quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Criminalização dos movimentos sociais

Ontem tivemos uma atividade de calourada no curso de História da UFF. Tratou-se de um debate com o tema "Criminalização dos movimentos sociais". Eu estive lá, junto com meus companheiros de luta política do Acampamento Maria Júlia Braga: O Quilombo do Século XXI. Foram dois debates, um na parte da manhã e um à noite. Fizemos várias intervenções, pois a política do grupo do CAHIS que organizou o debate era não reconhecer o acampamento como um movimento político e social que também tinha sido criminalizado, embora tenhamos ficado acampados quase dois anos no campus do Gragoatá para luta pela construção da moradia estudantil na UFF e tenhamos também, e com o apoio oficial do próprio CAHIS, ocupado a reitoria durante seis meses. A alegação dos organizadores era a necessidade de compor uma mesa "politicamente neutra", que não refletisse a opinião de nenhuma organização política específica, no entanto o que se viu foi uma composição onde estavam militantes do P-SOL e do PSTU, tendo inclusive um candidato a vereador. A mesa também foi composta por membros do MST e de ocupações urbanas. As discussões ficaram nos fatos ocorridos fora da universidade e se nós não estivessimos presentes era quase certo que não se ia falar sobre os processos de criminalização que estão ocorrendo dentro da própria UFF. Além de tudo o que ocorreu com o acampamento, recentemente tivemos um aluno do curso de História que foi agredido por um segurança durante o ENECON, um encontro de estudantes de Comunicação Social ocorrido a pouco tempo. Nós procuramos pautar o debate não só na criminalização feita pelos setores de direita, mas também nas que são promovidas por setores hegemônicos da própria esquerda contra os grupos que não se submetem a essa hegemonia, como é o caso do acampamento. Nos últimos dias, por exemplo, tivemos notícias de um militante ligado ao MST que vem tetando espalhar mentiras sobre o movimento focalizando na figura sobre um de nossos integrantes, no debate de ontem ele chegou a abordar esse meu colega numa clara tentativa de provocar uma briga para utilizá-la com fins políticos, felizmente esse meu companheiro de luta política não caiu na provocação e fizemos a denúncia desse caso no próprio evento. Esse tipo de conduta só serve aos que querem a manutenção do Status Quo, mas infelizmente alguns setores da nossa esquerda, a exemplo do sempre aconteceu historicamente, preferem garantir a sua própria condição hegemônica a permitir uma livre discussão de idéias e uma verdadeira unidade na luta em pról de uma sociedade verdadeiramente justa. Essa unidade foi pedida por uma das palestrantes, a professora Sônia Lúcio, ex-presidente da ADUFF ( Associação dos Docentes da UFF ), mas como disse o Rodolfo, um outro companheiro de luta, em seu pronunciamento no evento, essa unidade não pode ser acrítica e tem que ser na luta mesmo, não em eventos que servem apenas para promover determinados indivíduos e partidos políticos. Para concluir, a maneira como foi organizada mesa revela bem a contradição da chapa ocupação. Pessoalmente não tenho nada específicamente contra um candidato a vereador fazer parte da mesa, mas o que não dá para engolir é a hipocrisia de quem disse querer evitar a atuação de grupos políticos específicos e concordam com isso. Esse tipo de contradição vem sendo recorrente no CAHIS e tem sido uma das causas do nosso cada vez maior afastamento daquele espaço.

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