segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Reflexões de final de ano

O ano está terminando e é inevitável as reflexões sobre o que foi feito ao longo dos últimos meses, o que deu certo e o que foi um erro. Eu posso dizer que tenho conseguido manter o ritmo da universidade apesar das dificuldades e dos muitos outros compromissos que me vejo obrigado a aceitar. Sei de muitos colegas meus que estão tendo dificuldade com isso, na verdade, já há uma discussão entre eu e outros colegas sobre como seria possível ajudá-los nesse sentido. Da minha parte eu tenho que conciliar a minha vida acadêmica com as dificuldades do dia-a-dia, principalmente em relação a dinheiro. Eu ainda tenho que conciliar tudo isso com as lutas políticas em que me envolvi. Não reclamo dessa dificuldades, essas lutas políticas, principalmente em relação ao Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI e sua luta pela construção da moradia na UFF, me permitiram um crescimento muito grande em termos pessoais, crescimento esse que eu jamais teria tido se tivesse me isolado das lutas políticas. Até hoje eu me lembro da minha hesitação quando me disseram que eu teria que ir ocupar a Casa do Estudantes Fluminense (CEF) naquele momento, uma tarde de domingo, se eu não tivesse vencido os meus medos e hesitações provavelmente nem estaria na universidade hoje. Isso foi a mais de três anos, mas sempre me lembro disso quando bate um certo cansaço de lutas políticas que parecem não levar a lugar nenhum. Quando algo assim acontece eu sempre penso que essas lutas sempre servem para algo, nem que seja para nós mesmos e nosso crescimento enquanto pessoas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Mais uma vez o ENADE

Extraído do site:http://noticias.terra.com.br/educacao

ENADE TEM O MENOR ÍNDICE DE ABSTENÇÃO EM 4 ANOS


Dos 560 mil estudantes convocados para participar no último domingo do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), 13,2% não compareceram aos locais de prova. O índice de abstenção é o menor registrado desde 2004, quando o exame foi criado. O Enade é obrigatório e quem não faz a prova fica sem diploma no final do curso. Entre as 30 áreas avaliadas, Pedagogia foi o curso que apresentou menor abstenção, com 11% de faltosos. Já os alunos dos cursos de Tecnologia em Construção de Edifícios foram os que mais faltaram 34%.
Nas edições anteriores, o Ministério da Educação criou uma comissão para avaliar as justificativas de falta dos estudantes, apesar de não haver nenhuma obrigação legal para isso.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, ainda não há previsão para que a comissão seja instalada este ano.
Quem faltou à prova precisa esperar até a edição de 2009 do Enade para regularizar sua situação e retirar o diploma. O boletim de desempenho dos participantes do Enade 2008 serão divulgados somente em julho do ano que vem. O gabarito das provas está disponível na página do Inep.


COMENTO: Eu participei do ENADE no meu primeiro período na UFF. Naquela época já havia a campanha do boicote e eu participei dela deixando a prova em branco. Existe uma grande falta de debate sobre essas questões envolvendo a avaliação das instituições de ensino superior no Brasil. Eu sei de muitas pessoas que boicotam o ENADE sem nem saber direito o porquê disso, outras fazem a prova também pelo mesmo motivo. Eu sou a favor do boicote, pois entendo que é um absurdo o governo insistir em colocar no mesmo saco universidades públicas e particulares, principalmente aquelas que não tem a mínima preocupação com pesquisa e extensão e frequentemente são meras fábricas de diplomas para quem se dispuser a pagar por eles. Sem dizer que existem casos de "universidades" que só tiram notas baixas por anos a fio e continuam atuando. O que mais irrita mesmo é o uso do ENADE como parâmetro de excelência por universidades particulares que estão longe disso. É claro que não dá para avaliar uma universidade por um prova, mas a insistência em usar desse parâmetro só mostra a política de um governo que trata a educação de maneira superficial irresponsável. Em vez de vê-la como um dado fundamental na construção de uma sociedade menos desigual, trata-se da educação como uma mercadoria, comparada em "testes de qualidade" homogeneizdores.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fim de ano e resultado de eleições

O ano letivo está acabando na UFF e eu já estou me vendo pensando na vida pós-formatura. A minha idéia de me formar em cinco anos, ou seja, no final de 2009 continua de pé e começo a pensar em como vai ser a minha vida depois disso. Os caminhos estão colocados, entrar no mercado de trabalho através de algum concurso público ou emprego na área privada, talvez tentar um mestrado aqui na UFF ou em outra universidade. As escolhas vão estar a minha disposição e é preciso pensar nisso desde já. É claro que isso está colocado para todo mundo e fico pensando na angústia de algumas pessoas ao ter que lidar com o fim de um ciclo em suas vidas. Existe um texto chamado "A miséria do meio estudantil" que discorre muito bem sobre essas questões a respeito de como um estudante encara essa situação em que precisa decidir como colocar-se diante da sua vida. Esse texto é muito interessante, pois faz uma boa crítica às ilusões que os estudantes mantém durante boa parte do tempo em que se encontra na universidade. Para concluir, uma nota rápida sobre o resultado da eleição para o DCE: o coletivo "Nós Não Vamos Pagar Nada" obteve um vitória eleitoral e política, pois dentro dos seus parâmetros de atuação conseguiu que a eleição tivesse quórum e teve 64% dos votos. Nós que montamos a anti-chapa 4: Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela contrução da Assembléia Comunitária na UFF já! nem mesmo fizemos campanha e obtivos 60 votos. O mais curioso é que eu creio ter sido o único da minha chapa que votou na eleição, um companheiro de luta meu até brincou dizendo que deveríamos fazer uma campanha do tipo: Cadê os outros 59, para saber quem mais votou em nós. Enfim, a eleição passou, assim como o ano político, vamos ver o que nos aguardo o ano que vém.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

SECRETÁRIA CLÁUDIA COSTIN CONFIRMA O FIM DA APROVAÇÃO AUTOMÁTICA

Escolhida para a Educação, a economista foi ministra do governo FH. Especialista em gestão pública, ela tem perfil técnico, segundo Paes.


O prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB) anunciou oficialmente o nome da paulistana Cláudia Costin para ocupar a Secretaria de Educação. Segundo ele, uma escolha técnica. Cláudia foi ministra da Administração Pública e Reforma do Estado, em 98 e 99 e secretária de Cultura de São Paulo, entre janeiro de 2003 a maio de 2005. Especialista em gestão de políticas públicas, ela explicou que não é filiada a qualquer partido.

"Quando trabalhei como ministra ou secretária, o governo do PSDB era coligado ao PMDB", disse Cláudia, que é, atualmente, vice-presidente da Fundação Victor Civitta.

Segundo Pedro Paulo, chefe da Casa Civil, que pela manhã confirmou o nome da secretária, desde a campanha o prefeito eleito já tinha dito que poria um técnico na Secretaria de Educação.

FIM DA APROVAÇÃO AUTOMÁTICA

Embora tenha dito que vai manter o regime de ciclos nas escolas, Cláudia disse que é contra a aprovação automática. Ela pretende rever o sistema de ensino e introduzir o reforço escolar.

"Criança tem de aprender. Os ciclos continuam, mas não será mais proibido repetir de ano. Vamos introduzir o reforço escolar", disse a nova secretária, afirmando que o Rio tem um grande números de mestres e doutores e bons professores nas universidades, que vão ajudar a melhorar a qualificação dos professores do ensino básico.

Cláudia também disse que quer triplicar o número de vagas nas creches e investir na leitura e na pré-escola. A nova secretária disse que vai ampliar o número de escolas que funcionam em horário integral.

"Meu maior desafio é conseguir fazer com que as crianças aprendam",disse a secretária.


COMENTO: Eu me lembro do meu professor de TMH (Teoria Métodos e Historiografia), no segundo período, falando de como a inovação no modelo de ensino que resultaria no fim da reprovação automática acabou se pervertendo no que hoje é chamado de aprovação automática. A idéia original era criar meios para apoiar os alunos que iam mal na escola, seja a partir de um acompanhamento individual de sua situação por parte dos professores, com aulas de reforço para corrigir para corrigir as suas deficiências, bem como muitas outras medidas para criar um ambiente capaz de minorar as suas dificuldades. Falava-se também em turmas com no máximo 25 alunos, o que permitiria ao professor uma melhor condição de acompanhar os seus alunos. É claro que tudo isso implicava em investir pesado em educação, acabar com a falta de professores nas escolas, melhorar seus salários e suas condições de trabalho, além de melhor qualificá-los. A aprovação automática era apenas parte do processo, mas é claro que a demagogia dos nossos governantes só se preocupou com o que não demandava esforços e investimentos e só colocou em prática a aprovação automática. O resultado foi isso que se viu: estudantes terminando o ensino fundamental praticamente analfabetos, enquanto isso a prefeitura do Rio de Janeiro gasta meio bilhão de reais com um Cidade da Música que, parece, vai se transformar no novo elefante branco da cidade. O que está colocado agora é saber se o fim da aprovação automática vai resultar na volta da reprovação automática, o que seria apenas trocar um problema por outro.

Apuração das eleições no DCE-UFF

Nesse momento ainda está ocorrendo a apuração dos votos das eleições que foram realizadas para o DCE da UFF. Eu não faço a menor idéia de como andam essas apurações, mas logo os resultados serão divulgados e teremos uma noção de quem vai controlar os cargos da diretoria dessa entidade que se coloca como representativa dos estudantes. O mais importante, a meu ver, vai ser saber quantos decidiram votar. Eu nem me preocupo com a quantidade de votos que possa ter recebido a Anti-Chapa da qual participei: Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela contrução da Assembléia Comunitária na UFF já! Afinal nós nem fizemos campanha mesmo, caímos fora logo que percebemos o tipo de eleição que iria ser, totalmente sem qualquer chance de se tentar algum tipo de politização do debate. Parece que além do débil e esvaziado debate no Gragoatá ainda houve um no interior, mas o fato é que a despolitização foi a tona, o que é claro favorece quem só está preocupado com a ocupação de espaços na burocracia universitária. De qualquer forma vai ser interessante saber dos resultados, até para avaliar como vão se comportar os agrupamentos políticos daqui por diante.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Eleiçoes no DCE-UFF 3

Aqui em Niterói já se encerrou a votação para as eleições no DCE-UFF, ainda vamos ter no interior hoje. Agora à pouco eu li o e-mail de uma pessoa que estuda em Rio das Ostras a respeito do processo eleitoral por lá e da atuação do que chamamos de Burocracia Estudantil por lá. Eu fico imaginando como são as discussões políticas num campus sempre isolado das principais decisões que são tomadas na universidade. Se aqui em Niterói, onde estamos perto da REItoria e de todas as decisões nós vivemos um processo tão despolitizado imagina como não foi lá. As apurações de voto ainda não começaram, mas pela festança e gritaria que eu ouvi ontem imagino que o pessoal do Paga Nada atingiu o seu objetivo de uma eleição com Quórum e, é claro, uma grande vitória eleitoral. É desanimador ver pessoas cantando coisas como "vote na chapa 1 para fazer revolução", sabendo que se tratam de um bando de burocratas e reformistas que só querem se agarrar a cargos, pois só acreditam no controle do Estado como forma de mudar a sociedade. É claro que o tipo de mudança que se dá é aquela em que um grupo dominante é substituído por outro, mas a estrutura de poder permanece intacta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Piso nacional dos professores

Extraído do site: http://www.nota10.com.br/

DEPUTADO CRÍTICA AÇÃO CONTRA PISO SALARIAL DOS PROFESSORES


O deputado estadual Péricles de Mello, (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, questionou ontem (3) a atitude do governo do Paraná de entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a lei federal que instituiu o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica.

