quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Notícia interessante diante do que está acontecendo no ICHF

Extraído do site: http://jbonline.terra.com.br

NORMA ANTITERROR PÕE ALUNOS SOB VIGILÂNCIA

INGLATERRA - Os professores britânicos estão sendo orientados a observar o comportamento dos seus alunos e informar às autoridades - inclusive a polícia - se perceberem algum comportamento extremista que possa estar ligado a práticas terroristas, informou o The Guardian nesta quarta-feira.
Segundo o jornal britânico, a partir de uma nova norma do governo, as escolas serão colocadas no centro a "agenda de prevenção" contra o terrorismo. Em reuniões nos estabelecimentos de ensino, as autoridades vão orientar professores a discutir em sala de aula sobre extremistas islâmicos e grupos racistas de extrema direita.
Para isso, receberão um "kit" com instruções para esses tipos de conversa. O objetivo é prevenir visões extremistas passem despercebidas. No verão, uma norma sugeriu que as escolas levassem chefes de mesquitas nascidos na Grã Bretanha para conversar com os alunos e promover os direitos universais.
A polêmica nesta nova norma é fazer com que os professores monitorem seus alunos e avisem as autoridades se perceberem o desenvolvimento de visões extremistas. O governo enfatiza que não visa buscar encontrar terroristas em playgrounds, mas sim que os mestres usem sua capacidade para vigiar os alunos com comportamento suspeito.
O mesmo já acontece, segundo as autoridades britânicas, em outros casos. Se o professor percebe que um aluno está envolvido com drogas ou está participando de gangues perigosas, os pais são avisados. O novo kit que será distribuído nas escolas conterá contatos de serviços sociais, líderes comunitários e até a polícia.
[13:14] – 08/10/2008

COMENTO: É isso aí! Em breve isso vai chegar aqui também. Vai ser interessante ver que tipo de atitude os nossos professores vão tomar, principalmente os que gostam de ostentar um discurso libertário, marxista e tal. Algumas pessoas poderão dizer que se trata de uma situação emergencial, que o combate ao terrorismo exige a tomada de decisões radicais. Eu digo que o que é chamado de decisão radical num momento de emergência, tem uma grande possibilidade de acabar se naturalizando quando essa emergência deixa de existir, a história está cheia de exemplos desse tipo. Essa notícia apenas mostra o quanto cada vez mais vem se tornando impossível esconder que a democracia liberal burguesa mantém esse ideal de liberdade de pensamento enquanto os seus fundamentos básicos não são ameaçados, enquanto não aparece nenhuma contestação ao dogma de que não há outra forma possível de democracia fora do modelo liberal, burguês e representativo. Os ataques terroristas são uma situação emergencial que justificaria transformar os professores em X-9 dos seus alunos, mas as implicações desse poder vão acabar indo muito mais além disso e qualquer pessoa com mais sagacidade e experiência social, principalmente num ambiente de forte embate político e ideológico sabe disso. Aqui na UFF, com o acirramento das posições que tivemos ontem, por conta do piquete isso ficou bem claro. Várias imagens foram feitas, não só por nós, mas também pelos próprios professores, eles que não gostam de ser filmados nas suas atividades políticas, como a reunião do Colegiado filmaram a nossa ação, mas tudo bem, é assim que tem de ser mesmo. As pessoas é que decidiram quem estava com a razão. Da minha parte, eu não pude resistir em postar essa notícia para mostrar as possibilidades a que estão sujeitos todos os que se colocam contra a ordem instituída, seja da maneira bárbara e destrutiva de um ato terrorista, seja da maneira a confrontar ideologicamente um modelo de universidade e sociedade, como estamos fazendo na UFF. Não importa realçar as diferenças, o que importa, ao contrário, é homogeneizar para dizer que
para melhor calar quem se propõe a discutir o que não se quer discutir, ou seja, o modelo de universidade e sociedade que aí está. O que se quer é reafirmar a autoridade de quem não quer abrir mão do seu “direito” aristocrático de decidir “o que é melhor para todos”. Eu não tenho dúvida que a política da discussão rasteira vai ser empregada contra os que fizeram o piquete no ICHF. Na verdade, isso já estava acontecendo. Eu estou num dos laboratórios de informática do Bloco O, um dos que fechamos no piquete de ontem. No caminho encontrei uma colega que me falou das críticas que estavam fazendo e que se reduziam a dizer que estávamos usando os banheiros dos blocos bloqueados para fumar maconha. É basicamente nesse nível que estão as coisas, mas não há outra solução a não ser enfrentar esse debate, nas salas de aula, nos corredores, na internet e nas Assembléias. Hoje, por exemplo, vai haver a primeira Assembléia Comunitária do Gragoatá. Não creio que vá muita gente, mas vamos ver. O importante é que o debate seja mantido e que as pessoas não fiquem se escondendo atrás de um discurso que não é referendado pela prática que elas têm sempre que a conjuntura política as obriga a sair do seu confortável casulo.

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