quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Análises a respeito do fechamento da reitoria

Eu fiquei na reitoria da sexta-feira à noite até o final da tarde da quarta-feira seguinte, quando a ocupação da reitoria da UFF chegou ao seu final, depois de seis meses. A nossa decisão de fechar a reitoria na terça-feira foi classificada por um dos professores como absurda, um erro terrível. Nós da OELI (Organização dos Estudantes Independentes em Luta) temos uma conclusão bem diferente, de fato, se não tivessimos promovido o nosso ato no dia do Conselho Universitário (CUV), eu vejo três situações que poderiam ter se dado: 1- a avaliação das CETs (Correntes Estudantis Tradicionais), bem como de seus aliados da ADUFF e do SINTUFF, estavam certos e o REUNI seria rejeitado no CUV. Com isso todos esses grupos sairiam da reitoria cantando vitórias e iriam felizes e contentes para Brasília, nos deixando esquecidos no hall da reitoria, o mesmo acontecendo com a luta pela moradia. 2 - a avaliação desses grupos estaria errada e o REUNI passaria, aí uma radicalização seria complicada, pois eles teriam aceitado as regras do jogo ao terem disputado o projeto no CUV. 3 - o reitor, pressentindo a derrota, poderia ter arranjado outro motivo para cancelar o CUV, aí uma radicalização seria inevitável, ou então seria a desmoralização do movimento estudantil da UFF. De qualquer forma nós estaríamos secundarizados no processo, no máximo poderíamos fazer número numa possível ocupação organizada pelas CETs, que iria tratar de ignorar o fato de que uma ocupação já estava ocorrendo há pelo menos seis meses. Ao fazer-mos o nosso ato radicalizado nós colocamos a pauta da moradia no mesmos patamar da luta contra o REUNI, rompemdo assim com a lógica do movimento estudantil, que insiste em secundarizar a luta pela moradia e pela assistência estudantil de modo geral. Infelizmente o movimento estudantil da UFF ainda vê a luta pela moradia como um objetivo micro-estrutural, portanto, de muito menor importância do que a luta contra o REUNI, na avaliação deles, um objetivo macro-estrutural, portanto, teria que ter prioridade sobre a luta pela moradia. Nós da OELI lutamos contra essa lógica hegemonista, somos contra o REUNI também e sempre estamos juntando forças contra essa tentativa de mudar a natureza essencial da Universidade Pública, que é a indissossiabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, no entanto, entendemos que as lutas que dizem respeito a estrutura interna da universidade não podem ser secundarizadas em função do REUNI ou de qualquer outra luta macro-estrutural. Ao contrário do que eu ouvi pessoalmente de um militante do coletivo estudantil "Nós Não Vamos Pagar Nada", a moradia é tão importante quanto a luta contra o REUNI, uma luta não pode secundarizar a outra.

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