sexta-feira, 25 de abril de 2008
Assembléia da História
Um filme a ser assistido por todos
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Problemas no ICHF
terça-feira, 22 de abril de 2008
Mais notícias sobre a educação
Fonte: O Estado de S. Paulo
Pesquisa que será apresentada hoje em Brasília aponta adoção simultânea de 10 'boas práticas' pela rede escolar
Ana Paula Scinocca
Apesar de não haver uma receita única, pesquisa fechada no final do ano passado e divulgada agora mostra que há dez metas indispensáveis para oferecer educação básica com qualidade e fazer da aprendizagem ferramenta de progressão social. A aplicação sistemática dessas metas transformou 37 municípios brasileiros - 0,66% das 5.564 cidades do País - em campeões de aprendizagem escolar.
Em todos os municípios vigora uma regra de ouro: 'Um a um, nenhum a menos'. Ou, como dizem os professores de Marilena (PR), 'a agente não deixa nenhum aluno para trás'. O que, na prática, foi sentido por um estudante da escola municipal de Guaramirim (SC) desta maneira: 'Os professores insistem, insistem, até a gente aprender'.
A pesquisa Redes de Aprendizagem-Boas Práticas de Municípios que Garantem o Direito de Aprender foi feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Os dados serão apresentados e debatidos hoje, em Brasília, no Fórum da Undime.
Nas 37 cidades onde governo, professores e pais sustentam um pacto pelo 'direito de aprender', as dez práticas sistemáticas são: 1) gestão para a aprendizagem, isto é, organizar a escola com o objetivo de chegar a um 'ensino de resultados', que é fazer com que o aluno aprenda; 2) prática de rede, que vem a ser a integração de todas as escolas do município a um mesmo método de trabalho; 3) planejamento, que envolve, obrigatoriamente, os pais dos alunos; 4) avaliações; 5) valorização dos professores; 6) investir na formação contínua dos docentes; 7) valorização da leitura; 8) atenção individual aos alunos; 9) agenda de atividades complementares e 10) parcerias envolvendo áreas da saúde, esporte, cultura e assistência social. Como destaca o relatório, 'o bom desempenho não (pode) ser creditado a fórmulas ou atividades complexas'.
A única complexidade está na fórmula criada (leia texto abaixo) para definir os 37 municípios alçados à condição de campeões de aprendizagem: uma parte do Indicador de Efeito Redes Municipais (IERM-Ideb) foi tirada dos resultados dos alunos ao fazer as provas que compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A outra parte da pesquisa e do indicador final levou em conta a condição socioeconômica dos alunos e dos municípios e como mesmo em situações adversas as redes de ensino obtêm resultados fora do padrões médios. 'Capricho' foi uma das palavras-chave que resumiram as principais atitudes das redes de excelência, que para os professores e os pais dos alunos significam o seguinte: 'Ninguém se deixa imobilizar pelas dificuldades.'
Em 29 dos 37 municípios há uma prática generalizada de incentivo à leitura. E, em vez de estantes com livros arrumadinhos, as escolas criam ambientes de bibliotecas ambulantes que usam ônibus, baús, carrinhos de mão e até jegues.
As redes escolares trabalham um fluxo de informações sobre práticas bem-sucedidas, o que gera um compromisso de toda a comunidade com as questões locais e com a qualidade da educação. Isso quer dizer que o aluno não é só de uma professora, mas de toda a rede. O professor não está sozinho, é parte da equipe da escola e da rede.
A simplicidade na resposta de dois profissionais de educação - um de João Monlevade (MG) e outro de Carmo do Rio Verde (GO) - despertou a atenção das 18 pesquisadoras que fizeram o trabalho de campo. Ao exemplificar como via o real compromisso com o aprendizado dos alunos, um dirigente da cidade mineira disse: 'Aqui é tudo pedagógico.' E, à mesma pergunta, uma professora da cidade goiana assegurou: 'A aula é gostosa, prazerosa. Educação é movimento.' A 'prática de rede' foi assim traduzida pelo pai de um dos entrevistados na Escola Municipal São Caetano, em Arroio do Meio (RS): 'A escola é de todos nós.'
Além dos dez pontos mais citados, os entrevistados apontaram alguns outros aspectos considerados importantes: acesso à educação infantil, interação com as famílias e comunidade, prática por projetos, respeito ao tempo escolar, infra-estrutura, perfil e papel da direção escolar.