Líder da Bancada do PT, Péricles manifestou na tribuna da Assembléia, decisão da executiva estadual do partido em apoiar de forma irrestrita a implantação do piso nacional sancionado pelo governo federal, no ano passado. “Trata-se de uma conquista história da sociedade brasileira num momento em que a educação se destaca no debate das questões nacionais. Entendemos que não se pode chegar a um desenvolvimento com justiça social se o ensino público não tiver o seu devido valor”, enfatizou o deputado. Para Péricles, a aprovação do piso salarial valoriza a carreira do professor. “Enquanto o educador não for respeitado pela sua função pedagógica, de ensinar, o ensino público ficará à margem de uma melhoria real no país”, defendeu.

A lei federal 11.738, de julho 2008, estabelece o piso de R$ 950,00, para uma jornada de trabalho de 40 horas semanais. Outra diretriz da lei permite aos professores utilizarem 33% desse tempo em atividades complementares fora da sala de aula.

O deputado sinalizou ainda que o piso nacional cria um padrão básico de qualidade para o ensino público, atingindo professores em todos os municípios brasileiros. “Estranhamos que o governo do Paraná assine, com outros estados, a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a unificação do piso nacional do professores de escolas públicas”, questionou Péricles, que pretende defender com o governador Roberto Requião (PMDB) a retirada da assinatura do Paraná na ação.

Ou outros estados que assinaram a Adin, foram Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Ceará.


COMENTO: Essa é uma questão delicada, pois é óbvio que uma educação de qualidade passa por um magistério com salário digno. O problema está em que o governo federal parece estar naquela velha história de fazer "caridade com o chapéu alheio". Simplesmente estabelecer o piso e não dar qualquer apoio financeiro, principalmente aos estados mais pobres para que possam ter condições de fazer isso mostra bem a demagogia por trás do ato. É evidente que os professores devem ter um salário justo, mas também é claro que alguns estados e municípios não tem condições de dar esses salários sem uma ajuda financeira do governo federal, que deveria fazer parte da política educacional de quem se diz disposto a promover a educação no país. As palavras do deputado petista acima precisavam vir acompanhadas de deciões práticas para que não se tornem pura demagogia com o dinheiro alheio.

Eleições no DCE-UFF 2

Hoje é o segundo dia das eleições para o DCE-UFF e estou vendo a mesma apatia que se percebia na campanha eleitoral e no dia anterior. Eu votei de manhã, mais para garantir um voto para a chapa da qual faço parte (FORA SALLES! O CUV NÃO NOS REPRESENTA! PELA CONSTRUÇÃO DA ASSEMBLÉIA COMUNITÁRIA NA UFF JÁ!). Eu ainda não sei se essa eleição vai ter quórum ou não, talvez se consiga que pessoas votem na base da camaradagem, sei lá, mas ainda assim será um processo extremamente despolitizado e que só vai contribuir ainda mais para a apatia das pessoas. A grande verdade é que os partidos de esquerda que atuam no processo político brasileiro estão numa situação em que se acham com a necessidade de escamotear o discurso que normalmente fazem na hora de produzirem teses. O discurso de esquerda é considerado velho e ultrapassado, falar em luta de classes, de um projeto classista de sociedade, são coisas que não atrairiam mais as pessoas e por isso devem ser escondidas atrás de um discurso pós-moderno e diluído, onde questões específicas é que são tratadas. Em vez da luta por uma sociedade socialista o que se fala é de luta contra o machismo, o racismo, a homofobia, fala-se em defesa da natureza, mas não se toca na questão da exploração capitalista de um planeta que já começa a esgotar os seus recursos. Enfim, trata-se de uma política de simulação e dissimulação do discurso, como eu cheguei a ler num artigo de um professor da UEG (Universidade Estadual de Goiás), Nildo Viana, de quem já postei um artigo nesse blog. Até hoje me lembro de um estudante vinculado ao P-SOL, dizendo numa assembléia de estudantes de História, que não fazia discussão classista na universidade porque está é um espaço policlassista, ou seja, falta coragem para falar sobre o que, pelo menos em tese, se acredita, pois o interesse eleitoral é mais importante do que tudo. Infelizmente o que se vê é toda a lógica do processo político baseado na democracia liberal permear o processo político do DCE-UFF. Em vez de uma discussão politizadora, o que se vê é o eterno vale-tudo pelo voto.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eleição no DCE -UFF

Hoje teve início o processo eleitoral para o DCE da UFF. Pelo que eu pude ver até agora está bem devagar mesmo, o que só reflete o desinteresse dos estudantes pelo processo político que está ocorrendo na universidade. Infelizmente esse é um problema que está acontecendo de maneira generalizada. Durante os eventos ocorridos no mês de Setembro aqui no ICHF (Instituto de Ciências Humanas e Filosofia) também se viu um desinteresse de grande parte dos estudantes, embora fatos como os dois piquetes, o primeiro principalmente, tenham causado uma grande agitação. A apatia dos estudantes tem sido motivo de muitas reflexões, não são poucos os que buscam desculpas para isso no que chamam de "falta de diálogo" que os movimentos políticos existentes na universidade estariam tendo com os estudantes. Eu fico imaginando se a maioria quer mesmo que se estabeleça algum diálogo de fato. Alguns grupos políticos entram nessa lógica e tratam de rebaixar o seu discurso para tentar atrair esses estudantes. Hoje, numa passagem de sala, uma militante da Chapa 1, composta por militantes dos grupos "Nós Não Vamos Pagar Nada" e "Vamos à Luta", ambos hegemonizados por militantes do P-SOL, chegou a dizer que era importante atrair estudantes, mesmo os que não tenham qualquer interesse em participar de atividades políticas como a luta contra o REUNI. É a decisão de tentar todo o tipo de manobra para se conseguir voto, sem qualquer preocupação em politizar o debate, achando que isso será possível depois que a pessoa for atraída. Essa visão de "fins que justificam meios" já resultou em muita coisa ruim; no caso do processo político da UFF vai resultar numa completa despolitização do processo político e em mais apatia. No fundo é a mesma visão que foi demonstrada no único debate que foi feito nessa eleição, onde um militante do PCdoB procurou justificar a atual postura do seu partido em apoiar o governo Lula com a afirmação de que era importante atuar por dentro da hegemonia. Ele chegou a declarar que a "hegemonia é porosa", portanto, seria possível penetrá-la e modificá-la por dentro. Eu não pude intervir no debate senão teria dito para ele que a hegemonia não é porosa, mas fagocitosa, ou seja, pode-se até penetrá-la, mas não modificá-la por dentro, ela é que modifica quem a penetra. Enfim, essa deve ser a eleição mais despolitizada da história do DCE-UFF, nem sei se vai dar Quórum. Nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI até procuramos participar do processo a partir da montagem de uma Anti-Chapa 4. Era uma forma de tentar instigar algum debate mais aprofundado, mas a maneira como o processo se deu tornou isso praticamente impossível.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Debate eleitoral na UFF

Ontem ocorreu o primeiro e único debate que ocorreu nas eleições do DCE-UFF esse ano. Infelizmente o que se viu foi a continuidade do processo de completa despolitização do debate nessas eleições. O debate começou com mais de uma hora de atraso e suas regras foram feitas para impedir qualquer aprofundamento de discussões. Foram dois blocos: o primeiro com cada chapa tendo 10 minutos para falar sobre a razão de estar participando da eleição e o segundo com um bloco de dez perguntas a serem respondidas nas considerações finais de cada chapa, mais dez minutos de fala para cada uma. Tratou-se de um debate esvaziado, o que mostra também o completo desinteresse dos estudantes com o processo político. Isso não quer dizer que muitos não votem nos dias da eleição, mas será um voto apressado e irrefletido, um voto de quem não se responsabiliza com o processo político, na verdade, um voto de quem não está minimamente preocupado com ele, preferindo deixar que algumas pessoas assumam um protagonismo político que deveria ser dele estudante. Não dá para dizer que isso seja fruto do maquiavelismo dos grupos políticos que se beneficiam com esse processo político despolitizante, não dá para deixar de estabelecer a responsabilidade de quem se omite do processo, qualquer que seja a sua razão. Infelizmente vamos ter a mais despolitizada eleição da história do DCE da UFF.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Capital Cultural

Extraído do site: http://br.noticias.yahoo.com

FAMÍLIA É RESPONSÁVEL POR 70% DO DESEMPENHO ESCOLAR

O contexto familiar é responsável por 70% do desempenho escolar de um estudante, restando à escola e suas condições interferir, positiva ou negativamente, nos 30% restantes. A conclusão surgiu de uma revisão da literatura sobre desempenho escolar existente no Brasil realizada pela Fundação Itaú Social. O objetivo do trabalho foi orientar gestores a definir políticas públicas na área, tendo como base as evidências que aparecem nas pesquisas acadêmicas, esclarecendo resultados que, isolados, são muitas vezes conflitantes.

"Todas as pesquisas analisadas, nacionais e internacionais, mostram que a maior parte do desempenho escolar é explicada pelas características familiares do aluno. A educação é realmente um bem transmitido de geração para geração, tanto a boa quanto a má educação", explica Fabiana de Felício, responsável pelo estudo no Itaú Social e consultora do Ministério da Educação (MEC). "São fatores principais o nível de escolaridade do pai e da mãe, a renda familiar, o tipo de moradia e o acesso a bens culturais. Todo o resto acaba sendo derivado disso."

Segundo a pesquisadora, os levantamentos - feitos tendo como parâmetro os resultados em avaliações nacionais do MEC e os índices de aprovação e evasão - mostram que o aluno já chega à escola com diferenças que fazem com que ele tenha resultados maiores ou menores. Ou seja, sua condição e estrutura familiar já o colocam em vantagem ou desvantagem desde o início do ensino fundamental. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

COMENTO: Uma das primeiras leituras que me influenciaram de verdade na universidade foi a de um sociólogo francês chamado Pierre Bourdieu. Até hoje me lembro bem da enorme dificuldade que eu tive no meu primeiro contato com este autor. Hoje em dia eu sempre procuro ler algum texto de Bourdieu, pois este me ajudou a entender os vários aspectos das minhas dificuldade em lidar com autores com quem só vim travar contato na universidade. O seu conceito de "Capital Cultural" me ajudou a entender muitas dessas dificuldades e a superá-las. Essa reportagem deixa bem claro como o Capital Cultural de alguém é muito importante para superar as dificuldades de ser bem sucedido na universidade. Para pessoas que vem de uma origem proletária como eu, cujos pais não puderam me ajudar nas questões escolares, pois estes mal tinham completado o que hoje é chamado de Ensino Fundamental, travar conhecimeto com os textos de Bourdieu é fundamental para não se deixar levar por explicações simplistas e liberais sobre a incapacidade de alguns em lidar com as dificuldades escolares. A questão do "meritocracia" torna-se bem menos simplificada quando se percebe as enormes diferenças que separam os que tiveram a possibilidade de contar com todo um ambiente familiar que lhes permitiu acesso a bens culturais que só na universidade pessoas como eu puderam descobrir. Essa reportagem acaba confirmando as teorias desenvolvidas por Bourdieu desde os anos 1960, teorias que estavam marcadas pelo ambiente em que ele estava inserido, o contexto escolar francês, mas que podem nos ajudar também em nosso contexto escolar brasileiro do início do século XXI.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eleições para o DCE-UFF

As eleições para o DCE-UFF estão transcorrendo de maneira bem precária, o que parece confirmar a estratégia do coletivo "Nós Não Vamos Pagar Nada" em dar um tom totalmente despolitizado ao pleito. Até agora não foi feito nenhum debate, pois as condições para isso não foram garantidas. Na verdade, é preciso ressaltar também a extrema apatia das pessoas. Hoje de manhã eu estive no Instituto de Geo-Ciências com a intenção de participar de um debate que deveria ter ocorrido, mas isso não aconteceu e dessa vez nem dá para acusar o já citado grupo político hegemônico da UFF. A apatia das pessoas é algo muito sério e se reflete também nas eleições burguesas. No Rio de Janeiro, por exemplo, a abstenção foi de 20%. O grande problema é que a política de quase todos os agrupamentos políticos estudantis nos últimos tempos esteve toda voltada para os aspectos institucionais e eleitorais da luta política dentro da UFF. Os acontecimentos ocorridos durante o mês de mobilizações do ICHF (Instituto de Ciências Humanas e Filosofia) ocorreram com uma participação mínima dos membros das correntes políticas que chamo de Burocracia Estudantil, e quando participaram foi para frear o movimento. O grande problema é que essa apatia pode acabar prejudicando todo mundo. O Paga Nada está apostando na sua capacidade de buscar o voto despolitizado e sair vitorioso dessa eleição, mas pode ter uma surpresa desagradável de ver a sua estratégia voltar-se contra ele mesmo. De nossa parte, nós do acampamento montamos chapa e estamos buscando articular os grupos libertários e que acreditam em projetos de auto-gestão para pautar esse projeto junto aos estudantes, mas não há como negar que a extrema apatia que se está verificando acaba prejudicando quem quer o debate. Hoje à noite, no mesmo Instituto de Geo-Ciências, está marcado um novo debate e outro está marcado para a Faculdade de Educação, justamente o mais esperado de todos, vamos ver se esse processo eleitoral esquenta um pouco mais.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Notícas sobre educação para o negro

Extraído do site: http://noticias.terra.com.br/educacao


CNPq: PROJETO PARA ALUNOS NEGROS É UM DOS VENCEDORES

Depois de participar de um cursinho pré-vestibular no Instituto Cultural Steve Biko que em 1999 recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça Sheila Regina Pereira entrou na Universidade Federal da Bahia para o curso de estatística.

