segunda-feira, 4 de junho de 2007

A luta pela moradia na UFF: capítulo 3

Hoje eu vou falar sobre a crise que resultou na expulsão dos moradores da Cada do Estudante Fluminense ( CEF ). Essa crise teve sua origem em 1998, quando o governo do estado, na figura do senhor Antony Garotinho decide não mais fazer o processo de seleção para a entrada na CEF. Era óbvio que se apostava num progressivo esvaziamento da casa para uma posterior mudança na sua função social, talvez algo do tipo que esse governador gostasse, restaurante a 1 real, hotel a 1 real, farmácia a 1 real, quem sabe uma casa de tolerância a 1 real. Os estudantes não permitiram que tal coisa acontecesse e diante do abandono da casa pelo governo tomaram duas providências: passaram eles próprios a fazer o processo de seleção, ou seja de 1998 até o processo que o governo do estado fez no final do ano passado, todos os que entraram na CEF o fizeram por iniciativa de parte de seus moradores. A outra providência foi a instituição de um processo de auto-gestão por parte dos moradores para poderem continuar tocando a casa mesmo com o abandono do governo do estado. Tais medidas permitiram que a casa sobrevivesse a um longo período em que foi literalmente abandonada pelas autoridades estaduais. No entanto, os problemas foram se avolumando, devido principalmente a falta de compromisso de muitos moradores com o bom funcionamento da casa. O governo só volta a atuar na CEF em 2003, a partir de uma ação na justiça, uma reforma é feita, mas até aí já se tem uma manobra de esvaziamento com a proposta dos moradores saírem enquanto a CEF ia sendo reformada; os moradores não aceitam. O fim da reforma acaba, no entanto, com a unidade entre os moradores e muitos apoiam a intervenção cada vez mais frequente do governo estadual e o esvaziamento dos fórum deliberativos criados pelos moradores como a assembléia da CEF. A imposição de um estatuto extremamente autoritário, que incluiam artigos inconstitucionais como a proibição de reuniões políticas e religiosas na casa e o que dava poder a diretora da CEF de expulsar algum morador que tivesse adquirido alguma doença infecto-contagiosa, podia ser até pneumonia, fizeram com que um grupo decidisse se insurgir contra essa situação. Na próxima postagem eu continuo e quem ler vai entender a ligação da luta estabelecida na CEF com a questão da moradia na UFF.

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