Pesquisa tem informações sociais e prova
Para realizar a pesquisa Redes de Aprendizagem foi criado o Indicador de Efeito de Redes Municipais (IERM-Ideb). Uma parte do resultado saiu do desempenho dos alunos do ensino fundamental nos exames padronizados, de 2005, como a Prova Brasil, que compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Foram selecionadas as redes de ensino municipal que tiveram nota igual ou maior que 4.
O IERM foi tirado de uma avaliação do perfil socioeconômico dos alunos, das famílias e dos municípios. Incluiu até variáveis como participação no Bolsa-Família, em que série o aluno entrou na escola, se ele mora com a mãe e o pai, o grau de instrução da mãe, além de porcentuais de alunos da escola que trabalham fora ou realizam trabalhos domésticos por mais de 3 horas. Também foi considerado o porcentual de alunos cujos pais os incentivam a estudar.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Reunião do Comitê Fora Salles
Ensino à distância
MEC ainda não tem posição final sobre caso Iesde/Vizivali
O Ministério da Educação (MEC) ainda não tem um posição final sobre a legalização do diploma dos cerca de 35 mil professores que participaram do Programa de Capacitação para Docentes, ofertado pela Vizivali, do município de Dois Vizinhos. A comissão paranaense criada para defender a legalização dos diplomas esteve novamente esta semana em Brasília. O grupo defendeu o caso em duas reuniões. A primeira, na terça-feira, dia 15, a comissão foi recebida pelo secretário de Educação a Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky. Na quarta-feira, dia 16, se reuniu com a equipe técnica da mesma secretaria para fazer uma análise detalhada da situação.
Um dos problemas que envolvem a questão é que a Vizivali, em parceria com o Iesde, de Curitiba, ofertou o curso também para alunos que não tinham, na época da matrícula, vínculo empregatício como professor, um dos pré-requisitos, segundo a legislação, para o recebimento do diploma. Com vínculo empregatício seriam cerca de 10 mil professores. Os outros 25 mil, aproximadamente, estariam em situação irregular. Outro problema é que há discordâncias entre os órgãos ligados à educação, para saber se o programa pode ser considerado um curso e se foi semipresencial ou a distância, fato que altera as competências de quem poderia autorizar o funcionamento, o Conselho Estadual de Educação do Paraná (CEE-PR) ou o MEC.
O deputado Péricles de Mello (PT-PR), que integra a comissão, diz que as discussões estão numa fase intermediária. Segundo o deputado, o consultor jurídico do MEC, Esmeraldo Malheiros, não vê discordância entre o parecer 139 de 2007 do Conselho Nacional de Educação, que trata da competência do MEC para a autorização de cursos a distância, e a autonomia do Conselho Estadual de Educação em autorizar o programa da Vizivali.
“Estamos tendo prudência em resolver a questão. A emissão de um documento da Consultoria Jurídica do Ministério se posicionando favoravelmente sobre o programa precisa ser consolidada, por isso, para ter validade, o documento tem que ser homologado pela Secretaria de Educação a Distância”, explica.
No final de março passado, os integrantes da comissão tiveram uma primeira audiência na Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC. Na ocasião, o coordenador geral de Orientação e Controle da Sesu, Jorge Gregory, também entendeu não haver conflitos entre os pareces dos Conselhos Estadual e Nacional de Educação. "Opinião que dá segurança ao sistema estadual de ensino em solucionar o caso", assinala Péricles.
Reforço - As reuniões desta semana no MEC contaram com reforços. Além do deputado federal Ângelo Vanhoni (PT), que acompanha o caso deste o início, compareceram também representes da Comissão de Educação do Senado e prefeitos paranaenses. Da comissão especial estiveram o presidente do Conselho Estadual de Educação, Romeu Gomes de Miranda; o presidente da Undime Paraná, Carlos Eduardo Sanches; o diretor da Vizivali, Paulo Fioravante Giareta; o presidente da APP-Sindicato, José Rodrigues Lemos e o prefeito de Nova Laranjeiras Eugênio Bittencourt, representando a Associação dos Municípios do Paraná.