Sheila diz que na universidade percebeu que os jovens negros como ela estavam presentes em cursos de menor prestígio e status social. A partir daí, ela resolveu voltar ao instituto que a ajudou a ingressar no ensino superior para dar sua contribuição e ajudar a mudar essa realidade.

"No instituto eu aprendi que o seu crescimento pessoal só vem quando você ajuda os outros a crescerem também", explica.

Foi então que ela passou a fazer parte do projeto Oguntec, que acompanha 35 estudantes de escolas públicas a partir do momento em que eles entram no ensino médio até o vestibular.

A pesquisa apresentada por Sheila sobre o Oguntec foi a vencedora da categoria Graduado do 23º Prêmio Jovem Cientista, divulgada nesta quarta-feira pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq).

Como coordenadora pedagógica do projeto, Sheila conta que, além das disciplinas escolares cobradas no vestibular, os adolescentes de 16 a 21 anos têm aulas sobre consciência negra e educação científica a fim de despertar o interesse pela ciência e pelos cursos ligados à tecnologia, ciências da saúde.

"No ano passado, terminamos o ano com 25 estudantes, porque muitos foram obrigados a deixar o projeto ao longo do tempo. Mas todos os que permaneceram passaram em vestibulares em universidades particulares. O nosso objetivo agora é fazer com que eles entrem nas universidades públicas. Três deles conseguiram", conta.

Segundo ela, a maior dificuldade é suprir o déficit que os alunos trazem do ensino fundamenta

Eleições para o DCE - UFF

No início de novembro haverão as eleições para o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFF. Nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI montamos uma chapa que vai atuar nessas eleições, notem bem, eu disse atuar e não concorrer. Essa diferenciação é importante, pois concorrer implica em você reconhecer que um processo eleitoral vai ser importante dentro do processo de mudanças políticas que você deseja ver ocorrerem na universidade. Não temos nenhum tipo de ilusão nesse sentido. É claro que se pode perguntar o porquê de participar de um processo eleitoral se não acreditamos nele, simples, esse é um momento em que as pessoas estão mais predispostas a participar de debates e esse é o nosso maior objetivo, tentar mostrar nesses debates o nosso projeto de universidade e sociedade. Foi sempre isso que nos motivou em todas as ações políticas de que participamos. Na eleição que ocorreu em 2006 nós participamos por entender que o acampamento precisa de um certo respaldo político num momento de incerteza em que ainda estávamos no início de nossa luta. Agora temos um respaldo muito maior por conta de todas as lutas políticas de que participamos, um reconhecimento político que não havia antes, até mesmo de muitos que nos criticam. Essas eleições podem proporcionar uma nova oportunidade de se fomentar um debate a respeito do tipo de universidade queremos e como será possível atingir esse objetivo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Rescaldos da luta política no ICHF

Escrevo esse texto já sabendo do resultado do seminário que foi feito nos dois dias anteriores a respeito do plano de expansão do ICHF (Instituto de Ciências Humanas e Filosofia). No final foi aprovado o plano de expansão, a criação do curso de Antropologia, o que significa o início do fim do curso de Ciências Sociais na UFF, mas foi rejeitado o curso de Segurança Pública. Todas essas decisões vão ser levadas para o Colegiado que vai decidir hoje o que vai ser realmente aprovado. Da minha parte, enquanto membro de um movimento político, o Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI, vejo que tudo isso vai ser utilizado para justificar a política de repactuação que foi promovida pela burocracia estudantil e pela Chapa Ocupação do CAHIS. Eu creio que o Colegiado deva referendar as decisões do seminário, pois estas em nada contestam o seu direito de dar a palavra final sobre decisões que vão decidir o destino do instituto. Ao longo das diversas Assembléias Comunitárias que foram feitas neste último mês, o que se viu foram disputas de concepções, um grupo acabou se pautando por acordos dentro da estrutura para dizer que se conseguiram avanços, se o diretor do instituto, o professor Palharini, conseguir vencer as resistências do grupo que quer implantar o curso de Segurança Pública, provavelmente a rejeição do curso vai ser utilizada como plataforma para justificar a repactuação que foi feita. Da nossa parte, enquanto acampamento, bem como os outros grupos e indivíduos que participaram dessa luta para contestar a própria estrutura de poder existente na universidade, o que houve foi uma pequena concessão que foi feita, um "anel" que se deu para que mantivesse os dedos. É claro que a burocracia estudantil e acadêmica vão usar isso como uma grande vitória do movimento. Não há como negar que ainda é muito predominante entre os estudantes a visão hierarquizada de uma universidade e uma sociedade com pessoas exercendo posição de mando enquanto outras se resignam a obedecer. A idéia da representatividade também é muito forte e segue definindo a maioria das posições. Nós do acampamento, bem como os outros grupos e indivíduos que defendemos uma universidade horizontalizada em seus fóruns de decisão temos a consciência que representamos uma posição minoritária, no entanto, as lutas políticas do último mês foram registradas e serão utilizadas num documentário que estamos fazendo. Vai ser muito importante ter esse registro, tanto para divulgação como para estudo. As lutas políticas que foram travadas nessa universidade durante o último mês devem servir de acúmulo para as novas lutas que virão daqui para frente e a preservação de uma memória sobre elas é de fundamental importância nesse sentido.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Seminário e outra discussão sobre o piquete

Daqui a pouco vai começar o seminário que o Colegiado do ICHF (Instituto de Ciências Humanas e Filosofia) da UFF preparou para diminuir a tensão vivida nas semanas anteriores, com dois piquetes, várias Assembléias Comunitárias e intervenções nas reuniões de Colegiado, para contestar, não só o projeto de expansão, mas também a própria estrutura de poder dentro da universidade. Esse seminário é uma clara tentativa de disfarçar ao máximo a estrutura medieval de decisões que ainda impera no ICHF em particular e na universidade em geral. A firme discussão sobre a legitimidade do Colegiado decidir o destino do instituto por todos os que o integram levou a essa discussão, uma concessão mínima, mas que deve agradar a diversos setores do movimento estudantil que ainda se pauta em estrutura hierarquizadas e sistemas representativos de decisão, que não se sente preparada para tomar as rédeas de decisões que afetarão o seu futuro. A luta política que pessoas como eu levou adiante durante semanas e que agora parece dessembocar num seminário paritário e apenas indicativo foi por uma discussão séria a respeito da estrutura de poder dentro da universidade. Não tínhamos nenhuma ilusão de mudar essa estrutura da noite para o dia, até porque essa mudança tem que começar de dentro das pessoas e a grande maioria ainda não está preparada para isso, ou simplesmente não quer mudar coisa alguma em sua vida, muito menos na universidade ou na sociedade. Segue abaixo um texto que escrevi sobre o último piquete e que postei na lista dos estudantes de História da UFF. Foi uma resposta minha a muitas das críticas feitas ao piquete.



Resolvi escrever para rebater algumas coisas que me deixam muito irritado em algumas pessoas que usam argumentos contra o piquete sem entrar no mérito de qual paradigma estão se baseando para isso. O que mais me irrita é ver professores que se dizem marxistas, anarquistas ou socialistas libertários usarem termos como "antidemocrático", "autoritário" ou que o piquete está "restringindo o direito de ir e vir das pessoas". Eu gostaria que essas pessoas tivessem a coragem de dizer qual o parâmetro que usam para usar esses argumentos, mas isso seria complicado de fazer e depois voltar a posar de marxistas em festas, reuniões de partido, seminários, ou nas salas, onde vão falar sobre luta de classes ou sobre socialismo. Vamos colocar as coisas nos seus devidos lugares: o piquete é antidemocrático e autoritário? Bom, se partirmos do paradigma da democracia liberal burguesa, do estado democrático de direito e das regras institucionais vige ntes, sim, o piquete é antidemocrático e autoritário mesmo, assim como foram também todas as ocupações de reitoria desde o ano passado até agora, isso é claro, não impediu que muitos dos que criticam o piquete assinassem manifestos em favor da ocupação da USP por exemplo. Pelo paradigma da democracia liberal burguesa, do estado democrático de direito e das regras institucionais vigentes, o piquete vai contra o direito de ir e vir das pessoas, assim como as ocupações de fazenda pelos Sem-terra vai contra o direito de propriedade, muito mais importante, hoje em dia com um ar quase sagrado, que o direito de ir e vir. É claro que isso não impede muitos dos que criticaram o piquete como autoritário e antidemocrático de apoiar integralmente as ações do MST. Durante o piquet a professora Cecília veio me dizer que o nosso ato era antidemocrático e eu disse a ela que um ato político, principalmente em que se prevê algum tipo de enfrentamento, não tem que ser democrático, e não tem mesmo, ou será mais democrático fazer uma passeata de rua onde se irá atrapalhar a vida de centenas de passageiros e motoristas? Será mais democrático fazer uma greve no serviço público que poderá prejudicar milhares de pessoas, algumas delas muito dependentes destes serviços. Isso, no entanto, não impede muitas das pessoas que criticaram o piquete de apoiar esses atos. O que mais me irrita em boa parte das pessoas que criticam o piquete é a falta de coerência em usar esses argumentos liberais, indo de encontro ao que normalmente dizem acreditar em matéria de ideologia, ao que escrevem e as posições que costumam assumir quando não é o calo delas que aperta. Apoiar o MST pode, desde que façam suas ocupações de terra bem longe, apoiar a ocupação da USP tudo bem, desde que o direito de ir e vir e a constestação da autoridade fique dentro dos muros de lá.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma semana mais tranquila

Essa foi a semana mais tranquila que eu tive na universidade em mais de um mês. Na semana que vém começa tudo de novo pois teremos uma nova Assembléia Comunitária no dia 22, só que dessa vez no IACS ( Instituto de Artes e Comunicação Social ). Será um novo campo de luta para nós. Mais uma vez os que querem sacudir as estruturas da universidade vão se arriscar numa nova empreitada. Isso sem falar que vamos ter eleição para o DCE no início de novembro. Nós do acampamento fizemos uma séria discussão sobre isso e decidimos tentar montar um chapa para participar, pois entendemos que se trata de um campo de debate importante, mas estamos tendo dificuldade de convencer os setores que estão conosco na luta pela construção da Assembleia Comunitária da importância dessa participação. Infelizmente a falta de um debate mais aprofundado sobre essas questões ficou bem evidente e, independente de participarmos ou não, esse debate terá de ser feito entre os que buscam se referenciar em novos paradigmas de luta política dentro da UFF.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Texto denúncia

O piquete do dia 08/10 teve vários inimigos, mas nenhum mais falso do que alguns dos membros da Chapa Ocupação do CAHIS ( Centro Acadêmico de História ). O texto que segue abaixo mostra como algumas pessoas em momentos de enfrentamente preferem a cômoda posição de neutralidade, tudo em nome de um pretenso interesse no diálogo. O que ocorreu nas vésperas do piquete foi emblemático como tem pessoas que se colocam no embate, mas acabam recuando quando percebem o acirramento das posições e sempre se mostram prontos a uma repactuação com o poder constituído quando percebem que não será possível resolver as questões de maneira concensuada. Infelizmente esse tipo de situação vai sempre ocorrer em processos de luta, não dá para contar com todos os que iniciam o processo, pois acabam se assustando com o tipo de "monstro" que ajudam a criar.

