sexta-feira, 29 de junho de 2007

Universidade para principiantes

Quando eu entrei para a UFF em 2005 foi um misto de deslumbramento e decepção. Nos meus primeiros tempos na universidade eu não saia da biblioteca e fiquei um tanto decepcionado ao ver que o acervo era um tanto deficiente. É verdade que as opções existentes eram bem maiores do que eu já havia tido. Durante horas naquele lugar eu li vários livros, desde ficção-científica até uma tijolo clássico com Guerra e Paz. Entretanto foi decepcionante perceber que quase todos os textos que eram pedidos pelos professores não eram encontrados lá, eu que pensei em economizar muita grana em xerox, sem falar na experiência muito mais rica de ler um texto inteiro em vez de um capítulo, tive que me render a realidade de um acervo muito deficiente. Outro problema sério foi a falta de informações, a calourada bem que podia ter nos apresentado aos serviços que a universidade oferece aos estudantes em vez de fazer proselitismo político. Recolher dinheiro para fazer festas de boas-vindas tudo bem, mas seria melhor ter sabido por um veterano que o curso de história tinha um laboratório de informática no quinto andar do bloco O do que por uma professora, e só um mês depois. Acho que a calourada deve servir para enturmar o estudante que está chegando, até apresentá-lo ao mundo político da universidade e os problemas que ela enfrenta, mas também tem que servir para mostrar o que ela tem a oferecer e como ele pode aproveitar-se disso.

A luta pela moradia na UFF: capítulo 10

Terminando essa breve recaptulação do que foi a luta pela moradia, devo dizer que fiz uma síntese bem breve mesmo do que aconteceu. Procurei mostrar os principais lances dessa luta que teve inicio antes mesmo de eu entrar na UFF. É claro que a luta continuou depois da eleição para o DCE e dessa vez chegou a um patamar diferente, não só porque agora não dependíamos mais de terceiros para defender as nossas pautas nos órgãos burocráticos da universidade, mas também porque decidimos que a luta pela moradia deveria voltar-se para uma pressão mais efetiva a esses órgãos. Foi nesse sentido que nós decidimos partir para a ocupação da reitoria da UFF, mais precisamente do hall. Essa ocupação foi decidida e implementada antes mesmo desse tipo de ação política virar "moda" com os fatos ocorridos na USP. A ocupação da reitoria da UFF começou no dia 23 de abril e se mantêm até esta data; o nosso objetivo é mantê-la pelo menos até o início da construção da moradia universitária. Trata-se de uma luta que tem alguns diferenciais em relação às outras ocupações pelo país. Em primeiro lugar não há nenhum impedimento para que as pessoas trabalhem, ou seja, a reitoria está ocupada, mas não fechada. A nossa ocupação está sendo feita sob a forma de escala, pois não há o desejo de nenhum de nós em perder as nossas aulas. Desde o início estamos enfrentando dificuldades com o boicote de grupos políticos como P-Sol e PSTU, que tal como na USP, não parecem muitos dispostos a bancar ações verdadeiramente radicalizadas. A nossa luta, no entanto, continua se pautanto por ações práticas, pois entendemos que não bastam palavras de ordem para se conseguir os objetivos que queremos. A luta pela moradia vai continuar até a vitória.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 9

A luta pela moradia na UFF levou a que nós, integrantes do acampamento entendessemos que o isolamento em que nos encontrávamos, apesar das adesões que tivemos depois de nos instalar-mos no gramado, só poderia ser rompido com uma participação no processo eleitoral para o DCE da universidade. Com isso decidimos formar uma chapa para disputarmos a eleição. Tal decisão foi fruto de uma reflexão que tivemos e ficou ainda mais reforçada com o apoio que conseguimos junto aos membros do DA de engenharia. Esse apoio foi motivo de muita polêmica e nos obrigou a enfrentar diversas críticas, mas a aliança foi feita. Foi uma eleição muito difícil, no entanto foi um aprendizado pedagógico muito importante. O fato de termos ficado em último lugar entre as chapas concorrentes não nos preocupou, o mais importante foi que nos tornamos uma força política dentro da universidade e estavamos em condições que colocar as nossas pautas em discussão nos fóruns de decisão sem precisar depender de terceiros para isso.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 8

