quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Reflexões sobre o bandejão da UFF

Logo que eu entrei aqui na UFF, o bandejão tornou-se uma peça fundamental para a minha permanência na universidade. Embora eu ainda não tivesse sido agraciado com a bolsa-alimentação, o fato de pagar apenas R$ 0,70 (setenta centavos) em cada ticket já era uma extraordinária economia para mim. De início eu via o Bandejão como uma forma de assistência estudantil, mas eu logo me dei conta que ele vai muito além disso aqui na UFF. É preciso ter em mente que o Bandejão atende a toda a comunidade universitária, não apenas aos estudantes mais pobres. Em 2005, a reitoria da universidade tentou aumentar o preço para mais de R$ 2,00 (dois reais), parece pouco eu sei, mas numa universidade que já não tinha moradia a atitude da reitoria revelava bem que, tanto naquela época como hoje, ainda não há uma visão de como políticas como o Bandejão com um preço apenas simbólico é importante para a universidade. Eu não estou me referindo apenas a questão da assistência estudantil, mas também a um fato que comecei a reparar quando ouvia um dos argumentos mais usados pela reitoria, e aqueles que a apoiava, para justificar o aumento do Bandejão, o outro era a melhoria da qualidade da comida, de que seria um absurdo que algumas pessoas viessem comer no Bandejão dirigindo um Audi, ou seja, tentava-se o argumento falacioso de dizer que o Bandejão deveria ser um programa de assistência estudantil para os estudantes mais pobres da universidade e um restaurante comum para os que podiam pagar. Hoje estou convencido que esse argumento era muito ruim e que é muito bom mesmo que estudantes "venham de Audi" comer no Bandejão, é muito bom essa mistura de estudantes de diversas origens sócio-econômicas e culturais, proporcionadas pela Bandejão. Considero muito bom que pessoas de origens tão diferentes compartilhem juntas aquele espaço, mesmo que cada grupo específico fique cada um no seu canto, ainda assim, a simples possibilidade de pessoas com origens tão diferentes possam conviver num mesmo espaço, em pé de igualdade, já é fator de impacto que merece ser incentivado. Hoje em dia, defendo mesmo que aja uma rubrica específica no orçamento da universidade para o Bandejão e que o mesmo seja de graça para todos, não como uma forma de assistência estudantil, mas como mais uma maneira da garantir um espaço de convivência, e possível integração, entre diferentes grupos.

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