A Manobra da “ocupação”



Na segunda-feira, dia 6 de outubro, a partir das 19h, os ativistas mobilizados na construção do piquete para o dia 8 de outubro, quarta-feira, marcaram uma reunião para organizar os pormenores da ação e discutir seus desdobramentos. Para o tablado se dirigiram quando observaram a aproximação de diversos membros da chapa “ocupação” do Centro Acadêmico de História. Não era certo se estariam ali para construir o piquete em oposição ao verticalizado e menos que feudal espaço de deliberação do instituto, o Colegiado do ICHF, que mesmo com o adiamento do seminário manteve sua reunião com pontos de pauta relacionados ao projeto de expansão e implementação de novos cursos como é o caso de Segurança Pública ou se buscavam se contrapor a ação de enfrentamento tirada em Assembléia Comunitária? Era ainda uma incógnita a motivação que conduzia tão esquizofrênica chapa para aquele local.

Terminados os informes, o porta-voz daquele agrupamento, Paulo, em mais uma de suas intervenções sempre lidas, afirmou terem eles se reunido e decidido pela não participação no piquete ainda que não fizessem oposição aberta a este. Alegavam que mesmo tendo sido um membro de sua chapa, Lucas, o proponente de tal ação, avaliavam que o adiamento do seminário conformava uma nova situação. Não devemos esquecer, inclusive, do caráter não-deliberativo deste seminário paritário proposto pelo colegiado, que em nada muda as discrepâncias de poderes, configurando um verdadeiro engodo. Vale lembrar que este adiamento, segundo Paulo e Arthur (outro porta-voz, talvez um vice-porta-voz), foi aceito sem aparentes ressalvas por parte dos representantes estudantis que compuseram a comissão paritária para a organização do seminário do Colegiado, mesmo que tal data tivesse sido encaminhada em Assembléia Comunitária. Fingiam ignorar, no entanto, que a reunião do colegiado se manteria a revelia do adiamento, assim como os pontos de pauta relacionados ao projeto de expansão.

Também a Assembléia Comunitária, puxada a princípio para avaliar o seminário deve ocorrer na data que foi marcada, dia 8 de outubro, da mesma forma que o piquete, ambos aprovados na Assembléia Comunitária. Considerando que foi uma deliberação da última Assembléia Comunitária, os “muito democráticos” porta-vozes da chapa “ocupação” apresentaram uma proposição de manter o piquete mas que o mesmo só começasse a partir das 12h e fosse submetido à próxima Assembléia! Até ativista com atuação recente no movimento conseguiram identificar tal proposição como uma manobra explícita! Como se não bastassem as constantes e eficientes manobras dos militantes “bem treinados” da burocracia estudantil (PC do B, P-SOL, PSTU e outros), agora os “independentes” da “ocupação” também estão aderindo a esta prática que sacramenta a hegemônica ausência de ética na prática política do Movimento Estudantil! Imaginem, todos sabemos que se fechar um prédio vazio já é uma tarefa dificílima, esvaziar um prédio em período de pleno funcionamento é obviamente impossível! Mesmo assim, sabendo que a reunião era organizativa e não deliberativa sobre continuidade ou não do piquete, visto que o mesmo já foi deliberado em Assembléia, os porta-vozes da chapa “ocupação” não tiveram a honestidade de simplesmente dizer somos contra, queremos ceder logo para o burocracia do ICHF e não vamos participar. Queriam passar por cima daquela construção buscando um mecanismo de inviabilizar a realização do piquete independentemente do ônus moral que aquela ação traria ao seu agrupamento. Paulo e Arthur propuseram então, que sendo aquela uma reunião aberta para a construção do piquete, eles podiam também participar e opinar sobre os métodos a serem empregados. Assim, pediam que se fizesse uma votação na proposta para tentar passar sua manobra de iniciar o piquete após as 12h e após discussão do mesmo em assembléia. Envergonhado por tal situação, Taiguara, que ainda mantinha algum senso ético, pedia para que os porta-vozes parassem de tentar encaminhar aquela manobra! Os ativistas dispostos a construir o ato, se opunham a promover aquele tipo de votação percebendo-a claramente como uma manobra extremamente suja! Por isso, Paulo e Arthur acabaram “cedendo”, retiraram a proposta e pouco depois a chapa “ocupação” saiu do espaço afirmando, através de Geovana, serem contra o piquete e que por isso não fazia sentido permanecerem na reunião. É interessante como mesmo sendo contra, conforme afirmou Geovana, Paulo e Artur pouco antes afirmavam “seu direito” de querer construir também o piquete e por isso “tentavam apenas disputar o método”!

Como se não bastasse este tipo de oposição “interna”, estamos sendo criminalizados por professores como Daniel Aarão Reis, que tem enviado e-mails exigindo maior firmeza, mão dura contra aqueles que se sublevam. Além disso, adentraram esta reunião de organização do piquete a professora Ana Motta, pedindo que não fizéssemos o piquete mas que focássemos na oposição ao curso de Segurança Pública e na figura do professor Kant, também Wellington,de mansinho, veio pedir que não se realizasse o piquete enquanto nos corredores espalha calúnias de que eles não foram convidados para compor a mesa, mas basta procurar no Youtube pelo vídeo sobre Assembléias Comunitárias na UFF que veremos o convite aos técnicos e professores para participarem da mesa.

Por tudo isso a situação se apresenta bastante tensa, mas não podemos nos intimidar! Transformar a realidade não é nada simples e aqueles que se propõem a combater a opressão e desigualdade, sabem que serão rechaçados e perseguidos pelos que defendem a ordem injusta vigente assim como por seus lacaios, aqueles que por medo, não desejam se prejudicar e dessa forma “só seguem ordens” como se acéfalos fossem!



E hoje, dia 8 de outubro, a “ocupação” e o piquete no prédio do ICHF



Após episódio anteriormente narrado, membros da chapa “ocupação” passaram ainda em salas de aula afirmando que não participariam do piquete pois o motivo pelo qual ele foi puxado, segundo eles, não existia mais apesar de não questionarem sua legitimidade. Isto é no mínimo uma tentativa de esvaziar o piquete e dissociar os indivíduos da chapa “ocupação” de uma ação com a qual não desejam mais serem identificados, visto que sua atitude é de conciliação, o que em verdade significa ceder em todas as pautas antes apresentadas, tal como vem se confirmando em suas posições a cada Assembléia Comunitária (ex: exigem construção de um seminário paritário deliberativo, posição já recuada, depois se submetem ao seminário não deliberativo e o tomam como sendo seu seminário ao optarem por participar da comissão destinada a construir tal engodo).

Chegado o dia de hoje, dia do piquete, não se viu nem sombra da chapa “ocupação” salvo alguns, um ou dois indivíduos, que no período da tarde, de longe, observaram em alguns momentos o desenrolar da dinâmica sem com ela se envolverem. Nem para participar da Assembléia Comunitária marcada para as 10h os membros deste agrupamento deram as caras, assim como também procederam as demais correntes burocráticas. Só aparecem em certo número quando do momento em que ocorreria o Colegiado, o que evidencia a ênfase dada por estes a tal espaço hierárquico em detrimento da horizontalidade da Assembléia Comunitária. Logo de cara se puseram espacialmente o mais distante possível, e, o que é pior, após o ataque dos membros do colegiado ao piquete, que com suas próprias mãos tentaram remover os bloqueios das portas, os integrantes da chapa “ocupação” se mantiveram do outro lado, observando e rindo confortavelmente da situação tal como se colocava. É interessante que, caso se confirmasse a tese de que reconheciam legitimidade do piquete, como poderiam então, observar e rir do confronto entre os brâmanes do colegiado que tentavam retirar o bloqueio e os ativistas que defendem a horizontalidade e Autogestão Social, os quais, do outro lado, deram os braços para impedir o alcance dos reacionários às portas do instituto?



Organização dos Estudantes em Luta Independentes
Extraído do site do CMI

Mais uma REItoria ocupada no Brasil. Vamos ver até quando o nosso movimento estudantil da UFF vai continuar enrolando e fazer o mesmo, até para desencruar a construção da moradia estudantil, que pelo cronograma original já devia ter sua obra iniciada. Segue abaixo a pauta da nova ocupação.


[UFRB] PAUTA DA OCUPAÇÃO DA REITORIA
Por CMI-Salvador 12/10/2008 às 00:59

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

À REITORIA

Nós, estudantes da UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA dos Centros de Cachoeira e Cruz das Almas ocupamos desde a tarde do dia 26 de setembro a reitoria da UNIVERSIDADE e temos na pauta, as seguintes reivindicações.

1) ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E POLÍTICAS DE PERMANÊNCIA;

a) Residências provisórias imediatas, com prazo determinado de entrega das residências definitivas em todos os centros;
b) Restaurantes Universitários (R.U.) provisórios imediatos em todos os campi que ainda não os têm, abertos a toda comunidade acadêmica, com preço popular e gratuito para os estudantes contemplados com o auxílio pecuniário, para os residentes e para os assistidos pela modalidade ?Auxílio Alimentação?. Construção dos restaurantes nos centros com prazo determinado;
c) Ampliação e reestruturação do restaurante de Cruz das Almas para que atenda a toda comunidade acadêmica nos mesmos moldes dos R.U.s que serão criados nos demais centros.
d) Assistência médica especializada, apoio psicológico e odontológico para TODOS os estudantes e construção do Hospital Universitário;
e) Aumento de 33% do valor de todas as modalidades de bolsa de assistência, exceto da modalidade ?Auxílio Pecuniário?. Aumento da quantidade de todas as bolsas; E que a distribuição dessas bolsas seja proporcional ao número de alunos em cada centro e que as bolsas que sobrarem (não preenchidas) sejam redistribuídas, também de forma proporcional, entre os outros centros;
f) Fechar convênio com as Prefeituras onde existe campus para ter suporte de Creche para estudantes e funcionários, até que a creche da UFRB seja construída;
g) Ampliação da circulação do ônibus do campus de Cruz das Almas para o centro da cidade abrangendo todos os horários de aula;
h) Que se prorroguem os prazos de inscrição para o processo de seleção dos bolsistas e para trancamento de matrícula, que devido à ocupação foram prejudicados;
i) Aumento do número de isentos da taxa de inscrição para o vestibular e que não seja cobrado nenhum valor pela solicitação da isenção da taxa supracitada.
j) Discutir com a PROPAAE o processo de seleção dos bolsistas

2) ADMINISTRAÇÃO POLÍTICA E FINANCEIRA;

a) Descentralização e transparência financeira, técnica, administrativa da Universidade, com prestação de contas, orçamento participativo detalhado e histórico do uso do dinheiro público pela UFRB;
b) De acordo com deliberação em Conselho de Entidade de Base (CEB), ter direito a voto no Conselho Universitário (CONSUNI) apenas detentores de cargos eletivos;
c) Os estudantes de todos os Centros deverão ter poder de voto no orçamento da PROPAAE, sendo ele participativo.
d) Audiências públicas sobre a avaliação e classificação da UFRB pelo MEC - 2008;
e) Eleição direta dos diretores de centro com eleições com paridade de votos (professor, estudantes e técnicos), respeitando a autonomia dos centros e que os estudantes possam avaliar as pró-reitorias, mudando-as de acordo com a avaliação.
f) Contratação de nutricionista para os RU?s, imediato para Cruz das Almas;
g) Aumento de Pesquisa e Extensão nos Campi, criando convênios com instituições, prioritariamente estatais e movimentos sociais, levando em consideração a autonomia da Universidade pública no direcionamento das pesquisas;
h) Abertura de licitações pelos centros, para outras empresas de fotocópia, sendo o dinheiro do aluguel destinado aos diretórios acadêmicos. Criar auxílio xérox, podendo participar qualquer estudante, bolsistas ou não;
i) A Universidade deverá ser responsável pela diária dos motoristas e combustível para as aulas de campo e eventos acadêmicos independente do dia em que ocorra;
j) Rediscutir o método de realização do vestibular com os corpos discente, docente e técnicos administrativos, com garantia de deliberação;
l) Que o ônibus para os eventos da UNE não seja prioridade;
m) Que a Universidade garanta a logística para a discussão do REUNI, dentro e fora da Universidade, e o ônibus com todos os custos pagos, para estar em Brasília no dia 12 de novembro, na Caravana de Revogação do REUNI.
n) Garantia de logística para atividades acadêmicas, culturais e políticas entre os campi, sempre quando for solicitado.

