segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Texto denúncia

O piquete do dia 08/10 teve vários inimigos, mas nenhum mais falso do que alguns dos membros da Chapa Ocupação do CAHIS ( Centro Acadêmico de História ). O texto que segue abaixo mostra como algumas pessoas em momentos de enfrentamente preferem a cômoda posição de neutralidade, tudo em nome de um pretenso interesse no diálogo. O que ocorreu nas vésperas do piquete foi emblemático como tem pessoas que se colocam no embate, mas acabam recuando quando percebem o acirramento das posições e sempre se mostram prontos a uma repactuação com o poder constituído quando percebem que não será possível resolver as questões de maneira concensuada. Infelizmente esse tipo de situação vai sempre ocorrer em processos de luta, não dá para contar com todos os que iniciam o processo, pois acabam se assustando com o tipo de "monstro" que ajudam a criar.

A Manobra da “ocupação”



Na segunda-feira, dia 6 de outubro, a partir das 19h, os ativistas mobilizados na construção do piquete para o dia 8 de outubro, quarta-feira, marcaram uma reunião para organizar os pormenores da ação e discutir seus desdobramentos. Para o tablado se dirigiram quando observaram a aproximação de diversos membros da chapa “ocupação” do Centro Acadêmico de História. Não era certo se estariam ali para construir o piquete em oposição ao verticalizado e menos que feudal espaço de deliberação do instituto, o Colegiado do ICHF, que mesmo com o adiamento do seminário manteve sua reunião com pontos de pauta relacionados ao projeto de expansão e implementação de novos cursos como é o caso de Segurança Pública ou se buscavam se contrapor a ação de enfrentamento tirada em Assembléia Comunitária? Era ainda uma incógnita a motivação que conduzia tão esquizofrênica chapa para aquele local.

Terminados os informes, o porta-voz daquele agrupamento, Paulo, em mais uma de suas intervenções sempre lidas, afirmou terem eles se reunido e decidido pela não participação no piquete ainda que não fizessem oposição aberta a este. Alegavam que mesmo tendo sido um membro de sua chapa, Lucas, o proponente de tal ação, avaliavam que o adiamento do seminário conformava uma nova situação. Não devemos esquecer, inclusive, do caráter não-deliberativo deste seminário paritário proposto pelo colegiado, que em nada muda as discrepâncias de poderes, configurando um verdadeiro engodo. Vale lembrar que este adiamento, segundo Paulo e Arthur (outro porta-voz, talvez um vice-porta-voz), foi aceito sem aparentes ressalvas por parte dos representantes estudantis que compuseram a comissão paritária para a organização do seminário do Colegiado, mesmo que tal data tivesse sido encaminhada em Assembléia Comunitária. Fingiam ignorar, no entanto, que a reunião do colegiado se manteria a revelia do adiamento, assim como os pontos de pauta relacionados ao projeto de expansão.

Também a Assembléia Comunitária, puxada a princípio para avaliar o seminário deve ocorrer na data que foi marcada, dia 8 de outubro, da mesma forma que o piquete, ambos aprovados na Assembléia Comunitária. Considerando que foi uma deliberação da última Assembléia Comunitária, os “muito democráticos” porta-vozes da chapa “ocupação” apresentaram uma proposição de manter o piquete mas que o mesmo só começasse a partir das 12h e fosse submetido à próxima Assembléia! Até ativista com atuação recente no movimento conseguiram identificar tal proposição como uma manobra explícita! Como se não bastassem as constantes e eficientes manobras dos militantes “bem treinados” da burocracia estudantil (PC do B, P-SOL, PSTU e outros), agora os “independentes” da “ocupação” também estão aderindo a esta prática que sacramenta a hegemônica ausência de ética na prática política do Movimento Estudantil! Imaginem, todos sabemos que se fechar um prédio vazio já é uma tarefa dificílima, esvaziar um prédio em período de pleno funcionamento é obviamente impossível! Mesmo assim, sabendo que a reunião era organizativa e não deliberativa sobre continuidade ou não do piquete, visto que o mesmo já foi deliberado em Assembléia, os porta-vozes da chapa “ocupação” não tiveram a honestidade de simplesmente dizer somos contra, queremos ceder logo para o burocracia do ICHF e não vamos participar. Queriam passar por cima daquela construção buscando um mecanismo de inviabilizar a realização do piquete independentemente do ônus moral que aquela ação traria ao seu agrupamento. Paulo e Arthur propuseram então, que sendo aquela uma reunião aberta para a construção do piquete, eles podiam também participar e opinar sobre os métodos a serem empregados. Assim, pediam que se fizesse uma votação na proposta para tentar passar sua manobra de iniciar o piquete após as 12h e após discussão do mesmo em assembléia. Envergonhado por tal situação, Taiguara, que ainda mantinha algum senso ético, pedia para que os porta-vozes parassem de tentar encaminhar aquela manobra! Os ativistas dispostos a construir o ato, se opunham a promover aquele tipo de votação percebendo-a claramente como uma manobra extremamente suja! Por isso, Paulo e Arthur acabaram “cedendo”, retiraram a proposta e pouco depois a chapa “ocupação” saiu do espaço afirmando, através de Geovana, serem contra o piquete e que por isso não fazia sentido permanecerem na reunião. É interessante como mesmo sendo contra, conforme afirmou Geovana, Paulo e Artur pouco antes afirmavam “seu direito” de querer construir também o piquete e por isso “tentavam apenas disputar o método”!

