sábado, 27 de outubro de 2007

Fechando a reitoria da UFF 4

Após sabermos da ordem judicial contra a ocupação da reitoria a o acampamento do Gragoatá uma nova plenária foi feita naquela mesma noite. Por parte da maioria dos grupos políticos que compunham o movimento estudantil da UFF já parecia haver um consenso de que não seria possível manter a ocupação da reitoria, tal como na ocupação da USP esses grupos, ligados a partidos como o PSOL e o PSTU, tinham uma política muito recuada em relação a movimentos de ocupação, a idéia deles é se manter pouco tempo, conseguir alguns ganhos e sair fora. A ocupação da USP se manteve por mais tempo porque esses grupos eram minoritários nelas. Da nossa parte, havia por parte da OELI e de muitos estudantes não ligados a nenhum grupo o desejo de manter o confronto e só sair da reitoria expulso pela polícia, no entanto nós estávamos em minoria diante das Correntes Estudantis Tradicionais (CETs). cientes disso, nos preparamos para negociar uma saída em que pudéssimos ganhar o máximo, ou seja, já que era a tese das CETs que iria prevalecer, tínhamos que garantir que a pauta da moradia, pelo qual nós da OELI e simpatizantes fechamos a reitoria, também entrasse nesses ganhos, foi exatamente o que fizemos. É claro que entre os que nos apoiaram haviam aqueles que ficaram decepcionados por esse acordo, mas era preciso ser realista diante de uma situação em que estávamos em minoria dentro daquele movimento, a maioria das pessoas ali não estava disposta a bancar uma ocupação que podia acabar em confronto com a polícia. No dia seguinte, de manhã, fizemos uma nova plenária para delimitar os nossos objetivos e a fala de uma estudante que se declarou não ligada a nenhum grupo político, embora já tivesse sido uma militante destacada do "Nós não vamos pagar nada", o grupo político hegemômico no movimento estudantil da UFF, deu uma clara intenção de que a questão do acampamento do Gragoatá seria deixada de lado numa negociação com a reitoria, é claro que eu o restanto do grupo do qual faço parte protestamos e conseguimos que a plenária encaminhasse de modo inequívoco o apoio à questão da moradia e do acampamento. O clima ficaria mais tenso após ao meio-dia, com a chegada do procurador-geral da UFF. Adotando uma postura bastante agressiva, ele ameaçou claramente com uma intervenção policial caso a reitoria não fosse desocupada, o que motivou uma áspera discussão com um professor ligado a ADUFF, o sindicato dos professores da universidade. Felizmente as coisas chegaram a um termo razoável e uma reunião da qual fiz parte e que contou com representantes de todos os grupos envolvidos na ocupação unificada e da reitoria, o Reitor da universidade continuava escondido, chegou a um acordo: a reitoria seria desocupada, a ordem judicial seria retirada, o acampamento do Gragoatá seria preservado, não haveria nenhuma perseguição política aos estudantes que participaram da ocupação da reitoria e uma audiência pública seria feita com o reitor onde entrariam as pautas do REUNI e a pauta da moradia que nós da OELI e estudantes independentes aliados queríamos ver discutida com a universidade. Da nossa parte eu creio que foi um movimento vitorioso, fizemos uma jogada política arriscada ao fecharmos a reitoria quase sem apoio nenhum, mas já tinha passado da hora da universidade no seu todo, e isso incluí o nosso movimento estudantil, entender a moradia como uma questão essencial para o tipo de universidade que se quer realmente construir; ainda não é a vitória definitiva, estamos longe disso, mas demos mais um passo até ela.

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