3) ESTRUTURAÇÃO DOS CAMPI;

a) Estrutura física adequada e de qualidade para o desenvolvimento das aulas práticas, como: Laboratórios de conservação, restauração, TV e rádio, microfilmagem, fotografia, Informática, anatomia, bioquímica, física, biologia, pedagogia, química, laboratório de reprodução, inseminação artificial, melhoramento genético, embriologia, biofísica e equipamentos (câmeras de vídeo, câmeras fotográficas, microscópio dentre outros);
b) Revitalização e expansão das estruturas físicas já existentes no CCAAB (granja, aviário, aprisco, eqüino, bovino e ovino) e compra de animais. Abastecer os RU?s estabelecendo convênio através do Programa de Aquisição de Alimentos da Conab e, posteriormente, com a produção do campus de Cruz das Almas com a sua revitalização e expansão das estruturas físicas, proporcionando condições de interação entre agricultores familiares da região e aulas práticas;
c) Mais livros, estantes e funcionários para as bibliotecas, que deverão funcionar das 8h às 23h nos centros que têm cursos noturnos. Autonomia para todas as bibliotecas e acesso garantido aos estudantes da UFRB independente do campus no qual estuda. Além da assinatura de periódicos e garantia de participação dos Diretórios Acadêmicos (D.A.) e Centros Acadêmicos (C.A.) na compra de livros, inclusive sugerindo títulos; Além da informatização das bibliotecas;
d) Planos de compensação realizado com os estudantes, para as disciplinas que não puderam ser realizadas por conta de déficits de equipamentos e/ou professores;
e) Criação de bolsas de monitoria e extensão, e aumento do número de bolsas de pesquisa;
f) Contratação de mais professores, técnicos e servidores, através de concurso, podendo ser contratados professores substitutos;
g) Transporte inter-campi para a execução de atividades acadêmicas adaptados para portadores de deficiência física;
h) Ampliação da segurança nos Centros, com a criação da Guarda Universitária da UFRB;
i) Acréscimo da Licenciatura para o curso de Ciências Sociais;
j) Construção imediata de ginásios poliesportivos em todos os centros;
k) Exoneração de Júlio César do cargo de Coordenador de Assuntos estudantis da PROPAAE;
l) Construção de um curso de línguas em TODOS os campi da UFRB;
m) Implantação imediata do Centro Pesqueiro em Valença, da Unidade Pesqueira Continental em Cruz das Almas para o desempenho pleno das atividades do curso de Engenharia de Pesca e aquisição do Barco Escola;
n) Que o jornal impresso das disciplinas Jornalismo Impresso I e II tenha o processo licitatório de impressão feito por, no mínimo, um ano.
o) Cumprimento da legislação ambiental no cuidado dos recursos naturais, e campanhas de conscientização ecológica nos campi da UFRB, Ex: Coleta Seletiva, Consumo Consciente, Reduzir os desperdícios.
p) Abertura imediata de licitação para construção do hospital veterinário juntamente com o canil e gatil assim como contratação dos técnicos específicos para os laboratórios;
q) Ampliação de centros informatizados com computadores para o uso dos estudantes nos centros;
r) Implantação do curso de Letras e de Artes no campus de Cachoeira;
s) Construção de laboratórios integrados com os gabinetes dos professores para os cursos;
t) Agilidade nos processos de construção dos prédios;
u) Implantação e expansão de telefonia pública nos Centros;
v) Criação do arquivo público de Cachoeira, em parceria com a Prefeitura;
w) Replanejamento do calendário acadêmico após o término da paralisação estudantil.
x) Implantação de chuveiros nos banheiros de todos os Centros;
y) Cobrar do corpo docente a atualização pedagógica através de cursos, bianualmente, com acompanhamento avaliativo por parte da PROGRAD.
z) Criação de um curso de nivelamento, optativo aos alunos, anterior ao início do primeiro semestre, para os cursos que apresentarem necessidade.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Notícia interessante diante do que está acontecendo no ICHF

Extraído do site: http://jbonline.terra.com.br

NORMA ANTITERROR PÕE ALUNOS SOB VIGILÂNCIA

INGLATERRA - Os professores britânicos estão sendo orientados a observar o comportamento dos seus alunos e informar às autoridades - inclusive a polícia - se perceberem algum comportamento extremista que possa estar ligado a práticas terroristas, informou o The Guardian nesta quarta-feira.
Segundo o jornal britânico, a partir de uma nova norma do governo, as escolas serão colocadas no centro a "agenda de prevenção" contra o terrorismo. Em reuniões nos estabelecimentos de ensino, as autoridades vão orientar professores a discutir em sala de aula sobre extremistas islâmicos e grupos racistas de extrema direita.
Para isso, receberão um "kit" com instruções para esses tipos de conversa. O objetivo é prevenir visões extremistas passem despercebidas. No verão, uma norma sugeriu que as escolas levassem chefes de mesquitas nascidos na Grã Bretanha para conversar com os alunos e promover os direitos universais.
A polêmica nesta nova norma é fazer com que os professores monitorem seus alunos e avisem as autoridades se perceberem o desenvolvimento de visões extremistas. O governo enfatiza que não visa buscar encontrar terroristas em playgrounds, mas sim que os mestres usem sua capacidade para vigiar os alunos com comportamento suspeito.
O mesmo já acontece, segundo as autoridades britânicas, em outros casos. Se o professor percebe que um aluno está envolvido com drogas ou está participando de gangues perigosas, os pais são avisados. O novo kit que será distribuído nas escolas conterá contatos de serviços sociais, líderes comunitários e até a polícia.
[13:14] – 08/10/2008

COMENTO: É isso aí! Em breve isso vai chegar aqui também. Vai ser interessante ver que tipo de atitude os nossos professores vão tomar, principalmente os que gostam de ostentar um discurso libertário, marxista e tal. Algumas pessoas poderão dizer que se trata de uma situação emergencial, que o combate ao terrorismo exige a tomada de decisões radicais. Eu digo que o que é chamado de decisão radical num momento de emergência, tem uma grande possibilidade de acabar se naturalizando quando essa emergência deixa de existir, a história está cheia de exemplos desse tipo. Essa notícia apenas mostra o quanto cada vez mais vem se tornando impossível esconder que a democracia liberal burguesa mantém esse ideal de liberdade de pensamento enquanto os seus fundamentos básicos não são ameaçados, enquanto não aparece nenhuma contestação ao dogma de que não há outra forma possível de democracia fora do modelo liberal, burguês e representativo. Os ataques terroristas são uma situação emergencial que justificaria transformar os professores em X-9 dos seus alunos, mas as implicações desse poder vão acabar indo muito mais além disso e qualquer pessoa com mais sagacidade e experiência social, principalmente num ambiente de forte embate político e ideológico sabe disso. Aqui na UFF, com o acirramento das posições que tivemos ontem, por conta do piquete isso ficou bem claro. Várias imagens foram feitas, não só por nós, mas também pelos próprios professores, eles que não gostam de ser filmados nas suas atividades políticas, como a reunião do Colegiado filmaram a nossa ação, mas tudo bem, é assim que tem de ser mesmo. As pessoas é que decidiram quem estava com a razão. Da minha parte, eu não pude resistir em postar essa notícia para mostrar as possibilidades a que estão sujeitos todos os que se colocam contra a ordem instituída, seja da maneira bárbara e destrutiva de um ato terrorista, seja da maneira a confrontar ideologicamente um modelo de universidade e sociedade, como estamos fazendo na UFF. Não importa realçar as diferenças, o que importa, ao contrário, é homogeneizar para dizer que
para melhor calar quem se propõe a discutir o que não se quer discutir, ou seja, o modelo de universidade e sociedade que aí está. O que se quer é reafirmar a autoridade de quem não quer abrir mão do seu “direito” aristocrático de decidir “o que é melhor para todos”. Eu não tenho dúvida que a política da discussão rasteira vai ser empregada contra os que fizeram o piquete no ICHF. Na verdade, isso já estava acontecendo. Eu estou num dos laboratórios de informática do Bloco O, um dos que fechamos no piquete de ontem. No caminho encontrei uma colega que me falou das críticas que estavam fazendo e que se reduziam a dizer que estávamos usando os banheiros dos blocos bloqueados para fumar maconha. É basicamente nesse nível que estão as coisas, mas não há outra solução a não ser enfrentar esse debate, nas salas de aula, nos corredores, na internet e nas Assembléias. Hoje, por exemplo, vai haver a primeira Assembléia Comunitária do Gragoatá. Não creio que vá muita gente, mas vamos ver. O importante é que o debate seja mantido e que as pessoas não fiquem se escondendo atrás de um discurso que não é referendado pela prática que elas têm sempre que a conjuntura política as obriga a sair do seu confortável casulo.

Rescaldos do piquete

Ontem foi feito o piquete aqui no ICHF ( Instituto do Ciências Humanas e Filosofia ). Foi um piquete tenso em dois momentos, de manhã quando o professor Palharini, diretor do instituto, tentou, com a ajuda de dois funcionários, abrir a força os dois blocos que estavam fechados, mas o momento mais tenso foi de tarde quando boa parte dos membros que compõem o Colegiado do ICHF tentou forçar a entrada no bloco O para fazer ali a reunião do Colegiado. Tudo foi filmada, não só por nós como também pelos próprios professores, os mesmos que se recusaram a permitir que as duas reuniões anteriores do Colegiado fossem filmadas. Já soube que hoje de manhã as discussões sobre o piquete já estavam sendo feitas, infelizmente de modo rasteiro, dizendo que estávamos usando os banheiros do blocos interditados para fumar maconha. Fico imaginando se quem faz esse tipo de acusação não seria também usuário de maconha. Geralmente essa é acusação de maconheiro, junto com a de não querer estudar sempre surge na hora de definir as pessoas que atuam politicamente na universidade, principalmente em momentos de confronto como os de ontem. Infelizmente esse tipo de debate rasteiro tem de ser enfrentado com a disposição em confrontá-lo através de um debate politizante sobre o que realmente importa ser debatido, o plano de expansão no aspecto conjuntural da UFF e o próprio modelo de universidade e sociedade que temos, no que se refere ao plano estrutural da UFF. Será uma luta duríssima, mas que tem de ser feita.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Piquete ao vivo