Como se não bastasse este tipo de oposição “interna”, estamos sendo criminalizados por professores como Daniel Aarão Reis, que tem enviado e-mails exigindo maior firmeza, mão dura contra aqueles que se sublevam. Além disso, adentraram esta reunião de organização do piquete a professora Ana Motta, pedindo que não fizéssemos o piquete mas que focássemos na oposição ao curso de Segurança Pública e na figura do professor Kant, também Wellington,de mansinho, veio pedir que não se realizasse o piquete enquanto nos corredores espalha calúnias de que eles não foram convidados para compor a mesa, mas basta procurar no Youtube pelo vídeo sobre Assembléias Comunitárias na UFF que veremos o convite aos técnicos e professores para participarem da mesa.

Por tudo isso a situação se apresenta bastante tensa, mas não podemos nos intimidar! Transformar a realidade não é nada simples e aqueles que se propõem a combater a opressão e desigualdade, sabem que serão rechaçados e perseguidos pelos que defendem a ordem injusta vigente assim como por seus lacaios, aqueles que por medo, não desejam se prejudicar e dessa forma “só seguem ordens” como se acéfalos fossem!



E hoje, dia 8 de outubro, a “ocupação” e o piquete no prédio do ICHF



Após episódio anteriormente narrado, membros da chapa “ocupação” passaram ainda em salas de aula afirmando que não participariam do piquete pois o motivo pelo qual ele foi puxado, segundo eles, não existia mais apesar de não questionarem sua legitimidade. Isto é no mínimo uma tentativa de esvaziar o piquete e dissociar os indivíduos da chapa “ocupação” de uma ação com a qual não desejam mais serem identificados, visto que sua atitude é de conciliação, o que em verdade significa ceder em todas as pautas antes apresentadas, tal como vem se confirmando em suas posições a cada Assembléia Comunitária (ex: exigem construção de um seminário paritário deliberativo, posição já recuada, depois se submetem ao seminário não deliberativo e o tomam como sendo seu seminário ao optarem por participar da comissão destinada a construir tal engodo).

Chegado o dia de hoje, dia do piquete, não se viu nem sombra da chapa “ocupação” salvo alguns, um ou dois indivíduos, que no período da tarde, de longe, observaram em alguns momentos o desenrolar da dinâmica sem com ela se envolverem. Nem para participar da Assembléia Comunitária marcada para as 10h os membros deste agrupamento deram as caras, assim como também procederam as demais correntes burocráticas. Só aparecem em certo número quando do momento em que ocorreria o Colegiado, o que evidencia a ênfase dada por estes a tal espaço hierárquico em detrimento da horizontalidade da Assembléia Comunitária. Logo de cara se puseram espacialmente o mais distante possível, e, o que é pior, após o ataque dos membros do colegiado ao piquete, que com suas próprias mãos tentaram remover os bloqueios das portas, os integrantes da chapa “ocupação” se mantiveram do outro lado, observando e rindo confortavelmente da situação tal como se colocava. É interessante que, caso se confirmasse a tese de que reconheciam legitimidade do piquete, como poderiam então, observar e rir do confronto entre os brâmanes do colegiado que tentavam retirar o bloqueio e os ativistas que defendem a horizontalidade e Autogestão Social, os quais, do outro lado, deram os braços para impedir o alcance dos reacionários às portas do instituto?



Organização dos Estudantes em Luta Independentes

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