O dia-a-dia do Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI costuma ser uma mistura de alegria, dificuldades, confusão e conflitos, mas principalmente de aprendizado. Eu fui aprender a cozinhar nesse lugar, não sou um mestre cuca, mas hoje posso dizer que saberia me virar sozinho se precisasse. como em qualquer ambiente de convivência, estabeleceram-se regras para garantir que a vida pudesse ser tocada ali. Uma de nossas maiores preocupações foi garantir um mínimo de condição para que se pudesse estudar no acampamento, isso foi conseguido quando a reitoria concordou em instalar uma ligação de energia que nos permitiu ter iluminação noturna. Os piores momentos do acampamento foram as tempestades que voltam e meia caem e que costumam provocar grandes estragos na estrutura, principalmente nas barracas onde dorminos e guardamos nossos objetos pessoais. Estabelecer turnos de permanência para que o acampamento não ficasse vazio em nenhum momento foi a nossa preocupação. Outra preocupação importante foi a de transformar o acampamento num local de encontro para se discutir todo tipo de questões, políticas, econômicas, sociais, culturais e até mesmo religiosas, embora quase todo mundo ali se declare ateu, eu pessoalmente não me incluo nesse grupo. Foi dessa forma que nós conseguimos superar a crise que nos reduziu a oito pessoas e agregar novos companheiros para a luta pela moradia da UFF e demais reivindicações de asssistência estudantil. Esse longo trabalho de divulgação e retomada de forças nos levariam a um novo patamar de luta que seria uma participação mais efetiva no processo político-eleitoral da universidade.

terça-feira, 19 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 7

Estou de volta depois de longo tempo. A vinda para o Gragoatá marcou uma nova etapa na história de nossa luta e pode ser dividida em duas partes: no início ainda estávamos tateando qual iria ser a nossa forma de luta e não podíamos nem mesmo dizer que estávamos num acampamento. Ficamos alojados na calçada do bandejão o que as vezes nos dava um aspecto não muito agradável de um bando do sem-tetos. Com centeza isso prejudicou o nosso trabalho inicial que fazer um chamamento aos estudantes para a questão da moradia. Como se não bastasse os rigores enfrentados, bem como a certeza de não seria mais possível uma volta a Casa do Estudante, leveram alguns dos membros a decidir sair do acampamento. Tal decisão poderia se dar num clima mais tranquilo, afinal não dava para culpar alguém por se considerar sem condições de se manter naquela situação. No entanto, a saída de vários membros se deu a partir de uma crise gerada por uma atitude oportunista de utilizar uma discordância de método como questão política para justificar uma saída que estava claramente se dando por falta de condições físicas de alguns dos membros para suportar as condiçoes adversas que enfrentávamos. Ao se pautar pelas justificativas de um dos membros que rompeu com o acampamento ao perceber que a sua proprosição de adotar um método que estava diretamente ligado as lutas do MST, o que se viu foi uma clara tentativa de se destruir um trabalho sério. Foi um momento realmente decisivo em que oito pessoas decidiram manter o acampamento e lhe deram a personalidade que tem hoje. Ao decidirem sair da calçada do bandejão, o que fizemos foi reafirmar uma identidade que estava sendo construída desde o dia da expulsão e que se consolidaria a partir do momento em que decidimos nos instalar no gramado ao lado da creche. A nossa decisão de resistir deu-nos a idéia de acrescentar uma espécie de sobrenome ao nosso movimento; agora erámos o Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 6