Passei ontem a noite na preparação do piquete que foi realizado hoje de manhã no ICHF (Intituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Houve um momento de tensão quando o diretor do instituto, Francisco Palharini tentou abrir os dois blocos que estavam fechados a força. Ele contou com a ajuda de dois funcionários, um deles chegando a entrar por uma porta traseira e se trancando dentro do Bloco O. Entretanto, o nosso grupo se manteve firme em bancar o piquete que fora decidido numa Assembléia Comunitária. Com isso o diretor teve que recuar, pois percebeu que só acionando a polícia poderia forçar a abertura dos blocos. A tensão diminuiu um pouco, mas pode vir a aumentar, pois há uma Assembléia Comunitária marcada para as 10 horas em que o piquete será certamente discutido e vai ser muito difícil impedir que uma maioria vote pelo seu fim. Da minha parte eu acho importante o debate e ele tem que ser feito com firmeza, expondo os que se colocam contra o piquete por mero oportunismo político, bem como aqueles que se colocam contra por concordarem com o tipo de universidade e sociedade que nós temos atualmente. Essa discussão tem que ser feita, mas o fundamental é ter em mente que a Assembléia não está livre das contradições que são verificadas na nossa universidade e sociedade. Entendo que se a Assembléia votar pelo fim do piquete temos que respeitar essa desisão, pois é um espaço que queremos construir, mas sem a ilusão que vamos ter todas as nossas posições contempladas nela. A luta vai continuar se dando independente da decisão que for tomada na Assembléia que ocorrer hoje.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Está chegando a hora

Estou aqui num dos laboratórios de informática da UFF para junto com vários outros companheiros iniciar o piquete. Como da outra vez, vamos esperar até fecharem os prédios e depois iniciar a ação. Entretanto, ao chegar já constatamos que os que não querem o piquete já começaram a agir, primeiro tirando os tablados que usamos da outra vez para fechar as entradas do prédio. Nada demais, pior mesmo foi a atitude de alguns dos membros da Chapa Ocupação do CAHIS ( Centro Acadêmico de História ), que ontem tentaram convencer alguns dos nossos a desistir do piquete. A coisa chegou ao ponto de proporem um piquete para o meio-dia, um absurdo. Não temos dúvida que se Assembléia Comunitária que foi marcada para as dez horas estiver cheia o piquete será derrubado, mas estaremos lá para fazer o debate sobre o tipo de universidade que as pessoas querem afinal. Já chega de ficarem em cima do muro, se declarando de esquerda, mas na hora de ser confrontado com as contradições da universidade e da sociedade, revelar um comportamento absurdamente aristocrático. Chega também de estudantes que insistem em não assumir uma posição clara sobre o que querem realmente realizar enquanto projeto político. É em momentos como esse, onde as posições se acirram que as pessoas deixam cair as máscaras e se revelam de verdade. Ainda que o piquete seja derrubado na próxima Assembléia e o movimento político no ICHF volte ao mesmo marasmo em que estava antes do primeiro piquete, se conseguirmos que as pessoas assumam as suas verdadeiras posições já será um ganho, mais ainda se aqueles que pautem uma discussão séria sobre o tipo de universidade e sociedade que se quer construir. Será muito bom se aqueles que desejam uma universidade e uma sociedade em que todos tenham a responsabilidade e a possibilidade de contribuir para a solução dos seus problemas e a aproveitamento dos seus recursos, puderem se articular para levar esse projeto adiante.

Amanhã é dia de piquete 2

Estou postando aqui um panfleto que foi feito por nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI para chamar as pessoas que compõem a comunidade do ICHF em particular, e da UFF em geral a participar da luta política que ocorrerá a partir de amanhã. O novo piquete se justifica pela total incapacidade do Colegiado em atender qualquer das demandas políticas levadas até ele pelas diversas Assembléias Comunitárias que foram feitas. Nem se pode dizer que foram demandas absurdas, até mesmo do ponto de vista institucional, pois algumas propostas eram até recuadas, como a realização de um Seminário propositivo e deliberativo, mas com voto paritário, o que manteria o predomínio dos professores, até mesmo porque estes certamente teriam o reforço de diversos estudantes que se deixam levar por suas determinações. O panfleto segue abaixo:


Breve reflexão sobre este processo de luta!

Este é um texto dedicado a você, estudante preguiçoso, que não se dispõe a ler um texto muito longo. Nesta breve reflexão de uma página, iremos resumir os nossos argumentos para tentar instigar você a ler (e criticar) o texto que nós realizamos na integra*. O desafio está lançado!
Palavras-chave (para facilitar a leitura!): REUNI, Projeto de Expansão, Colegiado ICHF, Assembléia Comunitária, Piquete, Estrutura de Poder.
No final do ano passado o REUNI foi imposto à UFF após uma longa luta política em que o poder constituído da universidade, ou seja, a REItoria, resolveu utilizar o braço armado do Estado para impor a sua vontade. Neste ano, o projeto de expansão do ICHF, que é nada menos do que um desdobramento do REUNI, acabou sendo imposto de forma autocrática pela direção do ICHF, que se estrutura de forma extremamente hierarquizada, reproduzindo a lógica predominante na sociedade burguesa. Diante de tal situação e da possibilidade concreta do Colegiado aprovar o projeto político pedagógico dos cursos de Antropologia e de Segurança Pública, que na prática seria a ratificação completa da aprovação de todo o projeto de expansão, a Assembléia dos Estudantes do ICHF decidiu pela realização de um piquete no dia 11 de setembro.
O piquete foi realizado e gerou um grande debate a respeito da sua legitimidade enquanto ação política. Palavras como “democracia”, “autoritarismo” e “violência” eram atiradas a esmo pelos que se colocaram contra a sua realização. A alienação das pessoas, muitas delas ignorando que o Colegiado iria votar sobre questões que se refletiriam no seu futuro na universidade, as levava a criticar o piquete sem se preocupar em conhecer os motivos de sua realização, bem como o que estava para acontecer no ICHF no dia de sua realização.
Da parte das pessoas que bancaram o piquete havia um claro entendimento de que somente com uma ação radicalizada seria possível obrigar a direção do ICHF a recuar de sua postura aristocrática, concentrando a decisão sobre o futuro do instituto nas mãos de um pequeno grupo de pessoas. Antes do piquete do último dia 11 o que tínhamos era uma situação de completa apatia política por parte de todos os setores do ICHF. A realização das Assembléias Comunitárias, que é um espaço horizontal, bem como a participação ativa dos estudantes em diversos Colegiados injetou um ânimo político até então inexistente na discussão, não só a respeito do plano de expansão ou dos cursos de Antropologia e Segurança Pública, mas também da própria estrutura de poder dentro da universidade.
Cabe lembrar que o Colegiado do ICHF não acatou nenhum ponto do que foi deliberado pela Assembléia Comunitária, somente a realização de um Seminário, mas castrou-lhe o poder de deliberação, sendo apenas indicativo. Do que adianta debater um tema, se, em última instância, quem decidirá será o próprio Colegiado do ICHF!? Repudiamos a Estrutura atual por entendermos que desta forma projetos que pautem a superação da sociedade de classes jamais serão aprovados. O que também não aconteceria necessariamente em um espaço horizontal. Mas, sem dúvida, seria um avanço.
O que se vê hoje, quando estamos às voltas com um novo piquete a mobilizar as opiniões no ICHF, é uma discussão efetiva sobre que projeto de universidade cada pessoa defende e deseja construir. Os debates nas listas de discussões, nas Assembléias Comunitárias têm servido para obrigar as pessoas, independente de segmento ou agrupamento político a que pertence, a se posicionarem sobre as estruturas de poder existente na universidade. Provocar tal debate, por si só, já torna o piquete válido como ação politizadora do processo político que está ocorrendo no ICHF.
Agora é com você...

* O mesmo será entregue aos interessados na barricada atual e nas que virão.

Amanhã é dia de piquete

Amanhã teremos um novo piquete no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ) aqui na UFF. Será mais um momento nesse processo de luta que se iniciou no dia 09 de setembro numa Assembléia de Estudantes do ICHF que aprovou um piquete na quinta-feira seguinte, como forma de se contrapor à decisão do Colegiado que se preparava para ratificar a aprovação do projeto de expansão do instituto sem que tivesse havido qualquer debate sobre o mesmo junto a comunidade do ICHF. Essa mesma reunião ia aprovar mais dois cursos: Antropologia e Segurança Pública, esse o mais polêmico de todos. O piquete foi feito e teve sucesso em mobilizar a comunidade do ICHF sobre o que estava acontecendo. O debate foi intenso, assim como as críticas, que devem ser ainda mais fortes nesse novo piquete de amanhã. O fato é que desde o último piquete foram feitas várias Assembléias Comunitárias e reuniões de Colegiado, mas a luta continua cada vez mais intensa, principalmente por conta da atuação de um grupo a quem denominamos ao longo do processo de Burocracia Estudantil. Segue abaixo um texto onde eu procuro dar uma breve definição do que seria essa Burocracia Estudantil e de como tem agido dentro do Movimento Estudantil como fator de freamento das lutas políticas mais contestadoras da ordem.

Entendo como Burocracia Estudantil toda e qualquer organização política que paute sua ação visando, fundamentalmente, a busca, reprodução ou manutenção de sua Organização a frente do Movimento Estudantil ( ME ) por meio da representatividade. A partir dessa concepção, reproduzem, sempre que conseguem se colocar a frente dos Diretórios, Centros Acadêmicos e/ou DCE’s, os mesmos paradigmas de atuação do que eu chamo de espaços institucionais burgueses.
Uma burocracia estudantil só se forma por meio da ocupação de cargos nos espaços institucionais dos locais onde atua. Seu tipo de militância não deixa espaço para qualquer luta política que não se paute na sua atuação junto aos espaços institucionais burgueses, o que no caso das universidades, não poderia ser melhor representado do que o seu Conselho Universitário ( CUV ). Por depender de espaços como este para manter a sua hegemonia no ME, a burocracia estudantil não pode deslegitimá-lo em prol da construção de espaços verdadeiramente democráticos. Com isso, essa mesma burocracia estudantil acaba opondo-se assim, a qualquer forma de luta política que vise se contrapor ao modelo de universidade atualmente existente.
A Burocracia Estudantil se apresenta de forma constante no ME (se organizam nacionalmente, estão no movimento secundarista, mantém relações, principalmente de ordem financeira, com sindicatos e parlamentares). Quando o movimento real não está forte, eles mantém com facilidade a hegemonia. No entanto, existem momentos em que o movimento cresce, e começa a se radicalizar. Em momentos como esse é que se costumam surgir propostas de contestação aos paradigmas da democracia liberal burguesa, eleições, representatividade, modelos hierárquicos de tomada de decisões, ou a preponderância do que eu chamo de direitos individuais absolutos sobre qualquer forma de ação política coletiva e radicalizada. Em situações como essa, a burocracia estudantil, até mesmo por conta dos seus paradigmas de funcionamento, acaba cumprindo o papel de frear o movimento.
É justamente a concepção desses grupos de movimento político que os levam a reconhecerem a necessidade de atuar nos espaços institucionais burgueses. Essa mesma concepção que os leva a transformar o que poderia ser um espaço classista, como DAs e DCEs, em cópias desses espaços institucionais, no que podemos chamar de parlamentarismo estudantil. É a mesma concepção que leva os representantes dessa mesma burocracia estudantil a se colocar contra qualquer movimentação política que busque horizontalizar os espaços de disputa, o que diminuiria seriamente a sua influência.
“A crise do movimento é a crise da direção”. A partir desse axioma trotkista temos a justificativa que fundamenta as ações dessa burocracia estudantil, e estamos falando daquela que se reivindica de esquerda, socialista, com projeto revolucionário de sociedade. A partir dessa argumentação, o movimento estudantil só atingiria os seus objetivos sendo dirigido por essa burocracia estudantil.
Espaços institucionais burgueses são táticos no discurso, mas tornam-se estratégicos na prática política cotidiana, diante da dependência que se estabelece entre a burocracia estudantil e esses mesmos espaços. Não existe burocracia estudantil sem espaço burocrático a ser defendido e legitimado pela mesma. A ausência de um movimento efetivo de luta política, sem um projeto que se contraponha a ordem liberal, burguesa e capitalista, só garante a hegemonia do espaço burocrático. O modelo representativo torna-se assim, a garantia do espaço burocrático a uma burocracia estudantil que não poderia sobreviver de outra forma.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Ainda a carta do funcionários