Comento:
Todo mundo sabe que a educação no Brasil precisa investir na qualificação dos professores, além de uma série de outras medidas para melhorar o ensino público. No entanto, essa é uma tarefa bem árdua, que exige investimentos e esforços muito grandes e os resultados não podem ser imediatos. É justamente aí que começam os problemas, pois governos que querem soluções imediatas, ou algo que possa ser apresentado como isso, acabam embarcando nessas espertezas de autorizar cursos que prometem resolver o problema bem rápido. Um dos grandes problemas da educação no Brasil é a nossa eterna mania de querer resultados imediatos, em vez de uma política de Estado de longo prazo se buscam essas terceirizações que acabam resultando em situações como essa. O tal curso teria sido ministrado para 35 mil pessoas, mas só 10 teriam condições de tê-los recebido. É óbvio que o fator grana levou os responsáveis a incluir um número muito maior para faturar mais. O pior é que esse problema vai continuar, pelo menos enquanto não tivermos políticas de Estado para a educação, políticas organizadas para pensar na próxima geração e não na próxima eleição.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Reunião de colegiado do CAHIS
Semana de luta
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Niterói, abril de 2008
Carta Manifesto do Comitê: Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária na UFF já!
O conjunto daqueles que, de maneira real, tem promovido Lutas diversas para, simultaneamente, conquistar as pautas a fim de avançar na qualidade material e espiritual necessária para o bom funcionamento da universidade pública e combater o conjunto de políticas privatizantes ora em curso em nossa instituição de ensino, compreendem que as tarefas colocadas hoje em nosso horizonte político apontam para uma luta encarniçada com os setores privatistas os quais tais como sanguessugas parasitam as várias estruturas burocráticas de funcionamento na UFF. Estes, em nome da manutenção de seu projeto degenerado e corrupto de poder, vêm institucionalizando diversos mecanismo de controle e sistemática repressão com o objetivo de paralisar qualquer oposição organizada, produto da intervenção dos Movimentos Sociais existentes, que se proponha a, efetivamente, estabelecer resistência e combate as suas investidas. Desde o chamado da polícia federal para promover a ação de reintegração de posse e, por conseguinte, acabar com a Ocupação de seis meses da REItoria, passando pela aprovação do REUNI, com forte aparato repressor do estado burguês no Tribunal de Justiça e a covarde expulsão do Acampamento Maria Julia Braga do Campus do Gragoatá na sexta-feira de carnaval (ocupação esta que há 1 ano e 10 meses reivindicava a construção da Moradia Universitária), além da proibição da realização de atividades de confraternização no campus. São exemplos que traduzem a linha política promovida pelo atual REItor Roberto Salles e Emannuel. Seguem existindo os cursos pagos, a Fundação dita de “APOIO” Euclides da Cunha, a falta de Assistência Estudantil além dos vários outros problemas aqui não tangenciados.
No sentido de dar um basta a toda essa política foi realizado no dia dez de março um ato contra as repressões promovidas pela REItoria de Roberto Salles e Emannuel. E, em uma intervenção no último Conselho Universitário, os ativistas ligados ao AMJB qualificaram o REItor como ladrão dos pertences dos estudantes acampados uma vez que estes, até o presente momento, não lhes foram devolvidos. A nível nacional os estudantes da UNB deram um primeiro passo na transformação da estrutura de sua universidade ao conseguir, após a acertada Ocupação de sua REItoria, pressionar a renúncia do, agora, ex-REItor Timothy Mulholland que estava envolvido em um profundo esquema de desvio de verbas públicas. Cabe continuarmos o processo de oposição real iniciada no ano passado pelos acampados que desde o mês de abril do ano passado já Ocupavam a REItoria da UFF e que devido a tal evento aceleraram o desnudamento da concreta política do atual REItor para a UFF. Devemos, portanto, promover as diversas atividades de combate que venham pôr abaixo não só o REItor e a casta de parasitas que lhe dão sustentação mas também o modelo elitista de universidade que somos, ainda, obrigados a aceitar. Defendemos o fim do Conselho Universitário por entender que o mesmo representa um privilégio de uma aristocracia acadêmica que, análoga aos setores dominantes na época do antigo regime, determinavam ao bel prazer de suas conveniências os rumos de toda a sociedade na “assembléia” dos três estados. O Conselho Universitário da UFF e das demais universidades brasileiras representam, unicamente, os interesses privatistas no interior das instituições de ensino superior sendo uma correia de transmissão de governos imperialistas. Propomos a construção da Assembléia Comunitária a qual deve ser regida por sufrágio universal entre seus participantes não devendo prevalecer na mesma nenhum privilégio pelo fato de seus membros serem professores, funcionários ou estudantes e que a mesma seja institucionalizada como fórum máximo de deliberação sobre os assuntos de toda a universidade.