A mudança para o gramado da reitoria se deu num contexto em que era preciso levar para a UFF a questão da moradia e forçar a universidade a tomar uma posição a respeito desse assunto e da questão envolvendo a Casa do Estudante Fluminense ( CEF ). Foi no gramado da reitoria que se começou a configurar que estávamos formando um acampamento cuja função era mostrar à universidade a necessidade de se colocar a questão da moradia estudantil na ordem do dia. O contexto da época também favoreceu a aproximação das entidade representativas das comunidades universitárias, ADUFF, SINTUFF e DCE. Estávamos em pleno período eleitoral na universidade para a escolha do reitor e embora as entidades não tivessem declarado apoio a nenhum candidato, os grupos políticos que as dirigiam estavam claramente apoioando a candidatura de Cláudio Gurgel para o cargo e viram naquele acampamento na reitoria uma forma de criar problemas para o candidato da situação. Durante o período eleitoral, portanto, o acampamento teve forte apoio logístico por parte dessas entidades. A atuação dos grupos políticos que apoiavam a candidatura de Cláudio Gurgel e seus interesse em utilizar a luta do acampamento para obter vantagens no processo eleitoral ficaram claras quando um dos estudantes expulsos e que era ligado a esses grupos políticos sugeriu uma permanência por tempo indetermindado no Hall da reitoria, para onde nós formos quando o acampamento no gramado foi destruído por uma violente tempestade. O que mais me revoltou nessa proposta foi o fato desse mesmo estudante não estar no acampamento, mas residindo na sede do DCE, e o claro interesse em nos usar como peças no xadrez político das eleições. Felizmento o fórum de deliberação do acampamento decidiu-se contra essa idéia. Eu posso dizer mesmo que a identidade como Acampamento Maria Júlia Braga começou a ser contruída naquele momento em que nos afirmamos e a nossa luta independente dos interesses políticos momentâneos das correntes que compõe a UFF e que estão sempre ligados a diversos partidos políticos. Após uma breve volta ao gramado decidimos pôr em prática um projeto político próprio e que já vinha sendo discutido desde antes da expulsão da CEF: a montagem de um acampamento em pleno Gragoatá, o mais importante campus da UFF, pelo menos em termos de movimentação política. Nascia em definitivo o Acampamento Maria Júlia Braga.

terça-feira, 12 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 5

A expulsão da Casa do Estudante se deu num contexto muito tenso, teve polícia, muita gente revoltada e a ação comandada pela diretora da instituição que não descansou até que a expulsão se completasse. Alguns dos moradores que apoiavam a expulsão fizeram questão de se manter presentes e demonstrar toda a sua felicidade pelo acontecimento. Vários integrantes do movimento estudantil da UFF também se fizeram presentes, alguns a primeira vez, embora a crise já ocorresse a muito tempo. Nos primeiros dias ficamos ali mesmo na calçada, foi uma aventura e tanto, com cobertura de parte da mídia. Ainda não tínhamos idéia disso, mas ali estava nascendo o Acampamento Maria Júlia Braga: o quilombo do século XXI. Porque esse nome? Trata-se de uma homenagem dupla, seja pela dona original do casarão que viria a se tornar a Casa do Estudante Fluminense, ela tinha o costume de abrigar estudantes mais pobres que vinham estudar em Niterói e ao morrer deixou o casarão em testamento para o governo estadual com a condição deste continuar abrigando estudantes pobres. Também houve o desejo de se homenagear a luta por liberdade e resistência a todo o tipo de opressão representada na luta pelos antigos quilombos de nossa história. Ficamos na calçada quase uma semana até decidir-mos nos mudar para o gramado da reitoria. Essa decisão levou essa luta para um novo estágio e dela falarei na próxima postagem.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 4