Quem ler o conteúdo da carta atribuída aos funcionários do ICHF pode ver a tentativa de criminalizar aqueles que tem pautado uma política de claro enfrentamento diante da conjuntura que se afigura atualmente na UFF. Trata-se de uma conjuntura onde todas as decisões são tomadas de cima para baixo, sem qualquer consideração pelos interesses e opiniões da comunidade da UFF em geral. Em alguns trechos são ditas mentiras como a afirmação de que professores e técnicos foram impedidos de participar da mesa. Para rebater essa mentira nós do acampamento, que temos tido o cuidado de registrar ao máximo as atividades política de que participamos preparamos um pequeno vídeo menos de 3 minutos e o postamos no YOUTUBE, como forma de desmentir essa afirmação, o link está abaixo.

http://br.youtube.com/watch?v=ap0e6cz1m-M

O conteúdo da carta mostra claramente que a postura de muitas pessoas é seguir a linha imposta pela REItoria da universidade, ou seja, a linha do "cada um por si", na hora de se discutir o plano de expansão. Cada instituto está sendo levado a entrar numa briga de foice por recursos que não vão ser suficientes para as necessidades de todos, isso em vez de lutarem juntos por um plano de expansão onde se busquem mais recursos, pois é óbvio que essa política do "cada um por si" só favorece aos planos da REItoria e do governo federal em impor um plano de expansão aos moldes do REUNI.
Está mais do que claro a tentativa de criminalização dos que querem que esse debate não fique restrito ao ICHF, pois isso seria o caminho certo para a derrota de qualquer pretensão de um plano de expansão que não ficasse a reboque dos ditames do mercado. Entretanto, o que está mais claro ainda nos objetivos da carta, que foi assinada por 24 dos 34 funcionários do instituto, é a tentativa de abafar qualquer discussão a respeito do caráter hierarquizado e aristocrático como a universidade é conduzida. Os diversos atos políticos ocorridos, o piquete, as assembléias comunitárias e as participações no Colegiado tem evidenciado a postura arrogante e aristocrática de professores, muitos deles que adoram alardear discursos "libertários", se declarando anarquistas, marxistas ou socialistas libertários, mas tendo uma postura e um discurso que vai contra essas posições ideológicas. Isso fica claro no pequeno vídeo que está no YOUTUBE.
Nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI temos gravado o máximo de imagens dessas atividades políticas como forma de mostrar essas contradições e os interesses de classe que ficam evidentes por elas. O trabalho que estamos fazendo e que pretendemos publicizar em breve através de um novo documentário ao estilo do "REItor Ladrão: cadê nossos pertences", vai de encontro a necessidade de deixar registrado uma memória importante do movimento estudantil e de como os processos se dão ao longo da luta política. Essa é uma contribuição que pretendemos deixar para as gerações futuras.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Conflito de interesses e de classe

Toda a discussão política que está sendo feita nas diversas atividade do ICHF tem sido importantes para fazer com que as pessoas tenham que assumir posições e saiam da cômoda situação de nada precisarem dizer. A falta de movimentação política ajudava nesse sentido, não é por acaso que tantos falaram mal do piquete, porque este obrigou muita gente que preferia ficar na sua, sem se posicionar, a tomar um posição. O caso dos Tecnicos-Admnistrativos aqui do ICHF dá uma boa medida disso. Um deles, chamado Wellington, que trabalha no laboratório de informática vem se destacando pela maneira sórdida de se posicionar. Primeiro levantando falsos acontecimentos nas Assembléias Comunitárias como o fato de que professores e funcionários não terem sido convidados para compor a mesa. Temos um vídeo onde isso é mostrado de forma clara. Outra mentira é a afirmação de sua participação foi impedida na Assembléia, no mesmo vídeo ele aparece fazendo um fala sem sofrer qualquer tipo de restrição e declarando o seu voto. Sua última intervenção, foi escrever uma carta e convencer a maioria dos funcionários do instituto a assinar, onde expõem uma posição em que procura deslegitimar as Assembléias Comunitárias que foram feitas. Esse tipo de situação é desagradável por um lado, mas também tem o seu ponto positivo, pois mostra que toda a movimentação que ocorreu está atingindo o seu objetivo de provocar o debate e chamar à discussão sobre os problemas e concepções de universidade que as pessoas têm. O conteúdo da carta segue abaixo, numa outra postagem eu pretendo comentá-la.

CARTA MANIFESTO
DOS TRABALHADORES TÉCNICOS-ADMINISTRATIVOS DO ICHF À COMUNIDADE DO ICHF.

Nós técnicos-administrativos do ICHF queremos nos manifestar ao conjunto de professores e alunos do ICHF com relação a diversos temas que estão em pauta, tanto nas áreas de circulação, quanto nas reuniões de categorias e de Colegiado. Como princípios embasadores,

· acreditamos que nada é estático e as transformações ocorrem em função de uma luta legítima por mudanças, desde que pautadas pelos princípios democráticos.

· afirmamos a legitimidade do nosso Colegiado e das eleições que escolheram os seus membros e não referendamos os atos que desrespeitam esta instância de decisão, muito menos aos seus membros.

Queremos afirmar que muitos de nós participamos nas lutas sociais em Representações Estudantis (Grêmios, DAs, CAs, etc.) e de Categoria (Associações e Sindicatos). Nossa luta marcou história nas diversas transformações que influenciaram diretamente o modo de vida de nossa universidade e da sociedade como um todo e nos orgulhamos do fato de que o ICHF sempre esteve à frente, em relação à UFF, nessas questões.

Por entendermos que as categorias e os interesses são diversos, sempre olhamos com respeito as lutas, tanto dos docentes quanto dos discentes.

Por diversas vezes, tivemos interesses em comum, e isso fez com que estivéssemos lado a lado nas passeatas e manifestações, construindo assembléias conjuntas, defendendo a mesma bandeira. E isso nos tornou mais amadurecidos com relação à possibilidade de alinhamento.

Ainda hoje, há interesses convergentes - como o é a ampliação da participação dos discentes e técnicos nos fóruns decisórios da UFF.

Queremos esclarecer que nós não nos posicionamos contra o debate, ao contrário, queremos e incentivamos que o espaço de interlocução e negociação entre as categorias seja ampliado. Contudo, do ponto de vista dos técnicos-administrativos, um entrave que se apresenta é o seguinte: uma minoria, de segmentos mais radicais dos movimentos sociais discente, alguns alheios ao ICHF, está querendo impor à comunidade do ICHF suas posições. Em alguns momentos utilizando mecanismos autoritários, às avessas dos seus ideais propagados, que constrangeram todas as categorias, desrespeitaram direitos e quiseram colocar abaixo espaços conquistados com muito esforço por todos nós. Exemplificamos isso com as chamadas Assembléias Comunitárias do ICHF, utilizadas para legitimar seus interesses, porquanto em nenhum momento trouxe a verdadeira participação das categorias:

· o público definido para as assembléias era a comunidade do ICHF e isso não foi respeitado;

· na configuração das mesas diretoras não houve representação docente, nem técnico-administrativa;

· o objeto inicial da reunião, avaliar e apresentar propostas ao Colegiado, relativas ao plano de expansão do Instituto foi modificado, em nome da revogação do projeto;

Respeitamos a proposta de reuniões com participação ampliada, representando todos os locais da Universidade, mas defendemos que o ICHF tenha as suas questões discutidas e avaliadas primeiramente em âmbito do instituto e, só então, com o amadurecimento da questão, sejam realizados debates ampliados com outros locais.

Em relação à proposta de um seminário para avaliação do projeto de expansão do ICHF, que foi aprovada pelo Colegiado, estaremos definindo uma data para nos reunirmos e avaliarmos a nossa forma de participação, desde que respeitados os princípios que esta nossa Carta Manifesto apresenta.

Saudações Universitárias.

Niterói, 29 de setembro de 2008.

Nova semana de lutas

Estas últimas semanas aqui na UFF tem sido muito agitadas por conta dos processos de discussão que têm ocorrido aqui no ICHF ( Instituto de Ciências Hunamas e Filosofia ). foram uma Assembléia do ICHF, um piquete, três Assembléias Comunitárias e duas participações ativas em reuniões de Colegiado. Tudo dentro de um objetivo que para aqueles que viam nessas movimentações muito mais do que discutir planos de expansão ou obter migalhas do tipo um aumento de vagas estudantis no Colegiado, a oportunidade de se discutir o tipo de unversidade que temos e o que queremos ter daqui para frente. Essas discussões permitem que se mostre a ampla diversidade de posições, objetivos e opiniões que compõem a comunidade estudantil. Normalmente os estudantes são tratados como uma massa homegênea, mas nós do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI temos a convicção de que isso não passa de bobagem, frequentemente utilizada pelas burocracias estudantis para não fazer um debate politizado sobre que tipo de universidade e sociedade os estudantes em seu conjunto desejam. A idéia de ter que confrontar os interesses de classe que movem muitas opiniões e atitudes dos estudantes apavora essa burocracia que não consegue viver fora dos espaços institucionais, que vive a legitimar o sistema que afirma combater ao participar das eleições burguesas sem se dispor a fazer com o eleitor um debate sério sobre a validade de tudo isso e os enganos e manipulações a que estão sujeitos. Não dá sequer para analisar essa participação dentro dos parâmetros leninistas que muitos membros dessa Esquerda Tradicional reinvindicam ao serem contestados. O que se vê é o discurso de que é necessário disputar esses Espaços Institucionais Burgueses, os parlamentos na sociedade, Colegiado do ICHF ou ou CUV ( Conselho Universitário ), no caso das unviersidades. O fato é que essa burocracia estudantil e os equivalentes dos partidos da Esquerda Tradicional acabam legitimando essa sociedade burguesa, liberal e capitalista que aí está, com essa Demcracia Liberal que dizem combater, mas que só fortalecem com suas atitudes. Quando se fala em disputar os Espaços Institucionais Burgueses, tanto na universidade quanto na sociedade, se está distorcendo o parâmetro leninista que admite a participação, não para participar, mas para denunciar esses espaços. Na verdade o que esses partidos e seus representantes na burocracia estudantil fazem mesmo é o que o professor da Universidade Estadual de Goiás, Nildo Viana, afirma em seu livro "O que são partidos políticos", trata-se de "um processo de simulação dissimulação", ou seja, simula-se um discurso para dissimular para as pessoas um objetivo. O grande problema é que a simulação e a dissimulação tende a gerar uma identificação com o processo de tal forma que com o tempo acaba ganhando ares de "verdade" e o objetivo original se perde na simples busca de manter os espaços mínimos concedidos pelo sistema liberal-burguês. Com o tempo o que se vê é o que está acontecendo agora com o PT, um partido que não tem mais projeto de sociedade, e sim um projeto de poder, em nome do qual todas as convicções são sacrificadas. Nao é nada fácil lutar contra isso, denunciar isso já é extremamente difícil. Aqui na UFF, nós do acampamento somos tachados de sectários, "esquerdistas", de fazer "picuinhas", quando procuramos evidenciar essa contradição. Infelizmente é um fato que está colocado e o nosso objetivo é nos qualificarmos para continuar essa luta.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Rescaldos da Assembléia Comunitária

Na terça-feira tivemos mais uma Assembléia Comunitária aqui no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Foi uma Assembléia que a meu ver começou mal ao se render a lógica do taticismos, aprovando a participação no seminário que o Colegiado aprovou para tentar diminuir a tensão entre os estudantes que exigem um espaço mais abrangente de tomada de decisões dentro do instituto. Ao final a Assembléia aprovou um novo piquete na quarta-feira que vem, dia seguinte ao término do seminário. É claro que para muitos o piquete será apenas uma forma de pressionar o Colegiado que ocorrerá naquele mesmo dia a aprovar as decisões que esperam conseguir aprovar no seminário. Da nossa parte, eu falo enquanto membro de um coletivo político que tem lutado para construir a Assembléia Comunitária como forma de contestar esse modelo de universidade que nós temos, a luta vai se dar de forma bem diferente. O nosso objetivo com o piquete é promover um debate sobre o tipo de universidade as pessoas querem, e caso queram uma universidade que se disponham a dar a todos os membros de sua comunidade a oportunidade de decidir o seus objetivos, se estão dispostas a lutar para que este tipo de universidade se torne uma realidade.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Assembléia Comunitária hoje na UFF

Hoje teremos mais uma Assembléia Comunitária no ICHF ( Instituto de Ciências Humanas e Filosofia ). Eu e mais duas pessoas fizemos passagens em sala de manhã para chamar estudantes e professores para essa assembléia que deve tomar uma posição em relação ao seminário que o Colegiado aprovou para os dias 6 e 7 de outubro. Será o momento de mais uma vez colocar as diferentes posições sobre qual o objetivo final das pessoas que se fazem presentes nessas assembléias. Eu não tenho dúvidas que muitos querem acabar com o movimento que se iniciou com a decisão da Assembléia dos Estudantes do ICHF de fazer um piquete contra a decisão do Colegiado do instituto em decidir às portas fechadas o futuro de mais de 2000 estudantes, sem que estes fossem ouvidos. Será uma luta muito dura e que vai continuar após uma outra reunião que teve ontem à noite e que decidiu uma data para a Assembléia Comunitária do Gragoatá. Enfim, essa luta se dá, principalmente, no campo da consciência, colocar em debate que tipo de universidade e de sociedade as pessoas querem e se estão dispostas a lutar por isso. Disputar consciências, politizar o debate sobre o tipo de universidade e sociedade que se quer construir é o principal objetivo dos que não vão se limitar a pretensas "vitórias" no campo institucional e burocrático. Esse é o nosso objetivo nessa assembléia e é para isso que estaremos lá.

