segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nota sobre a expulsão

A LUTA VAI CONTINUAR!

Na última sexta-feira, aproveitando-se do fato de estarmos às vésperas do carnaval, a reitoria da UFF, por meio do reitor, Roberto de Souza Salles, deu a autorização para que se promovesse a expulsão do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI do campus do Gragoatá. A ação se deu nas primeiras horas da manhã, quando estavam presentes apenas quatro moradores. Para promover o despejo do acampamento foram mobilizados policiais federais, policiais militares e funcionários da universidade, incluindo seguranças. Toda a operação foi comandada por um alto funcionário da universidade: Leonardo Vargas.

A ação de despejo do acampamento foi planejada em detalhes; estava claro que tudo foi feito para impedir qualquer chance de reação. O campus da universidade foi totalmente interditado, com o senhor Leonardo Vargas dando ordens aos seguranças para usar a força, se necessário, para impedir a entrada de qualquer pessoa. Tal fato acabaria resultando na perseguição, ameaça e agressão a uma repórter da ADUFF (Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense). Alem disso, um professor que tentou entrar foi coagido por um dos seguranças, que legitimava sua ação em cima de acusações caluniosas ao nosso movimento.

O caráter extremamente autoritário dessa operação de despejo do nosso acampamento ficou ainda mais claro com o fato nós não ter-mos recebido a cópia da ordem de despejo, que estava sendo usada para justificar a expulsão. Quase todos os nossos pertences foram levados, uma vez que nos foram dados apenas dez minutos para retirarmos do acampamento o que pudéssemos. Uma listagem desses pertences foi feita durante o processo de expulsão, mas nenhum nós teve acesso a uma cópia. Os nossos pertences acabaram sendo levados por um caminhão da própria universidade.

O Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI foi expulso do campus do Gragoatá. Quando a universidade for reaberta, no dia 11/02, é provável que já não haja quase nenhum vestígio físico de sua existência no local onde esteve durante quase dois anos. A história está repleta de exemplos desse tipo. A ordem estabelecida precisa apagar todos os vestígios de movimentos que se contrapõem a ela, para que a luta que esses movimentos representam desapareçam junto. No entanto, a luta encarnada no Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do século XXI, vai continuar.

Essa nota é nossa primeira manifestação oficial a respeito do ocorrido, mas não pararemos por aqui. Estamos instalados no DCE (Diretório Central do Estudantes) e de lá continuaremos a luta. Coerentes com o que já tínhamos proposto desde a expulsão do saguão da reitoria, no final do ano passado, seguido da aprovação autoritária do REUNI no tribunal de justiça e culminando nesse episódio, reafirmamos a campanha: “Fora Salles! o CUV não nos representa! Pela construção da Assembléia Comunitária”. Por isso mesmo estamos convocando a todos aqueles que acreditam numa universidade verdadeiramente pública, efetivamente gratuita e de excelente qualidade a entrar nessa luta política também e àqueles que já estão nela, que continuem, até a vitória final.

Acampamento Maria Júlia Braga, O Quilombo do Século XXI

Nenhum comentário: