domingo, 18 de maio de 2008

Notícias sobre cotas 2

Extraído da seção Último Segundo do site www.ig.com.br

Estudantes cotistas enfrentam dificuldade para se manter na universidade

RIO DE JANEIRO - Por meio da política de cotas, a estudante negra Mariana Ferreira de Almeida, de 23 anos, entrou no curso de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Há cinco anos na faculdade, apesar do apoio dos pais, conta que enfrenta dificuldades para continuar estudando.

A aluna mora no município de Niterói e precisa pegar dois ônibus para chegar à faculdade. "Às vezes pego um só e caminho um outro pedaço". A dispesa com passagens encarece também o estudo, além dos gastos com livros e os custos com refeição.

"A Uerj não tem 'bandejão' e nenhum outro tipo de auxílio alimentação. Então, quando você tem uma disciplina à tarde e não tem como voltar para casa é um gasto a mais. Ainda mais no meu caso, que moro em outro município", diz.

A estudante conta que o "aperto" já foi maior antes do estágio e que assim como ela, outros colegas têm dificuldade de se manter no curso. Muitos até trancam a matrícula.

"A cada semestre os aluno vão desistindo. Foram muitos [que abandonaram]. Os que não saíram, não conseguem acompanhar de forma contínua as aulas. Não conseguem ir à universidade todo dia por conta dos custos", explica.

O problema pelo qual Mariana passa é uma realidade em boa parte das universidades, que adotaram a política de cotas no país, cerca de 40 instituições, segundo o Ministério da Educação.

Para o coordenador do Programa Política da Cor da Uerj, Renato Ferreira, apesar do esforço dos alunos, sem a assistência necessária, o sistema de cotas "já nasceu capenga".

"Havia uma grande promessa de que os governos iriam dar suporte às universidades com bolsas, mas isso não aconteceu", disse Ferreira. "Perdemos a oportunidade de implementar programas de ações afirmativas responsáveis, quando não há assistência estudantil", completou.

Outro problema apontado pelos estudantes negros cotistas da Uerj é a necessidade de aulas complementares em cursos como o de línguas, por exemplo. Após o primeiro período, os estudantes não recebem mais a bolsa de R$ 190 e a saída é procurar projetos de pesquisa para completar os gastos.

"Alguns critérios nos tiram dessa seleção. A maioria exige inglês avançado e isso é uma condição que elimina mesmo. Em algumas situações, essa exigência não é muito importante, mas é uma forma de selecionar", critica a também estudante de direito Monique Camilo.

Para o professor Renato Ferreira, além de investir em assistência estudantil é preciso que as universidades acompanhem o desenvolvimento acadêmico dos cotistas e avaliem a necessidade de medidas específicas para eles.

Comento: Esse caso que envolve os cotistas da UERJ se dá sempre que a questão da ação afirmativa é tratada de maneira demagógica por governantes populistas, interessados apenas em passar determinada imagem e não em contribuir para a solução de um problema. As cotas na UERJ forma implantadas no governo Anthony Garotinho, de triste memória. A versdade é que não havia por parte dele qualquer interesse em oferecer uma solução para o problema e sim pura demagogia, isso fica evidente quando se oferece cotas sem que haja uma política série de assistência estudantil para manter as pessoas beneficiadas por essas cotas na universidade. Ao mesmo tempo, esse mesmo governo e o seguinte, de sua esposa Rosinha, outra de triste memória, só fez sucatear a UERJ, o que prejudicou ainda mais os cotistas. Outro problema sério é que esse mesmos governos mostraram um extremo descaso com a educação no estado do Rio de Janeiro, de que adianta implantar cotas e deixar a educação, em todos os níveis à míngua. Infelizmente enquanto tivermos governos que se recusam a enfrentar seriamente a questão das cotas ou então tratá-las de maneira demagógica, as coisas vão continuar assim e casos como os que foram mostrados na reportagem acima continuarão acontecendo. Para concluir, é preciso entender que as cotas são uma política emergencial, que não pode estar descolada de uma política séria de assistência estudantil para a manutenção dos estudantes pobres na universidade, cotistas ou não. Além disso, elas de nada adiantam sem que sejam acompanhadas de uma política de longo prazo com investimentos sérios no ensino fundamental e médio, pois ao contrário do que dizem muitos dos que são contra as cotas, uma ação não exclui a outra.

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