Depois de vários dias sem postar aqui estou de novo para falar sobre a luta pela moradia na UFF. A ligação dessa luta com os acontecimentos na Casa do Estudante Fluminense se dá porque a quase totalidade dos moradores daquela instituição são da UFF. O grupo que se insurgiu  contra as arbitrariedades do governo do estado teve que enfrentar um grande problema a partir do momento em que parte dos moradores decidiram aceitar as imposições que estavam sendo feitas pelo governo estadual. Diante disso, acabaram referendando a decisão de não apoiar o novo processo de seleção que havia sido decidido em assembléia. Por conta das pressões do governo estadual foi convocada uma nova assembléia que teria deliberado o cancelamento desse novo processo seletivo em resposta a falta de disposição do governo  estadual em fazer ele mesmo esse processo. É bom lembrar que todos os processos seletivos feitos desde 1998 tinham sido decididos em assembléia pelos moradores que se dispunham a colocar estudantes na CEF. Na assembléia que decidiu ir contra essa decisão compareceram moradores que praticamente nunca participavam do processo e que só o fizeram devido a pressão exercida pela diretora da CEF no sentido de deslegitimar o processo que estava sendo conduzido pelos moradores mais combativos da CEF. A decisão de cancelar o processo de seleção e impor um estatuto absurdamente autoritário aos moradores levou esse grupo mais combativo a se colocar em choque direto com o governo do estado e o processo de seleção foi feito no peito e na marra;  eu fui um dos oito moradores que entraram nesse processo, apesar de todas as pressões em contrário. A situação tornou-se de confronto total e num processo que durou mais de um ano, o governo do estado conseguiu uma vitória judicial que lhe permitiu expulsar os moradores que combatiam as suas práticas autoritárias. Ocorrida em 31 de março de 2006, essa expulsão não desanimou os moradores da CEF, mas apenas os colocou diante de um novo desafio; a luta agora seria travada fora da CEF e envolveria toda a UFF.  Em vez de se manter na CEF, a luta agora seria pela moradia universitária, cuja contrução fora aprovada em 2003 e ainda não tinha saído do papel. Na próxima postagem falarei sobre o surgimento do Acampamento Maria Júlia Braga.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Explicações

Quem por acaso visitar esse blog talvez estranhe o texto "Primeiras impressões". Na verdade foi a minha primeira tentativa de ter um Blog, houve uma segunda tentativa que também fracassou, mas essa eu nem vou levar em conta, resolver colocar essa única postagem no blog antigo porque acho que é melhor como apresentação pessoal do que a que foi feita para esse blog.

Primeiras impressões

Esta é o meu primeiro texto, o tempo que tenho é curto e vou apenas me apresentar. Meu nome é Marcos, o F. Luder é coisa de quem não tem um nome bem vistoso para servir de título a um blog, eu estudo História na Universidade Federal Fluminense. Sou o que algumas pessoas chamam de estudante de origem popular, não é a pior das definições , detesto muito mais quando usam o termo carente, na verdade, odeio essa palavra no sentido em que muitos a usam, parecem ter medo de falar pobre, como se isso fosse chamar a probreza para eles. O fato é que não é fácil estudar numa universidade sem um "paitrocínio" e eu me mantenho com uma bolsa de extensão. Sou sim favorável as cotas, não sou indiferente aos argumentos de muitos de que é um incentivo para que não sejam feitos os investimentos necessários no ensino público, mas o fato é que muitos desses argumentos só estão sendo usados agora porque as costas ensejaram essa discussão, antes disso, a maioria das pessaos que criticam as cotas sequer tocava no assunto, pois não lhes parecia interessante. Eu nã vejo as cotas como um fim em si mesmo, isso seria péssimo e tornaria os argumentos contra elas mais do que válidos, os investimentos no ensino público devem ser intensos, até para garantir que as costas não precisem ser necessárias por muito tempo, nesse ponto eu estou de pleno acordo com o Cristovão Buarque quando ele falou que se o bolsa escola ainda fosse necessário depois de 20 anos é porque o programa tinha fracassado. Políticas como essa tem que ser provisórias, tem que haver uma porta de saída que impessa os pobres de serem eternos reféns da ajuda governamental, só não posso concordar com a argumentação dos adoradores do Deus-mercado de que as coisas devem ser colocadas como uma solução individual, o cada um por si e o mercado por todos não vai nos levar a lugar nenhum, a não ser a preservação dessa eterna disparidade social.

