quinta-feira, 26 de julho de 2007

Universidade em mudança

Até bem pouco tempo atrás a universidade era quase que exclusividade de uma pequena parte da população desse país. Os pobres que conseguiam chegar até ela eram geralmente uma pequena parcela de sortudos, quase sempre sob o apadrinhamento de alguém mais endinheirado. Hoje em dia, apesar de ainda enfrentar-mos muitas dificuldades, já é possível a uma pessoa mais pobre entrar numa universidade por sua própria conta ou de sua família. O perfil da universidade pública brasileira vem mudando com os anos, já é possível ver uma quantidade razoável de negros em muitos campus, os pobres já começam a não ser mais excessão em alguns cursos. É verdade que essas divisão ainda obedece a muitas das questões sócio-econômicas que permeiam a nossa sociedade. Se antes os pobres tinham extremas dificuldades para entrar numa universidade, agora as dificuldades se concentram mais nos cursos mais disputados, que exigem dedicação integral e, mesmo numa universidade pública, exigem grandes gastos financeiros. De fato, o número de pobres em cursos como medicina, odontologia, direito ou na maioria das engenharias, por exemplo, ainda é mínimo. Os mais pobres acabam optando por cursos que exigem menos gastos, não sejam em tempo integral para poderem exercer algum trabalho por fora, e que não sejam muito disputados, pois não é fácil concorrer contra quem teve oportunidades bem melhores de estudos. Com tudo isso, é evidente que cada vez mais pobres conseguem entrar numa universidade. Obviamente que isso deve ensejar desde já uma série de mudanças na maneira como estas funcionam, pois é evidente que, descontando algumas tímidas políticas de assistência estudantil, a universidade ainda parece funcionar como se todos os seu corpo discente ainda fosse de classe média para cima. A ausência de cursos noturnos em diversas áreas, a falta de apoio para adquirir materiais de estudo, sem falar nas políticas mais sérias como bolsas de estudos, moradia ou bandejão. Essa visão antiquada do atual perfil universitário também fica evidente na estrutura acadêmica dos cursos, no fato, por exemplo, de não existirem matérias instrumentais obrigatórias de línguas estrangeiras. Quando entramos numa universidade ainda é exigido que sejamos já fluentes em pelo menos uma língua estrangeira, como se todos os universitários de hoje tivessesm estudado inglês além da Escola Pública. Falta às pessoas de definem a estrutura acadêmica da universidade a percepção de que a quantidade cada vez maior de pobres e de membros de uma classe média proletarizada que entra numa universidade não teve oportunidade de estudar num curso de línguas desde criança e que precisaria de um suporte melhor por parte da universidade. Em vez disso o que temos aqui na UFF é um curso de línguas pago ocupando metade do terceiro andar do Instituto de Letras. Numa única palavra: um absurdo. É claro que não dá para culpar apenas quem não consegue ver a mudança de perfil dos estudantes da universidade. Evidentemente que essa mudança precisa se enfatizada pelos estudantes que a representam. Sem que esses estudantes a coloquem na ordem do dia, tudo continuará como está.

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