Queremos edificar uma universidade que tenha como referencial principal a formação humana de seus estudantes e a promoção efetiva da emancipação social do proletariado que ainda é obrigado, para sobreviver, a desenvolver as diversas atividades alienadas em prol da produção e reprodução da riqueza material das diversas frações das classes dominantes que lhes roubam a energia e todo o entusiasmo privando-os de uma parte essencial de seu processo de humanização, ou seja, o acesso ao conhecimento. Partimos do entendimento que as várias instituições de ensino superior do país precisam se emancipar do atrelamento com as estruturas de mercado que vem corrompendo sua identidade e autonomia enquanto instituição de ensino e assim tem diluído por completo o conceito historicamente edificado1 e que por nós, através dos vários embates cotidianos é recriado de forma permanente. Hoje, as diversas instituições do país, encontram-se refém de interesses econômicos externos e internos a suas estruturas cabendo a nós, como parte dos Movimentos Sociais que lutam por sua radical transformação, construir a Luta real, único meio capaz de materializar os objetivos estratégicos que defendemos cotidianamente.
Por isso conformamos o Comitê Fora Salles! O CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária na UFF já! com o objetivo de ampliarmos o diálogo entre os lutadores combativos e darmos seqüência a Luta que já estamos promovendo. Que venham todos que desejarem, de maneira sincera, construir uma universidade efetivamente comprometida com a eliminação do fenômeno da exploração do gênero humano pelo próprio gênero humano e com a construção de uma sociedade socialista e libertária. Oposição não se faz com discurso. Oposição não se faz com panfleto. Oposição se realiza com práxis libertária!
Abaixo a Fundação Euclides da Cunha!
Abaixo aos cursos pagos!
Fora Salles. O CUV não nos representa!
Pela construção da Assembléia comunitária na UFF já!
Pela Construção da Moradia Universitária na UFF já!
Todo apoio à Luta emancipatória do proletariado!
Pela construção da Universidade Popular!
domingo, 13 de abril de 2008
Notícias sobre educação
g1.globo.com/Noticias/Vestibular
10/04/2008 - 20h47 - Atualizado em 10/04/2008 - 21h08
Federação quer processar MEC por divulgação de ranking do Enem
Segundo Fenep, diversas escolas ficaram sem nota.
Inep afirma que instituições não forneceram dados para o cálculo.
A Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) quer processar o Ministério da Educação (MEC) pela divulgação de rankings do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na opinião do presidente da Fenep, José Augusto de Mattos Lourenço, o percentual de estudantes da rede privada que faz a prova não seria suficiente para representar o desempenho dos colégios pagos.
A divulgação das notas das escolas no Enem virou polêmica porque escolas ficaram sem conceito registrado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), que realiza a prova. Segundo Lourenço, o problema ocorreu em todo o país, com mais freqüência no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul. Ele não informou nomes de escolas que sofreram o problema.
De acordo com o Inep, as escolas que não tiveram notas divulgadas não haviam fornecido dados para o Censo Escolar 2007. Sem essas informações, segundo o órgão do MEC, é impossível calcular o desempenho de cada instituição.
A federação também pretende questionar na Justiça um decreto da presidência da República que obriga o preenchimento de dados de estudantes pelas escolas particulares no Censo Escolar. “O código de defesa do consumidor exige sigilo das informações. Não podemos fornecer”, diz.
De acordo com o Inep, não há cobrança por dados sigilosos. As informações obrigatórias são nome do aluno, data de nascimento, nome da mãe e do pai, e raça/cor. Os três últimos itens podem ser preenchidos como “não-declarados”. Endereço e documentos dos estudantes são opcionais. O Inep diz ainda que as informações dos estudantes fornecidas permanecem sob sigilo no órgão.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse em entrevista à rádio CBN que as escolas que não preencheram o censo, o fizeram por recomendação de sindicatos das escolas particulares, por um “boicote” ao MEC.