Texto antigo

Esse é um texto escrito no final do ano passado por Rafael Viana, um militante da FARJ ( Federação Anarquista do Rio de Janeiro ). O texto foi escrito por conta da indignação do Rafael pela maneira como a Rede Globo tratou a questão das ocupações de reitorias e o Movimento dos Sem-Teto na novela Duas Caras, em exibição na época. Estou reproduzindo esse texto aqui com muito atraso, mas a ocasião não deixa de ser oportuna por conta de todos os acontecimentos que vem ocorrendo aqui na UFF, na UERJ e na UNIFESP, bem como em outras universidades pelo país.

O MOVIMENTO ESTUDANTIL E O
MOVIMENTO SEM-TETO
SEGUNDO A REDE GLOBO, AMÉM!
Por Rafael Viana

Ninguém em sã consciência ou com o mínimo espírito crítico guarda alguma dúvida acerca da manipulação grosseira realizada pela Rede Globo utilizando seus meios de comunicação. Muito menos de sua relação excusa com as elites privadas e os grandes interesses do capital financeiro. Ninguém tem mais dúvida sobre seu papel infame na ditadura militar, seu ataque sistemático aos movimento sociais, sua função ideologizadora e mantenedora da ordem burguesa na sociedade brasileira, que legitima a exploração, a miséria, a desigualdade social oriunda da sociedade de classes; contudo no dia 07 de novembro a Rede Globo deu um passo a mais em todo este processo infame, mostrando-se sempre atenta com os acontecimentos sociais e desejosa por fazer valer sua versão dos fatos, a Rede Globo resolve atacar o movimento sem-teto e o movimento estudantil por meio de seus infelizes meios de distribuição de mentiras: as novelas.
Quem teve o azar de acompanhar os dois últimos capítulos da novela das oito(no meu caso um eventual esbarrão que me aguçou a tentar entender melhor a finalidade ideológica daquela mixórdia fictícia) intitulada "Duas Caras", pôde ver a opinião ideológica da Rede Globo aflorar de maneira mais nítida. Além de ter como cerne principal uma comunidade, cuja origem era uma ocupação, onde seu líder é interpretado por Antônio Fagundes, um caudilho autoritário, uma espécie de miliciano que impõe a lei e a ordem na favela a partir de uma associação de moradores submetida aos seus desmandos autoritários. A novela ainda tem a cara de pau de confeccionar um retrato dessas comunidades a partir de sua ótica pervertida, burguesa, elitizada, fomentadora de estereótipos baratos.
Podemos ver claramente a dicotomia artificializada pela vênus platinada, enquanto os trabalhadores da comunidade fictícia apenas estão envolvidos com pequenas e irrelevantes discussões de senso comum
e não muito ocupados com ofícios laboriosos, os ricos e poderosos estão envolvidos com negócios, dedicando-se exclusivamente ao árduo trabalho diário de gerirem empresas e administrarem negócios. É o mito do rico "trabalhador" e do pobre que é pobre pois não se esforçou suficientemente para sair desta condição.
Mais a cena mais polêmica, é a que estudantes de uma universidade particular, cuja reitora e dona é interpretada pela atriz Suzana Vieira, resolvem realizar um protesto em frente a universidade. Diante do protesto, a personagem "Branca" interpretada por Suzana Vieira pergunta a um dos estudantes quem é o líder do protesto, da baderna. Este relata que é o coletivo, a qual a personagem irônicamente responde que na verdade "Alguma liderança por trás que decide tudo por esse coletivo, sei muito bem como é...". É claro, jamais a globo entenderá nenhum mecanismo de decisões coletivas, afinal a globo e seus asseclas só conseguem pensar hierárquicamente.
Interessante comentar o personagem do chamado "líder estudantil", um ator negro, que se caracteriza por usar roupas despojadas, camisa vermelha e ao contrário da placidez racional da personagem interpretada por Suzana Vieira, a "Branca"(branca, anglo-saxã, rica) transparece impulsividade e emoções a flor da pele. É inconsequente e agressivo. Requer lembrar também que a personagem "Branca" é uma das personagens centrais da trama. Os núcleos ricos nas novelas globais sempre existiram, a idéia é fazer com que nos identifiquemos com o discurso burguês desses personagens, mocinhos e vilões.
Uma das partes mais interessantes é quando os estudantes resolvem ocupar a universidade. Estes invadem a universidade, quebram vidros, rasgam livros(???), causando a maior destruição possível. É claro que a Rede Globo, apesar de não ter noticiado uma única notícia relevante sobre as ocupações das reitorias pelos estudantes contra o maldito projeto do Governo, o temível REUNI que privatiza as universidades públicas em detrimento da iniciativa privada, resolve agora se posicionar em relação às ocupações das reitorias. Posicionar-se não, pois quem o faz, faz publicamente e com transparência. No caso da Rede Globo, o objetivo é criar uma falsa representação da realidade, dizendo que as ocupações das reitorias na verdade são atos de vandalismo, de baderna, que os estudantes são bárbaros sem objetivos que destróem o patrimônio das universidades.
Imagine um trabalhador ou trabalhadora que resolva assistir este capítulo, depara-se além de estudantes saídos de algum filme de ficção científica de mau gosto, com a imagem deturpada da Globo sobre os movimentos de ocupação Urbana e os movimentos social em geral. Enquanto isto, a dona da faculdade, pede à um de seus advogados que chame a polícia, este responde que esta é uma atitude que poderá ser vista como antidemocrática, de resquícios da época da ditadura a qual a personagem responde: "Esses movimentos se aproveitam das liberdades da democracia para serem anti-democráticos."
Olhando assim há até quem acredite que a Globo é o último bastião de defesa da democracia. Entidade que cresceu sob as asas da ditadura, manipulava e censurava notícias antes mesmo da atuação dos órgãos de censura da época, cumprindo muito bem seu papel de classe, exemplarmente, a ponto de no Editorial do Jornal "O Globo" de 7 de outubro de 1984, Roberto Marinho elogiar o golpe militar de 64 e se posicionar contra a campanha pelas eleições diretas para a Presidência da República
Quanto a presença do fictício MSC ( Movimento dos Sem-Casa ), na ocupação da reitoria a personagem de Suzana Vieira solta a seguinte pérola: "Eles deveriam estar trabalhando" diz Branca. É a opinião da Rede Globo sobre o movimento social. O trabalhador bom para a Rede Globo, é o que trabalha de segunda a sexta, e jamais reivindica seus direitos, quando o faz, deve fazer sempre dentro das estruturas do Estado Burguês. Quanto ao fictício MSC, que nada mais é do que a representação esdrúxula do movimento sem-teto e de ocupações urbanas na novela, a personagem emite a seguinte opinião: "Eles não são estudantes, não pagam nossa universidade, não fizeram vestibular, o que estão fazendo aqui?".
A solidariedade entre os diferentes participantes do movimento social não deve existir segundo a Rede Globo, cuja visão individualista burguesa do "cada um correndo atrás do seu" prevalece como agente
principal em seu discurso. Trabalhadores e estudantes não podem estar juntos numa mesma luta, jamais!
Há inúmera pérolas a serem mencionadas, das quais podemos traduzir ideológicamente de maneira clara:
"Vamos deixar o MSC na frente que eles tem mais experiência, diz o personagem do militante estudantil referindo=se a resistência frente a polícia". Tradução: Militantes sem-teto tem experiência em enfrentamentos com a polícia e são violentos. "Não são eles mesmo que dizem que os fins justificam os meios?", diz Branca, então que a polícia faça alguma coisa!" Tradução: Reprimir estudantes e trabalhadores de forma violenta se justifica pelo objetivo final que é o de conseguir a paz diante da invasão de propriedade privada.
Depois de diversas pérolas, há ainda, além da tentativa de deturpar o presente, fazer o mesmo com o passado. Uma coadjuvante, em meio ao enfrentamento dos estudantes, solta a seguinte pérola final: "Até
parece 1968”, diz outra personagem, referindo-se ao movimento anti-autoritário e revolucionário dos estudantes e trabalhadores franceses no Maio de 1968 na França, que questionou duramente a democracia burguesa, o capitalismo e outros valores e instituições conservadoras à época.
Poderia-se dizer muito mais acerca dessa obra de ficção, que deseja não apenas entreter, mas exercitar o domínio ideológico, estabelecer e dar a última visão acerca da realidade. Cunhar valores, embutir
regras, naturalizar o que não pode ser naturalizado: desigualdades sociais, relações de classes, luxo, miséria, conformismo, etc. Reparem nos personagens da Globo, a riqueza é sempre vista como um incômodo, se não me engano é da mesma novela a afirmação de uma personagem vivida por Marília Gabriela, de que a riqueza pode trazer a desgraça. O pobre perfeito da Rede Globo é o pobre da novela, o que trabalha e vive feliz, está sempre bem humorado, enquanto a riqueza dos chamados núcleos de ricos das novelas da globo estão sempre envolvidos em tramóias, chantagens, conspirações, onde tudo acaba em assassinato ou loucura. O empregado dos ricos e milionários das novelas globais, é sempre feliz, submisso ao patrão e fiel à ideologia burguesa. A novela de opostos que a Rede Globo permite mostrar, nada mais é do que a visão elitista e burguesa de seu autor, alinhado com o discurso oficial da platinada, sobre assuntos como movimento estudantil, ocupações urbanas, comunidades, questões de gênero. Nenhum discurso é neutro, todo discurso está situado históricamente e ideológicamente. A Rede Globo nada mais faz do que propagar e reforçar estereótipos baratos, cunhar mentiras, propagar inverdades! Mas NÓS sabemos! NÓS, estudantes, trabalhadores, trabalhadoras, sem-teto, unidos no horizonte da mesma luta, que o MOVIMENTO SOCIAL não é ESTE movimento social que a Rede Globo quer representar!!! NÓS sabemos que um dia este mar de mentiras que inunda o coração de nossos irmãos, este veneno escorrido pela mais escroque representante do capital assassino irá sucumbir diante da JUSTIÇA da classe trabalhadora!!! E neste dia não haverão nem novelas, nem atores medíocres para proteger a Rede Globo!!! Parafraseando o anarquista peruano Manuel González Prada nós não somos a inundação da barbárie como quer descrever a Rede Globo, nós somos o dilúvio da justiça!!! E SEREMOS!!!!

Rafael não assiste novelas, mas ocasionalmente esbarra com representações ideológicas que não podem ser esquecidas e merecem ficarem registradas.