quarta-feira, 18 de junho de 2008

Notícias sobre educação

Comento: Essa é uma notícia que eu relutei um pouco a postar aqui, mas resolvi fazer isso, não porque ainda não tenha as minhas dúvidas sobre a veracidade de tudo o que li, mas porque me permite discutir questões importantes sobre educação. Leiam com atenção.

Extraído do site: http://aprendiz.uol.com.br

Cidades consolidam Bairro-Escola como política pública

Da Redação

Escolas, praças, parques, igrejas e postos de saúde. Todos funcionando integrados e sendo aproveitados como espaços de aprendizagem. O conceito de Bairro-Escola - que busca utilizar as potencialidades educativas do bairro - consolidou-se e já é aplicado como política pública efetiva em diversos locais do país, servindo como solução para problemas das áreas da educação, da segurança, da saúde, entre outras.
Reconhecimentos do Ministério da Educação (MEC), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do prêmio Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil (FBB) contribuem para fortalecer o conceito e disseminar cada vez mais o Bairro-Escola.
Belo Horizonte (MG) e Nova Iguaçu (RJ) são os exemplos mais concretos dessa solidificação. Alunos de 29 escolas da capital mineira e de mais de 30 escolas da cidade fluminense - todas das redes municipais de ensino - são beneficiados com educação em tempo integral.
Há 12 anos, a capital mineira difunde o programa Escola Plural em que a educação ultrapassa os muros da escola para estar presente em todos os espaços públicos da cidade. O envolvimento entre alunos, educadores, universitários e membros da comunidade na educação não deixa dúvidas de que a ampliação do conceito de bairro-escola é um passo importante na busca por educação de qualidade.
"O maior foco da educação, em Belo Horizonte, é tomar a cidade como um espaço real de formação do indivíduo", afirma a secretaria de educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pillar. Para chegar a esse quadro, o programa atravessou muitos processos. Inicialmente as escolas passaram a ficar abertas o dia todo e as turmas começaram a atuar em tempo integral. "No entanto, vimos que esse formato impossibilitava a criança de se tornar parte de sua região, pois ficava o dia todo fechada dentro da escola", explica.
O passo seguinte foi centrar a educação em tempo integral e fazer com que os educadores comunitários levassem as crianças para outros espaços da cidade nas horas reservadas para isso. O aluno passa metade do dia tendo aulas nas salas regulares e, no restante do tempo, participa de atividades em outros espaços, amparado pela própria escola. "A escola deve ser a referência quando se trata de educação, o que não significa que todas as ações devam ser realizadas dentro dela", diz a secretária.
Essas atividades só foram possíveis devido às parcerias realizadas com seis universidades da região, entre elas a Pontifícia Universidade Católica, a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Minas Gerais. Ao todo, são 107 diferentes tipos de atividades extracurriculares realizadas com as crianças dentro das universidades e monitoradas pelos estudantes do ensino superior. Há também parcerias realizadas com outras instituições da comunidade.
O conceito de Bairro-Escola, há mais de um ano implementado em Nova Iguaçu, permeia todas as ações da cidade. O êxito da cidade fluminense, até então tida como uma das mais pobres e violentas do estado, foi ter conseguido realizar o projeto com um custo de apenas R$ 12 mensais por aluno.
Tudo na cidade funciona em função do bairro-escola. Os caminhos entre as escolas e os espaços onde acontecem as atividades extracurriculares têm uma faixa no chão pintada de vermelho para que as crianças possam andar sem problemas. Os ambulantes recolheram suas barracas para dar passagem às crianças, os motoristas de ônibus foram educados para que parassem os veículos ao ver as crianças passando, toda a sinalização da cidade foi modificada, os muros ganharam cores e os moradores foram sensibilizados.
"Usamos espaços parceiros, como clubes e igrejas, e quem dá aula para as crianças fora do horário escolar são estudantes universitários. A comunidade abraçou a idéia de maneira espantosa. Tem gente que empresta o terraço de casa, a sala de jantar. Outro dia um senhor me disse que podia ceder a piscina para dar aulas de natação", comentou o facilitador do bairro-escola, Jorge Luis Santos Silva, que diariamente sai batendo de casa em casa para articular e sensibilizar as pessoas.
O trabalho foi recentemente premiado como Tecnologia Social pela FBB. “Para a baixada, que carrega o estigma da violência e que está sempre vinculada a notícias ruins, é muito significativo um prêmio desse porte. Ao invés de problemas, estamos mostrando solução. Prova que, pelo contrário, há uma série de possibilidades latentes em Nova Iguaçu que se concretizam por meio das atividades integradas do Bairro-Escola”, diz a coordenadora geral do Bairro-Escola de Nova Iguaçu, Maria Antônia Goulart.
Goulart diz também se orgulhar pelo fato de o projeto servir de referência para as políticas públicas de educação. “O Bairro-Escola retoma uma discussão importante para a educação. Há muitos anos se discutia um projeto de educação integral com base nos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), instituições criadas para a experiência de escolarização em tempo integral. Acreditava-se que tal projeto era impossível de acontecer e a discussão foi deixada de lado. Por meio da potência que tem o Bairro-Escola, conseguimos trazer para a pauta nacional a questão da escola e da educação em tempo integral”, diz.
Essas experiências serão apresentadas durante o Seminário A Invenção dos Bairros Educativos, que acontecerá no dia 14/12, no Museu de Arte de São Paulo, na capital paulista.

Comento: Belo Horizonte e Nova Iguaçu são cidades governadas por prefeitos do PT, sei muito pouco sobre o de Minas Gerais, mas o Lindiberg Farias eu conheço o suficiente para desconfiar de tudo o que li na reportagem, ainda assim é uma discussão que precisa ser feito. A idéia de integrar a comunidade no cotidiano da escola pública me parece a única saída para a situação caótica em que esta se encontra. Se tudo o que foi dito na reportagem for mesmo verdade então só posso dar os parabéns para quem está promovendo essas atuações, mas ainda continuo com o pé atrás. De qualquer forma, a idéia contidas nessa reportagem precisam ser discutidas, e mais importante, precisam ser postas em prática. Eu só gostaria de saber como as pessoas envolvidas nela escapam das inevitáveis pressões políticas que cercam as escolas no Rio de Janeiro. Todos sabem que existe uma verdadeira máfia de nomeações de diretores de escola e hospitais entre os nosso políticos, o que torna difícil um tipo de política como essa, voltada para o interesse das comunidades locais e que procura trazer a comunidade para um papel protagonista na melhoria das condições das escolas em que seus filhos estudam. Enfim, eu espero sinceramente que essa reportagem não seja mais um caô de véspera de campanha eleitoral e sim a confirmação de que é possível construir uma política de valorização da Escola Pública a partir da ação das próprias comunidades em que essas escolas estão inseridos.

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