“Precisamos dos dados do censo para elaborar o relatório das médias por escolas [no Enem]. Essas poucas escolas que atenderam ao clamor do sindicato acabaram sendo prejudicadas por isso, por não terem preenchido as informações”, declarou.
sábado, 12 de abril de 2008
A Experiência do Acampamento
Ao longo de quase dois anos eu passei por uma experiência de vida que poucas pessoas tiveram. Entrar para a universidade foi uma expectativa que eu acalentei durante muito tempo, mas tudo o que eu vivi até aqui foi muito diferente do que eu esperava, em verdade, eu entrei na universidade com a cabeça cheia de idéias do senso comum sobre o que seria essa experiência. De início eu pensei que poderia fazer o curso superior da mesma maneira que fiz o meu ensino médio, ou seja, trabalhar de dia e estudar a noite. O fato de ter passado o meu primeiro período recebendo um auxílio-doença devido a um acidente de trabalho me ajudou a compreender que viver uma universidade era muito mais que frequentar aulas; essa foi a minha primeira aprendizagem aqui na UFF, muitas outras viriam.
Durante quase dois anos eu morei numa ocupação dentro do campus do Gragoatá, na Universidade Federal Fluminense. Essa ocupação chamava-se Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI. Foi uma experiência muito rica em todos os sentidos, pois possibilitou a quem dela fez parte rever todas as suas crenças, o papel social em que fora colocado ao longo de sua vida. Durante o período de existência do acampamento, tivemos a chance de fazer uma série de discussões que nos permitiam pôr a limpo a nossa criação familiar, ver que esta nada mais era do que o reflexo do modelo de sociedade em que vivemos.
A vivência no acampamento permitiu a todos que lá estavam, e que se dispuseram a isso, refletir sobre a educação que tiveram e a maneira como esta influenciava na sua conduta. Foi um período em que houveram muitos conflitos, pois as pessoas nunca chegam prontas, cada um de nós tinha suas maneiras de lidar num espaço de multipla convivência, onde era necessário a colaboração mútua para garantir uma boa convivência. O dia-a-dia do acampamento foi uma verdadeira “escola” para quem se mostrou disposto a rever velhos conceitos de vida e convivência, divisão de trabalho e até de posturas diante da vida e das pessoas em geral.
Primeiramente vou falar de mim mesmo e de como a vivência que tive no acampamento me permitiu mudar muito da minha maneira de ser, fruto de minha criação e das concepções de mundo que tinha antes de entrar na universidade e me tornar parte do acampamento. Antes do acampamento eu morei quase um ano na Casa do Estudante Fluminense e nesse lugar enfrentei todas as dificuldades a que alguém não educado para uma vida realmente independente estava sujeito. Em primeiro lugar eu não tinha o menor jeito para cozinhar, para não dizer que não sabia nada eu posso dizer que sabia fazer café, mas era só isso. Numa noite eu cheguei a pedir ajuda para fazer um miojo.
A minha experiência no acampamento me permitiu romper com os diversos paradigmas que eu trouxera de minha criação familiar. No acampamento eu aprendi a cozinhar, que as tarefas de um lugar onde se mora devem ser compartilhadas por todos, sem distinção. A partir das discussões que fazíamos no acampamento aprendi que a convivência entre pessoas diferentes exige um respeito mútuo por parte de todas as pessoas do espaço. Enfim, no acampamento eu realmente aprendi a ser independente,
Tais considerações são importantes porque desde o início o acampamento foi concebido a partir de um série de debates a respeito de como tornar possível a presença de um bom número de pessoas num espaço de convivência onde estavamos sujeitos a uma série de intempéries, tornando necessária a colaboração efetiva dos que nele estavam para viabilizar a sua existência. Desde o início uma série de expressões resumiam o que tínhamos em mente para a concepção do que seria o acampamento: auto-gestão, horizontalidade, debates de idéias.
O conceito de auto-gestão foi aplicado no acampamento para garantir o seu funcionamento, no entanto, funcionava como um novo modelo de vida entre pessoas. A capacidade de gerir um espaço de convivência no seu cotidiano foi um desafio a que nos entregamos desde o momento em que percebemos que aquela poderia ser uma experiência longa para nós e que só poderia ser bem sucedida se deixássemos de lado os nossos preconceitos e visões de mundo aprendidas nessa sociedade em que vivemos.