A luta pela moradia na UFF: capítulo 3

Hoje eu vou falar sobre a crise que resultou na expulsão dos moradores da Cada do Estudante Fluminense ( CEF ). Essa crise teve sua origem em 1998, quando o governo do estado, na figura do senhor Antony Garotinho decide não mais fazer o processo de seleção para a entrada na CEF. Era óbvio que se apostava num progressivo esvaziamento da casa para uma posterior mudança na sua função social, talvez algo do tipo que esse governador gostasse, restaurante a 1 real, hotel a 1 real, farmácia a 1 real, quem sabe uma casa de tolerância a 1 real. Os estudantes não permitiram que tal coisa acontecesse e diante do abandono da casa pelo governo tomaram duas providências: passaram eles próprios a fazer o processo de seleção, ou seja de 1998 até o processo que o governo do estado fez no final do ano passado, todos os que entraram na CEF o fizeram por iniciativa de parte de seus moradores. A outra providência foi a instituição de um processo de auto-gestão por parte dos moradores para poderem continuar tocando a casa mesmo com o abandono do governo do estado. Tais medidas permitiram que a casa sobrevivesse a um longo período em que foi literalmente abandonada pelas autoridades estaduais. No entanto, os problemas foram se avolumando, devido principalmente a falta de compromisso de muitos moradores com o bom funcionamento da casa. O governo só volta a atuar na CEF em 2003, a partir de uma ação na justiça, uma reforma é feita, mas até aí já se tem uma manobra de esvaziamento com a proposta dos moradores saírem enquanto a CEF ia sendo reformada; os moradores não aceitam. O fim da reforma acaba, no entanto, com a unidade entre os moradores e muitos apoiam a intervenção cada vez mais frequente do governo estadual e o esvaziamento dos fórum deliberativos criados pelos moradores como a assembléia da CEF. A imposição de um estatuto extremamente autoritário, que incluiam artigos inconstitucionais como a proibição de reuniões políticas e religiosas na casa e o que dava poder a diretora da CEF de expulsar algum morador que tivesse adquirido alguma doença infecto-contagiosa, podia ser até pneumonia, fizeram com que um grupo decidisse se insurgir contra essa situação. Na próxima postagem eu continuo e quem ler vai entender a ligação da luta estabelecida na CEF com a questão da moradia na UFF.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capíitulo 2

Estou de volta para falar sobre a luta pela moradia na Universidade Federal Fluminense. Essa luta que teve início pra valer em 2002 com o fórum de luta pela moradia estudantil, conseguiu uma vitória simbólica em 2003 com a aprovação da construção da moradia estudantil no Conselho Universitária, a instância máxima da universidade. Você que caso venha a ler essa mal traçadas linhas pode perguntar, porque simbólica? Simplesmente porque desde então nada foi feito para materializar essa moradia. A luta por essa conquista sempre foi vista como um elemento secundário das pautas do movimento estudantil da UFF. Essa situação se dá pelo fato de que esse movimento estudantil é feito basicamente por pessoas de classe média frequentemente alta e que, portanto, não consegue se identificar com essa demanda, bem como as demais demandas por assistência estudantil. Diante disso, o que fazer? Vamos demonizar esse movimento estudantil que aí está e as pessoas que dele participam? No meu entendimento o que se coloca é que as pessoas a quem as demandas por acesso e permanência na universidade são mais efetivas se coloquem para que as suas posições sejam ouvidas, não dá para colocar a culpa somente em quem não vê essas demandas como urgentes. Com o acesso cada vez maior das classes mais pobres a universidade, é necessário que essas demandas por assistência estudantil sejam enfatizadas, mas é necessário que os mais pobres dentre os universitários se mobilizem para isso. Esse longo preâmbulo é para dizer que já há uma movimentação nesse sentido dentro da UFF. Pessoas de origem proletária que estão se colocando a frente dessas lutas. Quando eu entrei na UFF em 2005, tive uma boa amostra de como essa questão da moradia é deixada de lado. A política de assistência estudantil na universidade é tocada pelo DAC ( departamento de assuntos comunitários ) e quando eu fui lá tentar alguma ajuda em matéria de alojamento o que me recomendaram foram diversas pensões a preços que eu não podia pagar; não foi dita nenhuma palavra sobre a Casa do Estudante Fluminense ( CEF ), a única possibilidade de alojamento para alguém nas minhas condições. Em minhas primeiras semanas de UFF eu simplesmente dormia no terminal rodoviário da Niterói, ou era isso ou desistir da universidade. Na próxima postagem eu vou falar sobre a minha entrada na CEF e voltar a falar mais da luta pela moradia de uma forma mais geral.