursos mais disputados, que exigem dedicação integral e, mesmo numa universidade pública, exigem grandes gastos financeiros. De fato, o número de pobres em cursos como medicina, odontologia, direito ou na maioria das engenharias, por exemplo, ainda é mínimo. Os mais pobres acabam optando por cursos que exigem menos gastos, não sejam em tempo integral para poderem exercer algum trabalho por fora, e que não sejam muito disputados, pois não é fácil concorrer contra quem teve oportunidades bem melhores de estudos. Com tudo isso, é evidente que cada vez mais pobres conseguem entrar numa universidade. Obviamente que isso deve ensejar desde já uma série de mudanças na maneira como estas funcionam, pois é evidente que, descontando algumas tímidas políticas de assistência estudantil, a universidade ainda parece funcionar como se todos os seu corpo discente ainda fosse de classe média para cima. A ausência de cursos noturnos em diversas áreas, a falta de apoio para adquirir materiais de estudo, sem falar nas políticas mais sérias como bolsas de estudos, moradia ou bandejão. Essa visão antiquada do atual perfil universitário também fica evidente na estrutura acadêmica dos cursos, no fato, por exemplo, de não existirem matérias instrumentais obrigatórias de línguas estrangeiras. Quando entramos numa universidade ainda é exigido que sejamos já fluentes em pelo menos uma língua estrangeira, como se todos os universitários de hoje tivessesm estudado inglês além da Escola Pública. Falta às pessoas de definem a estrutura acadêmica da universidade a percepção de que a quantidade cada vez maior de pobres e de membros de uma classe média proletarizada que entra numa universidade não teve oportunidade de estudar num curso de línguas desde criança e que precisaria de um suporte melhor por parte da universidade. Em vez disso o que temos aqui na UFF é um curso de línguas pago ocupando metade do terceiro andar do Instituto de Letras. Numa única palavra: um absurdo. É claro que não dá para culpar apenas quem não consegue ver a mudança de perfil dos estudantes da universidade. Evidentemente que essa mudança precisa se enfatizada pelos estudantes que a representam. Sem que esses estudantes a coloquem na ordem do dia, tudo continuará como está.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A luta continua

Agora é questão de honra, se não dá para botar os sites, vamos tentar dar umas dicas. Vá para o sobresites.com e tente achar um link sobre Harry Potter, estando lá, clik em sites nacionais e ali clik em potterplanet.

Harry Potter na internet

Acabei de ler o sétimo livro da série Harry Potter num site da internet que disponibilizou uma tradução não-oficial em português. Já havia feito isso antes com o sexto livro e fico me perguntando se não estaria agindo errado, logo eu que reconheço como colaboração com o crime a idéia de se comprar produtos piratas. Em meu favor eu posso dizer que o site onde li o texto não está faturando nada com isso, é só um bando de fãs da série que está compartilhando o texto com outros fãs que como eu não lêem em inglês e não estão dispostos a esperar até o fim do ano para isso. É claro que é preciso tomar certos cuidados para em relação a isso, eu ainda me oponho fortemente a certas espertezas dos que acham certo comprar produtos piratas, mas acho que a leitura de um texto não-autorizado na net dá para fazer. O grande problema quando você toma certas atitudes é a sua tentativa de justificá-las, eu li esse livro e sei que não foi uma atitude realmente correta, é claro que os direitos autorais devem ser respeitados. Isso, de certa forma, também coloca o mesmo dilema em nossa universidade quando pensamos nos textos xerocados que nos são indicados. O que fazer então? É claro que o ideal é termos livros suficientes na biblioteca para serem utilizados, mas o fato é que vivemos no mundo real e não no mundo ideal, enquanto isso temos meio que "andar no fio da navalha". O jeito é conciliar interesses particulares com o dos outros, conciliar aquilo que consideramos certo com as nossas necessidades imediatas, ainda que isso não seja possível em alguns momentos. Quanto aos interessados como eu em ler antecipadamente o sétimo livro da série Harry Potter, eu indico dois sites: e foi nesses dois que eu encontrei as traduções.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Universidade em férias, mas ocupação não

Acabei fazendo uma lambança e postei só o título do texto que eu queria escrever. O fato é que a UFF está de férias, o semestre acaba oficialmente nesta sexta. Eu vou ter a minha última aula hoje, mas a ocupação da reitoria ainda continua e só pretendemos que acabe quando as pautas por assistência estudantil forem levadas realmente a sério. É uma pena que um número ainda pequeno de estudantes esteja efetivamente participando deste movimento. A luta por assistência estudantil, principalmente a moradia é algo que tem importância até para quem não precisa, pois diz bem o tipo de universidade que nós temos. O que dizer de uma universidade que não tem uma moradia estudantil embora perto de 70% dos seus alunos (são números oficiais) não moram na cidade de Niterói. Fica claro que a questão da assistência não é uma real prioridade. A ocupação da reitoria da UFF completou três meses hoje, foi a segunda a ser feita no país, antes da tão badalada ocupação da USP e se mantem de forma coerente. Essas ocupação não é "propriedade" política de nenhuma corrente política que atue na universidade, embora muitos grupos se recusem a participar dela por achar que isso fortaleceria politicamente a corrente da qual eu faço parte: OELI (Organização dos Estudantes em Luta Independentes). É claro que isso é desculpa para não atuarem num movimento real, pois uma das razões que levam a questão da assistência estudantil na UFF a ser colocada em segundo plano é justamente a opção de diversas correntes estudantis que atuam na universidade de priorizar lutas no plano superestrutural, em vez da luta de fato. Nós da OELI colocamos todas estas questões para serem discutidas numa nota que está publicada no CMI (Centro de Mídia Independente), veja www.midiaindependente.org e veja, se você que estiver lendo este texto, concorda com algumas de nossas conclusões.

Universidade em férias, mas ocupação não

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Tragédia no ar 2

Volto a esse assunto após passar por uma banca de jornal e ler que o avião que caiu em São Paulo estava voando com um equipamento que ajuda a frear sem estar funcionando. Parece que a alegação da TAM é que o tal aparelho não era obrigatório, ou seja, segurança não é mesmo uma prioridade. O jornal também mostrou o que teria sido uma comemoração de um importante acessor do presidente ao saber do fato. Com um gesto obceno ele comemorava o que considerava o livramento do governo de qualquer culpa pelo acidente. É muito comum no Brasil sempre tentar se livrar de respossabilidades. A TAM diz que não teve culpa, pois a falta de equipamento não era considerada impeditiva para o vôo e, portanto, para garantir o faturamento da empresa. De outro lado, o governo se exime de culpa por ter tantas autarquias cuidando do setor de aviação e não ser capaz de criar condições mínimas de segurança para os passageiros dos aviões. No final todos vão tratar de tirar o seu da reta e talvez sobre para o lado mais fraco da corda, ou seja, o piloto.