Sem dúvida, o maior desafio para nós era enfrentar toda a criação que tivemos em nossas famílias, quebrar as velhas idéias de divisão social e sexual do trabalho, a nossa incapacidade de gerir nossas vidas com a necessária autonomia, sem depender de um apoio externo. A auto-gestão implicava em definir que todos tinham o mesmo papel no acampamento, que o trabalho manual não estava separado do trabalho intelectual, que as decisões surgiam a partir de discussões honestas entre os acampados. Era a partir daí que entrava a questão da horizontalidade, ninguém poderia assumir o papel de líder do acampamento, dizer o que os outros poderiam fazer, todos tinham a obrigação de tomar iniciativas para o bem-estar geral e o bom funcionamento do espaço.
É claro que atitudes assim não surgem da noite para o dia; algumas pessoas sempre estão mais avançadas do que outras em romper com seus antigos paradigmas. No entanto, isso era algo que sempre teria que ser resolvido a partir do debate de idéias entre os acampados, debates esses que tinham sempre uma grande regularidade. A função desses debates era buscar o avanço de todos no rompimento desses paradigmas, discutir o que foi possível avançar e o que falta ser feito, até onde todos tinham avançado.
O cotidiano do acampamento sempre oferecia novos desafios a todos nós. Entretanto, o compromisso de construir um paradigma de convivência baseado na horizontalidade de decisões, na igualdade de relacionamentos, no respeito mútuo entre os moradores e na quebra de antigos paradigmas de convivência nos ajudou a manter essa luta por quase dois anos. A reflexão que me proponho agora busca entender o que foi aquela experiência e o que pode ser aproveitado dela. A expulsão do acampamento do Gragoatá, agora que estamos no quinto andar do DCE, não significa o fim dessa experiência de vida, muito ao contrário, agora é hora de refletir sobre ela e como continuar a construção desse paradigma em outros espaços de nossa sociedade.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Extraído da área de educação do site de notícias do Terra
Quinta, 10 de abril de 2008, 18h44
Atualizada às 19h28

MEC: comissão controlará desigualdade no ensino
Dezenove representantes de movimentos sociais e sindicais do campo, de entidades de educação e dos Ministérios da Educação (MEC) e do Desenvolvimento Social compõem a Comissão Nacional de Educação no Campo, instalada hoje pelo ministro da Educação, Fernando Haddad.
A principal função do colegiado é assessorar o MEC na formulação de políticas de educação no campo.
Durante a cerimônia, Haddad reconheceu a enorme distância que existe entre a educação nos centros urbanos e nas áreas rurais e ressaltou que o índice de analfabetismo no campo é quatro vezes maior. "Equalizar as oportunidades educacionais é o nosso desafio e aí a questão do campo emerge com uma força desconcertante", avaliou.
Para a secretária-executiva da comissão, Sara Lima, além de vencer o desafio de estabelecer a eqüidade, as políticas precisam contemplar a diversidade no campo. "A própria forma de vida, os tempos, a organização familiar, tudo é diferente em relação à cidade. Cada povo tem sua história, sua forma de valorizar suas vivências e isso precisa ser respeitado", defendeu.
A participação das entidades do movimento social do campo é fundamental para o desenvolvimento das políticas públicas, apontou o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro. "Hoje quando você estuda os indicadores educacionais no Brasil e olha a questão entre campo e cidade, é onde está a maior desigualdade de acesso a educação no Brasil", destacou.
Amanhã, o grupo fecha o plano de trabalho para 2008. O objetivo é fazer reuniões pelo menos três vezes por ano para a elaboração de demandas.
A comissão é formada por membros da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Centros Familiares de Formação por Alternâncias (Ceffas), Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento das Mulheres Campesinas (MMC), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Rede Educacional do Semi-Árido Brasileiro (Resab).
Agência Brasil
Comento:
Alguém já ouviu falar da frase "Quem quer resolver um problema resolve, quem não quer cria uma comissão". Eu a ouvi pela primeira vez em 1992, na época das eleições para prefeito do Rio de Janeiro. Era a disputa entre César Maia, na época PMDB e Benedita da Silva, do PT. O atual prefeito, que venceria aquela eleição também, a usou muito contra a candidata do PT, pois esta para tudo falava em criar uma comissão. De fato, se os problemas do Brasil pudessem ser resolvidos com comissões isso aqui já seria um paraíso. Em todo o caso vamos ver no que mais essa comissão criada pelo MEC vai dar.
Nova chopada no DCE
quinta-feira, 10 de abril de 2008
O afastamento do reitor da UNB e o Fora Salles na UFF
terça-feira, 8 de abril de 2008
Novas ocupações de reitoria e como são vistas
Más notícias sobre educação
Estou reproduzindo aqui uma reportagem sobre alguns dos resultados do ENEN. O texto da reportagem está em azul e os meus comentários estão em cor normal.
Pior escola particular supera 75% das estaduais

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo
Isso significa que das 572 escolas mantidas pelo governo estadual paulista com nota considerada na prova, apenas 157 ficaram acima da média 50,8, obtida pelo Colégio Integral Inaci, localizado no Jardim Paulista (zona oeste de SP). A escala vai de 0 a 100.
"Poderia ter sido melhor. Acho que os alunos não renderam tudo o que sabiam", avalia
a diretora da escola, Tatiana Faro, 37, que não faz críticas aos critérios da avaliação.
Ela conta que, para melhorar na próxima edição, o colégio começou a usar, neste ano, as
provas anteriores do Enem nas tarefas e exames.
Comento:
Eu fico imaginando que critérios seriam esses que a diretora não contesta. Se for apenas o critério da nota ele tem que ser contestado sim. O fato de colégios particulares terem notas melhores acaba sempre sendo usado para desqualificar o ensino público, mas as condições em que se dão os estudos não são levados em conta. Isso sem falar nas condições de trabalho dos professores e na própria estrutura da escola. Se essa questões não entram no critério de avaliação então esse critério tem que ser contestado sim.
Excetuando-se o Colégio de Aplicação da USP, que possui regras diferentes do restante
do sistema, a melhor escola estadual foi a Rui Bloem, que obteve média 59,3 e ficou em 335º
no ranking geral da cidade. A melhor escola da cidade, o Vértice, teve nota 81,7.
"O quadro da escola pública está assustador", afirmou o pesquisador da Fundação Carlos Chagas, Celso Ferretti.
Para Ferretti, os principais problemas da rede são as condições de trabalho dos professores, como longas jornadas devido aos baixos salários e a alta rotatividade dos docentes entre as escolas. Análise semelhante tem a Apeoesp (sindicato dos professores).
A Secretaria da Educação do governo José Serra (PSDB) afirma que espera melhorar a
qualidade do ensino "com ações inovadoras implantadas a partir deste ano".
Um dos principais reflexos do "quadro assustador" no sistema estadual é a chance de um
aluno da escola pública entrar num vestibular concorrido.
No último exame da Fuvest (que seleciona alunos para a USP), por exemplo, apenas 19%
dos aprovados estudaram integralmente na rede estadual.
O percentual de aprovação é ainda menor nos cursos mais concorridos. Em medicina, foi
de 3,7%. Os percentuais são reduzidos mesmo com a adoção na universidade de um bônus
de 3% na nota do vestibular para os alunos da escola pública.
Comento:
Menos mal que ao menos se faça o diagnóstico correto, o problema é saber quando se aplicarão as medidas necessárias para resolver o problema, simplesmente não dá para um professor trabalhar em diversas escolas diferentes para complementar o seu salário, sem uma política de valorização do magistério fica difícil sair desse círculo vicioso.
O ensino técnico foi uma exceção na rede pública na cidade. Entre as dez primeiras no ranking geral, entraram na lista o Cefet-SP (único centro federal mantido pela União na cidade) e a Escola Técnica de São Paulo (do governo do Estado).
Das 11 escolas técnicas estaduais que obtiveram nota no exame, seis ficaram entre as 50
melhores no ranking geral da capital paulista.
Comento:
É a velha história de só se preocupar em ensinar o pobre a ser um bom empregado. Embora seja importante ter um ensino técnico de qualidade, fica claro que ainda prevalece aquela visão de dois tipos diferentes de ensino. Para os pobres o ensino que os prepare para o mercado de trabalho, sempre com preferência para o trabalho mecânico, e para os mais abonados a melhores escolas para formar a elite do país em todos os setores. Fico imaginando se isso um dia irá mudar.